Autismo: Recomendações de uma psiquiatra para os pais

Atraso na fala e comportamentos repetitivos são sinais comuns de autismo. Por isso, ao se deparar com esses sintomas nos filhos, recomenda-se consultar os especialistas para avaliação e diagnóstico.

A psiquiatra Dra. Mariana de Lima Santos, médica Especialista em Psiquiatria e em Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) explica os passos para um diagnóstico mais preciso para as crianças.

Confira as respostas para as perguntas mais comuns sobre o autismo e dicas valiosas para ajudar os pais e cuidadores a participarem ativamente do tratamento das crianças e adolescentes.

Neste artigo você vai ver

  • O que causa o autismo? É genético, ambiental ou uma combinação dos dois?
  • Meu filho tem atraso na fala, isso significa que ele pode estar no espectro?
  • Quais são os direitos do meu filho com TEA em termos de educação e inclusão escolar?

 

O que causa o autismo? É genético, ambiental ou uma combinação dos dois?

Fatores genéticos e ambientais, combinados, causam o transtorno do espectro autista (TEA).

A hereditariedade desempenha um papel fundamental no risco de desenvolvimento do TEA, com a herdabilidade do transtorno variando entre 50% e 97%.

Fatores ambientais, como idade avançada dos pais, complicações durante o parto e exposição a substâncias tóxicas, também aumentam o risco de TEA.

No entanto, ainda não compreendemos totalmente como esses fatores ambientais interagem com as predisposições genéticas.

Com que idade é possível diagnosticar o transtorno do espectro autista?

Os médicos podem diagnosticar o transtorno do espectro autista (TEA) desde idades muito precoces, embora a idade média para o diagnóstico seja entre 4 e 5 anos.

Visto que os primeiros sinais do transtorno surgem por volta dos 12 meses, e os médicos confirmam o diagnóstico a partir dos 18 meses.

É crucial apontar que a detecção precoce permite intervenções precoces, que melhoram a linguagem, as habilidades sociais e a comunicação social.

Os pesquisadores identificam sinais comportamentais de TEA já aos 6 meses de vida, especialmente em crianças de alto risco.

A estabilidade diagnóstica aumenta significativamente a partir dos 14 meses.

Meu filho tem atraso na fala, isso significa que ele pode estar no espectro?

Os atrasos no desenvolvimento da fala são comumente observados em crianças com transtorno do espectro autista (TEA) e constituem uma das principais razões que levam os pais a procurarem uma avaliação diagnóstica.

Esses atrasos podem ser identificados antes do segundo ano de vida. A relação entre o TEA e os atrasos na fala é complexa, abrangendo tanto aspectos neurológicos quanto comportamentais.

Pesquisas mostram que crianças com TEA apresentam diferenças na lateralização neural relacionada à linguagem, além de alterações na conectividade estrutural e funcional do cérebro.

Esses fatores contribuem, significativamente. para os atrasos observados no desenvolvimento da fala e da linguagem.

Outro ponto relevante é a dinâmica da interação entre pais e filhos. Crianças com TEA e atrasos na linguagem tendem a emitir menos enunciados compreensíveis e mais curtos, o que pode reduzir as oportunidades de interação verbal com os pais.

Por outro lado, quando a fala das crianças é inteligível, os pais demonstram alta contingência em relação ao tema da conversa.

Isso sugere que a complexidade da comunicação dos pais se ajusta às habilidades linguísticas e de interação da criança.

Portanto, os atrasos na fala em crianças com TEA estão associados tanto a fatores neurológicos quanto às dinâmicas de interação social.

Esse fato ressalta a importância de intervenções precoces e direcionadas para promover avanços na linguagem e na comunicação.

A partir de quantos anos é indicado procurar um especialista para avaliação?

