Leitura na educação infantil. Como incentivar meu filho?

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Ensinar o gosto por atividades de natureza não digital como a leitura para minha filha de sete anos foi um desafio nos últimos anos. Isso porque desde o seu primeiro aninho de vida, ela vê meu marido e eu sempre com o celular e assistindo TV, por exemplo.

Ela aprendeu seus primeiros comportamentos, imitando a gente. Ela sempre me via pesquisando na internet antes de fazer alguma compra, escrevendo meus artigos do trabalho usando o notebook e curtindo e compartilhando fotos dos momentos divertidos, às vezes sem aproveitá-los completamente.

Tudo mudou quando ela entrou na escola, aos 5 anos, e entrei na pós-graduação em 2022.

Neste post você vai ver:

  • A importância da leitura na infância;
  • Impacto das tecnologias digitais na leitura infantil;
  • Dicas para estimular a leitura em crianças;
  • Cantinho da leitura.

O exemplo ensina mais do que as palavras

Por ser uma profissional da área de Letras desde 2006, aprendi que a leitura é um processo mais complexo do que a tradução dos símbolos para o significado do idioma local.

Nas primeiras aulas de Literatura, os professores nos ensinaram que ler é interpretar o mundo por meio das palavras e símbolos presentes nos textos e situações ao nosso redor.

Mas como diz o ditado que “em casa de ferreiro, o espeto é de pau”, ao trabalhar direto durante a pandemia, deixei que a aceleração do consumo digital entrasse na rotina dela antes da leitura.

Como sempre estamos aprendendo, em 2022 preciso voltar a estudar. Nesse mesmo ano, minha filha entrou na escola, no segundo ano do ensino infantil (o famoso pré 2, no Brasil).

Foi nessa época que ela começou a me ver lendo e escrevendo manualmente enquanto assistia as aulas remotas da pós-graduação. Daí em diante, ela passou a me copiar, pegando sempre um caderninho e os livros que já tinha em casa para me acompanhar nas aulas em casa. 

Esse novo costume a ajudou a se interessar mais pelo o que estava escrito em minhas apostilas e livros e seu processo de aprendizado foi bem mais fácil. Consegui recuperar o tempo perdido no ensino pelo gosto pela leitura e escrita, ao incluí-las em mudar minha rotina.

Primeiro contato com os livros

Segundo os Pediatras, antes mesmo de aprenderem a ler, é importante que nossas crianças tenham contato com os livros por meio da contação de histórias e visualização das figuras para serem estimulados a desenvolverem a imaginação.

Pois como podemos vivenciar na prática, ao verem seus cuidadores sempre lendo, as crianças podem passar a copiar o exemplo e adotam mais facilmente esse hábito. 

Aprendemos que após o contato contínuo e cedo com as histórias contadas, durante a o primeiro segmento do ensino fundamental, as crianças aprenderão mais facilmente a:

  1. Interpretarem os conteúdos dos livros literários e didáticos; 
  2. Desenvolverem a imaginação;
  3. Escreverem suas primeiras palavras;
  4. Aprenderem a se comunicar melhor;
  5. Desenvolverem o senso crítico naturalmente.

Mas como podemos ajudar os pequenos a incorporarem esse hábito na prática? Criando um espaço especial para essa atividade: o cantinho da leitura.

Criação do Cantinho da Leitura

Como ocorre no ensino de outros hábitos aos nossos filhos, é preciso que a leitura faça parte da rotina de todos que moram na casa da criança. 

Para isso, educadores e psicopedagogos recomendaram a criação de um espaço diferenciado para o tempo de leitura.

Vejam um passo a passo para a criação do cantinho da leitura:

1- Reserva de um local separado para a leitura, no quarto da criança ou em um cômodo específico da casa;

2- Escolha dos livros de acordo com a faixa etária da criança;

3- Organização do local de forma que fique aconchegante e convidativo;

4- Constância nas atividades no espaço.

5- Estímulo à procura independente da criança aos livros, mostrando que seu acesso é livre e o espaço é para ela aproveitar.

Organizando os livros no cantinho de leitura

Para facilitar o acesso espontâneo da criança, uma boa tática é separar os livros em categorias de acordo com o tema, gênero ou autor, da forma que funcionar melhor na realidade dela. 

Outra estratégia é convidar seus filhos para arrumá-los, convidando-os a criarem etiquetas personalizadas, com figurinhas e letras coloridas que ajudarão na identificação de cada obra, incluindo os pequenos no processo de cuidados com o local e os livros.

Tempo ideal de leitura diária

Uma dúvida de muitos pais é sobre o tempo que devemos reservar para a leitura diária com os pequenos. Não há uma regra, contudo alguns especialistas explicam que para facilitar a criação desse hábito, o tempo inicial ideal é de 10 a 15 minutos por dia, para que o processo seja natural e leve. 

