Forest School: você conhece este termo? Confira a entrevista com Stefania Masala

A Escola Florestal (Forest School) é um modelo de educação infantil que busca conectar as crianças com a natureza, promovendo o aprendizado e o desenvolvimento por meio de atividades ao ar livre.

E, nesta entrevista, a italiana Stefania Masala, discorre um pouco mais sobre o conceito de Forest School e conta como decidiu criar a própria Forest School, em Malta, na Europa. 

Com origem na Dinamarca, na década de 1950, os princípios básicos da Forest School incluem: conexão com a natureza, aprendizado por meio da experiência, desenvolvimento da autonomia, foco na criatividade e na imaginação. E algumas das atividades são: exploração da natureza, com caminhadas, observação de plantas e animais, trabalhos manuais com materiais naturais, como madeira, pedra, jogos de equipe, brincadeiras de faz-de-conta, aprendizado de habilidades práticas, como fazer fogueira, por exemplo. 

 

De onde surgiu a ideia de iniciar o projeto de uma Forest School?

Desde que engravidei, tenho me interessado profundamente pelo mundo da infância, aprendendo sobre desenvolvimento infantil, psicologia, crescimento cognitivo, nutrição e alimentação saudável. Como uma aprendiz autodidata, li vários livros e explorei de forma independente vários aspectos da educação, gradualmente adotando uma abordagem respeitosa e uma criação gentil. Dois anos atrás, quando meu filho tinha cerca de três anos, decidi formalizar meu conhecimento matriculando-me na Academia de Podiagogia Viva, onde estudei mais tópicos como psicologia infantil, neurociência, educação ao ar livre, criação de filhos e educação emocional. E não me sentindo satisfeita com o sistema educacional tradicional, decidi criar minha própria escola na floresta. Junto com minha colega Kira Sullivan, combinei meu conhecimento para desenvolver uma experiência educacional que prioriza o respeito pelas crianças, a conexão com a natureza e um processo de aprendizagem enraizado na liberdade e experiências práticas. Hoje, este projeto é uma realidade que fazemos com paixão.

uma mulher de óculos e cabelo curto ao lado de uma mulher com um coque no cabelo
Kyra e Stefania, respectivamente, da Living Mindful Community, em Malta

Qual é o principal propósito da Forest School?

O propósito da Forest School é oferecer uma abordagem educacional alternativa ao sistema tradicional, permitindo que as crianças se conectem com a natureza diariamente e explorem suas necessidades intrínsecas. A natureza fornece todos os estímulos necessários para o desenvolvimento saudável da criança. Além disso, a abordagem educacional usada na Forest School é centrada na criança e sem julgamentos, honrando a individualidade de cada criança. Isso cria um ambiente de apoio onde as crianças se sentem livres para serem elas mesmas, promovendo autoconfiança e um forte senso de segurança.

 

Como é uma rotina típica em uma Forest School?

Não há uma rotina fixa em todas as Forest Schools, cada uma tem a sua. Muitas começam e terminam com um tempo de roda, mas descobrimos que, apesar de oferecê-lo várias vezes, as crianças não estavam interessadas. Em vez disso, escolhemos nos concentrar em algo de que realmente gostam. Embora seja verdade que as rotinas fornecem uma sensação de segurança ao criar previsibilidade, observamos que as crianças se movem pelo espaço com confiança e desenvolvem naturalmente suas próprias rotinas. Para nós, um momento-chave da rotina é a hora do lanche, quando muitas crianças escolhem sentar e comer juntas. A maior parte do tempo é dedicada à brincadeira livre, onde as crianças têm a liberdade de explorar, inventar e criar. Elas se envolvem em construção, brincadeiras imaginativas e dramatizações, desenvolvendo sua criatividade e habilidades de resolução de problemas. Ocasionalmente, oferecemos atividades guiadas, mas a participação fica inteiramente a cargo da criança. Uma característica definidora da Forest School é que a maioria das atividades é iniciada e liderada pelas crianças. Algumas são iniciadas pelas crianças, mas guiadas por adultos, enquanto poucas são iniciadas por adultos e lideradas pelas crianças. Muito poucas atividades são iniciadas e dirigidas por adultos, garantindo que as crianças permaneçam no centro de suas próprias experiências de aprendizagem.

