Recomeçar com propósito: Como Mães estão a mudar de profissão em busca de equilíbrio e realização

Com a maternidade, tudo muda.

Primeiro muda o nosso corpo, que alarga e estica para servir de casa ao nosso bem mais precioso. Durante a gravidez, porém não sentimos logo a mudança profunda enquanto indivíduos, que pode mesmo resultar num curto espaço de tempo, numa grande crise de identidade. Deixamos de ser nós para passarmos a ser mães. As nossas hormonas são responsáveis por nos fazerem estar focadas e dedicadas inteiramente a este novo ser, que tanto depende de nós, nos primeiros anos de vida. Voltar ao trabalho ou à nossa antiga função laboral nem sempre é fácil e muitas vezes torna-se um grande desafio conciliar com harmonia e equilíbrio as nossas funções em casa com a profissão.

Quando iniciamos a nossa vida profissional, raramente pensamos com clareza sobre o futuro. A opção de ter ou não filhos não costuma entrar na equação quando escolhemos o caminho da nossa carreira aos 20 e poucos anos. E caso entre, normalmente o pensamento é que tudo se irá encaixar e que todos se irão adaptar um dia. Esta reflexão é para todas as mães que estão a renascer com os seus filhos. Todas as que procuram encontrar o caminho do equilíbrio, entre uma profissão que as realize e preencha e a sensação plena de puder acompanhar e estar presente na vida das suas crianças e presenciar todas as suas conquistas e aprendizagens.

Porque tantas mães decidem mudar de profissão?

A partir do momento do nascimento de um filho, todas as nossas prioridades mudam. No início é bastante intenso, pois a dependência é total. À medida que vão crescendo, vamos conseguindo respirar outra vez e voltar lentamente a sermos nós ao mesmo tempo que nunca deixamos de ser mães. Respondendo à questão acima, há 3 razões principais para uma mulher mãe querer mudar de profissão:

  • Falta de propósito: isto acontece principalmente em trabalhos em que a principal motivação é o dinheiro. Se não tivermos uma motivação mais nobre, começamos a questionar se esse trabalho é o mais adequado.

  • Falta de flexibilidade: horários longos, horários por turnos, pressão para não faltar (o que com filhos pequenos acontece muitas vezes), patrões ou colegas com pouca compreensão (o que infelizmente acontece muito) são tudo motivos válidos para aumentar a desmotivação.

  • Cansaço do modelo tradicional de trabalho: passar 40h ou mais fora de casa, férias pouco compatíveis com as férias escolares, pressão para a produtividade, ambientes muito competitivos são fatores que podem estar na base da exaustão de muitas mães e mesmo levar a situações graves como depressão ou burnout.

Mulher a trabalhar no computador

Vale a pena mudar de profissão depois de ser mãe?

Não sentimos imediatamente isto, mas à medida que os nossos filhos vão crescendo, vão-nos vendo cada vez mais como um exemplo. As mães e pais são os principais heróis dos filhos. Quando explicamos aos nossos filhos o porquê de querermos/termos de trabalhar, a resposta “tenho de ganhar dinheiro para sustentar a casa” ou “tenho de ganhar dinheiro para te comprar coisas ou férias” é incrivelmente confusa e vaga para uma criança. Se respondermos antes “tenho de ir trabalhar para ajudar as pessoas doentes a ficarem boas” ou “tenho de ir trabalhar para ir fazer comida deliciosa para as pessoas comerem”, as crianças crescem com valores nobres e valiosos sobre o trabalho. O trabalho é uma parte de nós, de certa forma pode-nos definir e acrescentar valor enquanto seres humanos. Querermos mudar de rumo para transmitirmos também isto aos nossos filhos, vale muito. Conciliar isto, com flexibilidade de tempo e presença na vida dele, é ouro sobre azul e vale todas as mudanças que forem necessárias.

Como identificar a melhor carreira com base na maternidade?

Devemos tomar decisões depois de passar o turbilhão hormonal do pós-parto e de termos encontrado um sítio respeitoso para os nossos filhos ficarem. Uma má adaptação escolar pode trazer ainda mais insegurança e caos aos pais. A chave está em refletirmos sobre dois pontos importantes: a flexibilidade de tempo e a nossa essência enquanto pessoa.

A flexibilidade de tempo é bastante óbvia. Os nossos filhos vão precisar de nós durante alguns bons anos. Tanto para situações mais chatas de doença, por exemplo, como para garantir bastante tempo de conexão e presença diária. Portanto, é importante seguir um caminho que permita ter horários flexíveis e durante o tempo de escola.

