6. Como lidar com a competição entre os filhos por atenção?
A forma de lidar é tentar aplicar a «justiça» do lar de forma consistente.
Esta coerência nas ações vai provar à cada filho que todos têm o seu espaço (seja a mesinha de cabeceira, um quarto ou um lugar especial da casa), o seu tempo (em todas as refeições é ouvido, todos os dias antes de dormir e durante o dia, tem pais disponíveis quando é realmente necessário) e suas necessidas supridas na organização do horário familiar. Porque com pais conscientes da fase de desenvolvimentot de cada filho, o essencial é suprido, sentindo-se portanto, realizado como indivíduo e como consequência, diminui-se a necessidade de validação externa.
Claro que este é um processo e que esta estrutura constrói-se com um passo de cada vez.
Contudo, é relevante lembrar que passamos por fases da vida em que os pais não podem dedicar-se inteiramente aos filhos. Nestes tempos, indealmente provisórios, há certas estratégias para dar a atenção devida ainda assim.
A chave está na: comunicação (quando há capacidade de entendimento da criança) e no afeto de qualidade, mesmo que em pouca quantidade, mas se a qualidade for consistente e proveniente de alguém próximo, mesmo que por breves momentos diários, já podem suprir completamente esta necessidade afetiva dos filhos.
7. Como dividir o tempo entre os filhos mais velhos e os mais novos?
Todos juntos e tempo individual
É verdade que os pais de famílias numerosas vão aprendendo a proporcionar tempo de qualidade único com cada filho, mesmo quando estão todos juntos.
Trata-se de uma artimanha que se vai adquirindo naturalmente com a prática (mais uma vez, a refeição familiar é um excelente treino para este efeito).
Mas deixo aqui um exemplo simples do dia-a-dia:
Por exemplo: Enquanto o mais novo está entretido em alguma atividade, podemos contar uma história ao mais velho e ir variando e complementando a atenção.
Aproveitar as atividades distintas
Outro momento propício para suprir diferentes necessidades é quando o mais novo dorme, ou quando o mais velho vai estudar. Há sempre momentos desfasados na rotina que podemos aproveitar.
Chegada de um novo irmão
Quando temos um novo filho, é natural que nos preocupemos com a falta de atenção ao mais velho. No entanto, é apaziguador lembrar que é natural e que eles estão capacitados para entender:
Quando o mais velho pede a nossa atenção para alguma atividade que tem interesse e estamos a amamentar, ele entende que é preciso esperar.
Isto é natural e muito benéfico para o mais velho pois vai aprendendo que cada coisa tem o seu tempo, o seu lugar. A resiliência de cada um é fortificada, assim como o valor quando têm o que lhe é devido.
Em suma, é um verdadeiro treino para vida.
E a própria vida a acontecer.
8. Como organizar momentos individuais com cada filho em meio à rotina agitada?
Rotina
Abraçar a rotina sempre. Sem ela, não há ordem e sem ordem, não vai haver tempo para todos. Permite-nos planear produtivamente com a possibilidade de compensar e ajustar, se necessário.
Agora, se a rotina está demasiado agitada e descobrem que não há tempo suficiente para suprir alguma necessidade, tente reavaliar a importância de algumas delas e altere sem medo.
Estratégio do “filho único”
Contudo, deixo aqui uma estratégia que foge à rotina e que podemos confirmar sua eficácia. Chama-se «tempo de filho único» e consiste em marcar uma saída lúdica com um filho por vez. Este momento é todo da criança com a mãe ou pai.
Foco em um filho a cada dia
Outra estratégia é ir alternando o foco entre todos, dia após dia.
É ainda, a necessária atenção.
Um olhar (quando dois – pai e mãe – ainda melhor) atento e presente vai detectando se alguém precisa de mais foco e em um dos momentos favoráveis como antes de dormir, ou no «tempo de filho único», suprir esta necessidade.
Entendi que preciso estar ativamente presente mas eu não tenho tempo…
A boa notícia é que para darmos a devida atenção a cada filho, seja um ou sejam dose, basta estarmos presentes quando estamos presentes.
Qualidade, mesmo que em pouca quantidade.
Estas dicas apresentadas ao longo destes três artigos são frutíferas na medida que instigam a nossa consciência, que tende a ser sistematicamente engolida pelo nosso corrido cotidiano.
Contudo, é na procura de mudança que encontramos o primeiro tijolo para a construção maior e daí para frente, basta darmos o nosso melhor no pouco que temos.
Será, com certeza, suficiente.

Escrito por
Mariana Ribeiro
Mãe de cinco filhos em ensino doméstico. Apaixonada por filosofia, psicologia e educação. Estuda e escreve sobre família e desenvolvimento humano. @Marianaparaizoribeiro