Tempo de pai: Gestão do empreendedor e pai Rafael Polónia

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Pai e filhos contemplam o mar agitado diante das montanhas, em um momento de pausa que celebra a presença do tempo — esse pai silencioso que molda memórias preciosas.

“Cumpro os meus deveres enquanto empresário, pagando às pessoas com quem trabalho, empreendendo o meu tempo, desenhando novas aventuras e idealizando novos caminhos, mas eu sou pai antes de ser empresário.” – Rafael Polónia, fundador da Landescape e pai de dois filhos.

De pai para pai: Rafael conta-nos como distribui o seu tempo profissional, para a sua agência de viagens e o pessoal, como pai de dois filhos, para a sua família. 

Desafios de Ser Empreendedor e Pai ao Mesmo Tempo

1. Como Rafael consegue equilibrar o seu trabalho como empreendedor e a paternidade?

De forma bastante natural…neste momento. 

As ideias surgem, queremos que aconteçam, os projetos transformam-se, deixam de ser projetos para serem realidade e uns encaixam-se nos outros. Seja na agência de viagens, seja noutros campos onde nos vamos metendo agora, as ideias em áreas que não percebemos e que queremos investir o nosso tempo e dinheiro. 

É assim o risco. 

A Família é, também, este projeto: ideias, construção, concretização, realização, empenho. 

Neste momento, porque o início é um tempo meio vago, meio sem linhas definidas, meio que abstrato, onde andamos em busca de tempo para fazer tudo e percebemos – felizmente – que não temos de ter tempo para fazer tudo. 

É maravilhoso conseguir ter tempo para fazer “nada” e somente observar ou estar presente

O empreendedorismo nunca foi prioridade desde que ambas as crias nasceram e por essa razão, parece-me simples a gestão. Isto porque a minha filha e o meu filho, vão estar sempre antes de tudo. Depois, o resto.

2. Quais são as maiores dificuldades de ser pai e empresário?

Não há dificuldade. Como disse, as crias sempre em primeiro lugar. 

Cumpro os meus deveres enquanto empresário, pagando às pessoas com quem trabalho, empreendendo o meu tempo, desenhando novas aventuras e idealizando novos caminhos, mas eu sou pai antes de ser empresário

Tento que as crias entendam o que faço, porque o faço e jamais pensem que o faço por obrigação, por uma questão de dinheiro. 

Explico-lhes vezes sem conta que o faço para fazer as pessoas felizes, porque é na verdade esta a razão de eu ser empresário. 

Não há dificuldade alguma: há partilha.

Estratégias para Gerir o Tempo Entre Família e Negócios

3. Como o Rafael organiza a sua agenda para dedicar tempo como pai e empresário?

Tenho um horário muito flexível. Dito o meu próprio tempo. Felizmente. 

Tenho a responsabilidade na empresa de reunir, estar presente, decidir, tomar medidas, mas somente no tempo que eu defino para isso

Nunca deixei de fazer nada com ele e com ela – a não ser as viagens fora do país que tenho – para dedicar esse tempo ao trabalho. O trabalho é que tem que se encaixar no tempo que eu quero passar com estas pequenas pessoas. Se dá, dá. Se não dá…o trabalho espera.

 

4. O que faz para manter a produtividade sem abrir mão do tempo com os filhos?

Tenho uma equipa que me acompanha na Landescape. Uma equipa de confiança que quando necessito de mais tempo, está aqui. Nunca me questionam sobre nada – como eu tento não questionar também, porque são pessoas que se comprometem e cumprem – e isso deixa-me livre para esses momentos. 

A produtividade é feita de um coletivo. Quando sou incapaz de “o fazer”, alguém dá a mão ou o braço. Isso deixa-me em paz e descansado.  

 

Gerindo o tempo de pai: Delegar e Criar Rotinas Eficientes

 

5. Como o Rafael lida com a delegação de tarefas no trabalho e em casa?

Tive alguma dificuldade em ver crescer a equipa, no sentido em que era eu que fazia tudo e de um momento para o outro, as “minhas” coisas começaram e tiveram de começar a ser feitas por outras pessoas. 

