Como Proteger Crianças na Internet: Dicas e Cuidados

Nossos filhos crescem em um mundo conectado, cheio de possibilidades, mas também de riscos. Conversamos com uma especialista para entender como proteger as crianças na internet, equilibrando diálogo, educação digital e ferramentas como o Kaspersky Safe Kids.

A internet faz parte da rotina das nossas crianças — seja para estudar, brincar ou se conectar. Mas, com tantas possibilidades, surgem também muitos riscos que tiram o nosso sono com os conteúdos impróprios, ciberbullying, golpes disfarçados de joguinhos, além do medo de que eles conversem com quem não deveriam.

E, no meio de tudo isso, fica aquela pergunta que não sai da cabeça: como proteger nossos filhos nesse mundo digital que parece não ter limites? Até onde vai o equilíbrio entre dar autonomia e garantir a segurança?

Nessa conversa, que é quase um bate-papo entre mães, buscamos entender melhor esses desafios e, principalmente, como podemos lidar com eles de forma prática e leve.

Aqui no My Baby Care, acreditamos que informação de qualidade faz toda a diferença na criação dos nossos filhos. Por isso, convidamos a Mãe de 3, Gislaine Nogueira, Especialista em Prevenção a Fraudes com mais de 20 anos de experiência, para responder às dúvidas que toda mãe tem — inclusive eu! — sobre os riscos on-line.

Ela nos ajuda com recomendações sobre como dar limites, respeitar e cuidar da privacidade dos pequenos e ainda nos orienta como criar crianças mais seguras, conscientes e preparadas para esse mundo digital que só cresce.

Neste artigo, encontramos conselhos para as seguintes questões:

  • Existe uma idade ideal para começar a usar celular ou redes sociais?

  • O que caracteriza um conteúdo impróprio para crianças, mesmo que pareça “inofensivo”?

  • Qual a melhor forma de estabelecer limites saudáveis de tempo de tela?

     

 

Segurança e Riscos Digitais

Quais são os principais perigos que as crianças enfrentam na internet atualmente?

Embora seja amplamente discutido, o uso da internet por crianças é um tema delicado. Isto porque esses pequenos estão expostos a diversos riscos, como:

  • Exposição a conteúdos impróprios (violência, sexualização, discursos de ódio);
  • Contato com estranhos, aliciamento e grooming (quando um adulto ganha a confiança da criança com o objetivo de abusar ou explorá-la);
  • Ciberbullying (bullying em ambiente digital);
  • Vazamento de dados pessoais (que podem ser usados em golpes);
  • Golpes disfarçados de jogos ou promoções.

 

Existe uma idade ideal para começar a usar celular ou redes sociais?

Essa é uma das perguntas mais feitas pelos pais cuja resposta é mais complexa do que parece, pois não há uma regra fixa, o mais importante é avaliar a maturidade da criança e a disponibilidade dos responsáveis para realizar o controle.

As redes sociais já trazem indicações de idade mínima, e, na prática, quanto mais esse uso puder ser adiado, menores os riscos. Caso os pais decidam permitir, o uso deve ser acompanhado de regras bem definidas e controle rigoroso.

Mãe negra e filho sorrindo enquanto usam um tablet juntos na cozinha, com suco e frutas sobre a mesa.
Image by Drazen Zigic in FreePik

Regras e limites

Qual a melhor forma de estabelecer limites saudáveis de tempo de tela?

O mais importante é definir regras claras e cumpri-las com consistência. Aplicativos de controle parental ajudam bastante nesse processo, pois permitem configurar limites por faixa etária e tipo de conteúdo, além de estabelecer uma rotina saudável para o uso.

Como abordar o assunto de privacidade e exposição on-line com crianças pequenas?

Com as crianças pequenas, o ideal é usar materiais lúdicos, livros infantis e exemplos simples do dia a dia. Dá para criar histórias ou jogos em família que mostrem, de forma leve, porque é importante não compartilhar certas informações ou imagens na internet.

O que caracteriza um conteúdo impróprio para crianças, mesmo que pareça “inofensivo”?

