Viajando com bebê menor de um ano: dicas utéis

Primeira viagem do meu bebê: com três meses de vida! Isso mesmo! Fizemos o trajeto de Malta até o Brasil, com direito a um stopover em Paris, um plus na Disney, um evento familiar no Rio de Janeiro até chegar em Aracaju, nosso destino final. Portanto, neste artigo eu vou te dar dicas úteis de como planejar uma viagem com um bebê tão pequeno. Ou seja, tudo que não pode faltar neste momento desafiador.

Lembrando que o mais importante é ter em mente que a segurança e o conforto do bebê devem ser sempre prioridade. Portanto, um planejamento cuidadoso é essencial para garantir o conforto do pequeno. Além disso, se antecipar a possíveis desafios e situações que podem causar estresse nos pais e no bebê também pode minimizar essas situações desagradáveis. 

 

1- Passagem 

O maior motivo que me fez viajar tanto com meus filhos com menos de dois anos é que: em viagens domésticas pelo Brasil, bebês de até dois anos podem viajar no colo, sem a necessidade de comprar uma passagem separada. Já em viagens internacionais, eles pagam uma porcentagem (depende da companhia aérea). Apesar disso,  lembre-se de incluir seu bebê na reserva mesmo assim para ter direito a ter carrinho/ bebê conforto despachados (ou entregues na porta do portão) gratuitamente.  

 

2- Documentos

Uma pastinha com todos os documentos do bebê é fundamental. Se não conseguir tirar o RG (no caso de brasileiros) a tempo, leve a certidão de nascimento ou até mesmo o passaporte. E se tiver viajando sem o pai, uma autorização de viagem. Se for para destinos internacionais, verifique se precisa de visto. 

 

3- Pediatra 

Antes da viagem, sugiro que você faça uma visita ao pediatra para tirar todas as dúvidas e pegar a receita de medicações. Além disso, alguns bebês sofrem de dor de ouvido na decolagem e no pouso, minha sugestão é que você ofereça o peito ou uma mamadeira/ chupeta nesses momentos. Em outras palavras, a sucção alivia o incômodo causado. 

 

4- Mala de mão 

Escolha bem a sua mochila/ mala que estará com você no avião. Dê preferência a uma mochila que você coloque nas costas. Pode parecer bobagem, mas você com certeza irá precisar das duas mãos quando for viajar de avião com seu bebê. Por exemplo, use uma mochila espaçosa, com compartimentos para que você consiga encontrar as coisas de forma mais fácil. Não esqueça de uma quantidade boa de fraldas, e, pelo menos, três trocas de roupa, lenço umedecido, brinquedos, remédios, manta. 

 

5- Líquidos/ alimentação 

Sabe aquela regra dos 100ml e 100g? Ela não é válida quando você tem um bebê de até dois anos. Você pode levar sua água na garrafa, a mamadeira com leite, comida, shampoo, sabonete líquido. Lembre-se de avisar que é para o bebê. 

Além disso, ainda no avião, os comissários podem esquentar a água para você, ainda mais nos voos mais longos. 

 

6- Carrinho 

Você pode escolher em levar o carrinho até a porta do avião ou despachar junto com as malas. Eu já fiz das duas formas e depende muito mais da quantidade de malas de mão que estavam comigo em cada viagem. Nas vezes que despachei junto das malas, meu bebê estava no canguru,  o que facilitou muito. Se você escolher levar o carrinho até a porta do avião, você pode solicitar que seja entregue na saída do voo, mas algumas vezes esse pedido não é atendido e você vai encontrar seu carrinho junto com as malas ou na área de bagagem fora do padrão. 

 

mulher com um bebê menor de um ano no canguru e segurando a mão de uma menina menor em um aeroporto
Eu viajando com Andrea aos três meses no canguru e com Mia

7- Horário 

Se existe algo que pode fazer toda a diferença na tranquilidade da viagem é escolher o horário certo para viajar. No caso de bebê tão pequeno, como dorme mais, você pode ter mais facilidade de acomodá-lo para dormir. Mas no caso de bebês maiores, o ideal é optar por horários que eles estejam mais descansados, mesmo se o voo for noturno, ele estará mais tranquilo para relaxar e dormir o voo inteiro. Além disso, cada criança é única e tem as suas próprias preferências. Portanto, escolha um horário que mais se adapte a sua criança. 

 

8- Alimentação 

Ainda mais, outra situação que pode dar um choro inconsolável nos bebês é a fome. Portanto, garanta a alimentação do bebê. Se o bebê mama, lembre-se de estar vestida com roupas confortáveis e de fácil abertura. Se for fórmula, lembre-se de levar uma quantidade a mais de leite. Se o bebê já iniciou a introdução alimentar, lembre-se de levar frutas/ vegetais que são mais fáceis de comer e sujam menos como: uva, banana, morango, maçã, pera, brócolis e alguns snacks como biscoito de arroz, panqueca de banana. Neste link você pode ter acesso aos cortes do BLW seguros, o que é de suma importância. Lembre da água e de evitar alimentos gordurosos e com alto teor de açúcar, que pode causa mal estar. 

Portanto, ao concluir essa leitura e seguir as dicas, tenho certeza que você estará preparado para viajar com seu bebê pequeno de uma forma mais tranquila. A gente segue de cá torcendo para que seja uma ótima viagem para toda família. 

Escrito por

Flávia Oliveira

Jornalista e Relações Públicas, formada em Mediadora de Conflitos, pelo Instituto Federal de Brasília, através da Tertúlia Literária Dialógica. Mãe de dois: Mia e Andrea, vivendo em Malta e sempre com uma passagem para o próximo destino a ser descoberto.

Fotografia newborn: você sabe o que é isso?

Com certeza você já deve ter visto nas redes sociais aquelas fotos dos ensaios dos bebês recém-nascidos super fofos! Eu mesma fiz com a minha primeira filha. Nas fotos, o recém-nascido pode ficar sem roupinha ou enrolado em uma mantinha ou colocado deitado em um cestinho. O nome desse ensaio é NewBorn e apesar do nome significar recém-nascido em inglês, as fotos não são feitas apenas do recém-nascido, mas dos pais e dos irmãos. 

A modalidade surgiu nos Estados Unidos e chegou no Brasil por volta do ano de 2010. Porém, é uma sessão onde apenas fotógrafos qualificados e capacitados deveriam oferecer para não expor o recém-nascido a riscos, pois seu sistema imunológico está em formação e a estrutura dele ainda é muito frágil e requer cuidados. 

No entanto, todas as vezes que converso sobre isso com alguém eu vejo as dúvidas e perguntas que surgem. Por este motivo, nossa entrevistada de hoje é Fernanda Andrade, a tia Nanda. Que juntamente com Juliana Maia, fazem parte da Ju Maia Fotografia.

 

1- O que é fotografia newborn? E por que fazer?


A fotografia newborn é a arte de registrar os primeiros dias de vida do seu bebê, um período que passa rápido demais. É mais do que apenas fotos bonitas, são memórias eternizadas da fragilidade, pureza e delicadeza que só existem nessa fase. Esses registros se tornam um tesouro para a família, que no futuro vai olhar e reviver cada detalhe: os dedinhos minúsculos, o suspiro tranquilo, o cheirinho de recém-nascido que a imagem parece trazer de volta.

2- O que devo saber antes de contratar um fotógrafo newborn?

Antes de escolher um fotógrafo, é importante que ele tenha experiência específica com recém-nascidos. Não é apenas sobre saber fotografar, mas sobre compreender o ritmo, as necessidades e os cuidados com o bebê. Verifique portfólio, referências e principalmente, se o profissional prioriza a segurança antes de qualquer foto. Aqui no estúdio da Jumaiafotografia é a nossa prioridade, somos fisioterapeutas e temos o conhecimento da fisiologia e cuidados com o bebê.

3- Quando fazer o ensaio newborn?


O ideal é entre 5 e 15 dias de vida. Nesse período, o bebê ainda mantém a postura fetal, dorme mais profundamente e é mais fácil posicioná-lo com conforto e segurança. Depois dessa fase, o ensaio continua sendo possível, mas as poses e o comportamento do bebê já mudam um pouquinho. Aqui no estúdio realizamos até 30 dias do bebê.

4- Como você garante a segurança e o conforto do bebê durante a sessão de fotografia?


Segurança é sempre a prioridade. As poses são feitas sempre de forma segura, respeitando a anatomia e os limites do bebê. O ambiente é higienizado, aquecido na temperatura ideal e todo o manuseio é feito com delicadeza e apoio seguro. Em algumas poses, usamos técnicas de edição para criar efeitos, evitando colocar o bebê em situações arriscadas.

5- Quais são os equipamentos e técnicas que você utiliza para capturar as melhores imagens?


Utilizamos câmeras e lentes profissionais que permitem captar cada detalhe com nitidez e suavidade. A iluminação é feita com luz natural e com Led para não incomodar o bebê, e o cenário é pensado para valorizar a beleza e a delicadeza dessa fase. 

duas mulheres de camisa branca tocando em um recém nascido
Fernanda e Juliana no ensaio da Mia

6- Como você trabalha com os pais para entender suas expectativas e preferências para a sessão de fotografia?


