Na segunda parte da entrevista, a psicóloga Thaissa Moreno fala sobre vínculos no home office, os riscos do isolamento e como empresas podem apoiar colaboradores com mais cuidado e inclusão.
Depois de falarmos sobre os primeiros impactos do home office, agora vamos aprofundar nas relações e na comunicação à distância.
Thaissa explica como o isolamento pode afetar a saúde emocional, quais práticas ajudam a fortalecer vínculos mesmo longe fisicamente e como empresas podem criar um ambiente de cuidado, equidade e inclusão.
Com mais de 16 anos de experiência, Thaissa une técnicas terapêuticas modernas, saberes ancestrais e uma escuta humanizada, ajudando a compreender como o home office afeta a saúde mental e dá sugestões para criar rotinas mais leves, saudáveis e sustentáveis para mães e cuidadoras.
Relações e Comunicação à Distância
O isolamento social é uma das queixas mais comuns de quem trabalha de casa. Quais são os riscos desse isolamento para a saúde mental?
É possível que trabalhar de casa pode trazer uma sensação de solidão. A falta do contato diário com as pessoas, olho no olho, o toque, momentos de descontração na copa, começa a se sentir desconectada.
O isolamento levando a uma tristeza e desmotivação, dificuldade de se concentrar, podendo levar a crises de ansiedade e depressão. Principalmente para mulheres que alimentam a ideia de “eu tenho que dar conta de tudo sozinha”.
Isso aumenta a carga emocional, pois se cria expectativas e manter hiperfoco na casa que está inserida no trabalho. O isolamento é um risco porque afeta e nos afasta do aquilombamento como se diz na cosmoperspectiva afrocentrada, entender que a força vem da comunidade.
O movimento de partilha, confluência nos dá a oportunidade de nos fortalecer de criar vínculos saudáveis que contribuam para nossa saúde mental.
Como manter vínculos saudáveis com colegas e líderes à distância?
Manter vínculos no home office vai além do trabalho.Uma boa estratégia é criar momentos de afeto, como na participação ativa em reuniões, deixando a câmera aberta e, quando possível, combinar encontros presenciais fortalece conexões.
Vínculos são redes de apoio que sustentam a saúde mental e coletiva.
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Autocuidado e Bem-Estar
Quais práticas de autocuidado são mais eficazes para reduzir o estresse no home office?
O autocuidado não precisa ser algo sofisticado, mas constante. Atos simples para melhorar o dia a dia:
Alongar o corpo ao longo do dia, ou ao iniciar e encerrar o expediente.
Fazer uma respiração consciente,
Perceber os lugares de tensão no corpo,
Manter pausas reais para descanso,
Beber água
Alimentar-se com calma, com atenção plena.
Entender que o autocuidado é mais que um hábito individual, é um resgate de força vital. É se olhar com cuidado, amorosamente, preparando e fortalecendo o corpo e a mente para uma rotina que vai exigir estar plena.
A ergonomia e o ambiente físico de trabalho também influenciam no estado emocional?
É fato! Uma cadeira desconfortável, iluminação ruim e horas na mesma posição causam sofrimento ao corpo e isso repercute na mente, trazendo exaustão, irritabilidade e dor.
O nosso espaço de trabalho carrega uma energia do ponto de vista ancestral, forma-se um sistema com suas impressões e vivências. É importante ter elementos naturais como uma planta, a luz solar adentrando a janela ou o ar fresco circulando.
Outra dica são objetos simbólicos de forma com uma cor que traga tranquilidade. Não é uma questão de estética, mas de nutrir o ambiente com vibrações saudáveis.
De que forma empresas podem apoiar os colaboradores nesse processo?
As empresas possuem um papel fundamental, pois podem colaborar das seguintes formas:
Com orientações de ergonomia,
Criação de momentos de escuta e acolhimento,
Respeito aos horários de descanso e de folga,
Incentivo as práticas de bem-estar.
São necessários espaços de interação e conversa sobre saúde mental, equidade e diversidade porque cada trabalhador tem uma realidade diferente.
O apoio aos colaboradores é reconhecer que cada pessoa faz parte de uma comunidade. Empresas que cuidam das pessoas fortalecem os vínculos e criam ambiente mais saudável e justo.
Trabalho Remoto: Realidades Invisíveis e Desafios da Inclusão
Embora o home office tenha se consolidado em muitas áreas, ele não é vivenciado da mesma forma por todos. Para pessoas de periferias e comunidades, o trabalho remoto pode trazer sobrecargas específicas, como:
a falta de estrutura adequada em casa,
a ausência de silêncio ou privacidade,
o acúmulo de funções sem apoio e
o impacto da violência urbana.