 

Quais são os benefícios da Forest School para as crianças?

Pessoalmente, testemunhei um progresso incrível nas crianças. As mudanças mais significativas estão em sua autoconfiança e segurança. Esses pequenos indivíduos recebem espaço e tempo para desenvolver uma ampla gama de habilidades, guiados por educadores conscientes que os conduzem em uma jornada de aprendizagem autodirigida com uma abordagem sem julgamentos. Isso ajuda a criança a se sentir competente e, quando uma criança se sente assim, naturalmente promove um forte senso de autoestima e confiança. Outro aspecto crucial é a educação emocional. Nós nos concentramos muito nas emoções, frequentemente perguntando às crianças como elas se sentem. Isso lhes dá a oportunidade e o tempo para explorar suas emoções por meio da experiência direta, o que é um fator-chave para permitir o aprendizado real e promover a motivação intrínseca. Um elemento importante adicional é que a jornada de aprendizagem é autoguiada. Tentamos intervir o mínimo possível, permitindo que a criança permaneça conectada a si mesma, ouça suas próprias necessidades e navegue em seu caminho de aprendizagem pessoal por meio da experiência direta.

 

Como você lida com questões de segurança e risco em uma Forest School?

Um aspecto importante é o conceito de risco. Incentivamos atividades como subir em árvores, acender fogueiras, usar ferramentas reais de jardinagem e carpintaria e muito mais. Essas atividades ajudam a desenvolver habilidades como autoestima e confiança, pois as crianças têm espaço e oportunidade para explorar suas habilidades e se sentir competentes. Mantemos uma proporção de crianças por educador para garantir uma supervisão eficaz, permitindo que os educadores orientem as crianças em situações de risco com uma abordagem e linguagem conscientes e de apoio. Em vez de dizer “Tenha cuidado!”, perguntamos: “Você se sente seguro? Verifique seu equilíbrio. Olhe para seus pés.” Isso incentiva a criança a permanecer conectada consigo mesma, explorar seus limites e desenvolver as habilidades necessárias para lidar com riscos com segurança.

 

Qual é o futuro da Forest School?

Tenho muita esperança no futuro da Forest School, acreditando que é o único caminho para o desenvolvimento saudável de uma criança. Muitos países estão abrindo Forest Schools para restaurar o espaço natural para o crescimento das crianças, que está sendo gradualmente perdido. No entanto, ao mesmo tempo, estou preocupada, pois em alguns países há pouca conscientização sobre isso. Por exemplo, em Malta, somos a única Forest School verdadeira que segue seus princípios. É muito desafiador alcançar famílias que estejam cientes e dispostas a abraçar um caminho educacional diferente do tradicional, e questionar o que a sociedade tem oferecido até agora.

 

Como a Forest School se diferencia de outras abordagens educacionais?

A Forest School se diferencia do sistema educacional tradicional porque se concentra nas necessidades individuais de cada criança. Cada criança é única, com suas próprias necessidades pessoais que devem ser atendidas, e com uma proporção maior de criança para educador, temos a oportunidade de atender às necessidades de cada criança individualmente. É por isso que a proporção de criança para educador é muito maior do que nas escolas tradicionais. Além disso, cada criança segue um caminho de aprendizagem autodirigida, o que geralmente está ausente na educação tradicional, onde um método é aplicado a cada criança.

Outro aspecto muito importante é que não usamos recompensas ou punições. Em vez disso, nos concentramos em promover a motivação intrínseca, apoiada por uma linguagem positiva, sem oferecer recompensas ou consequências externas. Recompensas e punições, de fato, impedem que a criança desenvolva uma verdadeira motivação intrínseca, em vez disso, promovem a motivação externa com base em agradar aos outros ou confiar no julgamento externo. Acredito que a necessidade de aprovação externa é um aspecto profundamente preocupante da sociedade de hoje.

criança de jumper branco numa rampa de escorregar pikler
Criança na Forest School (arquivo pessoal)

Quais são os desafios mais comuns que as crianças enfrentam em uma Forest School?