Antes do ensaio, conversamos com os pais para entender suas histórias, gostos e sonhos. Para saber o que é importante para eles: Os cenários que gostam, um detalhe, um objeto especial. Assim, o ensaio fica com a cara da família, não apenas mais um trabalho no meu portfólio.

7- Quais são os principais desafios que você enfrenta ao fotografar recém-nascidos e como você supera?

O maior desafio é que o bebê é o protagonista e ele dita o ritmo. Choro, mamadas e trocas de fralda fazem parte, e está tudo bem. A paciência e o respeito ao tempo do bebê são fundamentais. Cada pausa é um momento de conexão e cuidado, e muitas vezes é nesses intervalos que acontecem as inúmeras trocas de experiências, dicas, ensinamos técnicas que vão ajudar muito às mamães e papais

8- Você tem alguma dica para os pais que estão planejando uma sessão de fotografia newborn?


Sim! Marquem o ensaio antes do bebê nascer, para garantir agenda e tranquilidade. No dia, venham sem pressa, preparados para um momento leve, com pausas para mamadas e carinho. Confiem no processo e aproveitem para se emocionar, porque, no futuro, essas imagens serão um presente que vocês e o bebê vão abrir de novo e de novo.

 

O que realmente eu senti e sinto quando vejo as fotos do ensaio da minha filha é isso: uma experiência única. Momentos preciosos e de muita delicadeza.





Entrevistada

Fernanda Andrade

Fernanda Andrade é apaixonada pela fotografia e por crianças, tem um jeito muito especial para lidar com elas. Com formação em fisioterapia tem o conhecimento funcional e fisiológico dos recém nascidos e bebês. E também arrasa nas produções dos cenários. @jumaiafotografia



mulher de roupa branca com a mão no queixo

Entrevistada

Juliana Maia sempre foi apaixonada pela fotografia, por tudo o que uma imagem pode representar na vida de cada pessoa. Se especializou através de cursos, especificamente para fotografia de recém nascidos. Tem formação em fisioterapia, sempre amou trabalhar com crianças na área de pediatria neurológica, e hoje une paixões à arte de registrar emoções. @jumaiafotografia

Escrito por

Jornalista e Relações Públicas, formada em Mediadora de Conflitos, pelo Instituto Federal de Brasília, através da Tertúlia Literária Dialógica. Mãe de dois: Mia e Andrea, vivendo em Malta e sempre com uma passagem para o próximo destino a ser descoberto. @flaviaoliveiragalleti

Desenvolvimento do bebê: dicas e respostas da pediatra Dra. Maria Bahia

Quando falamos sobre desenvolvimento do bebê, é super normal que, nós, mães e pais tenhamos muitas dúvidas e perguntas para fazer aquele pediatra que confiamos.

São dúvidas sobre alimentação, peso, cólicas, comunicação… E desde a primeira gargalhada, aos primeiros passos e as primeiras palavras, cada etapa é um grande acontecimento da vida do seu filho. 

Convidamos a pediatra Dra. Maria Bahia, formada pela Escola Bahiana de Medicina, para compartilhar conosco em uma série de artigos dicas e respostas para as perguntas mais comuns sobre desenvolvimento do bebê. 

Nosso objetivo é te ajudar a entender melhor as necessidades do seu bebê, garantindo que você tenha conhecimento e segurança a cada etapa da vida dele. 

 

1- Será que meu filho está mesmo comendo o suficiente ou eu estou exagerando?

É natural que os pais se preocupem com a alimentação dos filhos, mas é importante observar alguns sinais para avaliar se a quantidade de comida oferecida ao bebê está adequada. Preste atenção no comportamento da criança durante as refeições, como se ela demonstra saciedade, recusando a oferta do alimento ou continua irritada com fome. Também é importante verificar o peso e o crescimento da criança, pois isso pode indicar se ela está recebendo os nutrientes necessários e está bem nutrida. Caso tenha dúvidas, consulte um pediatra para avaliar a situação nutricional do seu filho de forma mais precisa.

 

2- A cólica do meu bebê é normal ou pode ser algo mais sério?

As cólicas são muito comuns em bebês e geralmente não representam um sinal de algo mais grave. Elas geralmente ocorrem durante os primeiros 3 meses de vida do bebê e são causadas pela imaturidade do sistema digestivo. No entanto, se a dor parecer intensa, persistente, ou se o bebê estiver apresentando outros sintomas preocupantes, como diarréia, diminuição do apetite e/ou hipoatividade, é importante consultar um pediatra para descartar problemas mais sérios, como infecções, alergias alimentares ou doenças intestinais. É sempre melhor ter a opinião de um profissional de saúde para garantir a segurança e saúde do seu bebê.

 

3- Meu bebê não dorme: será insônia ou apenas uma fase?

É importante entender que os bebês passam por diferentes fases de sono ao longo do seu desenvolvimento e é comum enfrentar dificuldades para dormir em determinados momentos. Por isso, é possível que a dificuldade do seu bebê em dormir seja apenas uma fase passageira.

No entanto, se essa dificuldade persistir por um longo período de tempo e estiver impactando negativamente o sono do bebê e da família, é importante procurar orientação de um médico pediatra ou de um especialista em sono infantil. Eles podem avaliar a criança e ajudar a identificar se há algum problema de saúde subjacente, como refluxo gastroesofágico, apneia do sono, alergias, cólicas, entre outros.

Além disso, é importante estabelecer uma rotina de sono, chamada também de higiene do sono, com dicas como (1) garantir que o bebê esteja confortável e tranquilo na hora de dormir, (2) criar um ambiente propício para o sono e evitar estimulantes antes de dormir, como telas de dispositivos eletrônicos. Com paciência e persistência, é possível ajudar o bebê a desenvolver hábitos saudáveis de sono.

bebê sem mostrar o rosto deitado numa cama
Foto de Kendra Wesley na Unsplash

4- Quando a febre é perigosa e merece correr para o pronto-socorro?

A febre é considerada alta quando atinge níveis muito altos, acima de 38,5°C, especialmente em bebês menores de 3 meses, crianças imunodeprimidas ou que apresentam outros sintomas graves, como falta de ar, convulsões, rigidez no pescoço, erupções cutâneas graves, dor abdominal intensa, vômito persistente, confusão mental, entre outros.

Se a febre estiver associada a outros sinais de alarme, é recomendável procurar o pronto-socorro para uma avaliação médica imediata. É importante não ignorar sinais de gravidade, pois a febre alta pode ser indicativa de uma infecção grave ou de outras condições médicas que requerem tratamento emergencial. Sempre que houver dúvidas ou temores, é melhor buscar orientação profissional.

 

5- Meu filho ainda não fala: é atraso no desenvolvimento ou só preguiça?

É importante observar que o desenvolvimento da linguagem varia de criança para criança, portanto, algumas crianças podem começar a falar mais tarde do que outras e isso não necessariamente indica um problema. No entanto, é sempre importante monitorar o desenvolvimento da linguagem do seu filho e buscar aconselhamento de um profissional da saúde, como um fonoaudiólogo e/ou neuropediatra, se você estiver preocupado com o atraso na fala do seu filho. Os profissionais de saúde podem avaliar se existe algum problema subjacente ou se é apenas uma questão de tempo até que seu filho comece a falar. Não é correto atribuir preguiça a uma criança que ainda não fala, pois a comunicação através da linguagem é um processo complexo que envolve diversos aspectos do desenvolvimento infantil.

 

Aqui no My Baby Care a gente sabe bem que o desenvolvimento do bebê é um processo cheio de dúvidas e bastante emocionante para todas as famílias. No entanto, com a orientação certa você vai passar por esses momentos com bastante confiança. 

Até o próximo artigo.

Entrevistada

Dra. Maria Bahia, formada pela Escola Bahiana de Medicina, é referência na área de Pediatria Geral e Nefrologia Pediátrica. E oferece atendimento humanizado para crianças e adolescentes em Salvador, Bahia. 

Escrito por

Jornalista e Relações Públicas, formada em Mediadora de Conflitos, pelo Instituto Federal de Brasília, através da Tertúlia Literária Dialógica. Mãe de dois: Mia e Andrea, vivendo em Malta e sempre com uma passagem para o próximo destino a ser descoberto. @flaviaoliveiragalleti

Saúde bucal infantil: a Dra. Andrea Chagas responde

Cada bebê tem seu próprio tempo para começar a nascer os dentinhos e muitos mitos cercam a odontopediatria, como cáries em bebês, uso de chupeta, o uso de fio dental, entre outros. 

E sabemos que é fundamental a participação dos pais nos cuidados da saúde bucal dos bebês e das crianças, com a finalize de estimular os pequenos hábitos de higienização bucal, prevenindo doenças como cáries.  

Por este motivo, convidamos a odontopediatra Dra. Andrea Chagas, odontopediatra pela ABO/SE, para desmistificar alguns desses mitos. 

