Pilates na Gravidez: Benefícios, Cuidados e Perguntas Frequentes

O Pilates na gravidez é um tema muito falado entre as mulheres grávidas e as tentantes. Isso porque durante o processo de gestação é de suma importância praticar regularmente atividades físicas específicas e com acompanhamento profissional.

Primeiramente, sabe-se que o Pilates consiste em um método de condicionamento físico e alongamento que utiliza o peso do próprio corpo na sua execução e, dessa forma, pode contribuir para o condicionamento físico da gestante.

Além disso, os especialistas explicam que o Pilates auxilia a expandir a consciência corporal de quem o pratica, integrando corpo, mente e espírito. Com isso, alguns o consideram mais do que uma atividade física, uma filosofia de vida.

Quer saber mais? Confira a entrevista com a fisioterapeuta Fabiana Procópio, especialista em Traumato Ortopedia e Pilates com mais de 20 anos de carreira. Como mulher preta, mãe do Miguel e filha da Cleuma, Fabiana carrega como missão levar consciência corporal através do movimento, transformando vidas e promovendo bem-estar.

 Neste post ,você vai ver:

  • Quais são os principais benefícios do Pilates durante a gravidez?
  • Quais exercícios devem ser evitados durante a gestação?
  • Pilates auxilia no trabalho de parto normal?
  • Quem nunca fez Pilates pode começar durante a gravidez?

 

A pessoa gestante pode praticar Pilates desde o primeiro trimestre?

É preciso analisar cada caso, por isso a resposta é depende. No primeiro trimestre, a gestante passa por mudanças hormonais intensas e esse é o período de maior risco para abortos espontâneos. Por isso, a liberação do médico obstetra é essencial antes de iniciar qualquer atividade física, incluindo o Pilates.

Outra questão é se a gestante já praticava Pilates antes da gravidez e não apresenta contraindicações médicas, pode continuar com adaptações, evitando exercícios intensos e focando em respiração, mobilidade e fortalecimento leve.

Para iniciantes, por outro lado, muitos fisioterapeutas como eu recomendam que comecem a prática a partir do segundo trimestre, quando o risco de complicações é menor e o corpo já passou pela fase inicial de adaptação hormonal.

É importante ressaltar que cada caso deve ser avaliado individualmente, respeitando as necessidades e limitações da gestante.

Quais são os principais benefícios do Pilates durante a gravidez?

O Pilates na gravidez traz inúmeros benefícios para a gestante, promovendo, assim, bem-estar físico e emocional. Dentre eles, aqui estão os principais:

  • Fortalecimento da musculatura: trabalha especialmente o core (músculos do abdômen, lombar e assoalho pélvico), ajudando a suportar o peso da barriga e prevenindo dores lombares.
  • Melhora da postura: com o crescimento da barriga, a postura da gestante muda, podendo gerar desconfortos. O Pilates ajuda a manter o alinhamento postural adequado.
  • Prevenção e alívio de dores: reduz dores lombares, pélvicas e nas articulações, muito comuns na gestação, por meio do fortalecimento e alongamento muscular.
  • Melhora da respiração: exercícios respiratórios ajudam na oxigenação do bebê e no controle da ansiedade, além de prepararem a mulher para o trabalho de parto.
  • Aumento da consciência corporal: a gestante se torna mais conectada com seu corpo e as mudanças que ocorrem ao longo da gravidez.
  • Controle do peso: a prática auxilia na manutenção do peso saudável, prevenindo o ganho excessivo.
  • Prevenção da incontinência urinária: o fortalecimento do assoalho pélvico ajuda no controle da bexiga, prevenindo escapes de urina.
  • Facilitação do trabalho de parto: o fortalecimento e a flexibilidade da região pélvica ajudam no momento do parto, favorecendo a expulsão do bebê.
  • Recuperação pós-parto mais rápida: o corpo da mulher se recupera mais facilmente, pois os músculos permanecem mais fortes e ativos.
  • Bem-estar e redução do estresse: a prática libera endorfina, reduzindo ansiedade e melhorando a qualidade do sono.

Pilates ajuda a reduzir dores na lombar e no quadril?