Esses fatores revelam que pensar o futuro do trabalho remoto exige considerar desigualdades sociais que atravessam a vida de muitos trabalhadores.
Não basta falar em produtividade e flexibilidade — é necessário criar condições justas, humanas e sustentáveis para que o home office seja, de fato, uma oportunidade para todos.
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Psicóloga
Thaissa Moreno
Psicóloga e arteterapeuta há mais de 16 anos, que atua na abordagem afrocentrada, unindo Terapia Cognitivo-Comportamental e cosmoperspectiva ancestral, sistêmica e antirracista. Palestrante e psicoeducadora, que trabalha no fortalecimento da autoestima de pessoas negras e colabora com empresas e escolas em formações de letramento racial e diversidade. Saiba mais sobre seu trabalho em @psicologathaissamoreno e LinkedIn.
Escrito por
Gabriela Sucupira
Redatora bilíngue de língua inglesa, Especialista em Marketing pela USP/Esalq e bacharel em Letras pela UFRJ. Carioca, mãe da Rebeca,Consultora Textual e de Personal Branding para o Linkedin.
Trabalhar de casa, especialmente para quem tem filhos, exige atenção redobrada com a saúde mental, a organização da rotina e o equilíbrio entre vida pessoal e profissional.
O home office trouxe inúmeros benefícios, como estar mais presente na vida familiar e evitar longos deslocamentos, mas também trouxe desafios que podem impactar diretamente o bem-estar emocional e a produtividade.
Pensando nisso, nós, do site MyBaby Care, entrevistamos a psicóloga Thaissa Moreno, mulher negra 40+ , filha da Silvia e do Jorge, mãe da Núbia, para aprofundar a reflexão sobre os principais cuidados necessários ao trabalhar de casa.
Com mais de 16 anos de experiência, sendo 5 deles em atendimento remoto,Thaissa é terapeuta cognitiva comportamental e arteterapeuta na abordagem afrocentrada, com uma cosmopespectiva ancestral, sistêmica e antirracista.
Ela reúne técnicas expressivas, saberes ancestrais e uma escuta humanizada para oferecer um espaço seguro para pessoas negras, por meio do atendimento psicológico personalizado.
Nessa entrevista, sua experiência nos ajuda a compreender como o home office afeta a saúde mental e de que forma é possível criar rotinas mais leves, saudáveis e sustentáveis para profissionais, especialmente mães e cuidadoras.
Introdução ao Trabalho Remoto
O trabalho remoto ganhou força nos últimos anos. Do ponto de vista psicológico, quais são os principais impactos dessa mudança na vida das pessoas?
O trabalho remoto trouxe muitas facilidades, principalmente para quem é mãe ou cuida da família, porque conseguimos estar mais perto dos filhos e evitar o desgaste do deslocamento.
Mas junto disso, veio também o desafio: como separar a vida de casa e a do trabalho?
Psicologicamente, isso mexe até hoje com nossa organização interna. Essa mistura pode gerar sobrecarga, estresse e até culpa, porque sentimos que nunca somos 100% em nenhum dos papéis.
Na cosmoperspectiva ancestral, é importante lembrar que o trabalho não deve roubar a nossa vida. Ele precisa estar em harmonia com o cuidado, com o corpo e as relações.
Se não há essa divisão, a gente perde energia vital.
Quais sinais indicam que a rotina de home office pode estar afetando a saúde mental?
Existem alguns sinais que servem de alerta, entre elas estão:
Fadiga incontrolável e constante,
Irritabilidade,
Dificuldade de concentração,
Insônia
Sensação de que algo está faltando ou que está devendo. Seja na família ou no trabalho.
No caso das mulheres, especialmente as mães, ocorre a exaustão silenciosa: o corpo dói, a mente fica cansada e, ainda assim, as elas seguem a rotina como um trem descarrilhado.
Por isso, é muito importante identificar a necessidade de dar limites entre a casa e o trabalho.
Organização e Estrutura da Rotina
Como a falta de separação entre vida pessoal e profissional pode influenciar o bem-estar emocional?
A sensação de ter que estar disponível o todo tempo pode gerar ansiedade e estresse, o que afeta a autoestima. Não entender quando trabalhar e descansar, ou, por vezes, fazer as tarefas da casa no meio do expediente.
Com isso, uma exaustão sem fim atrelada a culpa de não ter executado o que havia planejado durante o período.
Para atenuar o desgaste, é necessária a organização do tempo e espaço. Isso porque o desequilíbrio nos afasta do princípio da harmonia que nossos ancestrais sempre valorizaram.
A vida não é só produtividade, é também cuidado, descanso, contemplação, celebração. Como diz o eterno Nego Bispo: envolvimento e confluências.
Thaissa Moreno e sua filha Núbia
Estratégias Simples para Organizar o Home Office e Preservar o Descanso
Manter uma rotina equilibrada no home office é essencial para preservar a saúde mental, reduzir o estresse e garantir momentos reais de descanso. Pequenas mudanças na organização diária podem transformar a experiência de trabalhar de casa em algo mais saudável e produtivo. Confira algumas estratégias práticas:
Defina um espaço fixo de trabalho: mesmo que seja apenas uma mesa, ter um local exclusivo para o trabalho ajuda a separar vida pessoal e profissional. Fora desse espaço, permita-se descansar ou realizar outras tarefas que não sejam do trabalho.
Crie rituais de início e fim de expediente: trocar de roupa, tomar café, preparar água ou chá são formas simples de sinalizar para o corpo e a mente quando começa e termina a jornada de trabalho.
Encerramento consciente: desligue o computador, agradeça pelo dia, tome um banho ou ouça música. Esses rituais ensinam a mente a respeitar os limites entre trabalho e descanso.
Divida responsabilidades do lar: o cuidado com a casa deve ser coletivo, evitando a sobrecarga de uma única pessoa — especialmente das mulheres, que muitas vezes acumulam múltiplas funções.
Valorize pausas reais: descansar não é lavar roupa ou limpar a casa no intervalo. É respirar, alongar-se, contemplar, se reconectar com o corpo e as emoções.
Cuidar da rotina no trabalho remoto é também cuidar da energia vital. O descanso não é sinal de preguiça: é fundamental para manter o equilíbrio, fortalecer corpo e mente e viver o home office de forma mais leve e sustentável.
Trabalho Remoto: Futuro Sustentável e Humano
O trabalho remoto se consolidou em diversas áreas, mas seu sucesso a longo prazo depende de uma abordagem mais humana e equilibrada. Para construir uma relação saudável com o home office, é crucial focar em limites claros e bem-estar.
Para saber mais sobre o assunto, confira a Parte II desta entrevista aqui.
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Psicóloga
Thaissa Moreno
Psicóloga e arteterapeuta há mais de 16 anos, que atua na abordagem afrocentrada, unindo Terapia Cognitivo-Comportamental e cosmoperspectiva ancestral, sistêmica e antirracista. Palestrante e psicoeducadora, que trabalha no fortalecimento da autoestima de pessoas negras e colabora com empresas e escolas em formações de letramento racial e diversidade. Saiba mais sobre seu trabalho em @psicologathaissamoreno e LinkedIn.
Escrito por
Gabriela Sucupira
Redatora bilíngue de língua inglesa, Especialista em Marketing pela USP/Esalq e bacharel em Letras pela UFRJ. Carioca, mãe da Rebeca,Consultora Textual e de Personal Branding para o Linkedin.
A Yoga para adultos tem diversas vantagens já conhecidas, como melhorar a concentração, nos trazer para o momento presente, reduzir o estresse e controlar a ansiedade. Sendo então um ótimo exercício para o corpo, desenvolvendo força e flexibilidade. Além disso, os últimos estudos também apontam que a yoga é eficaz no controle do tdah em crianças.
Na entrevista de hoje, vamos descobrir os benefícios da yoga para o desenvolvimento físico e emocional das crianças e como podemos incentiva-las à prática.
Para isto, convidamos Silvia Perez, certificada pela Cosmic Kids Yoga e Rainbow Kids Yoga, fundadora da Aloha Happy Kids, em Malta, que por meio de práticas holísticas, yoga e um profundo respeito pela natureza, guia crianças a crescerem com gentileza, confiança e um senso de admiração, capacitando-as a brilhar intensamente em tudo o que fazem.
Qual é a sua experiência ensinando yoga para crianças?
Desde 2018, quando vivenciei uma transformação pessoal em Bali, o yoga se tornou parte da minha vida e do meu propósito. Tive a alegria de ensinar em diversos ambientes, desde programas extracurriculares a creches e sessões de yoga em família. Cada espaço é único e adoro criar ambientes onde crianças e famílias se sintam seguras, alegres e apoiadas. Cada criança que conheço traz algo especial, e ensiná-las é um presente que guardo no coração.
Qual é a sua abordagem para ensinar yoga para crianças?
Minha abordagem se baseia na educação holística, na criatividade e no amor. Acredito que yoga para crianças deve ser repleto de amor, imaginação e alegria. Cada aula é como uma pequena aventura onde nos conectamos com nossos corpos, exploramos nossas emoções e nos sentimos seguros sendo nós mesmos. Eu combino contação de histórias, músicas, movimento e atenção plena para criar um espaço onde as crianças se sintam livres, apoiadas e celebradas por quem são.