 

1- Dentes de leite não precisam de tantos cuidados porque vão cair:

Os dentes de leite possuem polpa dentária igual aos dentes permanentes e se não cuidar e ficarem cariados farão a criança sentir dor e desconforto. Você saber direitinho como fazer a escovação do seu filho aqui.  

 

2- Apenas açúcar pode causar cáries.

Infelizmente a lesão de cárie é uma doença multifatorial que envolve a presença do dente, de bactérias, açúcares e de uma escovação deficiente.

 

3- Crianças não precisam usar fio dental.

Todas as crianças precisam usar fio dental, principalmente nas dentições sem diastemas (que são os espaços entre os dentes). 

 

4- Crianças não precisam visitar o dentista antes de perderem os dentes de leite.

O ideal é que a primeira visita ao dentista aconteça quando o primeiro dente de leite começar a erupção. 

 

5- Se os pais têm dentes saudáveis, as crianças também terão.

Infelizmente não. A doença cárie pode acontecer se tiver uma alta frequência de alimentos com açúcar e uma escovação deficiente. 

figura colorida de muitos dentes e um provavelmente com carie
Foto de A.Rahmat MN na Unsplash

 

6- A escovação dos dentes do bebê pode ser feita apenas uma vez ao dia.

O ideal é que o bebê tenha no mínimo duas escovações bem feitas por dia. 

 

7- Bebê não pode usar flúor 

A partir do primeiro dente já se recomenda pasta de dente com flúor para o bebê, respeitando a quantidade recomendada pelo odontopediatra da criança. Lembrando que o excesso de flúor durante a formação dos dentes, pode acarretar a fluorose infantil. Então, mais uma vez, respeite a quantidade recomendada. 

 

8- Enxaguantes bucais são desnecessários para crianças.

A real necessidade é de fio dental, escova de dente infantil e pasta de dente fluoretada. 

 

9- Dores enquanto os dentes estão nascendo 

Sim, é comum o bebê apresentar um desconforto sim na erupção dos dentes. Assim como um aumento na irritação (coceira) da região. 

 

10- Chupeta e mamadeira realmente deixam os dentes tortos.

Tanto chupeta quanto a mamadeira promovem alteração da arcada dentária. A gravidade dessa alteração dependerá da intensidade e duração do uso. O ideal é não oferecer, mas se ofereceu, retirar até os três anos. 

 

11- Chupar os dedos entorta os dentes. 

Verdade. A sucção digital exerce uma força excessiva na bateria anterior dos dentes, podendo ter alteração da posição dos mesmos e alteração no formato do palato. 

 

12- O nascimento dos dentes faz o bebê babar mais

Verdade. Há um aumento da salivação associado ao nascimento dos dentes do bebê.

 

Conclusão 

Logo, concluímos que a saúde bucal precisa de atenção especial durante toda a infância, porque, além de ser uma fase crucial para o desenvolvimento de hábitos saudáveis, é capaz de promover a educação odontológica que vai acontecer durante toda uma vida. 

Entrevistada

Dra Andrea Chagas é formada pela Universidade Federal de Sergipe desde 2007.É Odontopediatra pela ABO/SE e
habilitada em Laserterapia pelo IGA/SE. @dra.andreachagas

Escrito por

Jornalista e Relações Públicas, formada em Mediadora de Conflitos, pelo Instituto Federal de Brasília, através da Tertúlia Literária Dialógica. Mãe de dois: Mia e Andrea, vivendo em Malta e sempre com uma passagem para o próximo destino a ser descoberto. @flaviaoliveiragalleti

Viagens com crianças: como ajudam no desenvolvimento infantil

Na minha infância, eu sempre viajei, mas nunca fiz uma viagem para longas distâncias e diferentes culturas até os meus 20 anos. E depois que comecei a viajar, nunca mais parei.  Pois comecei a sentir o quanto as experiências com viagens estavam moldando a minha personalidade.

A partir desse momento, decidi que, quando tivesse filhos, as viagens seriam um dos pilares do desenvolvimento deles. E assim tem sido.

Viajando na primeira infância 

Até aqui, com Mia de 5 anos e Andrea de 2, ambos na primeira infância — fase crucial para o desenvolvimento da comunicação e da curiosidade sobre o mundo — percebo como as viagens são uma ferramenta poderosa para o aprendizado infantil. É fato que crianças se beneficiam significativamente ao conhecer novos lugares, culturas e idiomas. O segredo está em transformar cada experiência de viagem em algo divertido, interativo e lúdico, potencializando ainda mais o desenvolvimento das crianças.

No entanto, você se perguntar: como crianças na primeira infância, seus filhos se lembrarão do que viveram nessas viagens? Talvez não recordem todos os detalhes quando forem mais velhas, mas cada experiência vivida deixa marcas importantes e contribui diretamente para o desenvolvimento infantil.

 

Vejam os motivos a seguir:

1- Diversidade cultural 

Cerque seus filhos, na primeira infância, com pessoas que são diferentes deles e a consequência será que a visão sobre as distinções será natural, desenvolvendo a empatia e o respeito pelo próximo. E, futuramente, rejeitando atitudes preconceituosas, tornando a sociedade mais inclusiva.

2- Linguagem 

Os bebês, a partir dos seis meses, já captam sons e começam a tentar se comunicar. Então, se forem expostos a sons diversificados, até em relação aos idiomas, isso trará um desenvolvimento a mais na comunicação deles e mais tarde na linguagem.

Já as crianças um pouco mais velhas, quando viajam, acabam interagindo com pessoas diferentes e, muitas vezes, com outras falantes que têm sotaques ou idiomas diferentes, o que enriquece o desenvolvimento linguístico. 

3- Frustrações 

Quem já viajou e não teve nenhum perrengue, que atire a primeira pedra. Seja uma mala extraviada, um carro que para na estrada, dias e dias de muita chuva atrapalhando toda a programação.

As viagens são cheias de imprevistos, exatamente como a vida. Sendo uma ótima oportunidade de ensinar sobre frustrações e controle de expectativa, mostrando que nem sempre as coisas saem como planejamos. E essa é a forma de ensinar sobre frustrações de maneira lúdica e leve.

 

4- Autonomia 

Você já viu aquela criança pequenina levando a própria mala no aeroporto? É sobre isso. Com o hábito de viajar, as crianças aprendem a ter autonomia em várias situações e saberão os procedimentos dos aeroportos, como raio-x, imigração/ passaporte, entrada no avião, o cinto de segurança.

Uma dica é deixar a sua criança fazer a pequena mala dela (de preferência uma que ela possa carregar sozinha) com o que ela quer levar, como livros, brinquedos, canetas.

As crianças aprendem observando nossos exemplos, e a autonomia que desenvolvem durante as viagens contribui para formar cidadãos mais práticos, confiantes e independentes para o futuro. O uso do AirTag pode te tranquilizar sobre a autonomia da sua criança.

Menina pequena com laço laranja no aeroporto
Mia em uma das nossas viagens

5- Conexão 

Com a correria do dia-a dia, os pais no trabalho e as crianças em suas atividades, muitas vezes ficamos com a família incompleta em grande parte do dia.

As viagens são ótimas oportunidades para a família estar junta 24 horas do dia, todos os dias e sem muita pressão de horário.

Assim, a conexão e a intimidade ficarão cada vez mais fortes. E com as crianças emocionalmente saudáveis e preenchidas de amor, é possível que esses fatores reflitam no desempenho escolar. 

6- Orçamentos 

Quem nunca tentou acalmar o filho numa birra porque queria algo? É muito provável que isso aconteça em uma viagem, porque o tempo todo somos expostos a mais estímulos de comida, produtos e lazer. 

Uma boa ideia é dar para cada integrante da família um orçamento, valor diário que pode gastar. E esse é um ótimo momento para exercitar a administração do dinheiro.

Dessa forma, será mais fácil entenderem o momento certo de gastar cada quantia, o que aperfeiçoa o autocontrole e a tomada de decisão. 

Desafios e planejamento

Os desafios de viajar com criança realmente são imensos. No entanto, com planejamento e flexibilidade, é possível ser uma experiência enriquecedora. Confira as dicas finais:

  • Lembre-se de reunir todas as documentações, remédios e listas de objetos que não podem ser esquecidos. 
  • Considere as necessidades específicas dos seus filhos,
  • Procure, ao máximo, manter uma rotina parecida com a que se tem em casa
  • Planeje atividades divertidas.

Tenho certeza que vocês terão momentos memoráveis juntos! 

Escrito por

Flávia Oliveira

Jornalista e Relações Públicas, formada em Mediadora de Conflitos, pelo Instituto Federal de Brasília, através da Tertúlia Literária Dialógica. Mãe de dois: Mia e Andrea, vivendo em Malta e sempre com uma passagem para o próximo destino a ser descoberto.