Em relação à nossa essência, aqui pode ser mais complexo e demorado. Temos de nos reconectar lentamente com aquilo que amamos, que nos faz vibrar, que nos empolga e nos faz sentir vivos. É na procura deste sentimento que saberemos que estamos a ir pelo caminho certo. Aquilo que nos torna melhores seres humanos, vai-nos ajudar a ser (ainda) melhores mães.

Dicas para conciliar carreira e maternidade sem culpa

Com cada mãe nasce também um sentimento infinito de culpa em relação a tudo. Queremos dar o melhor de nós para pudermos oferecer a melhor vivência aos nossos filhos. Só que aqui entra a parte da rasteira: o melhor de nós nunca poderá ser a nossa anulação. O nosso trabalho/ocupação profissional/propósito de vida é realmente uma parte importante, senão, essencial da nossa identidade. À medida que os nossos filhos vão crescendo, será cada vez mais fácil de explicar o porquê de querermos/termos de trabalhar. Um dia, também será motivo de orgulho para eles verem que a mãe/pai é um ser humano completo, com várias facetas e talentos e que desempenha um papel ativo e importante na sociedade.

Como vencer o medo e a insegurança ao mudar de profissão?

Infelizmente, a maior parte das pessoas muda por extrema necessidade. Um problema de saúde, um burnout, um casamento falhado são todos motivos fortes para uma pessoa necessitar de uma mudança positiva de forma a conseguir dar a volta por cima. Porém, idealmente, não precisamos de deixar as coisas chegarem a um ponto de onde pode não haver retorno. Devemos saber parar em situações de crise, distanciarmo-nos e olharmos com um sentido crítico para os problemas e procurarmos soluções, sem termos de perder nada de essencial. É preciso coragem para mudar, mas a sensação de bem estar que surge depois, faz tudo valer a pena. Temos de saber confiar mais nos nossos instintos, acreditar nas nossas capacidades e principalmente não ficarmos presas às ideias pré-concebidas que temos de nós próprias. Este é provavelmente o maior perigo: acharmos que apenas podemos ser uma coisa e que já não vamos a tempo. Vamos sempre a tempo e todas as alturas são boas para nos reinventarmos. É importante ponderar, pensar e planear, mas, uma vez tendo uma certeza, é respirar fundo e ir em frente, sem medo!

Empreender com filhos pequenos: é possível?

É possível sim, mas é exigente. Sermos empreendedores, ao contrário do que se possa pensar, dá muito mais trabalho do que trabalhar num emprego por conta de outrem. Trabalhar fora de horas, perder o sono por causa de responsabilidades, ser creativa e proativa são tudo realidades de pessoas que tem os seus próprios negócios. Porém, não só é possível, como podemos criar um trabalho em que sejamos donos do nosso tempo e o conseguimos gerir de forma mais benéfica para o equilíbrio pessoal. Empreender pode ser também a solução para talharmos um rumo profissional muito pessoal e único, em que temos a oportunidade de fazer a diferença, na área do nosso principal interesse.

Mulher a trabalhar com filho ao colo
Novos caminhos profissionais compatíveis com a maternidade

Hoje em dia, existe uma ferramenta, que bem aproveitada, pode ser muito útil na descoberta por este novo caminho: a Internet. Existe uma panóplia de trabalhos que uma pessoa pode desempenhar de forma remota, desde freelancing a empreendedorismo digital, aproveitando também as redes sociais e a publicidade. São áreas em ascensão e que podem ajudar muito a obtermos trabalhos que nos permitam termos flexibilidade de horário, gerirmos com mais tranquilidade as nossas tarefas domésticas e termos disponibilidade para estarmos e prestarmos assistência aos nossos filhos quando fôr necessário.

Como fazer uma transição segura e planeada?

Há alguns pontos fundamentais a ter em conta e sobre os quais devemos refletir antes de tomarmos decisões. São eles:

  • Autoconhecimento

  • Pesquisa de mercado

  • Formação e atualização

  • Networking

  • Planeamento financeiro

Com o devido planeamento, ponderação e conhecimento podemos tomar as decisões que nos permitam viver a maternidade com mais paz e presença, sem deixarmos as nossas restantes facetas de lado. Pode parecer um caminho mais difícil e inseguro, mas a médio prazo, será certamente muito gratificante e pleno.