Os médicos recomendam a triagem para TEA durante as consultas de rotina aos 18 e 24 meses. Com isso, podemos destacar as seguintes orientações:

  • O diagnóstico confiável é possível a partir dos 18 meses, permitindo intervenções precoces. 
  • Triagens precoces e repetidas identificam crianças em risco de TEA.
  • Os médicos encaminham crianças com sintomas de TEA para avaliação diagnóstica especializada. 
  • Crianças diagnosticadas antes dos 2 anos e meio apresentam maior chance de progressos significativos.

Ao notar sinais de autismo, buscar a avaliação de um especialista é altamente recomendado, principalmente quando tais sinais surgem antes dos 24 meses.

Quais profissionais devo procurar para confirmar o diagnóstico de TEA?

O diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista (TEA) costuma ser realizado por uma equipe multidisciplinar de profissionais da saúde, como pediatras, psiquiatras infantis, psicólogos e neurologistas pediátricos.

Segundo a literatura médica, o método considerado padrão-ouro para diagnosticar o TEA consiste na avaliação detalhada, que combina a observação direta do comportamento da criança com entrevistas estruturadas com os cuidadores.

Essas avaliações utilizam ferramentas padronizadas, como o Autism Diagnostic Observation Schedule-Second Edition (ADOS-2) e o Autism Diagnostic Interview. 

Além disso, pediatras gerais e médicos de cuidados primários desempenham um papel relevante no diagnóstico inicial do TEA, especialmente em regiões com acesso limitado a especialistas.

Estudos sugerem que pediatras devidamente treinados possam diagnosticar o TEA com alto grau de precisão.

Ainda que a concordância com equipes especializadas seja mais elevada quando esses profissionais estão seguros em suas avaliações.

O autismo tem cura? Ou existem tratamentos que podem melhorar a qualidade de vida?

Embora ainda não exista uma cura para o Transtorno do Espectro Autista (TEA), há tratamentos que podem melhorar consideravelmente a qualidade de vida das pessoas com essa condição.

Exemplos desses tratamentos são as intervenções comportamentais, que são amplamente reconhecidas como a principal abordagem terapêutica e têm demonstrado grandes benefícios.

Podemos destacar os casos com crianças menores de cinco anos, em que promovem avanços na linguagem, no brincar e na comunicação social.

A farmacoterapia, por sua vez, é geralmente empregada para tratar condições psiquiátricas associadas, como disfunções emocionais ou transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH).

A imagem mostra uma mulher e um menino sentados à mesa, envolvidos em uma atividade com massinha de modelar e outros materiais coloridos. A mulher, que parece ser uma terapeuta ou professora, tem cabelos castanhos presos para trás e veste uma blusa clara. Ela observa atentamente o menino enquanto guia suas mãos. O menino, de pele morena e cabelos encaracolados curtos, veste uma camisa polo azul e parece concentrado na atividade. O fundo é de um tom azul escuro sólido, e a iluminação é suave
Image by Freepik

Como posso ajudar meu filho a desenvolver habilidades sociais?

Para estimular o desenvolvimento de habilidades sociais em crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), é fundamental adotar intervenções precoces e personalizadas.

Entre as abordagens mais eficazes, destacam-se:

  • As intervenções comportamentais, especialmente as de natureza naturalística e baseadas no desenvolvimento, têm demonstrado grande impacto positivo na comunicação social e em outras habilidades essenciais;
  • O engajamento ativo dos cuidadores no processo terapêutico pode ser uma estratégia de sucesso;
  • O treinamento e a participação ativa dos pais são essenciais para garantir um número adequado de horas de interação planejada.

Essa estratégia pode resultar em avanços expressivos no desenvolvimento das habilidades sociais.

Meu filho tem comportamentos repetitivos, isso é comum no autismo? O que posso fazer para ajudar?

O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é caracterizado por dificuldades na comunicação social e na interação, além de comportamentos restritivos e repetitivos (CRRs), que representam um dos aspectos centrais do transtorno.

Esses CRRs podem ser observados já na infância, sendo um dos primeiros sinais identificáveis do TEA.

Vale ressaltar que as intervenções comportamentais precoces desempenham um papel crucial na melhoria dos resultados para crianças com TEA, incluindo a redução dos CRRs.

Assim, os CRRs são uma característica central e altamente relevante do TEA, com importantes implicações para o diagnóstico precoce e o manejo adequado do transtorno.

Essas intervenções precoces e personalizadas são indispensáveis para melhorar os resultados e a qualidade de vida das pessoas com TEA.

O autismo pode vir acompanhado de outros transtornos, como TDAH ou ansiedade?

Sim, é comum o autismo estar frequentemente associado a outros transtornos, uma condição conhecida como comorbidade.

É possível relacionar as mais comuns: o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e os transtornos de ansiedade.

Além dessas, outras condições podem estar relacionadas ao Transtorno do Espectro Autista (TEA):

  • Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC),
  • tiques;
  • síndrome de Tourette;
  • transtornos alimentares;
  • psicoses.

Para maiores informações sobre o TDAH e outros transtornos, acesse o artigo Perguntas cruciais para os pais sobre as crianças com TDAH.

Dra. Mariana, qual o perfil dos seus pacientes atualmente? 

Hoje em dia, eu atendo pessoas com diagnóstico tardio de TEA na adolescência ou idade adulta, mas já atendi crianças há alguns anos.

Devido minha especialização em transtornos alimentares, a maioria dos meus pacientes são adolescentes que procuram meu consultório em busca de tratamento para melhorar a saúde e a qualidade de vida apesar dos sintomas.

 

Quais são os direitos do meu filho com TEA em termos de educação e inclusão escolar?

Crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) têm seus direitos protegidos por lei, assim como qualquer outra criança, contando ainda com garantias adicionais para atender às suas necessidades específicas.

Legislações como a Lei Brasileira de Inclusão (LBI) e a Política Nacional de Educação Especial asseguram o direito à educação inclusiva para crianças com TEA.

Essas leis garantem que elas estudem em escolas regulares, com recursos apropriados para promover sua inclusão, como a presença de mediadores e a realização de adaptações curriculares.

Tais medidas reforçam o compromisso de oferecer acesso à educação de qualidade, sem discriminação, respeitando as particularidades de cada criança com TEA e promovendo a valorização da diversidade.

Para saber mais sobre o autismo e as possíveis estratégias de intervenção, confira as recomendações da Fonoaudióloga Vanessa.

Mulher negra sorrindo sentada usando uma roupa verde e posando com a mão no queixo com a qual tem um anel verde

Psiquiatra

Mariana de Lima Santos

Médica‎ formada‎ pela‎ Faculdade‎ de‎ Medicina‎ de‎ Ribeirão‎ Preto‎ da‎ USP‎ (USP), com‎ residência‎ médica‎ em‎ Psiquiatria‎, pós‎-graduada‎ em‎ Terapia‎ Cognitivo‎ Comportamental‎ pela‎ Pontifícia‎ Universidade‎ Católica‎ do‎ Rio‎ Grande‎ do‎ Sul‎ (PUC-RS)‎ e‎ aprimorada‎ em‎ transtornos‎ alimentares‎. Saiba mais em marianalimapsiquiatra

Mulher negra sorrindo com cabelos cacheados e blusa com detalhes branco e amarelo

Escrito por

Gabriela Sucupira

Redatora bilíngue de língua inglesa, Especialista em Marketing pela USP/Esalq e bacharel em Letras pela UFRJ. Carioca, mãe da Rebeca e Consultora Textual e de Personal Branding para o Linkedin.

Criança com autismo: Como melhorar a comunicação?

Receber o diagnóstico de que filho tem o Transtorno do Espectro Autista (TEA) requer uma atenção especial e um cuidado multiprofissional. Dentre os tratamentos necessários, conheça a relação da criança com autismo e a Fonoaudiologia.

As crianças com o diagnóstico de autismo (TEA) costumam apresentar dificuldades de se comunicar e de interagir socialmente, além de terem padrões de comportamento repetitivos. 

Relativo à comunicação, a criança com esse diagnóstico pode apresentar desde a dificuldade de se expressar verbalmente, até a pouco ou nenhuma fluência de conversação. 

Pensando em ajudar nessas questões, convidamos a fonoaudióloga Vanessa do Lago Guimarães, formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) e especialista em Audiologia Clínica  para nos explicar como o acompanhamento fonoaudiológico é fundamental no tratamento da criança com autismo.

Quais são os primeiros sinais de dificuldades na comunicação que posso observar em uma criança com autismo?

Em primeiro lugar, é recomendado observar alguns sinais  em alguns pacientes com autismo logo quando bebê

O bebê com autismo costuma:

  • não gostar muito de ficar no colo, lugares com sons altos ou muito luminosos os deixam incomodados;
  • tem dificuldade em manter o contato visual;
  • não atender quando chamado;
  • ter hiperfoco em algum brinquedo ou objeto;
  • fazer movimentos de repetição como empilhar/ enfileirar / agrupar por cores e formas;
  • não apontar;
  • ter atraso no balbucio e fala;
  • não olhar para o outro ao querer algo, apenas o puxando como instrumento;
  • começar a falar algumas palavras e parou de falar.

Contudo, vale ressaltar que cada criança precisa de avaliação e observaçãopersonalizada.

Como o fonoaudiólogo pode ajudar no desenvolvimento da fala e da linguagem de uma criança com autismo?

Os fonoaudiólogos têm um papel importante no desenvolvimento da linguagem. Com isso, nosso maior objetivo é que essa criança consiga ser compreendida e se comunique, e não necessariamente pela linguagem oral., ajudando amelhorar a comunicação dessas crianças com autismo seguindo as dicas e exercícios de fonoaudiologia.

Há muitos autistas que não utilizam da linguagem oral para se comunicar, porém usam de comunicação alternativa como PECS (Sistema de comunicação por troca de figuras) e pela CAA (Comunicação Alternativa Aumentativa).

Quando o paciente chega para nós no consultório, é crucial que seja feita uma avaliação das habilidades de linguagem e de comunicação desse paciente.

Após essa avaliação  desenvolve-se um plano de intervenção individualizado com base nas demandas específicas de cada paciente, que será modificado à medida que o paciente evoluir e apresentar ganhos de linguagem e comportamento.

E através de brinquedos, jogos, atividades lúdicas e recursos visuais vamos estimulando a linguagem e fala da criança  com autismo com a Fonoaudiologia.

A criança com autismo sempre terá dificuldades com a fala ou isso pode ser superado com a intervenção adequada?

Sempre e Nunca são palavras bem complicadas de serem usadas dentro do universo cognitivo comportamental do desenvolvimento do indivíduo. Nosso maior objetivo, enquanto fonoaudiólogos, é promover a comunicação.

Vale ressaltar que não é uma regra que todos apresentarão dificuldades na fala, mas muitas enfrentam desafios importantes no desenvolvimento da linguagem.

A dificuldade de comunicação e a gravidade varia de uma criança para a outra, muitas respondem de forma positiva à intervenção, melhorando suas habilidades de comunicação verbal e não-verbal e desenvolvendo maneiras de se expressar.

Como o autismo afeta a comunicação não verbal e como posso trabalhar isso com meu filho?

Muitas crianças com autismo apresentam dificuldades em compreender, interpretar e utilizar pistas não verbais, como expressões faciais (tristeza, felicidade, raiva, dor, etc), gestos, manifestações através do corpo, tom de voz (rude, chamando a atenção, irônico etc.).

Essas habilidades fazem parte da comunicação e das conexões sociais.

Dentro do ambiente domiciliar, é de extrema importância que  a família colabore, pois são essas pessoas que passam a maior parte do tempo com a criança.

Dessa forma, utilizar modelagens que ajudem a desenvolver tais habilidades é de grande valia como:

Usar gestos e expressões faciais claras para se comunicar, reforçando a comunicação verbal com elementos não verbais 

Exemplo: ao chamar a atenção da criança, mudar o tom da voz, a intensidade, e utilizar de expressões faciais como franzir a testa, por exemplo.