Cinque Terre com crianças: como aproveitar a experiência

Estávamos passando uma temporada na Itália para resolver burocracias da cidadania e, em meio a tudo isso, resolvemos fazer a nossa última viagem juntas antes do irmão mais novo nascer. Viagem que acabou durando quase um mês. 

E em uma série diversificada de artigos sobre destinos italianos, vou fazer você acreditar que a Itália pode ser um destino maravilhoso de férias para você e sua família. Com a vantagem de as viagens serem uma ferramenta incrível para o aprendizado e desenvolvimento das nossas crianças. 

Lembrando que você pode deixar sua viagem com crianças mais tranquila com o uso do AirTag

O que são as Cinqueterre?

As Cinque Terre, patrimônio mundial da UNESCO, são conhecidas mundialmente por suas paisagens naturais. Nas quais as vilas centenárias se misturam com as paisagens do mar, na costa da Riviera italiana, formando uma arquitetura única.

Além de uma gastronomia deliciosa, com pratos típicos italianos. Se tornam um lugar perfeito para criar memórias inesquecíveis para toda família. 

vista de cima das cinqueterre
Foto de Kaspars Upmanis na Unsplash

 

1- Acomodação (La Spezia)

La Spezia foi nosso ponto de partida e de apoio para conhecer as Cinqueterre, além de termos escolhido nos acomodarmos nesse lugar para maior conforto.

Chegamos durante a noite e fomos passear pela cidade. Como naquela altura da viagem ainda estávamos com a família, pegamos uma acomodação próxima ao centro da cidade. 

No dia seguinte, fomos conhecer as famosas Cinqueterre, que são as cinco cidades localizadas na região da Ligúria, na Itália. Essas cidades são Monterosso al Mare, Vernazza, Corniglia, Manarola e Riomaggiore. 

2- Melhor época

A melhor época para visitar Cinqueterre dependerá da idade das crianças. No nosso caso, como era inverno, o foco da viagem foi conhecer os vilarejos que são super charmosos e têm muitas lojas e restaurantes.

Fizemos várias caminhadas e exploramos as cidades de uma forma bem tranquila, mas sempre adaptando às necessidades de Mia.  

Lembre-se de que, antes de viajar, verificar as condições climáticas e planejar as atividades de acordo. E para evitar conflitos e expectativas: adapte seus planos pessoais às necessidades das crianças.  

 

3- Mobilidade 

A distância entre La Spezia e a primeira das CinqueTerre, Manarola, de trem é de aproximadamente 10km. Se você decidir ir pela estrada é de 27,1km. Mas na nossa viagem fomos de trem que na nossa opinião é a forma mais econômica e rápida de fazer o trajeto de La Spezia até as Cinqueterre.

Neste mesmo trem, dá para ir parando e descendo em cada uma das cidades escolhidas e ir conhecendo e seguindo para a próxima, caso seja um passeio de um dia. O valor do trem para Cinque Terre varia de acordo com a época do ano e o tipo de passagem. 

Fomos em fevereiro, então pagamos para cada adulto €17 e Mia, como tinha 3 anos na época, não pagou a passagem. E uma passagem de trem simples entre duas cidades custa cerca de 3€.

O Cinque Terre Card, inclui transporte ilimitado de trem entre La Spezia e as cidades das Cinque Terre, além de acesso às trilhas do Parque Nacional Cinque Terre.

Lembre de comprar os tickets do com antecedência para evitar problemas.

criança dentro de um trem olhando para o lado
Mia aproveitando a viagem de trem. Veja que maravilha esse espaço para colocar o carrinho!

4- Conforto

Não podemos negar que as Cinque Terre são encantadoras, mas é sempre importante pensar em alguns aspectos para garantir o conforto na viagem. 

Como é um passeio que normalmente dura um dia inteiro, lembre de levar o carrinho (neste artigo, você consegue conferir nossa lista dos melhores carrinhos) alguns snacks, bebida e sempre que puder parar para um famoso gelato italiano. 

E, no específico vilarejo Monterosso Al Mare, existe um super playground, onde a criança pode brincar. Não fomos no vilarejo de Corniglia, porque após chegar de trem é necessário subir 365 degraus para chegar na cidade. 

menina no balanço em um parquinho
Mia brincando no playground de Monterosso Al Mare

5- Alimentação

Passamos o dia tomando gelato e comendo alguns snacks, mas paramos para uma refeição na Riomaggiore, no restaurante Il Porticciolo, onde pedimos uma pasta com frutos-do-mar, que custou 42€.

No restaurante, eles também servem ótimas opções para as crianças como pizzas, frutos-do-mar, saladas. E o preço varia conforme o tipo de prato e de ingredientes escolhidos. 

um spaghetti com camarão em um prato e uns talheres
A pasta escolhida por nós

Conclusão 

Com planejamento e preparação, este pode ser sim um destino inesquecível para toda família, onde suas crianças terão maravilhosas memórias na região litorânea da Itália.

Lembre-se de:

  • Escolher um bom ponto de acomodação e de planejar as atividades adequadas para as crianças segundo a idade delas. 
  • Ser flexível e procurar não criar altas expectativas também é importante quando se trata de viajar com crianças.
  • E, por fim, não se preocupe em fazer tudo perfeito.

Pois o que sua criança mais vai lembrar é de quem dividiu esses momentos especiais com ela e do quão presente e praticando a atenção plena você estava.

Buon Viaggio! 

Escrito por

Flávia Oliveira

Jornalista e Relações Públicas, formada em Mediadora de Conflitos, pelo Instituto Federal de Brasília, através da Tertúlia Literária Dialógica. Mãe de dois: Mia e Andrea, vivendo em Malta e sempre com uma passagem para o próximo destino a ser descoberto.

Benefícios da yoga para crianças com Silvia Perez

A Yoga para adultos tem diversas vantagens já conhecidas, como melhorar a concentração, nos trazer para o momento presente, reduzir o estresse e controlar a ansiedade. Sendo então um ótimo exercício para o corpo, desenvolvendo força e flexibilidade. Além disso, os últimos estudos também apontam que a yoga é eficaz no controle do tdah em crianças.

Na entrevista de hoje, vamos descobrir os benefícios da yoga para o desenvolvimento físico e emocional das crianças e como podemos incentiva-las à prática. 

 

Para isto, convidamos Silvia Perez, certificada pela Cosmic Kids Yoga e Rainbow Kids Yoga, fundadora da Aloha Happy Kids, em Malta, que por meio de práticas holísticas, yoga e um profundo respeito pela natureza, guia crianças a crescerem com gentileza, confiança e um senso de admiração, capacitando-as a brilhar intensamente em tudo o que fazem.

Qual é a sua experiência ensinando yoga para crianças?

Desde 2018, quando vivenciei uma transformação pessoal em Bali, o yoga se tornou parte da minha vida e do meu propósito. Tive a alegria de ensinar em diversos ambientes, desde programas extracurriculares a creches e sessões de yoga em família. Cada espaço é único e adoro criar ambientes onde crianças e famílias se sintam seguras, alegres e apoiadas. Cada criança que conheço traz algo especial, e ensiná-las é um presente que guardo no coração.

Qual é a sua abordagem para ensinar yoga para crianças?

Minha abordagem se baseia na educação holística, na criatividade e no amor. Acredito que yoga para crianças deve ser repleto de amor, imaginação e alegria. Cada aula é como uma pequena aventura onde nos conectamos com nossos corpos, exploramos nossas emoções e nos sentimos seguros sendo nós mesmos. Eu combino contação de histórias, músicas, movimento e atenção plena para criar um espaço onde as crianças se sintam livres, apoiadas e celebradas por quem são.

Como você adapta as aulas para diferentes idades e habilidades?

Adapto cada sessão à faixa etária e às necessidades individuais. Para crianças menores, utilizo mais contação de histórias, música e dicas visuais, enquanto as maiores se beneficiam de uma exploração emocional mais profunda, exercícios de respiração e atividades de construção de equilíbrio. Sempre ofereço opções e modificações para que cada criança se sinta incluída, apoiada e bem-sucedida.

Quais são os objetivos e benefícios das suas aulas de yoga para crianças?

Meu desejo mais profundo é que cada criança que frequenta a aula se sinta amada, segura e livre para ser exatamente quem é. Quero que eles saiam de cada sessão com um grande sorriso, o coração tranquilo e um pouco mais de confiança em si mesmos. A yoga é a minha maneira de plantar sementes de amor, respeito e gentileza, sementes que espero que cresçam com eles ao longo da vida. Não se trata de posturas perfeitas; trata-se de ajudá-los a se sentirem fortes por dentro, conectados às suas emoções e conscientes do belo mundo ao seu redor.

Como você mantém as crianças engajadas e motivadas durante as aulas?

Criamos experiências mágicas juntas! Eu uso música, personagens, temas, histórias da natureza e canções que despertam a imaginação delas, especialmente com crianças menores. A música ajuda a tornar a sessão lúdica e rítmica, mas também trago acessórios, desenhos e muitos outros recursos para mantê-las totalmente engajadas. Mas o mais importante é que eu as ouço. Quando as crianças se sentem vistas e ouvidas, elas naturalmente querem participar com alegria e curiosidade.