Escrito por

Carolina W. Pinheiro

Mãe de 2 e apaixonada pela infância e toda a sua influência na nossa personalidade e trajeto de vida. Em eterna busca daquilo que a preenche e intriga, já trabalhou como farmacêutica, cozinheira e mais recentemente em vias de se tornar ama.

Calçado Barefoot – uma nova tendência que é quase uma revolução

Com o nascimento de uma mãe/pai nasce também um mar de dúvidas e questões. Possivelmente, há pessoas que passam mais intensivamente por este processo do que outras, mas eu passei a questionar e analisar tudo desde que sou mãe.

Uma das temáticas que me deparei foi a teoria do movimento livre. Desenvolvido por Emmi Pikler, uma pediatra húngara que desenvolveu um método de criação revolucionário no Instituto Lóczy, em Budapeste, na Hungria. Este método, muito resumidamente, pressupõe que a criança desenvolve-se espontaneamente e atinge o seu potencial de desenvolvimento motor máximo se houver duas condições: um vínculo afetivo seguro e sólido com o cuidador e movimento livre, num ambiente seguro e preparado. Cada uma ao seu ritmo, no seu tempo, mas Emmi Pikler observou e relatou que todas as crianças chegavam lá.

Por movimento livre entende-se que a criança só deve ser posta nas posições que adquire sozinha. Isto significa que deve ser pousada no chão, de costas para baixo e só deverá ser sentada, por exemplo, quando já senta por si própria. O movimento livre estende-se à roupa, que deve possibilitar todos os movimentos e não causar atritos ou escorregar. Um aspeto fundamental são as extremidades: pés e mãos devem estar sempre descobertos, pois só assim a criança conseguirá perceber como o ambiente e o seu corpo funcionam e explorar todos os movimentos. À medida que isto acontece, a criança vai ganhando confiança nos seus movimentos e criando as conexões neuronais necessárias para potenciar o desenvolvimento motor.

Vivemos numa zona com temperaturas amenas (Portugal), em que a maior parte do ano não chove. Porém, para a maioria das pessoas, é impensável uma criança sair descalça de casa.

Até em casa, muitas vezes as crianças estão de pantufas ou de meias (esta última opção, se forem antiderrapantes, é a melhor!). Isto prende-se com dois fatores: por um lado, a nossa história, em que, no tempo dos nossos avós e da ditadura, andar descalço era sinónimo de pobreza; e por outro, a crença infundada de que estar descalço causa doenças como constipações e infeções respiratórias.

Porém, falando agora em termos fisiológicos daquilo que é mais natural para o Ser Humano, nós somos animais e a natureza é perfeita naquilo que faz e não ia deixar o desenvolvimento motor humano depender da invenção dos sapatos, que na verdade, é bastante recente na nossa história enquanto espécie. Trocando por miúdos, o nosso pé, a nossa postura, o andar, o correr, o trepar, o saltar desenvolve-se mais rapidamente e de forma mais consolidada se estivermos a maior parte do tempo descalços.

Ao observar os meus filhos nas suas primeiras tentativas a andar, a correr e a trepar muros ou árvores, fiquei fascinada como uma coisa tão básica e intuitiva faz tanto sentido. E mais, está literalmente acessível a toda a gente. Andar descalço, fortalece a musculatura do pé, desenvolve os ossos que estão em formação, ensina o cérebro a comandar os movimentos certos e, acima de tudo, cria crianças seguras e confiantes. Devemos sempre incentivar as crianças a fazerem os movimentos por elas próprias e o nosso papel deve ser mais de observação e fornecimento de um ambiente seguro e roupa/calçado adequado.

Emmi Pikler proferiu “Tentar ensinar a uma criança uma coisa que ela pode aprender por ela mesma, não é apenas inútil. É prejudicial.”

Criança de cabelos lisos loiros de aproximadamente 3 anos tentando subir no muro de pedra.

Porém, a partir do momento em que a criança começa a andar, e porque nem todos os espaços são seguros e todo o clima favorável, temos de a calçar.

Surge então recentemente um tipo de calçado chamado “Barefoot” que significa “Descalço” em inglês.

Como o nome indica, a ideia é a pessoa (criança ou adulto) ter a sensação de estar descalça, sentindo o relevo do chão e tendo todos os movimentos do pé ativos. Para ter esta designação, o calçado deve ter sola fina e dura, ser maleável em toda a sua extensão, sem reforços do calcanhar ou tornozelo e ter um diâmetro largo, de forma a que os dedos não fiquem todos amontoados.