Um dos maiores desafios para as crianças é aprender a administrar conflitos. Inicialmente, elas não estão acostumadas com a abordagem da Escola da Floresta, onde os educadores intervêm apenas em casos de perigo e agem como mediadores, fazendo perguntas para facilitar a comunicação em vez de fornecer soluções. Essa abordagem ajuda as crianças a desenvolver habilidades de resolução de conflitos e independência para lidar com desentendimentos e, consequentemente, desenvolver confiança e segurança. Administrar conflitos também pode ser um desafio para os educadores, pois cada criança e situação são diferentes. Não há regras fixas, apenas uma abordagem orientadora em que o educador deve reconhecer quando os conflitos desencadeiam suas próprias respostas emocionais e manter a neutralidade sem rotular a criança como vítima ou agressora. Ao vivenciar o conflito, as crianças têm a oportunidade de se envolver totalmente com suas emoções, desenvolver autoconsciência, construir empatia pelos outros e aprender a navegar em situações sociais difíceis. No entanto, muitas crianças não estão acostumadas a isso porque, nas famílias e nos sistemas educacionais tradicionais, os conflitos são frequentemente silenciados. Os adultos, influenciados por padrões geracionais, tendem a suprimir o conflito e as emoções que o acompanham, sentindo desconforto e inadequação. Como resultado, as crianças geralmente não têm permissão para discutir ou expressar desacordo. No entanto, o conflito é uma parte natural e saudável dos relacionamentos humanos. Um educador consciente orienta as crianças em desacordos, fazendo perguntas e ajudando-as a expressar seus sentimentos, facilitando a resolução sem intervenção desnecessária, a menos que haja uma preocupação com a segurança.

 

Como a Forest School ajuda as crianças a desenvolver habilidades sociais e emocionais?

Na Forest School, as crianças vivenciam emoções e aprendem a administrar conflitos em primeira mão, com intervenção mínima dos educadores, a menos que haja uma preocupação com a segurança ou que tenham dificuldade para chegar a um acordo ou se comunicar de forma eficaz. Por meio de relacionamentos, conflitos, brincadeiras livres e dramatizações, as crianças desenvolvem naturalmente habilidades sociais e emocionais. Ao representar diferentes situações, elas processam emoções e ganham uma compreensão mais profunda de si mesmas e dos outros. Durante as brincadeiras livres e os conflitos, as crianças também desenvolvem empatia, uma qualidade reforçada por educadores que validam cada emoção, ao mesmo tempo em que estabelecem limites claros se um comportamento for considerado inseguro.

O papel do educador é fazer perguntas orientadoras que facilitem o desenvolvimento de habilidades sociais e emocionais, como:

• Como você se sente?

• Como você acha que ele/ela se sente?

• Como você se sentiria se ele/ela fizesse com você o que você acabou de fazer com ele/ela?

• Vejo que você está lutando para encontrar uma solução. O que você sugere?

Ao se envolver repetidamente nesse tipo de diálogo, as crianças internalizam um sistema de comunicação que gradualmente começam a usar de forma independente. No entanto, esse processo leva tempo, e é por isso que os programas da Forest School são frequentemente projetados como projetos de longo prazo. Além disso, enquanto os educadores introduzem atividades focadas na educação emocional, a experiência direta é a chave para o aprendizado real. É por isso que a brincadeira livre tem tanto espaço, ela permite que as crianças encontrem e naveguem naturalmente pelas emoções, relacionamentos e conflitos de forma significativa.

 

Qual é o papel dos professores e monitores em uma Forest School?

O papel de um educador deve ser o de um guia e mediador. A intervenção, tanto na brincadeira quanto nos conflitos, deve ser reduzida ao mínimo, permitindo que as crianças desenvolvam totalmente seu potencial sem influência externa. A abordagem de um educador deve ser sem julgamentos, o que significa que ele nunca deve julgar crianças ou situações. Cada criança é aceita como é, com suas emoções sempre validadas e orientação gentil fornecida quando enfrentam desafios. Em conflitos, não há agressores ou vítimas. Um educador deve ir além de seu senso pessoal de justiça, que é moldado por suas próprias experiências de vida. Sua perspectiva nunca deve influenciar seu relacionamento com a criança ou como os conflitos são tratados, pois cada criança é um indivíduo único com sua própria história pessoal. Em última análise, o papel do educador é apoiar e orientar cada criança para se tornar a melhor versão de si mesma.

 

Como os pais e responsáveis podem se envolver na educação de seus filhos em uma Forest School?

Todos os pais ou cuidadores devem estar ativamente envolvidos na educação de uma criança. Inicialmente, permitimos que os pais participassem do projeto junto com seus filhos. No entanto, com o tempo, introduzimos um período de transição e, por fim, decidimos que os pais não estariam presentes durante o horário do projeto. Há várias razões para essa decisão. Primeiro, observamos que a dinâmica entre as crianças muda significativamente quando um dos pais está presente. A criança tende a centralizar sua atenção no pai, muitas vezes criando interrupções no espaço. Em contraste, quando os pais não estão presentes, as crianças naturalmente se voltam para os educadores, promovendo um senso mais forte de coesão e harmonia do grupo. Além disso, notamos que muitos pais não aplicam a abordagem da Forest School descrita nos pontos anteriores. Isso pode interferir na transformação educacional que pretendemos fornecer. Os educadores passam por um trabalho pessoal significativo para confrontar suas próprias histórias e adotar uma abordagem sem julgamentos, orientadora e mediadora com intervenção mínima. Os pais não são obrigados a passar por esse processo, embora seja fortemente encorajado para aqueles que buscam uma abordagem diferente para a criação dos filhos e a educação. Para dar suporte a isso, oferecemos workshops para pais a cada 6–8 semanas, onde compartilhamos insights sobre o desenvolvimento infantil e os benefícios da nossa abordagem educacional. A comunicação aberta entre educadores e pais também é essencial, garantindo um entendimento compartilhado da jornada educacional de cada criança. Os princípios aplicados na Forest School devem, idealmente, se estender ao ambiente doméstico para fornecer às crianças uma experiência educacional consistente e coerente. Manter a continuidade entre a escola e o lar é crucial para o desenvolvimento da criança.

Entrevistada

Quando se descobriu grávida mergulhou nos estudos sobre o mundo da infância. Leu diversos livros e explorou de forma independente vários aspectos da educação. E resolveu criar a própria Forest School dela em Malta, juntamente com Kyra Sullivan (ao lado esquerdo), chamado Living Mindful Community.

Escrito por

Flávia Oliveira

Jornalista e Relações Públicas, formada em Mediadora de Conflitos, pelo Instituto Federal de Brasília, através da Tertúlia Literária Dialógica. Mãe de dois: Mia e Andrea, vivendo em Malta e sempre com uma passagem para o próximo destino a ser descoberto.

Perguntas e respostas sobre saúde infantil com a pediatra

Descubra, nessa parte I, as respostas para as principais dúvidas dos pais sobre a saúde e o bem-estar dos seus filhos. Desde que nos tornamos cuidadores, pais e mães, iniciamos uma jornada cheia de alegrias e desafios. Do nascimento à adolescência, os pais têm muitas dúvidas sobre como cuidar melhor dos seus filhos. 

Para ajudar a esclarecer essas dúvidas, entrevistamos a médica pediatra Dra.Luiza Gramiscelli, com as 12 perguntas mais frequentes que os pais fazem aos pediatras, com respostas claras e precisas, divididas em Parte I e Parte II.

A Dra Luiza, atende em seu consultório em Belo Horizonte e também online, por todo Brasil e em países como Malta, Alemanha etc. Nesta matéria, você encontrará orientações valiosas sobre desenvolvimento, comportamento, vacinas, alimentação e muito mais, para que você possa cuidar do seu filho com confiança e segurança.

Neste post você vai ver orientações sobre:

      • Desenvolvimento
      • Comportamento
      • Vacinas
      • Alimentação
      • E muito mais

    1.Qual é a melhor forma de prevenir doenças comuns na infância?

    A melhor forma de prevenir doenças comuns na infância é manter as vacinas em dia, garantir uma alimentação balanceada (o tal prato colorido) e incentivar o movimento e atividade física. Gosto de brincar com a importância de vitamina S (sujeira) e vitamina N (natureza): a tentativa de criar seu filho em uma “bolha” evitando ao máximo o contato com outras crianças e ambientes, ao contrário do que muitos pensam, é extremamente prejudicial.

    Além disso, é importante ter visitas regulares ao pediatra para acompanhar o desenvolvimento da criança e detectar problemas de saúde precocemente.

    2.Como posso promover um desenvolvimento saudável em meu filho?

    Enquanto bebê, incentive momentos no chão, leia para ele e garanta um ambiente seguro que ele possa explorar.

    Além disso, é interessante manter uma rotina, com horários para sono, alimentação e brincadeiras. 

    Estimule a curiosidade da criança e dê oportunidades para que ela seja criativa (você não precisa preencher todos os espaços de tempo com atividade, o tédio é necessário e importante). 

    Forneça um ambiente seguro e amoroso, onde a criança se sinta apoiada e ouvida.

    3.Quais são os sinais de alerta para doenças graves em crianças?

    Os principais sinais de alerta são:

    -Febre alta, acima de 39ºC (que não reduz com antitérmicos). Obs.: se seu filho tem menos de 3 meses, toda febre requer avaliação médica;

    -Dificuldade para respirar;

    -Sonolência excessiva;

    ⁠-Recusa total a se alimentar (é esperada uma redução da aceitação de dieta quando se está doente);

    -Vômitos que não melhoram após o uso de antiemético;

    -Sinais de desidratação: boca seca, choro sem lágrimas, fralda seca por longos períodos;

    -Aparecimento espontâneo de manchas roxas na pele;

    -Abatimento importante sem febre (é esperado uma moleza durante picos febris, mas a criança deve ficar mais animada quando a temperatura baixar. Se isso não ocorrer, procure atendimento médico).

     

    Foto de Bermix Studio na Unsplash

     

    4.Dra.Luiza, Como devo lidar com problemas de comportamento em meu filho?

    O primeiro passo é entender que birras não são uma tentativa de manipulação ou sinal de mau-criação. A maturidade neurológica só ocorre por volta dos 25 anos de idade, então ao serem contrariados, é comum que “explosões emocionais” ocorram. Seu filho ainda não sabe se acalmar sozinho e geralmente precisará da sua ajuda. 

    -Ajoelhe-se para que seu rosto fique no nível de seu filho;

    -Converse com ele em voz tranquila;

    -Sugira contarem juntos até 10 ou a respirarem profundamente juntos. Não é hora de dar um sermão ou de tentar racionalizar. 

    -Após acalmá-lo, explique o porquê de não ter concordado com determinada atitude ou não ter feito o que ele queria.

    Acolher a birra não é sobre ceder, mas sobre dar exemplo e ensinar. Não adianta querer que a criança não grite se você gritar com ela.

    Seja firme, mas também acolhedor, estabelecendo limites claros e consistentes. Elogie comportamentos positivos.

    Uma abordagem compassiva e um ambiente de apoio são a base

    Acolher a birra não é sobre ceder, mas sobre dar exemplo e ensinar. Não adianta querer que a criança não grite se você gritar com ela.

    5.Quais são as recomendações para a alimentação saudável de meu filho?

     

    -Ofereça alimentos in natura ou minimamente processados: priorize frutas, legumes, verduras e proteínas;

    ⁠-Evite alimentos ultraprocessados: “descasque mais, desembale menos”;

    -Variedade é muito importante: ofereça uma grande diversidade de alimentos para garantir todos os nutrientes necessários;

    -Comam em família e seja exemplo de qualidade e variedade – não adianta querer que seu filho se alimente de forma saudável se você não come bem também;

    -Cuidado com o açúcar e o sal: idealmente nada de sal até 1 ano de idade e não ofereça açúcar até, pelo menos, os 2 anos;

    “Água sempre, suco às vezes, refrigerante nunca”: ao contrário do que muitos pensam, o suco, mesmo natural, não deve fazer parte da rotina alimentar. Mesmo os sucos naturais não adoçados artificialmente fornecem muito açúcar (proveniente da própria fruta) com retirada da fibra que traria saciedade.

     

    Acompanhe também a PARTE II.

    Médica Pediatra

    A Dra Luiza, atende em seu consultório em Belo Horizonte e também online com pacientes em diferentes lugares do mundo. Acompanhe a Dra Luiza Gramiscelli nas redes sociais, @dralupediatra. 