Como você garante a segurança das crianças durante as aulas?

Eu mantenho um ambiente calmo e estruturado, mantenho as turmas pequenas e dou orientações claras para cada atividade. Também observo cada criança cuidadosamente para garantir que estejam praticando com segurança e confiança.

Quais precauções você toma para prevenir lesões?

Eu sempre começo com aquecimentos e oriento as crianças a ouvirem seus próprios corpos. Ofereço demonstrações físicas, ensino o alinhamento correto de forma simples e evito forçar qualquer postura. A brincadeira é importante, mas a segurança sempre vem em primeiro lugar.

Você tem experiência trabalhando com crianças com necessidades especiais? Há aulas especiais para essas crianças?

Embora eu não tenha uma certificação específica em yoga para crianças com necessidades especiais, minhas aulas são sempre inclusivas e abertas a todos. Crio um ambiente acolhedor e acolhedor, onde cada criança é incentivada a participar em seu próprio ritmo. Estou atenta às necessidades de cada criança e feliz em adaptar as atividades para garantir que elas se sintam seguras, respeitadas e incluídas. Se uma criança precisar de um apoio mais personalizado, recomendo trabalhar com um especialista certificado.

Quais são os benefícios da yoga para crianças, na sua experiência?

Já vi tantas transformações lindas em crianças através da yoga. Vi crianças tímidas se abrirem e se expressarem, crianças cheias de energia aprenderem a parar e respirar, e pequenos corações ansiosos encontrarem a calma. A yoga lhes dá mais do que flexibilidade ou equilíbrio; ela lhes dá ferramentas para entender suas emoções, sentir orgulho de seus corpos e se conectar com os outros de forma gentil e respeitosa. Para mim, trata-se de plantar pequenas sementes de amor, confiança e consciência que podem crescer com elas ao longo da vida.

menina em posição de yoga
Foto de Kajetan Sumila na Unsplash

Como a yoga pode ajudar as crianças a lidar com o estresse e a ansiedade?

A yoga tem sido uma ferramenta maravilhosa para ajudar as crianças a encontrar a calma em momentos de estresse. Já vi fazer maravilhas. Exercícios respiratórios simples e movimentos suaves podem ajudá-las a desacelerar e se reconectar com a respiração quando as emoções parecem avassaladoras. É como dar a elas um pequeno botão de pausa para reiniciar. Adoro ver o momento em que uma criança percebe que pode respirar fundo e se sentir melhor, ou quando ela vem até mim e diz: “Usei minha respiração quando estava nervosa hoje!” Fico muito feliz em saber que eles estão aprendendo a navegar pelo mundo com mais paz, uma respiração de cada vez.

Você tem exemplos de como a yoga pode melhorar a concentração e o foco das crianças?

Com certeza! Já ouvi muitas mães falarem sobre como a yoga ajudou seus filhos. Fico muito feliz quando os pais compartilham essas histórias. Por exemplo, uma das coisas mais doces que ouvi de uma mãe foi como sua filha começou a ensiná-la a se acalmar usando técnicas de respiração que aprenderam na aula de yoga. A criança a lembrava de respirar fundo quando as coisas pareciam estressantes, e foi um momento lindo de ciclo completo. É incrível como as ferramentas que compartilhamos em sala de aula não apenas ajudam as crianças a se concentrar, mas também as capacitam a compartilhar essas ferramentas com outras pessoas. Yoga não se trata apenas do que fazemos em sala de aula; trata-se de como essas ferramentas ajudam as crianças a navegar pelo dia com mais presença e calma. Ver as crianças aplicarem o que aprenderam no dia a dia é realmente mágico.

Como você continua a desenvolver e aprimorar suas habilidades como professora de yoga infantil?

Estou sempre aprendendo por meio de livros, workshops, cursos e, acima de tudo, com as próprias crianças. Reflito sobre cada sessão, me conecto com outros educadores e deixo a natureza, a criatividade e o amor me guiarem. Cada sorriso, cada pergunta, cada momento com uma criança me ajuda a crescer.

Em conclusão, a yoga é uma super prática para crianças, inclusive crianças com tdah, pois ajuda a desenvolver a coordenação motora, concentração e trazê-las ao momento presente. Adicionalmente, deixando-as mais relaxadas e calmas. E com a yoga sendo praticada regularmente, elas conseguem desenvolver variadas habilidades super importantes para a vida, como disciplina, capacidade de lidar com problemas, autoconfiança… 

Depois de tantos benefícios, que tal começar a praticar yoga com seu filho(a)?



Entrevistada

Silvia Perez é fundadora do Aloha Happy Kids. Nascida em Barcelona e agora morando em Malta, sempre achou que a educação deveria ser mais do que apenas conhecimento, mas sim uma nutrição da criança por inteiro. Por meio de práticas holísticas, yoga e um profundo respeito pela natureza, guia as crianças a crescerem com gentileza, confiança e um senso de maravilha.

Escrito por

Flávia Oliveira

Jornalista e Relações Públicas, formada em Mediadora de Conflitos, pelo Instituto Federal de Brasília, através da Tertúlia Literária Dialógica. Mãe de dois: Mia e Andrea, vivendo em Malta e sempre com uma passagem para o próximo destino a ser descoberto.

Brincar ao ar livre: O poder da natureza na infância

A infância é a fase principal para o ser humano descobrir o mundo e se desenvolver e a natureza é essencial nesta etapa, principalmente nos primeiros cinco anos de vida, aqueles anos fundamentais para desenvolvimento humano.

 

Então, neste artigo, iremos falar um pouco mais da importância da natureza na infância e te ajudar a incentivar a brincadeira na natureza e incentivar a conexão para promover um desenvolvimento saudável e feliz.

 

Volte à sua infância e agora tente lembrar dos momentos mais marcantes dela…

Quais foram eles?

Eu, particularmente, lembro do meu avô construindo uma casa de palha de coqueiro para mim, minha irmã e minhas primas. Lembro de ir explorar uma área que tinha no meu prédio que chamávamos de matagal, onde era cheia de jaqueiras enormes e a gente escorregava pela terra. A infância é isso, um momento mágico de descoberta e aventura, e a natureza é o palco perfeito para essa etapa da vida. 

 

Primeiros passos 

Desde os primeiros passos até as primeiras palavras, as crianças aprendem e crescem em contato com a natureza, descobrindo a textura da grama, o som dos animais, o cheiro das flores, entendendo sobre dias e chuva e dias de sol, sobre estações do ano E, junto a isso, elas desenvolvem habilidades importantes, como a curiosidade, a criatividade e a resiliência. 

A natureza representa em muitos aspectos o ambiente ideal para o desenvolvimento infantil: é cheia de estímulos que despertam a inteligência e exercitam os sentidos, oferece diferentes possibilidades de experimentação e movimento, favorece a convivência social, estimula o desenvolvimento de toda a personalidade no psicomotor, emocional, social e cognitivo e desperta equilíbrio e satisfação.

No entanto, em uma época em que a tecnologia e a urbanização estão cada vez mais presentes em nossas vidas, as crianças estão passando cada vez menos tempo ao ar livre. Isso pode ter consequências negativas para o seu desenvolvimento e bem-estar.

 

Afinal, quais são os benefícios da brincadeira na natureza?

 

Desenvolvimento motor

Desenvolver habilidades por meio dos movimentos que a natureza nos ajuda a fazer como saltar, correr, equilibrar, subir e descer. 

 
criança segurando caules verdes suja de lama
Criança conectada com a natureza (arquivo pessoal)

Aprendizado ao ar livre

Vivenciando fenômenos naturais e o ritmo das estações, as crianças aprendem coisas de forma mais natural do que nas escolas tradicionais, onde são aprendidas por meio dos livros, como ciência, biologia e ecologia de forma prática e interativa. A natureza também é um ambiente rico em estímulos que podem inspirar a criatividade das crianças.

 

Conexão com a natureza

A brincadeira na natureza ajuda as crianças a se conectar com o mundo natural e a desenvolver uma sensação de responsabilidade em relação ao meio ambiente. Sendo o próprio ambiente que educa por meio de experiências que as crianças fazem espontaneamente e independentemente.

 

Redução do estresse

A brincadeira na natureza pode ajudar a reduzir o estresse e a ansiedade nas crianças, pois a natureza tem um efeito calmante sobre elas. Perceba como seu filho dorme melhor quando passar a tarde brincando num parquinho cheio de árvores. 

 

Desenvolvimento cognitivo

A brincadeira na natureza pode ajudar as crianças a desenvolver habilidades cognitivas, como a resolução de problemas.

 

Estimulação social

As crianças aprendem a considerar umas às outras, a esperar, a ouvir umas às outras, a aceitar fraquezas e forças individuais e desenvolver muito rapidamente um forte sentimento de pertencimento ao grupo.

 

Abaixo, algumas dicas de como incentivar a brincadeira na natureza:

 

Encontre espaços naturais

Encontre parques, praças ou áreas verdes próximas à sua casa.