Como você adapta as aulas para diferentes idades e habilidades?
Adapto cada sessão à faixa etária e às necessidades individuais. Para crianças menores, utilizo mais contação de histórias, música e dicas visuais, enquanto as maiores se beneficiam de uma exploração emocional mais profunda, exercícios de respiração e atividades de construção de equilíbrio. Sempre ofereço opções e modificações para que cada criança se sinta incluída, apoiada e bem-sucedida.
Quais são os objetivos e benefícios das suas aulas de yoga para crianças?
Meu desejo mais profundo é que cada criança que frequenta a aula se sinta amada, segura e livre para ser exatamente quem é. Quero que eles saiam de cada sessão com um grande sorriso, o coração tranquilo e um pouco mais de confiança em si mesmos. A yoga é a minha maneira de plantar sementes de amor, respeito e gentileza, sementes que espero que cresçam com eles ao longo da vida. Não se trata de posturas perfeitas; trata-se de ajudá-los a se sentirem fortes por dentro, conectados às suas emoções e conscientes do belo mundo ao seu redor.
Como você mantém as crianças engajadas e motivadas durante as aulas?
Criamos experiências mágicas juntas! Eu uso música, personagens, temas, histórias da natureza e canções que despertam a imaginação delas, especialmente com crianças menores. A música ajuda a tornar a sessão lúdica e rítmica, mas também trago acessórios, desenhos e muitos outros recursos para mantê-las totalmente engajadas. Mas o mais importante é que eu as ouço. Quando as crianças se sentem vistas e ouvidas, elas naturalmente querem participar com alegria e curiosidade.
Como você garante a segurança das crianças durante as aulas?
Eu mantenho um ambiente calmo e estruturado, mantenho as turmas pequenas e dou orientações claras para cada atividade. Também observo cada criança cuidadosamente para garantir que estejam praticando com segurança e confiança.
Quais precauções você toma para prevenir lesões?
Eu sempre começo com aquecimentos e oriento as crianças a ouvirem seus próprios corpos. Ofereço demonstrações físicas, ensino o alinhamento correto de forma simples e evito forçar qualquer postura. A brincadeira é importante, mas a segurança sempre vem em primeiro lugar.
Você tem experiência trabalhando com crianças com necessidades especiais? Há aulas especiais para essas crianças?
Embora eu não tenha uma certificação específica em yoga para crianças com necessidades especiais, minhas aulas são sempre inclusivas e abertas a todos. Crio um ambiente acolhedor e acolhedor, onde cada criança é incentivada a participar em seu próprio ritmo. Estou atenta às necessidades de cada criança e feliz em adaptar as atividades para garantir que elas se sintam seguras, respeitadas e incluídas. Se uma criança precisar de um apoio mais personalizado, recomendo trabalhar com um especialista certificado.
Quais são os benefícios da yoga para crianças, na sua experiência?
Já vi tantas transformações lindas em crianças através da yoga. Vi crianças tímidas se abrirem e se expressarem, crianças cheias de energia aprenderem a parar e respirar, e pequenos corações ansiosos encontrarem a calma. A yoga lhes dá mais do que flexibilidade ou equilíbrio; ela lhes dá ferramentas para entender suas emoções, sentir orgulho de seus corpos e se conectar com os outros de forma gentil e respeitosa. Para mim, trata-se de plantar pequenas sementes de amor, confiança e consciência que podem crescer com elas ao longo da vida.
Como a yoga pode ajudar as crianças a lidar com o estresse e a ansiedade?
A yoga tem sido uma ferramenta maravilhosa para ajudar as crianças a encontrar a calma em momentos de estresse. Já vi fazer maravilhas. Exercícios respiratórios simples e movimentos suaves podem ajudá-las a desacelerar e se reconectar com a respiração quando as emoções parecem avassaladoras. É como dar a elas um pequeno botão de pausa para reiniciar. Adoro ver o momento em que uma criança percebe que pode respirar fundo e se sentir melhor, ou quando ela vem até mim e diz: “Usei minha respiração quando estava nervosa hoje!” Fico muito feliz em saber que eles estão aprendendo a navegar pelo mundo com mais paz, uma respiração de cada vez.
Você tem exemplos de como a yoga pode melhorar a concentração e o foco das crianças?