    Artigo escrito por

    Flavia Oliveira

    Jornalista e Relações Públicas, formada em Mediadora de Conflitos, pelo Instituto Federal de Brasília, através da Tertúlia Literária Dialógica. Mãe de dois: Mia e Andrea, vivendo em Malta e sempre com uma passagem para o próximo destino a ser descoberto.

    Parte II: Perguntas e respostas sobre saúde infantil com a pediatra

    Parte II da entrevista com a médica pediatra Dra.Luiza Gramiscelli, com as perguntas mais frequentes que os pais fazem nos consultórios pediátricos.

    A Dra Luiza, atende em seu consultório em Belo Horizonte e também online.

    Neste post você vai ver orientações sobre:

    • Riscos de acidente:
    • Desenvolvimento;
    • Tecnologia;
    • Aprendizado;
    • Vacinas.

    6.Como posso proteger meu filho de lesões e acidentes?

     

    -Supervisão constante: mantenha um olho atento, especialmente em locais com risco de quedas, afogamentos ou queimaduras.

    -⁠Sempre tenha um adulto responsável pela sua criança, principalmente em festas. 

    Uso como exemplo a metáfora do avião: quando o piloto passa os controles, durante o voo, para o copiloto ele sempre fala “seu avião” e o copiloto responde “meu avião”.

    Essa resposta é a confirmação de que o outro está ciente de que a responsabilidade agora é dele. Na prática, se você vai se afastar de seu filho, direcione o cuidado especificamente para alguém e espere que a pessoa responda mostrando ciência de que a responsabilidade é agora dela, antes de se afastar.

    -Instale portões de segurança, protetores de tomadas e utilize cadeirinhas adequadas no carro.

    -Guarde medicamentos, produtos de limpeza e objetos cortantes em locais altos ou trancados.

    -⁠Ao invés de falar com seu filho sobre “não conversar com estranhos”, ensine a não confiar em pessoas com “comportamento estranho”, por exemplo pessoas que pedem para eles guardarem segredo dos pais (independente se são pessoas conhecidas, familiares ou desconhecidos).

    -⁠Tenha uma palavra de segurança da família: essa palavra deve ser algo comum e que não levante suspeitas e pode ser usada em diversas situações como, por exemplo, uma forma de seu filho saber que você realmente autorizou aquele amigo a buscá-lo na escola. Ou então, como uma forma de seu filho te pedir ajuda sem precisar falar que tem algo errado.

    7. Quais são os benefícios e riscos das vacinas para crianças?

    ⁠Benefícios: protegem contra doenças graves, como sarampo, poliomielite e meningite, prevenindo complicações e mortes. Elas também ajudam a controlar a disseminação de doenças na comunidade.

    ⁠Riscos: são mínimos, geralmente limitados a reações leves, como febre ou dor no local da aplicação. Efeitos adversos graves são raros.

    Os benefícios das vacinas superam amplamente os riscos e são fundamentais para manter a saúde das crianças e da população em geral.

    8.Dra.Luiza Gramiscelli, como posso ajudar meu filho a desenvolver bons hábitos de sono?

    Tenha uma rotina e a mantenha sempre que possível: tenha horários consistentes para dormir e acordar, inclusive nos fins de semana.

    ⁠Crie um ambiente tranquilo: o quarto deve ser escuro, silencioso e confortável (se precisar de luz à noite, opte por tonalidade vermelha para não prejudicar a produção de melatonina).

    Evite estímulos antes de dormir: reduza a exposição a telas e atividades excitantes à noite.

    9. Como posso encontrar um equilíbrio saudável entre a tecnologia e a vida do meu filho?

    Não exponha seu filho a telas antes dos 2 anos de idade e, mesmo após essa idade, use esses recursos apenas quando necessário (jamais em momentos como alimentação).

    Defina limites de tempo: estabeleça regras claras sobre o tempo de uso de telas. Você pode inclusive usar dispositivos como a Alexa (ou uma ampulheta) para definir o tempo máximo e mostrar para a criança que está cumprindo o tempo combinado.

    ⁠Escolha conteúdos apropriados: priorize aplicativos e programas educativos e monitore o que seu filho está assistindo ou jogando (cuidado com canais como YouTube que podem reproduzir conteúdos impróprios entre vídeos).