Esse tipo de exercício é uma das melhores formas de aliviar dores na lombar e no quadril durante a gravidez. Isso porque essas dores são comuns devido ao aumento de peso, alterações posturais e ao efeito dos hormônios, como a relaxina, que afrouxa os ligamentos para preparar o corpo para o parto.

Todavia, o Pilates trabalha o fortalecimento do core (músculos profundos do abdômen e da lombar), ajudando a estabilizar a coluna e reduzir sobrecargas. Além disso, os exercícios de mobilidade pélvica e alongamento aliviam a tensão na região do quadril, melhorando o equilíbrio e a postura.

Dessa maneira, com a prática regular, a gestante sente menos desconforto no dia a dia e ganha mais consciência corporal para se movimentar de forma segura e confortável.

Quais exercícios devem ser evitados durante a gestação?

Durante a gravidez, é preciso evitar os seguintes exercícios para garantir a segurança da gestante e do bebê:

Exercícios em decúbito ventral (barriga para baixo): a partir do segundo trimestre, essa posição pode ser desconfortável e comprometer a circulação sanguínea.

Exercícios em decúbito dorsal prolongado (barriga para cima): após o segundo trimestre, deitar de costas por muito tempo pode comprimir a veia cava, prejudicando a circulação e causando tonturas.

Movimentos de rotações excessivas do tronco: podem gerar instabilidade na coluna e aumentar o risco de desconforto na lombar.

Exercícios de alto impacto ou explosivos: saltos, impactos e movimentos muito rápidos devem ser evitados para prevenir lesões e minimizar riscos ao assoalho pélvico.

Abdominais tradicionais: flexões de tronco podem aumentar a pressão intra-abdominal e favorecer a diástase abdominal (separação dos músculos retos do abdômen).

Exercícios com excesso de carga ou resistência: o foco deve ser o fortalecimento funcional e controlado, evitando sobrecarga articular e muscular.

Pranchas prolongadas ou exercícios de grande instabilidade: o assoalho pélvico e a musculatura abdominal já estão sob grande demanda e exercícios que exigem muita estabilidade podem gerar desconforto.

É importante destacar que o ideal é sempre adaptar os exercícios ao trimestre da gestação e às condições individuais da gestante, priorizando segurança e bem-estar.

Pilates auxilia no trabalho de parto normal?

O Pilates pode sim ser um grande aliado no trabalho de parto normal, pois fortalece e prepara o corpo da gestante para esse momento. Aqui estão algumas de suas contribuições:

Fortalecimento do assoalho pélvico: exercícios específicos ajudam a fortalecer e ao mesmo tempo relaxar essa musculatura, facilitando a passagem do bebê no parto normal e prevenindo complicações como lacerações e incontinência urinária.

Melhora da respiração e do controle da dor: o Pilates ensina técnicas de respiração que ajudam a gestante a se manter calma e a controlar melhor a dor durante as contrações.

Aumento da mobilidade pélvica: movimentos que trabalham a mobilidade da pelve auxiliam na adaptação do corpo às mudanças durante a gestação e favorecem o encaixe do bebê na posição ideal para o parto.

Fortalecimento do core e da musculatura das costas: um core forte proporciona mais estabilidade e resistência durante o trabalho de parto, ajudando a gestante a manter uma boa postura e reduzir o desconforto.

Consciência corporal e relaxamento: O Pilates melhora a conexão da gestante com seu próprio corpo, facilitando a percepção dos sinais do trabalho de parto e ajudando no relaxamento entre as contrações.

Além disso, mulheres que praticam Pilates regularmente tendem a ter uma recuperação pós-parto mais rápida, pois seus músculos já estão mais preparados para voltar ao estado natural.

Existe risco de aborto praticando Pilates na gravidez?

A prática de Pilates, quando bem orientada e adaptada à gestação, é segura e traz muitos benefícios. No entanto, no primeiro trimestre, há um risco natural de aborto espontâneo devido às mudanças hormonais e à adaptação do corpo à gravidez.

Se a gestante já praticava Pilates antes da gravidez e tem liberação médica, pode continuar, com ajustes, evitando sobrecarga, impactos e posições desconfortáveis. 

Para gestantes iniciantes, recomendamos começar a prática a partir do segundo trimestre, quando o risco de complicações é menor.