Com certeza! Já ouvi muitas mães falarem sobre como a yoga ajudou seus filhos. Fico muito feliz quando os pais compartilham essas histórias. Por exemplo, uma das coisas mais doces que ouvi de uma mãe foi como sua filha começou a ensiná-la a se acalmar usando técnicas de respiração que aprenderam na aula de yoga. A criança a lembrava de respirar fundo quando as coisas pareciam estressantes, e foi um momento lindo de ciclo completo. É incrível como as ferramentas que compartilhamos em sala de aula não apenas ajudam as crianças a se concentrar, mas também as capacitam a compartilhar essas ferramentas com outras pessoas. Yoga não se trata apenas do que fazemos em sala de aula; trata-se de como essas ferramentas ajudam as crianças a navegar pelo dia com mais presença e calma. Ver as crianças aplicarem o que aprenderam no dia a dia é realmente mágico.
Como você continua a desenvolver e aprimorar suas habilidades como professora de yoga infantil?
Estou sempre aprendendo por meio de livros, workshops, cursos e, acima de tudo, com as próprias crianças. Reflito sobre cada sessão, me conecto com outros educadores e deixo a natureza, a criatividade e o amor me guiarem. Cada sorriso, cada pergunta, cada momento com uma criança me ajuda a crescer.
Em conclusão, a yoga é uma super prática para crianças, inclusive crianças com tdah, pois ajuda a desenvolver a coordenação motora, concentração e trazê-las ao momento presente. Adicionalmente, deixando-as mais relaxadas e calmas. E com a yoga sendo praticada regularmente, elas conseguem desenvolver variadas habilidades super importantes para a vida, como disciplina, capacidade de lidar com problemas, autoconfiança…
Depois de tantos benefícios, que tal começar a praticar yoga com seu filho(a)?
Silvia Perez é fundadora do Aloha Happy Kids. Nascida em Barcelona e agora morando em Malta, sempre achou que a educação deveria ser mais do que apenas conhecimento, mas sim uma nutrição da criança por inteiro. Por meio de práticas holísticas, yoga e um profundo respeito pela natureza, guia as crianças a crescerem com gentileza, confiança e um senso de maravilha.
Escrito por
Flávia Oliveira
Jornalista e Relações Públicas, formada em Mediadora de Conflitos, pelo Instituto Federal de Brasília, através da Tertúlia Literária Dialógica. Mãe de dois: Mia e Andrea, vivendo em Malta e sempre com uma passagem para o próximo destino a ser descoberto.
Seu filho apresenta inquietação ou agitação constante, fala muito ou tem dificuldade de permanecer atento em atividades longa? Conseguimos as respostas de um psicólogo para os pais sobre crianças com TDAH.
Em outras palavras, os pais, familiares e educadores ficam preocupados quando se deparam com essas caracterísiticas nas crianças, pois podem ser sinais do Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade, o TDAH.
Esse transtorno neurobiológico de causas genéticas mostra os primeiros sinais na infância e pode acompanhar o indivíduo por toda a vida. Ele é caracterizado por sintomas como falta de atenção, inquietação e impulsividade e requer acompanhamento de profissionais de diversas especialidades.
Entrevistamos Osmael dos Santos, psicólogo clínico especialista em Análise do Comportamento Aplicada (ABA) e pós-graduando em Neuropsicologia e Reabilitação Neuropsicológica para esclarecer as dúvidas desses pais.
Confira o texto completo e procure a ajuda de um especialista para uma avaliação adequada.
Quais são os primeiros sinais de TDAH que um psicólogo pode identificar em uma criança?
De acordo com a Associação Brasileira do Déficit de Atenção, aABDA, membro afiliada a ADHD World Federation, o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) na infância se manifesta através de sinais específicos:
Hiperatividade e impulsividade;
Dificuldade de concentração;
Esquecimento frequente;
Desorganização;
Dificuldade em seguir instruções;
Comportamentos desafiadores.
É crucial ressaltar que nem todas as crianças com TDAH apresentam todos os sinais e que o diagnóstico desse transtorno deve ser realizado por um profissional qualificado, como um neuropsicólogo, por meio de uma avaliação neuropsicológica abrangente.
Essa avaliação permite identificar os comprometimentos específicos de cada criança e descartar outras possíveis causas para os comportamentos observados. Ela é fundamental para identificar o TDAH e iniciar o tratamento adequado.
Conclui-se, portanto, que o diagnóstico precoce e a intervenção multidisciplinar são essenciais para garantir que a criança com TDAH desenvolva todo o seu potencial.
Como posso diferenciar o comportamento típico de uma criança de um possível caso de TDAH?
Para identificar esse transtorno em crianças é crucial diferenciar comportamentos típicos de desatenção e agitação daqueles associados ao transtorno, vejam alguns deles:
Comportamentos comuns em crianças:
Desatenção;
Dificuldade em manter o foco em atividades; especialmente em situações de tédio;
Esquecimento e distração, principalmente em tarefas complexas ou pouco interessantes;
Agitação e impulsividade, com dificuldade em esperar a vez ou controlar impulsos.