Como muitos de nós já vimos casos que terminaram em tragédia nos últimos meses, precisamos ficar alerta sobre os desafios virais e conteúdos gerados por inteligência artificial que incentivam comportamentos de risco, pois esses tipos de conteúdo estão entre os mais perigosos.

Além de tomar cuidado com esse tipo de risco, é preciso atenção com conteúdos que reforçam estereótipos e padrões de beleza — muitas vezes disfarçados de entretenimento — pois podem influenciar negativamente a autoestima e percepção das crianças sobre si mesmas.

Comportamento infantil

Como o uso exagerado de telas afeta o desenvolvimento emocional e cognitivo?

Conforme os especialistas em saúde mental infantil e de áreas correlatas alertam, o uso excessivo de telas pode impactar negativamente o desenvolvimento, trazendo efeitos como:

  • Dificuldade de socialização ou isolamento;
  • Redução da empatia;
  • Intolerância à frustração;
  • Dificuldade para lidar com emoções.

Quais sinais de alerta os pais devem observar no comportamento on-line dos filhos?

É importante destacar alguns dos comportamentos mais comuns:

Mudanças de humor, agressividade ou irritação após o uso de telas são sinais importantes. Também vale observar o hábito de se isolar para usar dispositivos, evitar conversas sobre o que estão vendo ou com quem estão falando, ou ainda fechar portas e esconder o conteúdo consumido.

Monitoramento e diálogo

Monitorar o que a criança faz on-line é invasivo ou necessário?

É necessário. Os adultos têm a responsabilidade de proteger as crianças — e isso inclui o ambiente digital. O ideal é explicar esse monitoramento como parte do cuidado e proteção. Além disso, é fundamental orientar, conversar e educar a criança sobre os riscos e como se proteger.

Como equilibrar segurança e confiança no ambiente digital familiar?

A base está no diálogo. Quando os pais se interessam pelos assuntos das crianças, ouvem e compartilham experiências, criam um ambiente de confiança.

Trazer exemplos reais pode ajudar a tornar as conversas mais próximas e naturais.

Tela de login do controlo parental Kaspersky Safe Kids em diferentes dispositivos, permitindo aos pais proteger o acesso aos desenhos animados e outros conteúdos online.

Ferramentas e soluções

O que você acha de ferramentas como o Kaspersky Safe Kids? Elas realmente funcionam?

Ferramentas como o Kaspersky Safe Kids são boas aliadas. Elas ajudam a:

  • Aplicar os limites combinados;
  • Restringir conteúdos;
  • Definir horários de uso;
  • Acompanhar a localização da criança.

Mas elas não substituem o papel dos adultos, que é orientar, monitorar e participar ativamente. Confira mais conteúdos sobre essa e outras ferramentas de segurança na internet aqui.

Como a tecnologia pode ser uma aliada dos pais na proteção digital?

Hoje, muitas plataformas voltadas ao público infantil já incluem recursos de segurança. A tecnologia também ajuda com conteúdos educativos, lives, materiais para a família e até eventos de conscientização. 

O importante é que os pais estejam atentos e façam uso dessas ferramentas de forma ativa.

Mulher sentada no meio de uma escada externa, com corrimãos vermelhos. Ela tem cabelos longos com tranças, usa suéter cinza, cachecol escuro, calça jeans e botas pretas. Está sorrindo, com as mãos apoiadas nos joelhos. Ao fundo, céu azul e parte de um prédio de tijolos aparentes.

Especialista em Prevenção a Fraudes

Mãe de 3! Especialista em Prevenção a Fraudes com mais de 20 anos de experiência em grandes empresas dos setores financeiro e de tecnologia. Atualmente, atua como Head de Prevenção a Fraudes na Ipiranga, é coautora do livro “Quebrando os Limites”, Top Voice no LinkedIn e uma das lideranças do grupo Risk Women Brasil. Apaixonada por compartilhar conhecimento, também é mentora de carreira e liderança, criadora de trilhas de aprendizado e incentivadora de comunidades diversas no combate às fraudes.

Mulher negra sorrindo com cabelos cacheados e blusa com detalhes branco e amarelo

Escrito por

Gabriela Sucupira

Redatora bilíngue de língua inglesa, Especialista em Marketing pela USP/Esalq e bacharel em Letras pela UFRJ. Carioca, mãe da Rebeca, Consultora Textual e de Personal Branding para o Linkedin.

Surf para Crianças: Benefícios e Dicas de aulas em Portugal

Pensando em tentar uma atividade física diferente para seus filhos em Portugal? Que tal uma aula experimental de surf? A Carcavelos Surf School reúne aulas, segurança e dicas para praticar esse esporte marítimo. 

Quando falamos de surf, imaginamos um surfista deslizando sobre as ondas do mar com uma prancha, realizando diversas manobras. Aproveitando que nas épocas mais quentes muitas famílias viajam para o litoral, as aulas de surf para crianças podem ser o que seus filhos estão precisando.

Os especialistas explicam que as aulas de surf para crianças têm os seguintes benefícios:

  • físicos: melhora o condicionamento físico; desenvolvimento da força, o equilíbrio e a flexibilidade; fortalecimento da musculatura; melhora da resistência cardiovascular e desenvolvimento da coordenação motora.
  • sociais: promove a socialização; ajuda a fazer novos amigos, incentiva a interação com instrutores e colegas.
  • emocionais: ajuda a construir confiança, a desenvolver o domínio próprio e a disciplina.
  • ambientais: desenvolve uma relação de respeito e admiração pelo mar, o respeito e o cuidado pelo meio ambiente; promove a compreensão sobre a importância de preservar o mar e de se adaptar às suas mudanças.

Para as famílias que costumam aproveitar o verão em Portugal, a praia de Carcavelos é uma excelente pedida e sede da Carcavelos surf school.

A escola foi criada em 2001, conforme nos explica Pedro Elias, o Surf Manager da escola, com mais de 20 anos experiência no mundo do surf, dos quais 8 dedicados às competições ao redor do mundo.

Qual sua relação com o surf durante a vida?

O surf sempre fez parte, desde muito cedo da minha vida. Enquanto estudava, os meus amigos mais tarde iam para o café e iam brincar, iam jogar futebol. Eu já ia para a praia e depois, mais tarde, eles iam para o café e eu ia para a praia.

Ou seja, o esporte esteve sempre na minha vida e depois entrou a parte competitiva. Aos fins de semana, tinha sempre campeonatos ou eu treinava.

Posso citar alguns títulos alcançados ao longo dos anos:

  • Top 16 no Circuito Nacional;
  • Top 8 no Circuito Europeu Profissional (3º lugar em Hossegor – França);
  • 2 Títulos de Campeão na Taça de Portugal;
  • Campeão Nacional Universitário;
  • Títulos de Campeão nos clubes: Carcavelos (APSSOC), Costa da Caparica (ASCC), Praia Grande (ASLS), Fonte da Telha (CFT), Sesimbra (SCS).

Depois a escola começou como um hobby, ou seja, eu acabei por tirar o curso de gestão de marketing e comecei a trabalhar e aos fins de semana tinha a escola de surf.

Só que depois começou a haver muito, muito trabalho e deixei a minha parte profissional para me dedicar a 100% à escola de surf. E pronto, já estou 100% com a escola há mais de 15 anos.

A escola tem 24 anos, mas a sério a viver só da escola praticamente 15 anos. Por isso o surf sempre fez parte da minha vida até hoje. Claro que os papéis vão mudando.

Começou como sendo praticante, competidor, treinador e hoje em dia como gestor desportivo. Ou seja, hoje já não dou aulas, tenho uma equipa de professores e sou o gestor da escola de surf.

Como nasceu a ideia de montar a escola de surf?

A escola foi a primeira da praia de Carcavelos. Aqui, o restaurante ao lado, o Windsurf Café, quando apareceu, teve a ideia de ter uma escola de surf. E na altura, convidaram o campeão de surf aqui do clube de Carcavelos, que é meu sócio, Pedro Soares.

Naquela época, eu era campeão de bodyboard, mas o meu sócio disse a eles que só se abriria a escola, se eu fosse com ele. E então, basicamente estava o campeão de surf de bodyboard na primeira escola de surf em Carcavelos.

Juntámo-nos e até hoje somos sócios e amigos. Sempre fomos amigos, íamos para a praia e campeonatos juntos. E foi assim que surgiu, em 2001, há 24 anos a nossa empresa.

Quais serviços específicos a Surf School oferece para crianças e famílias além das aulas de surf?

Nós, na realidade,estamos muito focados só nas aulas de surf. A única coisa que temos sem ser aulas de surf, são aulas de yoga, que são mais direcionadas para adultos.

Loja de madeira e detalhes brancos com um quadro com a imagem do mar com ondas na laterar

Como a escola adapta suas aulas de surf para crianças com diferentes níveis de habilidade?

Em relação às aulas de surf para crianças, nós temos aulas de iniciação, para aquelas que nunca surfaram.

Também temos um grupo que vem durante a semana, que já são aulas de aperfeiçoamento. São miúdos que já sabem ler o mar e conhecem s técnicas básicas do surf e têm uma técnica e uma forma de estar no mar.

Completamente diferente dos miúdos, que vêm experimentar pela primeira vez ou as suas primeiras dez 15 aulas, em que ainda estão a aprender o básico do surf.

A escola oferece programas de surf para crianças durante as férias escolares ou eventos especiais?

Para além das aulas normais, temos as festas de aniversário e nas férias temos os campos de férias. Nós chamamos os ATL, onde os miúdos ficam a semana inteira conosco, de segunda a sexta, das 09h00 às 18h00, onde é possível fazer duas aulas por dia.

Têm palestras durante a hora de almoço, depois da refeição, aquela parte da digestão. Aproveitamos sempre para falar um bocadinho da parte teórica do surf:

  • como avaliar o mar;
  • detalhes sobre o equipamento e as técnicas,
  • ideias sobre o meio ambiente: como podemos não poluir o mar e que medidas que podemos para a nossa pegada ser menor.

Pronto, tentamos passar esses valores aos nossos miúdos.

Criança pequena loira com blusa amarela sob uma prancha com o auxilio de um instrutor de uniforme preto

Qual é a estrutura de ensino da escola? Os instrutores são todos certificados?

Na nossa escola, os professores têm que ser todos certificados pela Federação Portuguesa de Surf, um curso de seis meses e mais seis meses de estágio. Ou seja, somos obrigados a ter professores certificados. Para além da escola também ser certificada.

Como a Surf School promove a interação social entre os alunos durante as aulas?

Em relação a promover a interação social. É engraçado que nós quase não fazemos nada, porque devido ao ambiente tão descontraído estar na praia e no mar, as pessoas acabam por quebrar muito facilmente o gelo, ou seja, começam facilmente a falar umas com as outras. Tanto adultos como crianças.

Que tipos de pacotes ou planos familiares a escola oferece para tornar as aulas de surf para crianças acessíveis?

Nós temos pacotes de aulas e quanto maior o pacote, ou seja, quanto mais aulas tiver o pacote, mais barato fica o valor da aula. Ou seja, temos pacotes de 04, 08 e 12 aulas.

A escola tem alguma parceria com escolas locais ou programas de educação para integrar o surf na rotina escolar das crianças?

Em relação ao desporto escolar. Olha, infelizmente aqui em Portugal o Estado contribui muito pouco e quase significativo. Ou seja, financeiramente eles não contribuem com para aulas, para desporto escolar.

No entanto, nós temos muitas parcerias com escolas e universidades onde fazemos um bom desconto para os seus estudantes.

Quais são os melhores períodos do ano para iniciar as aulas de surf em Portugal e por quê?

A melhor altura para começar, eu diria, a partir de abril, maio até outubro, porque é a altura que as ondas estão mais tranquilas e o tempo também está mais quente.

E a pior altura, eu diria que é entre novembro e fevereiro, que é quando as ondulações estão maiores, a água está mais fria, há mais correntes e o frio também não ajuda. É uma das condicionantes também aqui para as pessoas poderem iniciar uma atividade e não desistirem rapidamente.

Quatro crianças entrando andando no pé e uma menor nos braços do instrutor
Aula com Instrutor da Carcavelos Surf School

Como a Surf School garante a qualidade do ensino e o progresso contínuo das crianças ao longo das aulas?

Em relação à qualidade das aulas e à progressão das crianças. Bem, isso depende dos professores. Ou seja, nós somos muito rigorosos no recrutamento e seleção dos nossos professores, porque isto, como é um serviço, são. Isto é uma prestação de serviço, não é as aulas de surf.

A grande diferença para as outras escolas de surf são os nossos professores, ou seja, a experiência e o know how que eles têm e que vai fazer para além das suas competências pessoais. Essa é que é a grande diferença para as outras escolas e os professores.

Por isso nós temos traçado o nosso plano de progressão, ou seja, que etapas é que um miúdo tem que passar até chegar a ser um bom surfista? Temos isto tudo delineado.

Quando um professor chega à escola, nós temos reuniões para mostrar quais são as primeiras etapas. Depois dessas, quais são as próximas, sempre com progressões, para haver uma evolução rápida e segura do aluno.

A escola oferece algum tipo de acompanhamento psicológico ou emocional para as crianças que praticam surf?

Em relação ao acompanhamento psicológico não temos. Não trabalhamos com psicólogos. No entanto, é engraçado porque temos muitas crianças que vêm recomendadas por psicólogos, porque o surf está estudado que aumenta muito a autoestima nas crianças e temos muitas recomendações de vários psicólogos para a nossa escola de surf.

Olhe, eu desconhecia e acabei por saber porque há sempre duas perguntas que faço aos meus clientes: o que eles pretendem? E como foram até ali? Ou seja, se foram recomendados por alguém? Onde é que viram a escola?

E muitos pais dizem que foi o psicólogo. Também temos otorrinos para crianças que têm sinusite ou rinite, porque a água do mar também faz muito bem a eles. Por isso não temos acompanhamento psicológico. Mas temos muitos psicólogos que nos enviam crianças à procura de melhorar, melhorar a autoestima das crianças.

Se estiver de férias em Portugal com seus filhos, faça uma visita a Carcavelos Surf School e aproveitem!

Procurando por outras atividades físicas para as crianças, confira nosso artigo sobre Jiu-jitsu em nosso site.

Surf Manager

Pedro Elias

Licenciado em Gestão de Marketing no Instituo Português de Administração e Marketing, Pós-graduado em Surf pela Faculdade de Motricidade Humana. Possui o curso de Treinador Nível 3 da Federação Portuguesa de Surf, Diploma de Nadador Salvador e de Primeiros Socorros, atleta com mais de 20 anos de experiência. Para mais informações, acesse seu perfil no LinkedIn@carcavelossurfschool 

Mulher negra sorrindo com cabelo cacheado e batom vinho, vestindo blusa amarela

Escrito por

Gabriela Sucupira

Redatora bilíngue, bacharel em Letras pela UFRJ e Especialista em Marketing pela USP/Esalq. Carioca, mãe da Rebeca e consultora textual para o Linkedin.

Parte II: Dicas de Arquiteta para deixar sua casa mais segura para os bebês.

Confira a Parte II da entrevista com a arquiteta portuguesa Marta Calvinho, que mora em Lisboa há 4 anos, formada na Universidade Lusíada de Lisboa e no Art Institute of Chicago, que é dona do seu próprio negócio desde 2021.

Sempre que pensamos em planejamento familiar, é necessário listar todos os recursos disponíveis e tudo que precisa de alguma modificação para deixar a chegada da criança mais tranquila e organizada, especialmente, sobre os cômodos da casa.

