Ambientes Criativos e a Abordagem Reggio Emília

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Crianças em grupo explorando a natureza durante uma atividade ao ar livre, observando elementos naturais e colaborando, em sintonia com a filosofia Reggio Emília.

Na segunda parte da nossa conversa com Daniela Vieira, exploramos como ambientes ricos em significado e projetos coletivos podem não apenas transformar o aprendizado das crianças, mas também fortalecer os laços entre escola, família e comunidade.

Inspirada pela abordagem Reggio Emilia — que propõe ver a criança como protagonista da própria aprendizagem, em constante diálogo com seu ambiente e com os outros — Daniela comenta as tendências mais atuais da educação infantil: o protagonismo, a autonomia, a escuta sensível, o ambiente como terceiro professor. 

Ao ampliar a escuta para além do que a criança diz ou faz, e a autonomia para além de simplesmente “liberar escolhas”, essa visão nos convida a redescobrir como cada espaço, gesto e interação fazem parte de um processo mais amplo de construção — não apenas do conhecimento, mas da identidade e do pertencimento.

É possível criar ambientes criativos em casa para estimular a aprendizagem infantil?

Sim, é totalmente possível adaptar os ambientes da casa para favorecer a autonomia e a aprendizagem das crianças. Todo espaço pode se tornar uma oportunidade de descoberta — basta um pouco de criatividade!


Com pequenas modificações, é possível criar um ambiente que estimule a curiosidade e a independência. Veja algumas ideias práticas:

  • Criar uma bateria com panelas e colheres;
  • Montar um mini escritório com teclados velhos e telefones antigos;
  • Organizar os móveis para que a criança tenha acesso fácil aos objetos;
  • Deixar os móveis na altura e no campo de visão da criança;
  • Oferecer materiais variados que despertem a exploração e a criatividade;
  • Garantir sempre um espaço acolhedor e seguro.

Projetos Coletivos e Comunidade

Como funcionam os projetos coletivos e qual é a importância deles para o desenvolvimento das crianças?

Os projetos coletivos nascem a partir dos interesses e curiosidades das próprias crianças. O educador atua como mediador, criando ambientes que incentivam a exploração e a troca de ideias.

Durante o processo, são feitos registros e observações que evidenciam momentos significativos de interação e aprendizado. Esses projetos tornam o aprendizado mais rico e colaborativo, fortalecendo a criatividade, o trabalho em grupo e o desenvolvimento integral das crianças.

De que forma a escola pode se alinhar com as famílias para construir experiências mais significativas?

A escola pode se alinhar às famílias de diferentes maneiras, garantindo uma parceria ativa no processo educativo. Uma das formas é oferecer acesso ao acervo dos projetos coletivos, permitindo que os responsáveis acompanhem o percurso das aprendizagens.

Além disso, a participação direta das famílias enriquece os projetos, trazendo falas, histórias e curiosidades de casa, ampliando o repertório das crianças.

Outro ponto importante é incentivar que, em casa, sejam realizadas propostas que dialoguem com os projetos desenvolvidos na escola, estimulando novas descobertas e fortalecendo os vínculos entre escola, família e criança.

Você acredita que esse modelo fortalece também a ideia de comunidade escolar?

Sim. A criação de projetos coletivos a partir dos desejos e curiosidades das crianças traz narrativas significativas do meio em que estão inseridas e dos espaços que frequentam, como áreas verdes, clubes, parques ou até mesmo casas de familiares.

Essa proposta possibilita a interação entre diferentes contextos e envolve ativamente as famílias do grupo, tornando o processo de aprendizagem mais rico.

Dessa forma, fortalece-se a relação entre escola e comunidade, criando uma rede de colaboração e pertencimento que valoriza a infância e o desenvolvimento coletivo.

Professora lê para crianças sentadas em círculo em uma sala de aula colorida.
Sala de aula da Reggio Emília

Tendências e Futuro da Educação

Quais tendências você enxerga no campo da educação infantil que dialogam com a perspectiva Reggio Emília?

A abordagem Reggio Emilia vê a criança como protagonista do próprio aprendizado — curiosa, criativa e capaz. Entre as principais tendências alinhadas a essa visão estão:

  • O aprendizado que parte dos interesses da criança;
  • A valorização da exploração prática e do “mãos à obra”;
  • O respeito ao ritmo individual e à autonomia infantil;
  • A criação de espaços que favorecem investigação e descoberta.

Essas práticas estimulam a curiosidade, o senso crítico e o protagonismo desde os primeiros anos.

Como os pais podem identificar se uma escola valoriza realmente a criança como protagonista e investe em ambientes criativos?

Os pais podem identificar se uma escola realmente valoriza a criança como protagonista observando alguns aspectos fundamentais:

  1. Ambientes criativos e acolhedores que estimulam a curiosidade;
  2. Propostas pedagógicas que respeitam os interesses e ritmos das crianças;
  3. Transparência e abertura ao diálogo com as famílias;
  4. Um Projeto Político-Pedagógico alinhado a metodologias ativas e contemporâneas.

Esses aspectos revelam uma instituição comprometida com uma educação mais humana, participativa e transformadora.

O futuro da educação: autonomia, comunidade e inovação pedagógica

Se você pudesse deixar uma mensagem final para famílias e educadores sobre o futuro da educação, qual seria?

A educação é um dos pilares da nossa sociedade e está em constante evolução. Hoje, podemos perceber os avanços que tivemos ao tratar nossas crianças e adolescentes com respeito, valorizando a democracia e garantindo que todos tenham voz, tornando-os protagonistas de suas próprias histórias.

Com esses avanços, também fortalecemos a comunidade escolar e familiar, contribuindo para uma sociedade mais consciente e participativa. Temos a oportunidade de nos reinventar e nos atualizar continuamente, atendendo às demandas e necessidades atuais, e, assim, construir um futuro melhor para as próximas gerações.

Confira a entrevista completa, lendo a primeira parte aqui.

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Mulher negra sentada em uma cadeira, sorrindo, vestindo blazer preto e camisa social branca, com cabelo preso e óculos de grau, em frente a uma parede clara.

Pedagoga

Daniela Vieira

Pedagoga com especialização em psicopedagogia institucional e clínica, pós-graduanda do MBA em Gestão escolar pela Universidade de São Paulo (USP).

Mulher e criança negras sorrindo para uma selfie, ambas com cabelos trançados, sentadas lado a lado.

Escrito por

Gabriela Sucupira

Redatora bilíngue Especialista em Marketing pela USP/Esalq e bacharel em Letras pela UFRJ. Mãe da Rebeca, natural do Rio de Janeiro, Gabriela possui 15 anos de experiência como Consultora Textual e atua há 2 anos como Personal Branding para o Linkedin.

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Artigo escrito por

Gabriela Sucupira

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