    ⁠Incentive atividades offline: promova brincadeiras ao ar livre, leitura, e outras atividades que não envolvam telas.

    Seja exemplo: evite ficar no telefone quando estiver com seu filho, curta o mundo offline com ele.

    Quanto ao momento ideal para se ter um telefone celular, sugiro esperar a adolescência e, mesmo assim, use controle parental para que ele não tenha acesso a apps não recomendados, como Tik Tok e Instagram.

    10.Com que frequência devo levar meu filho ao pediatra para check-ups?

    A frequência de consultas depende da idade. É importante reforçar que Pediatria é uma especialidade preventiva, então o check-up envolve muito mais exame físico e anamnese do que exames de sangue ou de imagem. Nos primeiros anos de vida, consultas rotineiras são importantes para garantir que seu filho esteja crescendo e se desenvolvendo como o esperado, assim como para prevenir doenças.

    Segundo a Sociedade Brasileira de Pediatria, a frequência de consultas é:

    • ⁠  ⁠Uma consulta entre 5-7 dias de vida
    • ⁠  ⁠Uma consulta com 15 dias de vida
    • ⁠  ⁠Consultas mensais entre 1 e 6 meses
    • ⁠  ⁠Consultas a cada 2 meses entre os 6 e os 24 meses (2 anos)
    • ⁠  ⁠Consultas a cada 3-4 meses entre os 2 e os 6 anos.
    • ⁠  ⁠Consultas a cada 6 meses entre 6 e 7 anos
    • ⁠  ⁠Consultas anuais a partir dos 7 anos.

     

     

    11.Como posso apoiar a saúde mental e emocional do meu filho?

    Apoiar a saúde mental e emocional do seu filho envolve estar presente, ser compreensivo e adaptar o apoio às necessidades de cada fase do desenvolvimento.

    Infância (0-5 anos):

    • ⁠  ⁠Crie um ambiente estável e afetuoso;
    • ⁠  ⁠Fale com seu filho, escute-o e valide seus sentimentos;
    • ⁠  ⁠Incentive interações com outras crianças e atividades de grupo.

    Pré-escola e Escola (6-12 anos):

    • ⁠  ⁠Ajude a criança a ter um dia organizado e previsível.
    • ⁠  ⁠Ensine a identificar e falar sobre sentimentos;
    • ⁠  ⁠Elogie esforços e conquistas;
    • ⁠  ⁠Ofereça apoio em desafios.

    Adolescentes (13-18 anos):

    • ⁠  ⁠Dê espaço e seja um bom ouvinte sem julgar;
    • ⁠  ⁠Esteja disponível para conversar sobre preocupações e problemas;
    • ⁠  ⁠Incentive práticas saudáveis, como atividades físicas e tempo para hobbies;
    • ⁠  ⁠Esteja atento a sinais de estresse intenso, ansiedade ou depressão e considere buscar ajuda especializada se necessário.

     

    12. Quais são os sinais de que meu filho pode ter problemas de aprendizado?

     

    -⁠Dificuldades persistentes na escola, como desempenho significativamente abaixo do esperado para a idade.

    -⁠Problemas com leitura, escrita ou matemática, como dificuldade para aprender ou usar habilidades básicas.

    ⁠-Dificuldade em seguir instruções e manter o material escolar organizado (ou estar sempre perdendo itens do material) 

    -⁠Facilidade em se distrair e dificuldade para manter o foco em tarefas.

    ⁠-Sentimentos de frustração e falta de confiança em suas habilidades.

    -Essas respostas são preciosas e podem ajudar muito nos cuidados com as crianças, compartilhe, envie para amigos e familiares. 

    Médica Pediatra

    A Dra Luiza, atende em seu consultório em Belo Horizonte e também online com pacientes em diferentes lugares do mundo. Acompanhe a Dra Luiza Gramiscelli nas redes sociais, @dralupediatra. 

    Artigo escrito por

    Flavia Oliveira

    Jornalista e Relações Públicas, formada em Mediadora de Conflitos, pelo Instituto Federal de Brasília, através da Tertúlia Literária Dialógica. Mãe de dois: Mia e Andrea, vivendo em Malta e sempre com uma passagem para o próximo destino a ser descoberto.