 

Exploração

As crianças adoram explorar, incentive isto! Deixe-as explorarem e descobrirem a natureza por contra própria. 


Jogue com as crianças

Jogue algum jogo na natureza e incentive-as a se divertirem.  

 

Picnic

Que tal um picnic ao ar livre, no parque da sua cidade, onde elas possam comer e brincar ao mesmo tempo? 

 

Jardim

Crie um jardim com as crianças, onde elas possam plantar e cuidar de suas próprias plantas.

 

Forneça equipamentos

Forneça às crianças equipamentos, como binóculos ou uma lupa, para ajudá-las a explorar a natureza.

 

Seja paciente

Para mim este é o principal: seja paciente e permita que as crianças explorem e descubram a natureza ao seu próprio ritmo. Na verdade, não precisamos fazer nada, apenas leva-las ao ar livre, esperar e ser um observador apenas. 

 

A brincadeira na natureza é fundamental para o desenvolvimento saudável e feliz das crianças. Além de proporcionar benefícios físicos e cognitivos, a brincadeira na natureza ajuda as crianças a se conectar com o mundo natural e a desenvolver uma consciência ambiental.

Incentive as crianças a brincar na natureza e ajude-as a desenvolver uma relação saudável e feliz com o mundo ao seu redor.

Clicando aqui você poderá conferir uma matéria com Stefania Masala, que desenvolveu em Malta o projeto “Living Mindful Education”, inspirado na Forest School, onde envolve uma experiência ao ar livre, senso de comunidade educacional e caminho de autoaprendizagem.

Escrito por

Flávia Oliveira

Jornalista e Relações Públicas, formada em Mediadora de Conflitos, pelo Instituto Federal de Brasília, através da Tertúlia Literária Dialógica. Mãe de dois: Mia e Andrea, vivendo em Malta e sempre com uma passagem para o próximo destino a ser descoberto.

Forest School: você conhece este termo? Confira a entrevista com Stefania Masala

A Escola Florestal (Forest School) é um modelo de educação infantil que busca conectar as crianças com a natureza, promovendo o aprendizado e o desenvolvimento por meio de atividades ao ar livre.

E, nesta entrevista, a italiana Stefania Masala, discorre um pouco mais sobre o conceito de Forest School e conta como decidiu criar a própria Forest School, em Malta, na Europa. 

Com origem na Dinamarca, na década de 1950, os princípios básicos da Forest School incluem: conexão com a natureza, aprendizado por meio da experiência, desenvolvimento da autonomia, foco na criatividade e na imaginação. E algumas das atividades são: exploração da natureza, com caminhadas, observação de plantas e animais, trabalhos manuais com materiais naturais, como madeira, pedra, jogos de equipe, brincadeiras de faz-de-conta, aprendizado de habilidades práticas, como fazer fogueira, por exemplo. 

 

De onde surgiu a ideia de iniciar o projeto de uma Forest School?

Desde que engravidei, tenho me interessado profundamente pelo mundo da infância, aprendendo sobre desenvolvimento infantil, psicologia, crescimento cognitivo, nutrição e alimentação saudável. Como uma aprendiz autodidata, li vários livros e explorei de forma independente vários aspectos da educação, gradualmente adotando uma abordagem respeitosa e uma criação gentil. Dois anos atrás, quando meu filho tinha cerca de três anos, decidi formalizar meu conhecimento matriculando-me na Academia de Podiagogia Viva, onde estudei mais tópicos como psicologia infantil, neurociência, educação ao ar livre, criação de filhos e educação emocional. E não me sentindo satisfeita com o sistema educacional tradicional, decidi criar minha própria escola na floresta. Junto com minha colega Kira Sullivan, combinei meu conhecimento para desenvolver uma experiência educacional que prioriza o respeito pelas crianças, a conexão com a natureza e um processo de aprendizagem enraizado na liberdade e experiências práticas. Hoje, este projeto é uma realidade que fazemos com paixão.

uma mulher de óculos e cabelo curto ao lado de uma mulher com um coque no cabelo
Kyra e Stefania, respectivamente, da Living Mindful Community, em Malta

Qual é o principal propósito da Forest School?

O propósito da Forest School é oferecer uma abordagem educacional alternativa ao sistema tradicional, permitindo que as crianças se conectem com a natureza diariamente e explorem suas necessidades intrínsecas. A natureza fornece todos os estímulos necessários para o desenvolvimento saudável da criança. Além disso, a abordagem educacional usada na Forest School é centrada na criança e sem julgamentos, honrando a individualidade de cada criança. Isso cria um ambiente de apoio onde as crianças se sentem livres para serem elas mesmas, promovendo autoconfiança e um forte senso de segurança.

 

Como é uma rotina típica em uma Forest School?

Não há uma rotina fixa em todas as Forest Schools, cada uma tem a sua. Muitas começam e terminam com um tempo de roda, mas descobrimos que, apesar de oferecê-lo várias vezes, as crianças não estavam interessadas. Em vez disso, escolhemos nos concentrar em algo de que realmente gostam. Embora seja verdade que as rotinas fornecem uma sensação de segurança ao criar previsibilidade, observamos que as crianças se movem pelo espaço com confiança e desenvolvem naturalmente suas próprias rotinas. Para nós, um momento-chave da rotina é a hora do lanche, quando muitas crianças escolhem sentar e comer juntas. A maior parte do tempo é dedicada à brincadeira livre, onde as crianças têm a liberdade de explorar, inventar e criar. Elas se envolvem em construção, brincadeiras imaginativas e dramatizações, desenvolvendo sua criatividade e habilidades de resolução de problemas. Ocasionalmente, oferecemos atividades guiadas, mas a participação fica inteiramente a cargo da criança. Uma característica definidora da Forest School é que a maioria das atividades é iniciada e liderada pelas crianças. Algumas são iniciadas pelas crianças, mas guiadas por adultos, enquanto poucas são iniciadas por adultos e lideradas pelas crianças. Muito poucas atividades são iniciadas e dirigidas por adultos, garantindo que as crianças permaneçam no centro de suas próprias experiências de aprendizagem.

 

Quais são os benefícios da Forest School para as crianças?

Pessoalmente, testemunhei um progresso incrível nas crianças. As mudanças mais significativas estão em sua autoconfiança e segurança. Esses pequenos indivíduos recebem espaço e tempo para desenvolver uma ampla gama de habilidades, guiados por educadores conscientes que os conduzem em uma jornada de aprendizagem autodirigida com uma abordagem sem julgamentos. Isso ajuda a criança a se sentir competente e, quando uma criança se sente assim, naturalmente promove um forte senso de autoestima e confiança. Outro aspecto crucial é a educação emocional. Nós nos concentramos muito nas emoções, frequentemente perguntando às crianças como elas se sentem. Isso lhes dá a oportunidade e o tempo para explorar suas emoções por meio da experiência direta, o que é um fator-chave para permitir o aprendizado real e promover a motivação intrínseca. Um elemento importante adicional é que a jornada de aprendizagem é autoguiada. Tentamos intervir o mínimo possível, permitindo que a criança permaneça conectada a si mesma, ouça suas próprias necessidades e navegue em seu caminho de aprendizagem pessoal por meio da experiência direta.

 

Como você lida com questões de segurança e risco em uma Forest School?

Um aspecto importante é o conceito de risco. Incentivamos atividades como subir em árvores, acender fogueiras, usar ferramentas reais de jardinagem e carpintaria e muito mais. Essas atividades ajudam a desenvolver habilidades como autoestima e confiança, pois as crianças têm espaço e oportunidade para explorar suas habilidades e se sentir competentes. Mantemos uma proporção de crianças por educador para garantir uma supervisão eficaz, permitindo que os educadores orientem as crianças em situações de risco com uma abordagem e linguagem conscientes e de apoio. Em vez de dizer “Tenha cuidado!”, perguntamos: “Você se sente seguro? Verifique seu equilíbrio. Olhe para seus pés.” Isso incentiva a criança a permanecer conectada consigo mesma, explorar seus limites e desenvolver as habilidades necessárias para lidar com riscos com segurança.

 

Qual é o futuro da Forest School?

Tenho muita esperança no futuro da Forest School, acreditando que é o único caminho para o desenvolvimento saudável de uma criança. Muitos países estão abrindo Forest Schools para restaurar o espaço natural para o crescimento das crianças, que está sendo gradualmente perdido. No entanto, ao mesmo tempo, estou preocupada, pois em alguns países há pouca conscientização sobre isso. Por exemplo, em Malta, somos a única Forest School verdadeira que segue seus princípios. É muito desafiador alcançar famílias que estejam cientes e dispostas a abraçar um caminho educacional diferente do tradicional, e questionar o que a sociedade tem oferecido até agora.

 

Como a Forest School se diferencia de outras abordagens educacionais?

A Forest School se diferencia do sistema educacional tradicional porque se concentra nas necessidades individuais de cada criança. Cada criança é única, com suas próprias necessidades pessoais que devem ser atendidas, e com uma proporção maior de criança para educador, temos a oportunidade de atender às necessidades de cada criança individualmente. É por isso que a proporção de criança para educador é muito maior do que nas escolas tradicionais. Além disso, cada criança segue um caminho de aprendizagem autodirigida, o que geralmente está ausente na educação tradicional, onde um método é aplicado a cada criança.

Outro aspecto muito importante é que não usamos recompensas ou punições. Em vez disso, nos concentramos em promover a motivação intrínseca, apoiada por uma linguagem positiva, sem oferecer recompensas ou consequências externas. Recompensas e punições, de fato, impedem que a criança desenvolva uma verdadeira motivação intrínseca, em vez disso, promovem a motivação externa com base em agradar aos outros ou confiar no julgamento externo. Acredito que a necessidade de aprovação externa é um aspecto profundamente preocupante da sociedade de hoje.

criança de jumper branco numa rampa de escorregar pikler
Criança na Forest School (arquivo pessoal)

Quais são os desafios mais comuns que as crianças enfrentam em uma Forest School?

Um dos maiores desafios para as crianças é aprender a administrar conflitos. Inicialmente, elas não estão acostumadas com a abordagem da Escola da Floresta, onde os educadores intervêm apenas em casos de perigo e agem como mediadores, fazendo perguntas para facilitar a comunicação em vez de fornecer soluções. Essa abordagem ajuda as crianças a desenvolver habilidades de resolução de conflitos e independência para lidar com desentendimentos e, consequentemente, desenvolver confiança e segurança. Administrar conflitos também pode ser um desafio para os educadores, pois cada criança e situação são diferentes. Não há regras fixas, apenas uma abordagem orientadora em que o educador deve reconhecer quando os conflitos desencadeiam suas próprias respostas emocionais e manter a neutralidade sem rotular a criança como vítima ou agressora. Ao vivenciar o conflito, as crianças têm a oportunidade de se envolver totalmente com suas emoções, desenvolver autoconsciência, construir empatia pelos outros e aprender a navegar em situações sociais difíceis. No entanto, muitas crianças não estão acostumadas a isso porque, nas famílias e nos sistemas educacionais tradicionais, os conflitos são frequentemente silenciados. Os adultos, influenciados por padrões geracionais, tendem a suprimir o conflito e as emoções que o acompanham, sentindo desconforto e inadequação. Como resultado, as crianças geralmente não têm permissão para discutir ou expressar desacordo. No entanto, o conflito é uma parte natural e saudável dos relacionamentos humanos. Um educador consciente orienta as crianças em desacordos, fazendo perguntas e ajudando-as a expressar seus sentimentos, facilitando a resolução sem intervenção desnecessária, a menos que haja uma preocupação com a segurança.

 

Como a Forest School ajuda as crianças a desenvolver habilidades sociais e emocionais?

Na Forest School, as crianças vivenciam emoções e aprendem a administrar conflitos em primeira mão, com intervenção mínima dos educadores, a menos que haja uma preocupação com a segurança ou que tenham dificuldade para chegar a um acordo ou se comunicar de forma eficaz. Por meio de relacionamentos, conflitos, brincadeiras livres e dramatizações, as crianças desenvolvem naturalmente habilidades sociais e emocionais. Ao representar diferentes situações, elas processam emoções e ganham uma compreensão mais profunda de si mesmas e dos outros. Durante as brincadeiras livres e os conflitos, as crianças também desenvolvem empatia, uma qualidade reforçada por educadores que validam cada emoção, ao mesmo tempo em que estabelecem limites claros se um comportamento for considerado inseguro.

O papel do educador é fazer perguntas orientadoras que facilitem o desenvolvimento de habilidades sociais e emocionais, como:

• Como você se sente?

• Como você acha que ele/ela se sente?

• Como você se sentiria se ele/ela fizesse com você o que você acabou de fazer com ele/ela?

• Vejo que você está lutando para encontrar uma solução. O que você sugere?

Ao se envolver repetidamente nesse tipo de diálogo, as crianças internalizam um sistema de comunicação que gradualmente começam a usar de forma independente. No entanto, esse processo leva tempo, e é por isso que os programas da Forest School são frequentemente projetados como projetos de longo prazo. Além disso, enquanto os educadores introduzem atividades focadas na educação emocional, a experiência direta é a chave para o aprendizado real. É por isso que a brincadeira livre tem tanto espaço, ela permite que as crianças encontrem e naveguem naturalmente pelas emoções, relacionamentos e conflitos de forma significativa.

 

Qual é o papel dos professores e monitores em uma Forest School?

O papel de um educador deve ser o de um guia e mediador. A intervenção, tanto na brincadeira quanto nos conflitos, deve ser reduzida ao mínimo, permitindo que as crianças desenvolvam totalmente seu potencial sem influência externa. A abordagem de um educador deve ser sem julgamentos, o que significa que ele nunca deve julgar crianças ou situações. Cada criança é aceita como é, com suas emoções sempre validadas e orientação gentil fornecida quando enfrentam desafios. Em conflitos, não há agressores ou vítimas. Um educador deve ir além de seu senso pessoal de justiça, que é moldado por suas próprias experiências de vida. Sua perspectiva nunca deve influenciar seu relacionamento com a criança ou como os conflitos são tratados, pois cada criança é um indivíduo único com sua própria história pessoal. Em última análise, o papel do educador é apoiar e orientar cada criança para se tornar a melhor versão de si mesma.

 

Como os pais e responsáveis podem se envolver na educação de seus filhos em uma Forest School?

Todos os pais ou cuidadores devem estar ativamente envolvidos na educação de uma criança. Inicialmente, permitimos que os pais participassem do projeto junto com seus filhos. No entanto, com o tempo, introduzimos um período de transição e, por fim, decidimos que os pais não estariam presentes durante o horário do projeto. Há várias razões para essa decisão. Primeiro, observamos que a dinâmica entre as crianças muda significativamente quando um dos pais está presente. A criança tende a centralizar sua atenção no pai, muitas vezes criando interrupções no espaço. Em contraste, quando os pais não estão presentes, as crianças naturalmente se voltam para os educadores, promovendo um senso mais forte de coesão e harmonia do grupo. Além disso, notamos que muitos pais não aplicam a abordagem da Forest School descrita nos pontos anteriores. Isso pode interferir na transformação educacional que pretendemos fornecer. Os educadores passam por um trabalho pessoal significativo para confrontar suas próprias histórias e adotar uma abordagem sem julgamentos, orientadora e mediadora com intervenção mínima. Os pais não são obrigados a passar por esse processo, embora seja fortemente encorajado para aqueles que buscam uma abordagem diferente para a criação dos filhos e a educação. Para dar suporte a isso, oferecemos workshops para pais a cada 6–8 semanas, onde compartilhamos insights sobre o desenvolvimento infantil e os benefícios da nossa abordagem educacional. A comunicação aberta entre educadores e pais também é essencial, garantindo um entendimento compartilhado da jornada educacional de cada criança. Os princípios aplicados na Forest School devem, idealmente, se estender ao ambiente doméstico para fornecer às crianças uma experiência educacional consistente e coerente. Manter a continuidade entre a escola e o lar é crucial para o desenvolvimento da criança.

Entrevistada

Quando se descobriu grávida mergulhou nos estudos sobre o mundo da infância. Leu diversos livros e explorou de forma independente vários aspectos da educação. E resolveu criar a própria Forest School dela em Malta, juntamente com Kyra Sullivan (ao lado esquerdo), chamado Living Mindful Community.

Escrito por

Flávia Oliveira

Jornalista e Relações Públicas, formada em Mediadora de Conflitos, pelo Instituto Federal de Brasília, através da Tertúlia Literária Dialógica. Mãe de dois: Mia e Andrea, vivendo em Malta e sempre com uma passagem para o próximo destino a ser descoberto.

Forest School: do you know this term? Look this interview with Stefania Masala

Forest School is a model of early childhood education that seeks to connect children with nature, promoting learning and development through outdoor activities.

Originating in Denmark in the 1950s, the basic principles of Forest School include: connection with nature, learning through experience, developing autonomy, and focusing on creativity and imagination. Some of the activities include: exploring nature, with walks, observing plants and animals, crafts with natural materials such as wood and stone, team games, pretend play, and learning practical skills such as making a fire.

In the interview below, the italian Stefania Masala talks a little more about the concept of Forest School and explains how she decided to create her own Forest School in Malta.

1- Where did the idea of ​​starting a Forest School project come from?

Ever since I became pregnant, I have been deeply interested in the world of childhood, learning about child development, psychology, cognitive growth, nutrition, and healthy eating. As a self-taught learner, I read several books and independently explored various aspects of parenting, gradually adopting a respectful approach and gentle parenting. Two years ago, when my son was about three years old, I decided to formalize my knowledge by enrolling in the Living Podiatry Academy, where I studied further topics such as child psychology, neuroscience, outdoor education, parenting and emotional education. And not feeling satisfied with the traditional educational system, I decided to create my own school in the forest. Together with my colleague Kira Sullivan, I combined my knowledge to develop an educational experience that prioritizes respect for children, connection with nature and a learning process rooted in freedom and hands-on experiences. Today, this project is a reality that we do with passion.

uma mulher de óculos e cabelo curto ao lado de uma mulher com um coque no cabelo
Kyra and Stefania, respectively, from the Living Mindful Community in Malta.

