Bem-estar ao Trabalhar de Casa na Ótica da Psicóloga

COMPARTILHE

Pessoa sentada em frente ao computador participa de uma videoconferência com quatro colegas, usando fones de ouvido e gesticulando com as mãos.

Na segunda parte da entrevista, a psicóloga Thaissa Moreno fala sobre vínculos no home office, os riscos do isolamento e como empresas podem apoiar colaboradores com mais cuidado e inclusão.

Depois de falarmos sobre os primeiros impactos do home office, agora vamos aprofundar nas relações e na comunicação à distância.

Thaissa explica como o isolamento pode afetar a saúde emocional, quais práticas ajudam a fortalecer vínculos mesmo longe fisicamente e como empresas podem criar um ambiente de cuidado, equidade e inclusão.

Com mais de 16 anos de experiência, Thaissa une técnicas terapêuticas modernas, saberes ancestrais e uma escuta humanizada, ajudando a compreender como o home office afeta a saúde mental e dá sugestões para criar rotinas mais leves, saudáveis e sustentáveis para mães e cuidadoras.

Relações e Comunicação à Distância

O isolamento social é uma das queixas mais comuns de quem trabalha de casa. Quais são os riscos desse isolamento para a saúde mental?

É possível que trabalhar de casa pode trazer uma sensação de solidão. A falta do contato diário com as pessoas, olho no olho, o toque, momentos de descontração na copa, começa a se sentir desconectada.

O isolamento levando a uma tristeza e desmotivação, dificuldade de se concentrar, podendo levar a crises de ansiedade e depressão. Principalmente para mulheres que alimentam a ideia de “eu tenho que dar conta de tudo sozinha”.

Isso aumenta a carga emocional, pois se cria expectativas e manter hiperfoco na casa que está inserida no trabalho. O isolamento é um risco porque afeta e nos afasta do aquilombamento como se diz na cosmoperspectiva afrocentrada, entender que a força vem da comunidade.

O movimento de partilha, confluência nos dá a oportunidade de nos fortalecer de criar vínculos saudáveis que contribuam para nossa saúde mental.

Como manter vínculos saudáveis com colegas e líderes à distância?

Manter vínculos no home office vai além do trabalho.Uma boa estratégia é criar momentos de afeto, como na participação ativa em reuniões, deixando a câmera aberta e, quando possível, combinar encontros presenciais fortalece conexões.

Vínculos são redes de apoio que sustentam a saúde mental e coletiva.

Três pessoas brindam com copos descartáveis em um ambiente de escritório, sorrindo ao redor de uma mesa com bolo e presentes.
Image by Freepik

Autocuidado e Bem-Estar

Quais práticas de autocuidado são mais eficazes para reduzir o estresse no home office?

O autocuidado não precisa ser algo sofisticado, mas constante. Atos simples para melhorar o dia a dia:

  1. Alongar o corpo ao longo do dia, ou ao iniciar e encerrar o expediente.
  2. Fazer uma respiração consciente,
  3. Perceber os lugares de tensão no corpo,
  4. Manter pausas reais para descanso,
  5. Beber água
  6. Alimentar-se com calma, com atenção plena.

Entender que o autocuidado é mais que um hábito individual, é um resgate de força vital. É se olhar com cuidado, amorosamente, preparando e fortalecendo o corpo e a mente para uma rotina que vai exigir estar plena.

A ergonomia e o ambiente físico de trabalho também influenciam no estado emocional?

É fato! Uma cadeira desconfortável, iluminação ruim e horas na mesma posição causam sofrimento ao corpo e isso repercute na mente, trazendo exaustão, irritabilidade e dor.

O nosso espaço de trabalho carrega uma energia do ponto de vista ancestral, forma-se um sistema com suas impressões e vivências. É importante ter elementos naturais como uma planta, a luz solar adentrando a janela ou o ar fresco circulando.

Outra dica são objetos simbólicos de forma com uma cor que traga tranquilidade. Não é uma questão de estética, mas de nutrir o ambiente com vibrações saudáveis.

De que forma empresas podem apoiar os colaboradores nesse processo?

As empresas possuem um papel fundamental, pois podem colaborar das seguintes formas:

  • Com orientações de ergonomia,
  • Criação de momentos de escuta e acolhimento,
  • Respeito aos horários de descanso e de folga,
  • Incentivo as práticas de bem-estar.

São necessários espaços de interação e conversa sobre saúde mental, equidade e diversidade porque cada trabalhador tem uma realidade diferente.

O apoio aos colaboradores é reconhecer que cada pessoa faz parte de uma comunidade. Empresas que cuidam das pessoas fortalecem os vínculos e criam ambiente mais saudável e justo.

Trabalho Remoto: Realidades Invisíveis e Desafios da Inclusão

Embora o home office tenha se consolidado em muitas áreas, ele não é vivenciado da mesma forma por todos. Para pessoas de periferias e comunidades, o trabalho remoto pode trazer sobrecargas específicas, como:

  • a falta de estrutura adequada em casa,
  • a ausência de silêncio ou privacidade,
  • o acúmulo de funções sem apoio e
  • o impacto da violência urbana.

 

Esses fatores revelam que pensar o futuro do trabalho remoto exige considerar desigualdades sociais que atravessam a vida de muitos trabalhadores.

Não basta falar em produtividade e flexibilidade — é necessário criar condições justas, humanas e sustentáveis para que o home office seja, de fato, uma oportunidade para todos.

.

Mulher negra sorridente com cabelo cacheado com mechas loiras nas pontas. Ela veste uma blusa amarela vibrante e um colar roxo com detalhes grandes. Está posando diante de um fundo claro.

Psicóloga

Thaissa Moreno

Psicóloga e arteterapeuta há mais de 16 anos, que atua na abordagem afrocentrada, unindo Terapia Cognitivo-Comportamental e cosmoperspectiva ancestral, sistêmica e antirracista. Palestrante e psicoeducadora, que trabalha no fortalecimento da autoestima de pessoas negras e colabora com empresas e escolas em formações de letramento racial e diversidade. Saiba mais sobre seu trabalho em @psicologathaissamoreno e LinkedIn.

Mulher e criança negras sorrindo para uma selfie, ambas com cabelos trançados, sentadas lado a lado.

Escrito por

Gabriela Sucupira

Redatora bilíngue de língua inglesa, Especialista em Marketing pela USP/Esalq e bacharel em Letras pela UFRJ. Carioca, mãe da Rebeca,Consultora Textual e de Personal Branding para o Linkedin.

Artigo escrito por

Gabriela Sucupira

Respostas para este artigo:

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *