Tentar ter um filho de forma natural pode ser um desafio maior do que se imagina. Pois há muitas mulheres que têm dificuldade de manter a gravidez.
Uma alternativa bastante comum é buscar cuidados específicos nas áreas de gravidez de risco e genética, por exemplo. Mas mesmo assim, as pesquisas mostram que muitas das perdas fetais ocorrem naturalmente e sem motivo específico.
Os abortos Espontâneos sao perdas fetais que acorrem naturalmente com ou sem motivo especifico.
Desmistificando o Aborto Espontâneo
Quando dizem que os 3 primeiros meses da gravidez são cruciais para o desenvolvimento da criança, não se trata de mito e sim de seguir as recomendações de repouso e cuidados.
E assim, diminuir as chances de ter uma perda involuntária do feto entre 20ª e 22ª semanas da gestação, o aborto espontâneo.
Exames mostram que essa perda é comum em 20% dos casos de gravidez e também é conhecido pelos especialistas como abortamento.
Embora muitos desses abortos espontâneos não tenham motivos específicos, os especialistas explicam os 3 motivos mais recorrentes:
- Eliminação do embrião ou feto;
- Morte do embrião de forma involuntária;
- Óbito do embrião antes de 20 semanas de gravidez;
Causas mais comuns do aborto espontâneo
Especialistas do Núcleo Perinatal da Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), em seu Livro da Série de Rotinas Hospitalares do HUPE de Obstetrícia, explicam que entre as causas do interrompimento natural da gravidez, os problemas de saúde ou relacionada aos hábitos de vida mulher são os mais comuns como veremos a seguir:
Problemas relacionados à saúde da mulher:
- Mudanças hormonais;
- Síndrome dos ovários policísticos;
- Problemas no útero e colo do útero;
- Doenças da tireoide;
- Infecções por vírus ou bactérias;
- Diabetes;
- Obesidade;
- Trombofilia;
- Doença celíaca;
- Doenças autoimunes;
- Histórico de abortos espontâneos;
- Gestação tardia, que ocorre depois dos 35 anos;
- Uso de dispositivo intrauterino (DIU);
Motivos relacionados aos hábitos de vida da mulher:
– Consumo elevado de bebidas alcoólicas ou de cafeína;
– Uso de drogas;
– Tabagismo;
– Peso baixo;
Causa relacionada ao feto
Má-formação do feto por alterações genéticas ou infecções por bactérias ou vírus.
Sintomas do aborto espontâneo
É possível destacar os sintomas mais comuns da perda do bebê:
– Sangramento vaginal: que pode ser leve ou intenso, dependendo do caso;
– Cólicas: as dores podem ser semelhantes àquelas sentidas durante a menstruação, porém com mais intensidade.
– Dor nas costas: costuma acompanhar as cólicas.
– Perda de tecido: em alguns casos, pode haver a expulsão de coágulos ou tecido fetal.
Sinal de alerta ao ter um sangramento durante a gravidez
O corpo da mulher costuma dar sinais de quando há algo errado. Caso aconteça um sangramento durante a gestação, é necessário que a paciente procure atendimento médico. Evitando dessa forma maiores complicações como a infecção generalizada (SEPSE).
Exames realizados para confirmar o aborto espontâneo
O diagnóstico de aborto espontâneo só será consolidado após os exames clínicos e ultrassonografia, mesmo que a gestante apresente mais de um dos sintomas.
Quando a mulher chega à consulta, o protocolo é ficar em observação. Conforme a evolução da paciente e análise dos exames, o profissional de saúde passará a conduta necessária, incluindo a realização ou não da curetagem.
A curetagem é obrigatória em todos os abortos espontâneos?
Conhecida popularmente como raspagem, a curetagem é um procedimento médico pequeno recomendado para remover tecidos do útero.
Essa cirurgia acontece acompanhada de anestesia geral e em casos, com anestesia local na região ao redor do útero. Procedimento simples com alta hospitalar no mesmo dia na maioria dos casos.
O material recolhido é enviado para análise laboratorial e assim é possível identificar se alguma patologia causou o aborto.
Tempo de espera para uma nova tentativa de gravidez
A melhor escolha será definida entre a paciente e seu obstetra, pois embora recomenda-se o intervalo mínimo de 6 meses para a próxima tentativa de gravidez, é possível tentar antes desse prazo.
Como tratar as dores emocionais trazidas pela perda do filho?
Assim como todo processo de luto, o aborto espontâneo pode ter consequências emocionais para a mulher e sua família. Dependendo de como o processo ocorreu, as pessoas envolvidas podem precisar de acompanhamento psicológico.
Essa perda costuma apresentar as consequências emocionais a seguir:
- Sentimento de culpa ou vergonha
Emoções ligadas às questões sociais e culturais, que podem deixar a paciente sentindo-se culpada por algo que aconteceu naturalmente.
- Luto e tristeza:
Assim como em outras perdas, esses sentimentos fazem parte do processo de superação e renovo.
- Sensação de consolação:
A perda natural pode representar um alívio para as mulheres sem condições de levar a gravidez até o final.
- Transtornos psicológicos e mentais:
Sintomas de ansiedade e depressão podem surgir devido ao histórico de saúde mental da paciente e a questão do apoio dos familiares e amigos durante o processo. Outro transtorno comum é Transtorno de Estresse Pós-Traumático (TEPT) mais comum após os abortos complicados.
Espaços de acolhimento nas instituições de saúde
Você sabia que existe uma rede de atendimento gratuita com psicólogos e assistentes sociais direcionada para o cuidado das mulheres gestantes e aquelas que sofreram aborto?
Atenção:
O governo, por meio do Sistema Único de Saúde (SUS), já garantiu o acompanhamento e tratamento psicológico em todos os tipos de hospitais, tanto públicos quanto privados, de forma gratuita por meio da Lei nº 14.721, em vigor desde novembro de 2023.
Autocuidado e prevenção do aborto espontâneo
Adotar uma rotina saudável de alimentação e exercícios leves é um bom começo para prevenir futuros problemas de saúde durante a gravidez. Os especialistas recomendam também:
- Ser acompanhada regularmente por profissionais de saúde;
- Fazer planejamento familiar, evitando assim as possíveis dificuldades da primeira gestação após os 35 anos;
- Ter uma alimentação equilibrada;
- Priorizar o descanso procurando ter as horas de sono recomendadas para um bom funcionamento do cérebro e do corpo;
- Evitar o consumo do álcool e do cigarro durante a gravidez;
- Ser fisicamente ativa.
Edição geral de Rondy Cavulla e escrito por
Gabi Sucupira
Carioca apaixonada pelas Letras, mãe da Rebeca, empreendedora e especialista em Marketing.