Dentre as coisas que precisam estar bem definidas, estão as adaptações e pequenos consertos na casa a fim de deixar sua infraestrutura e áreas de circulação mais seguras e transitáveis.

A casa precisa de melhorias na rede elétrica para suportar novos aparelhos, como aquecedores ou babás eletrônicas?

Apartamento antigo: no nosso apartamento antigo, tínhamos uma instalação elétrica obsoleta que não aguentava vários aquecedores ligados simultaneamente.

Para quem vive em edifícios antigos, é essencial verificar o quadro elétrico e a cablagem antes de adquirir novos equipamentos (babás eletrónicas, esterilizadores, aquecedores de água para biberões etc.).

Nós até chegamos a queimar o nosso sistema, porque foi muito sobrecarregado. Em um caso assim, é necessário um eletricista reforçar o quadro ou trocar cabos para evitar sobrecargas.

Apartamento moderno: agora já não temos grandes preocupações, pois a construção é recente e o sistema elétrico está dimensionado para suportar mais aparelhos.

Mesmo assim, nunca é demais confirmar se há tomadas e disjuntores suficientes, sobretudo para equipamentos de alto consumo energético.

O sistema hidráulico atual é suficiente para suportar o aumento de demanda com o bebê (ex.: aquecedores de água, banheiras)?

Apartamento antigo: nossa canalização era antiga e tinham pouca pressão. A sugestão é instalar uma caldeira maior ou um termoacumulador para banhos mais frequentes, convém contudo verificar se a canalização aguenta o a pressão extra.

Apartamento moderno: normalmente, as construções mais recentes já estão preparadas para maior fluxo de água e uso simultâneo de duches ou banheiras.

Se planeja instalar algo específico (por exemplo, banheira de bebé com água aquecida ou até um esquentador mais potente), é bom confirmar com um canalizador se a instalação é compatível.

Há possibilidade de incluir um espaço coberto próximo à entrada da casa para proteger o carrinho do bebê ou outros itens?

Apartamento antigo: não tínhamos elevador nem hall de entrada amplo, pelo que deixávamos o carrinho no rés-do-chão (quando possível) ou no carro. Muitos prédios antigos não dispõem de uma área comum grande e as regras de condomínio podem não permitir estacionar carrinhos nos corredores.

Apartamento moderno: em prédios mais recentes, costuma haver arrecadações ou boxes na garagem onde se pode guardar o carrinho. Se for uma moradia ou um duplex com entrada direta, ter um pequeno alpendre ou área coberta facilita muito o dia a dia, evitando levar sempre o carrinho para dentro.

Como adaptar as janelas da casa para garantir a segurança do bebê, sem comprometer a ventilação e a iluminação?

Soluções gerais:

  1. Limitadores de abertura: para que a janela só abra parcialmente.

  2. Rede ou grade de proteção: importante se o parapeito for baixo ou se houver risco de queda.

  3. Afastar móveis: evitar que o bebé suba a cadeiras ou cómodas encostadas à janela.

A casa está preparada para um crescimento futuro da família, ou seria necessário planejar uma expansão agora?

Apartamento antigo: tinha poucas divisões, sem grande margem para criar um quarto extra. Antes da minha filha nascer, o quarto dela era um escritório que foi adaptado para berçário, mas era um pouco pequeno. Se quiséssemos aumentar a família, seria complicado permanecer naquele espaço.

Apartamento moderno: com mais espaço é mais fácil considerar a possibilidade de transformar um escritório, uma sala extra, ou um espaço desaproveitado, em mais um quarto, se for preciso.

Caso se planeje ter filhos, é sempre bom analisar o espaço e começar a pensar em adaptar já algum compartimento, ou verificar se há espaço suficiente para futuras alterações.

Quais adaptações podem ser feitas para melhorar a eficiência energética da casa com a chegada do bebê (ex.: painéis solares, janelas eficientes)?

Apartamento antigo: painéis solares podem não ser viáveis num prédio antigo (falta de espaço no telhado, regulamentos do condomínio). Investir em pequenas melhorias já faz diferença no consumo de energia, como:

  • vedar frestas de janelas;

  • instalar lâmpadas LED;

  • usar tomadas inteligentes.