Crianças com TDAH:
Padrões persistentes e intensos de desatenção, hiperatividade e impulsividade, que se manifestam em diversas áreas da vida da criança, como na escola, em casa e em interações sociais;
Dificuldade em iniciar, manter o foco e concluir tarefas, mesmo as mais simples;
Comportamentos impulsivos frequentes, que podem gerar dificuldades em seguir regras e conviver com outras pessoas;
Agitação constante, com dificuldade em ficar quieta e relaxar, mesmo em momentos de descanso.
Acima de tudo, o diagnóstico de TDAH deve ser realizado por um profissional especializado, como um neuropsicólogo ou psiquiatra infantil, por meio de avaliação clínica e testes específicos.
Além disso, recomenda-se observar a frequência, intensidade e persistência dos comportamentos, além do impacto que eles causam na vida da criança.
É importante ressaltar também que nem toda criança agitada ou desatenta tem TDAH. É fundamental analisar o contexto em que os comportamentos se manifestam e descartar outras possíveis causas.
Qual é o papel do psicólogo no diagnóstico do TDAH em crianças?
Antes de tudo, os psicólogos desempenham um papel fundamental no diagnóstico do TDAH infantil, pois é através da avaliação comportamental, das entrevistas com pais e da observação da criança em diversos contextos, que conseguimos analisar a intensidade dos comportamentos, diferenciando TDAH de comportamentos típicos ou outros quadros.
O profissional psicólogo:
Avalia fatores emocionais e ambientais;
Realiza diagnóstico diferencial;
Identifica comorbidades;
Oferece orientações aos pais;
Pode encaminhar para outros profissionais para um tratamento multidisciplinar completo.
Da mesma forma, é crucial lembrar que nem toda criança agitada ou desatenta tem TDAH. O psicólogo é fundamental para diferenciar esses casos, analisando a intensidade, frequência e impacto dos comportamentos na vida da criança.
O tratamento do TDAH, geralmente, envolve uma equipe multidisciplinar, com a participação de diferentes profissionais.
O psicólogo atua como um elo entre a família, a escola e os demais profissionais, garantindo que o tratamento seja abrangente e aborde todas as necessidades da criança.
O que pode causar o TDAH e como fatores emocionais ou ambientais podem influenciar o comportamento da criança?
O TDAH é um transtorno complexo com causas multifatoriais, incluindo fatores genéticos, neurobiológicos, ambientais e emocionais.
Da mesma forma, fatores genéticos desempenham um papel importante, com estudos indicando forte componente hereditário e alterações genéticas em crianças com TDAH.
Nesse interím, sobre os fatores ambientais, podemos listar: o estresse familiar, as expectativas inadequadas dos pais, a rotina desestruturada e a falta de apoio emocional.
Outra condição que pode aumentar o risco de desenvolver o TDAH infantil é a exposição a substâncias nocivas, como o álcool, tabaco e as outras drogas durante a gravidez. No entanto, vale lembrar que se trata de um transtorno complexo sem causa única.
Quais abordagens terapêuticas são mais eficazes para crianças com TDAH?
Por se tratar de um transtorno complexo, o TDAH exige um tratamento combinando diferentes abordagens terapêuticas.
Uma delas é a terapia comportamental, com foco em reforço positivo, rotina estruturada e manejo comportamental, é fundamental para modificar comportamentos inadequados e desenvolver o autocontrole.
Uma segunda opção é o treino de habilidades sociais e o treinamento dos pais complementam a terapia comportamental, ensinando a criança a interagir socialmente e capacitando os pais a criar um ambiente estruturado em casa.
Outras abordagens, como a terapia cognitivo-comportamental (TCC), intervenções educacionais e terapia ocupacional, podem ser utilizadas para atender às necessidades específicas de cada criança.
A TCC, por sua vez, é útil para crianças mais velhas que precisam trabalhar padrões de pensamento disfuncionais, enquanto as intervenções educacionais garantem o apoio necessário no ambiente escolar.
A terapia ocupacional, por sua vez, auxilia no desenvolvimento da coordenação motora e habilidades de organização. Em alguns casos, a medicação pode ser utilizada como complemento do tratamento, sempre sob orientação médica.
A combinação de diferentes abordagens terapêuticas oferece as melhores chances de sucesso no tratamento do TDAH, permitindo que a criança desenvolva todo o seu potencial.
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Como o TDAH afeta o comportamento e as emoções da criança e como podemos lidar com isso no dia a dia?
O TDAH afeta profundamente o comportamento e as emoções da criança, impactando sua capacidade de concentração, organização e interação social.