2- What is the main purpose of Forest School?

The purpose of Forest School is to offer an alternative educational approach to the traditional system, allowing children to connect with nature on a daily basis and explore their intrinsic needs. Nature provides all the stimuli necessary for a child’s healthy development. Furthermore, the educational approach used at Forest School is child-centered and non-judgmental, honoring each child’s individuality. This creates a supportive environment where children feel free to be themselves, fostering self-confidence and a strong sense of security.

3- What is a typical routine like at a Forest School?

There is no set routine at all Forest Schools, each one has its own. Many start and end with circle time, but we found that despite offering it several times, the children were not interested. Instead, we chose to focus on something they really enjoy. While it is true that routines provide a sense of security by creating predictability, we see that children move around the space confidently and naturally develop their own routines. For us, a key moment in the routine is snack time, when many children choose to sit and eat together. Much of the time is dedicated to free play, where children are free to explore, invent and create. They engage in construction, imaginative play and role-play, developing their creativity and problem-solving skills. Occasionally, we offer guided activities, but participation is entirely up to the child. A defining feature of Forest School is that most activities are child-initiated and child-led. Some are child-initiated but adult-led, while a few are adult-initiated and child-led. Very few activities are adult-initiated and child-led, ensuring that children remain at the centre of their own learning experiences.

4- What are the benefits of Forest School for children?

Personally, I have witnessed incredible progress in the children. The most significant changes are in their self-confidence and security. These young individuals are given the space and time to develop a wide range of skills, guided by caring educators who lead them on a self-directed learning journey with a non-judgmental approach. This helps the child feel competent and when a child feels this way, it naturally fosters a strong sense of self-esteem and confidence. Another crucial aspect is emotional education. We focus a lot on emotions, frequently asking children how they feel. This gives them the opportunity and time to explore their emotions through direct experience, which is a key factor in enabling real learning and fostering intrinsic motivation. An additional important element is that the learning journey is self-guided. We try to intervene as little as possible, allowing the child to stay connected to themselves, listen to their own needs and navigate their personal learning path through direct experience.

5- How do you deal with safety and risk issues in a Forest School?

An important aspect is the concept of risk. We encourage activities such as climbing trees, lighting fires, using real gardening and carpentry tools and more. These activities help develop skills such as self-esteem and confidence, as children are given the space and opportunity to explore their abilities and feel competent. We maintain a child-to-teacher ratio to ensure effective supervision, allowing teachers to guide children through risky situations with an informed and supportive approach and language. Instead of saying “Be careful!”, we ask: “Do you feel safe? Check your balance. Look at your feet.” This encourages the child to stay connected to themselves, explore their limits and develop the skills needed to deal with risks safely.

6- What is the future of Forest School?

I have great hope for the future of Forest School, believing that it is the only way for a child to develop healthily. Many countries are opening Forest Schools to restore the natural space for children to grow, which is gradually being lost. However, at the same time, I am concerned that in some countries there is little awareness about this. For example, in Malta, we are the only true Forest School that follows its principles. It is very challenging to reach families who are aware and willing to embrace an educational path that is different from the traditional one, and to question what society has offered until now.

7- How does Forest School differ from other educational approaches?

Forest School differs from the traditional educational system because it focuses on the individual needs of each child. Each child is unique, with their own personal needs that must be met, and with a higher child-to-teacher ratio, we have the opportunity to meet the needs of each child individually. This is why the child-to-teacher ratio is much higher than in traditional schools. Furthermore, each child follows a self-directed learning path, which is often absent in traditional education, where one method is applied to each child.
Another very important aspect is that we do not use rewards or punishments. Instead, we focus on promoting intrinsic motivation, supported by positive language, without offering external rewards or consequences. Rewards and punishments, in fact, prevent the child from developing true intrinsic motivation, instead, they promote external motivation based on pleasing others or relying on external judgment. I believe that the need for external approval is a deeply troubling aspect of today’s society.

criança de jumper branco numa rampa de escorregar pikler
Child at Forest School (personal archive)

8- What are the most common challenges that children face in a Forest School?

One of the biggest challenges for children is learning to manage conflict. Initially, they are not used to the Forest School approach, where educators intervene only in cases of danger and act as mediators, asking questions to facilitate communication rather than providing solutions. This approach helps children develop conflict resolution skills and independence to deal with disagreements and, consequently, develop confidence and security. Managing conflict can also be a challenge for educators, as each child and situation is different. There are no fixed rules, only a guiding approach in which the educator must recognize when conflicts trigger their own emotional responses and maintain neutrality without labeling the child as a victim or aggressor. By experiencing conflict, children have the opportunity to fully engage with their emotions, develop self-awareness, build empathy for others and learn to navigate difficult social situations. However, many children are not used to this because in traditional families and educational systems, conflicts are often silenced. Adults, influenced by generational patterns, tend to suppress conflict and the emotions that accompany it, feeling uncomfortable and inadequate. As a result, children are often not allowed to discuss or express disagreement. However, conflict is a natural and healthy part of human relationships. A conscientious educator guides children through disagreements, asking questions and helping them express their feelings, facilitating resolution without unnecessary intervention, unless there is a safety concern.

9- How does Forest School help children develop social and emotional skills?

At Forest School, children experience emotions and learn to manage conflicts firsthand, with minimal intervention from educators, unless there is a safety concern or they have difficulty reaching an agreement or communicating effectively. Through relationships, conflict, free play and role-play, children naturally develop social and emotional skills. By acting out different situations, children process emotions and gain a deeper understanding of themselves and others. During free play and conflict, children also develop empathy, a quality reinforced by educators who validate each emotion while setting clear limits if behavior is considered unsafe. The educator’s role is to ask guiding questions that facilitate the development of social and emotional skills, such as:

  • How do you feel?
  • How do you think he/she feels?
  • How would you feel if he/she did to you what you just did to him/her?
  • I see that you are struggling to find a solution. What do you suggest?

By repeatedly engaging in this type of dialogue, children internalize a system of communication that they gradually begin to use independently. However, this process takes time, which is why Forest School programs are often designed as long-term projects. Furthermore, while educators introduce activities focused on emotional education, direct experience is the key to real learning. This is why free play has so much space, it allows children to naturally encounter and navigate emotions, relationships and conflicts in a meaningful way.

10- What is the role of teachers and monitors in a Forest School?

The role of an educator should be that of a guide and mediator. Intervention, both in play and in conflicts, should be kept to a minimum, allowing children to develop their full potential without external influence. An educator’s approach should be non-judgmental, meaning that they should never judge children or situations. Each child is accepted as they are, with their emotions always validated and gentle guidance provided when they face challenges. In conflicts, there are no aggressors or victims. An educator should go beyond their personal sense of fairness, which is shaped by their own life experiences. Their perspective should never influence their relationship with the child or how conflicts are handled, as each child is a unique individual with their own personal story. Ultimately, the role of the educator is to support and guide each child to become the best version of themselves.

11- How can parents and caregivers be involved in their children’s education in a Forest School?

All parents or caregivers must be actively involved in a child’s education. Initially, we allowed parents to participate in the project alongside their children. However, over time, we introduced a transition period and eventually decided that parents would not be present during the project time. There are several reasons for this decision. First, we observed that the dynamics between children change significantly when a parent is present. The child tends to center his or her attention on the parent, often creating disruptions in the space. In contrast, when the parents are not present, children naturally turn to the educators, fostering a stronger sense of group cohesion and harmony. Furthermore, we noticed that many parents do not apply the Forest School approach described in the previous points. This can interfere with the educational transformation that we aim to provide. Educators go through significant personal work to confront their own stories and adopt a non-judgmental, guiding and mediating approach with minimal intervention. Parents are not required to go through this process, although it is strongly encouraged for those seeking a different approach to parenting and education. To support this, we offer parent workshops every 6–8 weeks, where we share insights into child development and the benefits of our educational approach. Open communication between educators and parents is also essential, ensuring a shared understanding of each child’s educational journey. The principles applied at Forest School should ideally extend into the home environment to provide children with a consistent and coherent educational experience. Maintaining continuity between school and home is crucial to a child’s development.

Entrevistada

When she discovered she was pregnant, she immersed herself in studying the world of childhood. She read several books and independently explored various aspects of education. She decided to create her own Forest School in Malta together with Kyra Sullivan called Living Mindful Community Malta.

Escrito por

Flávia Oliveira

Journalist and Public Relations, graduated in Conflict Mediation, from the Federal Institute of Brasília, through Tertúlia Literária Dialógica. Mother of two: Mia and Andrea, living in Malta and always with a ticket to the next destination to be discovered.