Existem inúmeras marcas no mercado, lojas físicas e online e plataformas de artigos usados (que muitas vezes foram pouco ou nada usados) e por isso basta procurar. O tamanho do sapato depende de marca para marca. Normalmente todas estas marcas tem tabelas de tamanhos em que, através da medição do comprimento e largura do pé, chegamos rapidamente ao número certo.

As quedas mais aparatosas que os meus filhos tiveram foram por causa de calçado ou roupa desadequada, o que, para mim, foi uma grande lição. Aprendi que devemos interferir o menos possível, o que neste caso significa, usar roupa e sapatos que não interfiram com os movimentos naturais do corpo.

Por isso, os meus critérios quando escolho roupa ou sapatos para os meus filhos mudaram bastante. Procuro peças que promovam autonomia (que sejam fáceis de vestir e despir sozinhos), com tecidos elásticos, suaves e confortáveis. No que toca a sapatos, é muito importante que sejam fáceis de calçar e descalçar sozinhos, pois, mesmo este passo desenvolve a autonomia e confiança da criança. Só em último lugar é que vem a estética.

A criança desenvolve muito mais a autoestima e confiança quando se sente autónoma, capaz e livre do que apenas por lhe dizerem que está bonita. Na verdade, esta é uma mensagem bem mais profunda do que parece. Ao promovermos as primeiras características estamos a transmitir à criança que é muito mais importante e valioso aquilo que ela é e que é capaz do que aquilo que ela parece, veste ou transmite à superfície.

Escrito por

Carolina W. Pinheiro

Mãe de 2 e apaixonada pela infância e toda a sua influência na nossa personalidade e trajeto de vida. Em eterna busca daquilo que a preenche e intriga, já trabalhou como farmacêutica, cozinheira e mais recentemente em vias de se tornar ama.

O meu filho pode ser vegetariano?

Hoje em dia vemos muitas modas, que surgem, ficam algum tempo nas memórias e conversas e desaparecem no momento em que surge a próxima.

É importante sermos críticos e sabermos distinguir o que é uma moda de algo cientificamente comprovado e que surge nalgum momento, apenas porque não o tinha sido até então. 

Para mim, o vegetarianismo nunca fez parte dos meus planos e surgiu numa altura em que também era moda, mas foi e continua a ser muito mais. Cresci omnívora, numa família metade ribatejana metade alemã, onde mais tradição de carnes, peixes e até touradas é quase impossível. Um dos meus bisavôs era campino (cuidava dos touros que serviam as touradas) e o meu avô alemão era guarda florestal/caçador. Ao crescer deparei-me com este termo do “vegetarianismo” e dizia na brincadeira que nunca o conseguiria ser. Por outro lado, tenho uma grande tradição de cozinheiros na família. Os meus avós paternos e os seus irmãos, meus tios, foram emigrantes e cozinhavam para famílias bastante abastadas. A comida sempre foi uma paixão comum a todos os membros da família e a desculpa ideal para nos reunirmos e vivermos o melhor que a vida tem para nos oferecer. 

Anos mais tarde, em 2014, quando acabei a faculdade e tinha algum tempo enquanto procurava o meu primeiro emprego, para me entreter, comecei a cozinhar mais, a experimentar pratos e ingredientes novos e a aproveitar uma então grande moda de blogues de comida que surgiam no mercado. Sou uma pessoa da área da saúde e a maneira como o alimento influencia o nosso corpo e espírito fascina-me desde criança. Os blogues que encontrei eram sobre cozinha de base vegetal, o que não me fazia absolutamente confusão nenhuma, porque já em casa cozinhávamos muitas vezes pratos vegetarianos e todos sempre gostámos de todos os legumes e vegetais. Ora experimentava receitas literais, ora juntava alguma proteína animal e ficavam sempre absolutamente deliciosas. Isto foi, creio eu, em Outubro. 

Porém, no início do ano 2015, em Fevereiro, houve uma onda (lá está, outra aparente moda) de documentários sobre a pegada ecológica de uma dieta vegetariana, o impacto que tem tanto no planeta como na nossa saúde e toda a crueldade e horror da indústria alimentar. Nunca imaginei que isto tivesse tanto impacto em mim. Foi mesmo um daqueles poucos momentos na vida em que realmente abrimos os olhos e pensamos “Isto faz tanto sentido!”. Nunca mais olhei para trás, tornei-me vegetariana naquele mês e contagiei parte da família. Foi na verdade, incrivelmente fácil, por já ter tanto conhecimento acerca da culinária de base vegetal e de ter bases de nutrição e saber compor pratos equilibrados. 