Dessa forma, a dificuldade em manter o foco pode levar a problemas escolares, esquecimento de tarefas e dificuldades em seguir instruções, gerando frustração e baixa autoestima.
Nesse sentido, a criança com TDAH pode se sentir sobrecarregada devido suas dificuldades, o que pode desenvolver a ansiedade. A pressão para seguir regras e ter bom desempenho, especialmente no ambiente escolar, pode ser particularmente estressante.
No entanto, é possível minimizar os impactos negativos do TDAH no dia a dia da criança com estratégias adequadas:
A estruturação de uma rotina clara e consistente, com horários definidos, melhorando a organização e aumentando a previsibilidade diária;
Criação de um ambiente tranquilo;
Minimização das distrações durante as atividades, como televisão, celular ou jogos.
Além da rotina e do ambiente, a comunicação aberta e honesta com a criança sobre o TDAH, o reforço positivo e o apoio profissional são essenciais para o bem-estar e o desenvolvimento da criança com TDAH.
É possível que o TDAH seja confundido com outros transtornos emocionais ou psicológicos? Como o psicólogo pode fazer essa diferenciação?
O TDAH pode ser facilmente confundido com outros transtornos emocionais e psicológicos, pois alguns sintomas como impulsividade, dificuldade de controlar emoções e desatenção estão presentes em diversos quadros. Por isso, o diagnóstico diferencial realizado por um psicólogo qualificado é fundamental.
Transtorno de ansiedade: A criança com ansiedade é distraída e inquieta, O psicólogo avalia os sintomas emocionais, diferenciando-os da desatenção do TDAH.
Transtorno de depressão: O desinteresse e a desmotivação da criança deprimida podem ser confundidos com desatenção. A irritabilidade e a tristeza também são comuns na depressão e podem ser confundidos com impulsividade.
O psicólogo investiga o histórico de sintomas depressivos, como tristeza profunda e perda de interesse em atividades, diferenciando-os do TDAH.
Transtorno Desafiador Opositor (TDO): A impulsividade, a irritabilidade e a dificuldade em seguir regras são comuns ao TDO e ao TDAH. No entanto, no TDO há um componente maior de desrespeito e desafio à autoridade, com desobediência e comportamentos agressivos mais intensos do que no TDAH.
A princípio, o psicólogo analisa os padrões de comportamento, diferenciando a impulsividade do TDAH da intenção de desafiar e violar regras no TDO.
Como o psicólogo pode ajudar a diferenciar dos casos de Transtorno de Aprendizagem?
Transtorno de aprendizagem: A criança com transtorno de aprendizagem pode parecer desatenta por ter dificuldade em processar informações.
A avaliação neuropsicológica é crucial nesse caso, por exemplo, com testes específicos para avaliar habilidades cognitivas como leitura, raciocínio lógico e outras características.
Além disso, a observação do desempenho acadêmico da criança também auxilia na diferenciação, já que a criança com transtorno de aprendizagem apresentará maiores dificuldades nesse âmbito do que a criança com TDAH.
Quais são os métodos de avaliação utilizados?
O psicólogo utiliza diversos métodos para diferenciar o TDAH de outros transtornos:
Entrevistas clínicas: conversas detalhadas com pais, professores e pessoas próximas à criança.
Escalas de avaliação padronizadas: questionários que avaliam comportamentos e sintomas específicos.
Observação direta: análise do comportamento da criança em situações específicas.
Avaliação neuropsicológica: avaliação detalhada das habilidades cognitivas da criança, como memória, atenção e resolução de problemas.
Análise do histórico familiar e médico: investigação de possíveis eventos traumáticos, antecedentes familiares e outros contextos relevantes.
Finalmente, através de uma avaliação completa e detalhada, o psicólogo consegue diferenciar o TDAH de outros transtornos, garantindo um diagnóstico preciso e um plano de tratamento individualizado para a criança.
Como posso ajudar a criança com TDAH a melhorar o foco e o autocontrole em casa e na escola com o auxílio profissional?
Com o apoio de um profissional, é possível implementar estratégias eficazes para melhorar o foco e o autocontrole do seu filho em casa e na escola.
Em casa:
Crie uma rotina estruturada e previsível, com horários definidos;
Utilize o reforço positivo, oferecendo recompensas e elogios quando a criança realizar as tarefas e apresentar comportamentos desejáveis;
Incentive a prática de atividades físicas regulares, como esportes ou brincadeiras ao ar livre.
Monte um ambiente livre de distrações, com o mínimo de estímulos visuais e sonoros.
Na escola:
Converse com os professores para tentarem a adaptação do ambiente escolar e das atividades, dividindo as tarefas em etapas menores e oferecendo intervalos regulares.