É válido até cruzar os braços para mostrar a criança que você está chamando a atenção e não está gostando do que está sendo feito.

Igualmente importante é trabalhar a previsibilidade, pois deixa as crianças mais seguras e facilita a compreensão de sinais não verbais associados as atividades. Podendo usar pictogramas, recursos visuais, figuras, CAA.

Exemplo: pode confeccionar um quadro de rotinas, isso ajuda a criança em organizar e compreender a sua rotina do dia, as suas demandas sensoriais tendem a diminuir e facilita a comunicação dentro da atividade proposta ali exposta.

Lembrando que é importante o suporte de um fonoaudiólogo para auxiliar a desenvolver as estratégias mais pertinentes a demanda e a compreensão do seu filho.

Meu filho tem dificuldade em manter uma conversa. Existem técnicas específicas para ajudá-lo a melhorar essa habilidade?

É importante levar em conta alguns pontos importantes antes de definir e utilizar quaisquer técnicas, como entender a compreensão do seu filho sobre o tema proposto.

Primeiramente, ao tentar entender a compreensão e atenção dele diante de uma conversa, o fonoaudiólogo pode ajudar a identificar as melhores estratégias especificas para seu filho, mas há algumas relacionadas ao estabelecimento de rotinas previsíveis e claras para as conversações, tais como:

  • Iniciar a conversa com saudação e fazendo uma pergunta, responder a pergunta do interlocutor;
  • Ensinar a criança a prestar atenção no que o outro está dizendo, fazendo contato visual, acenando com a cabeça e demonstrando interesse através de gestos e expressões faciais.
  • Incentivar a fazer perguntas,a sugestão é usar modelagem, prática guiada e reforço positivo.
  • Durante uma conversa sobre algum assunto, utilizar-se de recursos visuais para ajudar e facilitar a criança a entender sobre o tema, a organizar suas ideais e compreender a estrutura da conversa e os turnos de fala.
  • Utilizar de reforço positivo e modelagem, elogiando e recompensando quando a criança conseguir utilizar as habilidades desejadas de forma adequada.
  • Ensinar habilidades de turn-taking: ajude a criança a entender a importância de esperar a sua vez de falar e a identificar os momentos adequados de interação na conversa. Pratique a alternância entre falar e ouvir para promover uma troca eficaz.

O uso de tecnologias, como aplicativos de comunicação, pode ser benéfico para crianças com TEA?

Sim, o uso de tecnologias como tablets, celulares ajudam muito a comunicação, os estudos na área de tecnologia assistiva têm mostrado que essas ferramentas podem auxiliar no desenvolvimento da comunicação e linguagem de indivíduos com TEA, oferecendo uma forma alternativa e complementar de se expressar e comunicar.

Contudo, os aplicativos de comunicação são personalizados de acordo com a necessidade e habilidade de cada criança.

Conhecidos também como Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA) podem ser personalizados estruturalmente: a voz, os tipos de textos e de figuras, o visual, tudo de acordo com a demanda especifica de cada criança, a fim de ajudar a comunicação de forma eficaz, trazendo maior autonomia e independência para a criança, facilitando a interação social.

Lembrando que a escolha da melhor ferramenta de comunicação e implementação deve ser feita com orientação de um fonoaudiólogo.

menino loiro de cabelo liso usando uma blusa branca e calça jeans sentado com os joelhos para trás em cima de um tapete com papeis e interagindo com uma mulher morena de vestido bege fazendo exercícios com a boca,
Designed by Freepik

Como o fonoaudiólogo lida com os problemas de sensibilidade auditiva que muitas crianças com autismo apresentam?

Devemos realizar uma avaliação detalhada da criança com autismo para identificar suas dificuldades e necessidades específicas em relação à audição.

A partir dessa avaliação, é elaborado um plano de intervenção individualizado que inclui estratégias e atividades para ajudar a criança a desenvolver uma maior tolerância e adaptação aos estímulos sonoros.