Saltando alguns aninhos para a frente, em 2019 conheci o meu atual companheiro e em 2021 fomos pais pela primeira vez e em 2022 pela segunda. O Rafael é vegetariano há mais de 25 anos e nesse aspeto temos valores iguais e preocupações idênticas para com o meio ambiente e os animais. Porém, quando o nosso filho iniciou a introdução alimentar, surgiram as primeiras dúvidas. Já tinham surgido antes, durante a preconceção e gravidez, mas como não tivemos dificuldade em engravidar e não tive nenhuma complicação em ambas as gravidezes (inclusive o ferro sempre em valores aceitáveis) e também por ter conhecimento que uma dieta vegetariana equilibrada supre todas as nossas necessidades, não me preocupei mais.

Quando o Sebastião iniciou a introdução alimentar, procuramos ajuda de uma nutricionista que nos indicou quais os alimentos a privilegiar e oferecer. Tanto a nutricionista, como a nossa pediatra (que é Vegan e acompanha crianças vegetarianas e vegan) deram-nos força e confiança para oferecermos uma dieta vegetariana aos nossos filhos. Enquanto mamaram, houve também sempre aquela segurança de que o leite era o seu principal alimento e fonte de nutrientes.

Para além disso, fizemos uma introdução alimentar guiada pelo bebé (o chamado BLW – Baby Lead Weaning), o que tem inúmeras vantagens, mas que pode também potenciar eventuais dúvidas no pais. Isto porque o bebé pode comer mais de umas coisas do que de outras, normalmente aprende a comer apenas e só a quantidade que o sacia e não come por gula e torna-se autónomo rapidamente, não aceitando ajuda e querendo ser ele a alimentar-se sozinho. A longo prazo, isto é uma vantagem tremenda e é a melhor forma de prevenir a obesidade e problemas associados… mas no momento, não há um dia em que não duvidamos se o nosso filho comeu o suficiente e se tem os nutrientes de que precisa.

Para descansar aqui a nossa mente atribulada de recém-pais, desde cedo que introduzimos alguns multivitamínicos na rotina dos nossos filhos. As primeiras vitaminas que demos foram ferro, ómega 3, vitamina D e vitamina B12. Mais tarde, já quando não mamavam, demos regularmente multivitamínicos mais completos, principalmente no inverno para reforçar o sistema imunitário e também próbióticos.

Hoje, com um filho de 4 e outra a caminho dos 3, estamos muito orgulhosos do nosso caminho. São ambos muito saudáveis, ficando raramente doentes, a crescer bem e com energia para dar e vender. Uma das sensações mais gratificantes deste caminho foi quando o Sebastião foi para a escola e começou a questionar porque é que nós não comíamos peixe e carne como os amiguinhos dele. Nós explicamos e ele compreendeu de uma maneira tão fácil e intuitiva que agora é ele que diz com orgulho que nós somos vegetarianos e já contagia alguns amiguinhos da escola! Quando lhe oferecem alguma coisa que ele receia ter peixe ou fiambre, por exemplo, ele automaticamente rejeita porque leva este compromisso mesmo a sério. É realmente bonito de se ver como valores tão nobres são ainda mais fáceis de transmitir quando somos crianças. Nós adultos é que temos muitos macaquinhos na cabeça e maus e velhos hábitos.

criança a fazer um bolo

Tal como eu e o meu companheiro não crescemos vegetarianos, é natural que em algum momento da vida, os nossos filhos queiram provar ou ter a experiência de comer carne ou peixe. Tal como vão querer experimentar uma bebida alcoólica ou o McDonalds. A vida não é linear, é feita de uma miscelânea de experiências e é isso que a torna tão rica. Aqui o nosso papel enquanto pais foca-se em transmitir e ensinar os nossos filhos a terem os valores corretos (não só em relação a alimentação, mas a tudo), a tomarem decisões conscientes e a terem uma voz ativa em relação aquilo que acreditam.

Por isso, sim, é possível os nossos filhos serem vegetarianos e partilharmos com eles desde cedo aquilo que acreditamos e que nos faz mais sentido. Sigam a vossa intuição e o conselho de profissionais experientes e especialistas na área, para irem com confiança e determinação nos vossos valores e ideias.

Escrito por

Carolina W. Pinheiro

Mãe de 2 e apaixonada pela infância e toda a sua influência na nossa personalidade e trajeto de vida. Em eterna busca daquilo que a preenche e intriga, já trabalhou como farmacêutica, cozinheira e mais recentemente em vias de se tornar ama.