Apartamento moderno: nosso novo apartamento tem painéis solares fotovoltaicos e sistemas de aquecimento de água por energia solar. Além disso, janelas com corte térmico e vidros duplos/triplos que aumentam bastante o conforto e reduzem a conta de eletricidade.

Com um bebé, há mais lavagens de roupa, mais necessidade de aquecer ou arrefecer o espaço, por isso qualquer otimização energética é bem-vinda.

Imagem de projeto arquitetônico, de uma area externa, com paredes cinzas com banco de madeira de esrtutura fixa na parede para seis pessoas, com almofadas coloridas. Mesa cinza para dez pessoas.
Projeto Calvinho & Partners.

É necessário revisar ou reforçar a estrutura do telhado, ou do forro, especialmente em áreas onde o bebê passará mais tempo?

Apartamento antigo: nós vivíamos no último andar, o que piorava a situação (existiam muitas infiltrações, problemas na cobertura com humidade e mofo.

Tivemos também que pedir para isolar melhor o sótão, porque o calor escapava todo. Surpresas! Em geral, apartamentos no último andar tem sempre problemas e é melhor evitar.

Apartamento moderno: no nosso novo apartamento, estámos no primeiro andar e não tivemos problemas nenhum com o telhado.

Como garantir que a casa esteja segura contra infiltrações ou mofo, que podem ser prejudiciais à saúde do bebê?

Apartamento antigo: no nosso apartamento antigo, usávamos um desumidificador 24/7r em divisões problemáticas e pintámos a parede com tintas anti-fungos para travar o aparecimento de bolor.

Apartamento moderno: apesar de geralmente ter melhor isolamento, problemas de infiltração podem ocorrer na ligação entre as janelas e as paredes ou em varandas mal impermeabilizadas.

A ventilação diária (abrir janelas para circular ar) e uma manutenção regular (reparar selagens, eventuais rachas) são fundamentais para prevenir humidade.

Gostou dessas dicas? Aproveite as outras sugestões da arquiteta Marta Calvinho na Parte I dessa entrevista.

Mulher branca de óculos com sua filha pequena no colo em um local aberto e gramado.

Arquiteta

Marta Calvinho

Conheça o estúdio de Arquitetura Calvinho & Partners. Marta estudou na Universidade Lusíada de Lisboa, na Art Institute of Chicago e trabalhou em diferente lugares do mundo. Siga para conhecer o portfólio.

Mulher negra sorrindo com cabelo cacheado e batom vinho, vestindo blusa amarela

Escrito por

Gabi Sucupira

Carioca apaixonada pelas Letras, mãe da Rebeca, empreendedora e especialista em Marketing.

Casa Segura para Bebês: Dicas de Arquiteta

As mães e pais de primeira viagem precisam passam por diversas mudanças com a chegada do novo membro à família. Dentre elas, as adaptações na casa e no futuro quarto do bebê.

Os especialistas explicam que é essencial fazer um planejamento estrutural e funcional da residência, priorizando a segurança e o bem-estar de todos, cuidadores e crianças, a cada troca de fralda, preparo de mamadeira, idas de um cômodo ao outro para dar banho ou colocar o bebê para dormir.

Para entender melhor a parte prática dessas mudanças, entrevistamos a arquiteta Marta Calvinho, portuguesa que retornou para Lisboa há 4 anos, formada na Universidade Lusíada de Lisboa e no Art Institute of Chicago que é dona do seu próprio negócio desde 2021.

Ela usou sua expertise profissional e a experiência prática como mãe que precisou adaptar sua casa, divididas em Partes I e II para nos explicar um pouco sobre algumas das mudanças necessárias para deixar cada tipo de imóvel, antigo ou mais novo, mais funcional nos primeiros meses depois do nascimento do bebê. 

Confira as dicas valiosas nessa Parte I desse guia.

A estrutura atual da casa suporta uma reforma para criar um quarto adicional para o bebê?

