O poder da arte infantil: Neste artigo completo (I, II e III), questionamos o poder da arte infantil.
É pai ou educador e gostava de entender se deve estimular a arte nos primeiros anos de vida das crianças?
Então, este artigo é para si.
Eis aqui, os temas principais que abordamos, de forma à responder a pergunta com a profundidade necessária para o efeito.
Arte infantil e Desenvolvimento Motor
A arte desenvolve o corpo?
Em artes performativas como por exemplo, a dança e o teatro, é evidente que a motricidade humana é desenvolvida.
Mas pode-se dizer o mesmo de outras formas artísticas menos dinâmicas?
A resposta é: Sim!
Quando a criança está imersa na atividade artística (que implica sempre ação, e por isso, o corpo está sempre ativamente envolvido), ela desenvolve as capacidades motoras inconscientemente.
Capacidades como:
- a coordenação (acuidade fina e precisão de movimento),
- a sensibilidade táctil, cinestésica e proprioceptiva,
- o equilíbrio,
- a neuroplasticidade,
- e o desenvolvimento muscular.
Todas estas variadas habilidades podem estar a ser trabalhadas na criança, sem que ela dê por isto, de uma forma lúdica.
Coordenação Motora Fina e Grossa
Muito provavelmente ouviu falar na relevância de trabalhar a coordenação motora fina nos primeiros anos de vida da criança.
Naquela consulta com o médico de família, onde o doutor testa a motricidade fina da criança. E por vezes indica que a criança brinque de modelar ou experimente rabiscar com o lápis para desenvolver a (tão importante) coordenação motora.
Bem, por este motivo, perguntàmos a um fisioterapeuta:
Como a arte pode desenvolver esta habilidade crucial na criança: a coordenação?
Eis o que respondeu:
“A representação cortical da mobilidade fina da mão é específica e comum em todos os seres humanos. A arte, por sua vez, pode ser abrangida por várias regiões diferentes do cérebro humano.
Ao desenvolver estas regiões através da exploração artística e da prática gradual destas atividades, estamos a desenvolver várias áreas do córtex em paralelo criando novas sinapses neuronais.
Criamos, então, uma ligação harmoniosa entre o nosso cérebro motor e o nosso cérebro “artístico”.
Ainda, aproveitando esta proliferação nervosa, desenvolvemos também outras áreas funcionais fora do contexto artístico mas que usam essas mesmas regiões.”
E traduzindo num exemplo:
“Imaginando, por exemplo, o treino da pintura poderá mesmo melhorar a nossa capacidade de lidar com o stress ou aperfeiçoar a nossa capacidade de jogar ping pong!” Hugo Ribeiro, fisioterapeuta.
Arte infantil: Pintura, Desenho e Escultura
Sabemos, então, que os exercícios de pintar, desenhar e moldar (escultura) são ideais para exercitar os músculos necessários a um bom desenvolvimento infantil.
Por exemplo, quando a criança desenha, ela precisa de aprender a segurar o lápis de uma forma que seja capaz de controlá-lo. Ou seja, ao usar o dedo indicador e o polegar apoiados na mão, com o movimento de pinça, acaba por estar a desenvolver a coordenação motora fina.
Ainda, estas atividades irão preparar a criança para a escrita à mão: uma prática essencial para o aprendizado.
O Papel dos Pais na Introdução da Arte
Se a criança já está na escola, precisamos de nos preocupar com a introdução da arte nos nossos filhos?
Parece que sim.
Como já salientámos, as habilidades adquiridas durante esta fase da vida são constituídas pelos cuidados que as crianças recebem e pelas oportunidades que têm para desenvolverem ativamente as suas habilidades.
Por este motivo, o potencial das crianças depende essencialmente do cuidado responsivo às suas necessidades de desenvolvimento, com repercussões positivas na sua vida adulta.
Posto isto, o papel da família e dos educadores é fulcral para o sucesso do desenvolvimento infantil.
Ademais, como os pais são o reflexo da realidade para as crianças, é importante que sejam eles os principais educadores dos seus filhos. Pois o campo afetivo determina o bom aproveitamento em todas as outras áreas.
Podem utilizar-se da arte como uma ferramenta recorrente para, também, fortalecer o laço parental e nutrir a afetividade. Ao passo que estimula o crescimento de habilidades multifacetadas da criança.
Para ajudar, separámos os objetivos das brincadeiras artísticas por duas faixas etárias:
Dos 0 aos 3 anos:
Procure alargar o conhecimento das crianças através da manipulação de diversos materiais, para que explorem as suas características e ampliem a possibilidade de expressão e comunicação.
Dos 4 a 6 anos:
Procure que as crianças se interessem pelas suas produções, as produções dos seus colegas e as de vários artistas, desenvolvendo o (Referencial Curricular Nacional para Educação Infantil, 1998 Ferreira,2015):
- O gosto,
- O cuidado,
- E o respeito pela arte.
A intencionalidade do educador é importante em cada atividade artística com o propósito pedagógico. Desenvolver brincadeiras simples com estes objetivos, irão impulsionar o bom desenvolvimento da criança.
Incentivo à Criatividade no Ambiente Doméstico
Espaço de Arte infatil: Materiais Artísticos e Estímulo à Exploração
Cumprindo o papel dos pais na educação dos filhos: de personagem principal, nada melhor do que criar um cantinho artístico em casa. Este espaço, sempre disponível e atrativo, terá como propósito único os momentos artísticos da criança, incentivando a (tão importante) arte infantil.
Para tal, não é preciso muito. E consegue-se ultrapassar, de uma vez, a organização e a praticalidade para deixar a arte fluir.
Temos o artigo ideal para criar este ambiente criativo, onde explicamos o passo-a-passo completo, incluindo materiais artísticos, incluindo até produtos de limpeza que pode adiquirir.

Escrito por
Mãe de cinco filhos em ensino doméstico. Apaixonada por filosofia, psicologia e educação. Estuda e escreve sobre família e desenvolvimento humano.
Esta sequência de artigos – O poder da arte no desenvolvimento infantil I, II e III) -, teve como base os conhecimentos adquiridos pela escritora e complementado com base nos seguintes estudos:
- Lucy Xavier Ribeiro,“O papel das artes visuais no desenvolvimento da criatividade infantil, segundo a perceção de educadores de infância”, Escola Superior de Educação, Politécnico de Coimbra, 2022;
- Sara Filipa Miranda Ferreira de Castro, “Das emoções à arte para o desenvolvimento infantil: O desenvolvimento social/emocional e a motivação através da arte em contexto escolar no 1º Ciclo do Ensino Básico” ESE Politécnico Porto, 2020.