Incentive a criança a esperar a vez de falar e levantar a mão antes de responder em sala de aula, para praticar o autocontrole.
O papel do psicólogo:
Ajuda a criança a entender a importância da rotina e a encontrar formas de implementá-la de forma eficaz.
Orienta os pais e professores sobre como utilizar o reforço positivo de forma adequada.
Ensina técnicas de autocontrole, como jogos e brincadeiras que envolvem esperar a vez.
Utiliza a Terapia Cognitivo-Comportamental (TCC) para ajudar a criança a reconhecer e controlar seus impulsos.
Lembrando que o foco e o autocontrole são habilidades que se desenvolvem com o tempo e a prática. Com o apoio adequado, seu filho pode aprender a lidar com os desafios do TDAH e alcançar seu pleno potencial.
O TDAH pode influenciar a autoestima da criança? Como essa questão é trabalhada no tratamento?
O TDAH afeta a autoestima da criança devido às dificuldades em diversas áreas da vida, como escola, interações sociais e atividades cotidianas. Essas dificuldades podem levar a sentimentos de frustração, inadequação, falta de pertencimento e baixa autoconfiança.
Com isso, o apoio psicológico é fundamental para ajudar a criança a entender suas dificuldades, valorizar suas qualidades e desenvolver habilidades de enfrentamento. O profissional trabalha para melhorar as habilidades sociais da criança, ensinando-a a esperar sua vez, fazer amigos e lidar com conflitos de forma saudável.
Da mesma forma, o envolvimento dos pais no processo terapêutico é crucial. O psicólogo orienta os pais a utilizarem técnicas de reforço positivo e a criarem um ambiente compreensivo e acolhedor em casa.
Recomenda-se ainda que os pais evitem críticas excessivas e ofereçam feedbacks positivos, quando a criança se esforçar para melhorar, celebrando suas pequenas vitórias diárias.
O desempenho acadêmico pode ser uma grande fonte de estresse e impacto na autoestima da criança com TDAH, por exemplo. Nesse contexto, o psicólogo pode trabalhar em conjunto com a escola para garantir que a criança tenha o apoio necessário, como métodos de ensino adequados e estratégias para lidar com distrações e dificuldades.
O tratamento psicológico pode ajudar meu filho a lidar com o TDAH na vida adulta ou precisará de outros tipos de apoio com o passar do tempo?
O tratamento psicológico é fundamental para crianças com TDAH, auxiliando-as a desenvolver estratégias para lidar com os desafios do transtorno ao longo da vida, inclusive na fase adulta.
É possível que o TDAH persista na vida adulta, contudo com sintomas se manifestando de maneira diferente. Os adultos:
– Costumam ter dificuldade em organizar e planejar atividades do dia a dia, principalmente em determinar o que é prioridade;
– Estressam-se muito ao assumir diversos compromissos e não saber por qual começar.
– Deixam trabalhos incompletos ou interrompem o que estão fazendo e começam outra atividade, esquecendo-se de voltar ao que começaram anteriormente.
– Sentem grande dificuldade para realizar suas tarefas sozinhos e precisam ser lembrados pelos outros.
Qual a importância do acompanhamento psicológico na vida das pessoas com TDAH?
O acompanhamento psicológico contínuo é essencial para ajudar a pessoa com TDAH a desenvolver habilidades de enfrentamento e alcançar uma boa qualidade de vida. O psicólogo prepara a criança para enfrentar as demandas de cada fase da vida de forma eficaz, ensinando-a a lidar com a pressão e a frustração.
Nesse contexto, o apoio social e emocional, como grupos de apoio ou terapia de grupo, pode ajudar adultos com TDAH a compartilhar experiências e aprender com outros.
Por sua vez, o tratamento psicológico se adapta às necessidades de cada fase da vida. À medida que a criança cresce, as demandas mudam, e o psicólogo pode orientá-la a adaptar estratégias que funcionaram na infância para lidar com novos desafios na vida adulta, como organização no trabalho ou sobrecarga de estudos na faculdade.
Em resumo, o acompanhamento psicológico é fundamental em todas as fases da vida da pessoa com TDAH, mas o apoio das outras áreas também é importante para garantir o bem-estar e o desenvolvimento do indivíduo.
Psicólogo especialista em Análise do Comportamento Aplicada (ABA), que atua em um Núcleo de Terapias Integradas de um hospital junto à equipe multidisciplinar composta por psicopedagogos, fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional e Aplicador ABA. @psico_osmael_santos
Escrito por
Gabriela Sucupira
Redatora bilíngue, bacharel em Letras pela UFRJ e Especialista em Marketing pela USP/Esalq. Carioca, mãe da Rebeca e consultora textual para o Linkedin.