Algumas dessas estratégias incluem:

  • Trabalhar a percepção auditiva para melhorar a sua discriminação, identificação e compreensão dos sons;
  • Orientar a família e a escola para a criação de ambientes auditivos mais adaptados às necessidades especificas, podendo incluir o abafador de ruído;
  • Em conjunto com terapeuta ocupacional, implementar estratégias para regulação das suas respostas sensoriais.

Lembrando que as questões auditivas são trabalhadas junto com equipe multidisciplinar envolvendo otorrinolaringologista, psicólogo, terapia ocupacional e fonoaudiólogo.

A terapia fonoaudiológica pode ajudar meu filho a melhorar suas habilidades sociais, como fazer amigos ou compreender expressões faciais?

Sim, a terapia fonoaudiológica pode ser muito benéfica para desenvolver e melhorar as habilidades sociais, incluindo a capacidade de fazer amigos e compreender expressões faciais dos outros.

É crucial observar os sinais como mudança de tom de voz, expressões corporais, gestos que são fundamentais para a interações sociais.

Também é possível incluir o desenvolvimento de habilidades de conversação, turn-taking e compreensão de regras sociais, que são essenciais para a boa convivência e interações sociais.

Qual é a relação entre a comunicação e o comportamento em crianças com TEA? Como um fonoaudiólogo pode ajudar a reduzir comportamentos desafiadores?

Particularmente é um tema que eu gosto muito, pois a comunicação desempenha um papel fundamental no comportamento de crianças com autismo. Uma vez que possuem dificuldades de se comunicar, levando à frustração e aos comportamentos desafiadores.  

Ajudamos as crianças desenvolvendo as habilidades de comunicação, sejam na forma oral ou não oral (CAA), para que consigam expressar suas necessidades e sentimentos de forma clara e sejam compreendidas.

Ao desenvolvermos essas habilidades no paciente, ele reduz os comportamentos inadequados e desafiadores. Dessa forma, sentindo-se mais capaz de se expressar e ter suas necessidades atendidas, não precisando usar de comportamentos inapropriados.

Nesse momento, precisamos muito do apoio da família, pois a casa é nosso maior  desafio. Uma vez que é o local onde a criança passa maior parte do tempo e já aprendeu a conquistar coisas com o seu comportamento e não com linguagem.

Mas junto com uma equipe multidisciplinar com fonoaudiólogo, psicólogo, agente terapêutico, entre outros, conseguimos alcançar os objetivos.

Com que frequência a criança precisa de acompanhamento fonoaudiológico para alcançar melhorias significativas na comunicação?

Depende das necessidades de cada paciente. Geralmente, as sessões acontecem de 1 a 3 vezes na semana, dependendo da gravidade e da necessidade de cada criança e sua evolução.

Para maiores informações sobre como consultar especialistas pode ajudar no desenvolvimento cognitivo de seus filhos, recomendamos o Manual de Orientação da Sociedade Brasileira de Pediatria.

Além disso, aqui no My babe Care é possível acessar os artigos sobre saúde mental, como as entrevistas com o psicólogo sobre TDAH e com a psicóloga sobre a importância do sono para a saúde mental dos bebês.

Mulher branca e loira com blusa de manga preta em um fundo cinza e sorrindo com a cabeça levemente inclinada

Fonoaudióloga

Vanessa do Lago Guimarães

Fonoaudióloga formada pela UFRJ e especialista em Audiologia Clínica, que atende em seu consultório no Rio de Janeiro e realiza atendimentos on-line. Saiba mais acessando o perfil no Instagram @centroreabvanessalago.

Mulher negra sorrindo com cabelos cacheados e blusa com detalhes branco e amarelo

Escrito por

Gabriela Sucupira

Redatora bilíngue, bacharel em Letras pela UFRJ e Especialista em Marketing pela USP/Esalq. Carioca, mãe da Rebeca e consultora textual para o Linkedin.