#PraCegoVer: Rebeca de 7 anos lendo quadrinhos.

 

Hábito da leitura e desenvolvimento acadêmico

As crianças que têm o hábito de leitura incentivado em casa, quando vão para a escola apresentam melhor capacidade de concentração, memória e raciocínio, que são habilidades cognitivas essenciais para seu processo de alfabetização e crescimento.

A leitura estimula o cérebro, atuando na formação de conexões neurais e na habilidade de conseguir resolver problemas. Ler ajuda também no aprendizado das estruturas da língua, por meio da ampliação do vocabulário, e na aquisição e melhora da capacidade de comunicação da criança.

Outro aspecto importante é o emocional, pois ao ter contato com questões semelhantes aos problemas sociais e afetivos da vida cotidiana, as crianças aprendem a lidar com suas realidades e as dos colegas.

A importância da leitura na educação inclusiva

Em tempos de educação plural e inclusiva, é importante que os pais comprem livros que abordam as dificuldades de personagens que sejam de etnias ou realidade social diferentes da maioria, ou que apresentam alguma peculiaridade física ou mental. 

Assim, ajudarão as crianças a se colocarem no lugar do colega que está enfrentando dificuldades na história e desenvolverão a empatia, entendendo um pouco sobre as diversas realidades que cada um vivencia.

Ainda nesse contexto de diversidade, o contato com os livros que falem sobre letramento racial e bullying, por exemplo, ajudam as crianças que sofrem com o preconceito a entenderem que não estão sozinhas e que é preciso sempre falar sobre os seus medos com seus pais e educadores, em caso de episódios de agressão verbal ou física. 

Mas de que adianta ter o espaço, o livro apropriado e horário reservado para as atividades lúdicas, se o contato dos pequenos com as telas é cada vez mais precoce?

Impacto das tecnologias digitais na leitura infantil

Na era da realidade virtual e inteligência artificial, é normal que as crianças tenham maior dificuldade ao precisarem ter contato com materiais físicos por longos períodos. Por isso é importante que todos das casas revejam suas rotinas e mudem seus hábitos, especificamente sobre o tempo em frente às telas.

O aumento do consumo virtual pós pandemia fez com que muitas famílias trocassem as atividades físicas e manuais da vida real pelas facilidades imediatistas da realidade virtual, com uso de aplicativos e registros do cotidiano nas redes sociais.

As crianças, por sua vez, tiveram contato com essas tecnologias mais cedo e por mais tempo. Assim, aprenderam a consumir os conteúdos prontos, com exposição contínua a vídeos de crianças com vidas irreais e preferência por vídeos curtos e por jogos muitas das vezes violentos, para dar vazão a toda ansiedade que o excesso de telas causa.

Retomando o gosto pela leitura em família

Com a família trabalhando unida, será mais fácil que os filhos aprendam que é possível viajar o mundo todo através das histórias contadas nos livros.

Assim, precisamos nos lembrar de que a leitura pode ajudar a:

– Diminuir o estresse diário, por ser uma atividade de atenção direcionada, nosso cérebro tende a ficar mais focado e nosso corpo menos tenso;

– Proporcionar diversão e entretenimento, pois ao imaginar os lugares e personagens ficamos focados na história e esquecemos um pouco das outras demandas;

– Exercitar nosso cérebro de forma lúdica por meio da imaginação.

Mas se ainda sim meu filho não quiser ler?

  1. Leia para ele! Talvez ele já saiba ler sozinho, mas ao ouvir as histórias contadas por outra pessoa, ele tenha a curiosidade estimulada pela imaginação e desperte o interesse pela leitura.
  2. Ofereça uma variedade de livros que possam capturar seu interesse. Observe o tipo de conteúdo que ele consome na internet e faça uma busca com temas similares;
  3. Mantenha o entusiasmo pela leitura. É importante perseverar com esse hábito de terem um tempo de qualidade com os livros;
  4. Visitem bibliotecas e feiras de livros da sua cidade. Mostre como o mundo literário é amplo, revolucionário e divertido até fora de casa e da escola.

 

Dica extra:

Acessem no site da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) as campanhas sobre leitura para ajudar no desenvolvimento cognitivo e de comunicação das crianças.

O conteúdo da campanha “Receite um livro: A importância de recomendar a leitura  para crianças de 0 a 6 anos”, disponível em no site da SBP, nos ajuda até hoje nessa importante parte da criação dela.

Edição geral de Rondy Cavulla e escrito por

Gabi Sucupira

Carioca apaixonada pelas Letras, mãe da Rebeca, empreendedora e especialista em Marketing.

Artigo escrito por

Rondy

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