O mais importante é que a prática seja feita com acompanhamento especializado e sempre respeitando os limites da gestante.

Para mais informações sobre o aborto natural, acesse o artigo Aborto Espontâneo: Causas, Sintomas, Curetagem e o emocional.

O que é diástase abdominal e como o Pilates pode prevenir essa condição?

A diástase ocorre quando os músculos retos do abdômen se afastam para acomodar o crescimento do bebê, o que pode gerar flacidez, fraqueza no core e dores na lombar.

Os exercícios de Pilates podem ajudar a prevenir e minimizar a diástase abdominal durante a gravidez. 

Mulher branca de roupa verde ajoelhada com os braço esticados usando o aparelho de pilates com uma cordas
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É seguro fazer Pilates até o final da gravidez?

Sim, o Pilates pode ser praticado com segurança até o final da gravidez, desde que haja liberação médica e os exercícios sejam adaptados para cada fase da gestação.

No terceiro trimestre, por exemplo, algumas adaptações são essenciais para garantir o conforto e a segurança da gestante e do bebê.

É possível citar alguns cuidados no final da gestação:

  • Evitar posições desconfortáveis: exercícios de barriga para baixo e deitada de costas por muito tempo devem ser evitados;
  • Priorizar mobilidade e relaxamento: alongamentos, exercícios respiratórios e movimentos de mobilidade pélvica ajudam a aliviar desconfortos e preparar para o parto;
  • Reduzir a intensidade: a prática deve focar na manutenção do bem-estar, evitando sobrecarga ou fadiga excessiva;
  • Evitar esforço excessivo do assoalho pélvico: o fortalecimento dessa região deve ser equilibrado, pois no final da gestação é importante permitir o relaxamento para o parto.

Se bem orientado, o Pilates se torna um grande aliado até os últimos dias da gravidez, ajudando na postura, no controle da respiração, na redução de dores e na preparação para o parto normal.

Quantas vezes por semana é recomendado praticar Pilates na gravidez?

Minha recomendação e de outros especialistas é praticar 2 a 3 vezes por semana, pois essa frequência permite que a gestante tenha os benefícios do Pilates sem sobrecarregar o corpo.

Para gestantes que já praticavam antes da gravidez, a frequência pode ser ajustada conforme a adaptação do corpo e a orientação do profissional. Já para iniciantes, começar com 2 vezes por semana e aumentar gradualmente pode ser uma boa estratégia.

O mais importante é respeitar os limites do corpo e garantir que a prática seja segura e confortável em cada fase da gestação.

Quem nunca fez Pilates pode começar durante a gravidez?

Aquelas que nunca fizeram Pilates podem começar durante a gravidez, desde que tenham liberação médica e sejam acompanhadas por um profissional especializado em gestantes.

No entanto, é recomendado que iniciantes comecem a prática a partir do segundo trimestre, quando o corpo já passou pela fase inicial de adaptações hormonais e o risco de aborto espontâneo é menor.

A prática deve ser adaptada, com exercícios suaves, focados em:

  • Consciência corporal;
  • Fortalecimento do core profundo e do assoalho pélvico;
  • Melhora da postura;
  • Respiração e relaxamento.

O importante é respeitar os limites do corpo e evitar sobrecargas, garantindo uma experiência segura e benéfica para a mãe e o bebê. Veja outras recomendações em nosso sessão sobre gestação.

A prática de atividade física regular durante a gravidez necessita de liberação médica.

Mulher negra de tranças na altura dos ombros vestindo um jaleco branco, apoiada em uma mesa branca com um notebook em cima e com uma parede branca ao fundo.

Fisioterapeuta

Fabiana Procópio

Especialista em Traumato Ortopedia e Pilates com mais de 20 anos de carreira, formada pela Universidade Estácio de Sá. Ela é a idealizadora do Espaço Saúde em Foco @esfpilates desde 2012 e seu trabalho é pautado no amor ao próximo, buscando sempre transformar dor em amor. 

Mulher negra sorrindo com cabelos cacheados e blusa com detalhes branco e amarelo

Escrito por

Gabriela Sucupira

Redatora bilíngue, bacharel em Letras pela UFRJ e Especialista em Marketing pela USP/Esalq. Carioca, mãe da Rebeca e consultora textual para o Linkedin.