Neste momento é mais natural. Fui aprendendo, mas ainda não completamente “ensinado” acerca disso. Coisas vão surgindo e aquilo que acho que deve ser feito por mim e por mim, pode também ser feito por outra pessoa. 

É um processo.

Em casa, eu e a Carolina fluímos de uma maneira brutal. 

Fico feliz por isso, sem nunca termos discutido qual era a “função” de cada um. Somos ambos 360º. Cada pessoa faz o que lhe dá mais “prazer” fazer e é natural metermo-nos no “trabalho” do outro, mas por vezes soltamos logo o “cão de fila” que há em nós. 

Tudo flui. Ninguém delega funções a ninguém. Ninguém ajuda ninguém. É uma parceria!

 

6. Que rotinas implementou para que tudo corra bem, ao seu tempo, com pai e empresário?

Na verdade, sou mais organizado no trabalho do que na vida pessoal, que é um pequeno caos. 

Não consigo dizer que foram implementadas rotinas. Elas foram acontecendo e nós fomos percebendo que funcionavam. Mas com duas crias pequenas, as rotinas de hoje (de há 15 dias), não são iguais. 

Requer sempre flexibilidade e adaptação

E vamos percebendo e entendendo que há ritmos, que há rituais, que há momentos, birras e a rotina de hoje, pode não funcionar amanhã. Impomos limites, no entanto. As crianças só se regulam quando lhes é mostrado o Daqui – Ali. E a liberdade existe entre estes dois pontos. É importante para elas. Isso, é a rotina que “impomos”. Entre estes dois “muros”, tudo acontece.

Com o trabalho, imponho um “horário”, uma sequência de funções que tento manter, mas não sendo esta uma agência de viagens comum e clássica, que não vende “pacotes”, o mesmo destino se acontecer em Abril e depois em Outubro, já não se faz da mesma maneira… E por isso, há uma linha, mas com muitos Se’s. E assim vai fluindo. 

 

Lições de Empreendedorismo e Paternidade de Rafael Polónia

 

7. Como a experiência de ser pai o ajudou a crescer como empreendedor?

Uma amiga disse-me uma vez: a maternidade chegou para me tirar todas as certezas que tinha. 

Eu gosto de ser pai porque é um constante desafio. Penso que isso seja a maior razão. O amor, claro. Mas à parte disso, o desafio

Gosto de me meter em coisas que não percebo. Tornei-me vegetariano e não comia nenhum legume na altura. Fui estudar teatro sem nunca ter visto um espetáculo de teatro antes. Fiz duas viagens de bicicleta de 28 meses sem nunca ter pedalado mais que 20kms seguidos. Abri uma agência de viagens sem nunca ter estudado turismo ou gestão. O desafio de ser pai veio alertar-me para outras coisas que gostaria de fazer, o ser mais, o querer mais, o alcançar mais, tudo em áreas – como a paternidade – onde nunca estive

Estudei muito para ser pai e aprender mais torna-me, inevitavelmente, mais empreendedor.

 

8. Que conselhos o Rafael daria à outros pais empreendedores que estão começando agora?

Não sou alguém suficientemente “destacado” ou importante, com capacidade para dar conselhos a alguém. Acho que cada pessoa escolherá o seu caminho e como o pretende fazer. Eu nunca coloco o trabalho à frente das minhas crias e sei que às vezes posso estar a perder coisas, oportunidades, laços, mas elas são mais importantes que todos os negócios, dinheiro ou posses que possa conseguir. 

Se respeito quem põe o trabalho à frente da família? Sim. 

Se compreendo – a menos que daí venha o sustento básico que será impossível doutra forma – não. 

A carreira pode ser algo muito importante, mas… Mas como tudo, são caminhos.

Pai e fundador da agência de viagens Landescape & Líder de Viagem. @landescape_viagens

mulher com o cabelo castanho escuro com cumprimento médio, vestida de amarelo com brincos compridos amarelos, corrente dourada sob o fundo neutro (muro bege texturizado). Ela sorri, contente.

Escrito por

Mãe de cinco filhos em ensino doméstico. Apaixonada por filosofia, psicologia e educação. Estuda e escreve sobre família e desenvolvimento humano.

Artigo escrito por

Mariana Ribeiro

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