No meu caso, quando vivia num apartamento antigo, não havia grandes condições para realizar obras.  Edifícios antigos geralmente têm muitas paredes estruturais difíceis de remover, instalações eléctricas antigas e limitações de condomínio. 

Um engenheiro ou arquitecto pode, porém, avaliar se é viável unir ou dividir divisões, desde que isso não ponha em causa a estabilidade do edifício – para isso é preciso analisar as plantas estruturais.

Agora que vivo em um apartamento moderno, poderá haver mais possibilidades de alterações, mas também menos necessidade. Mesmo assim, qualquer alteração estrutural deve ser aprovada tecnicamente. 

Se for preciso criar um novo quarto, convém perceber se há paredes mestras, se a instalação eléctrica suporta mais pontos de luz ou aquecedores. 

É possível ampliar algum cômodo ou construir um novo espaço sem comprometer a estabilidade da casa?

Em apartamentos antigos, costuma ser mais complicado ampliar divisões, pois não se pode mexer livremente na estrutura ou na fachada. Na minha experiência, acabámos por optimizar o espaço disponível, em vez de tentar criar novas áreas.

Em um apartamento moderno, dependendo do projecto e das regras do condomínio, por vezes é possível fechar uma varanda, tendo em conta que se for uma antiga varanda tem que ser bem isolado para garantir conforto ao bebé, ou criar um vão para integrar duas divisões. 

Mesmo assim, cada situação é única e pode até ser necessário aprovação da câmara e um estudo técnico de viabilidade.

Menina pequena de cabelos loiro usando vestido amarelo segurando na grade da janela.

Como garantir que a ventilação e a iluminação natural do quarto do bebê sejam adequadas?

Em um apartamento antigo:

  • Ventilação: Manter janelas fechadas quando estiver muito frio, mas abri-las durante algumas horas de sol para renovar o ar e deixar entrar calor natural. No verão, o recomendado é deixar janelas abertas durante o dia para renovar o ar e baixar a temperatura. E em caso de umidade, é necessário um desumidificador – isto também ajuda com a qualidade do ar. 
  • Iluminação: Em caso de janelas mais pequenas, é bom usar uma decoração com cores claras nas paredes e nos móveis para melhor refletir a luz.

Em um apartamento moderno: Normalmente as janelas são maiores e bem posicionadas. Aconselho verificar a orientação solar do quarto do bebé e usar cortinas ou estores para controlar a intensidade de luz, sobretudo para as sestas.

Quais adaptações podem ser feitas para melhorar a eficiência térmica da casa, garantindo conforto para o bebê?

Em um apartamento antigo: O meu apartamento antigo tinha várias deficiências que eram más para a qualidade de vida de um bebê. Era muito frio no inverno e muito quente no verão, e não podíamos ligar vários aquecedores ao mesmo tempo, devido a falhas na instalação eléctrica. 

A nossa solução foi criar um sistema inteligente que ligava e desligava os aquecedores consoante a temperatura de cada divisão. E no inverno, fechávamos os cortinados à noite para preservar calor, mas abríamos durante o dia para entrar calor e renovar o ar. 

Em um apartamento moderno: Agora vivo em um apartamento moderno e tem melhor isolamento e sistemas de aquecimento/arrefecimento mais eficientes. Ainda assim, vale sempre a pena verificar se as janelas têm vedação adequada e se o sistema de climatização está bem dimensionado. 

Além disso, um bom fluxo de ar natural (ventilação cruzada) ajuda a manter a temperatura agradável sem depender tanto dos aparelhos de aquecimento ou ar condicionado.

É necessário reforçar ou modificar o isolamento acústico em determinadas áreas da casa, especialmente no quarto do bebê?

Em um apartamento antigo: O principal ruído vem da rua e das partes comuns do prédio. A nossa solução foi a instalação de carpetes para absorver o som (isto também ajuda com a preservação do calor no inverno), e um white noise machine (aparelho de ruído branco, em português) para absorver sons.

Em um apartamento moderno: Geralmente, a acústica já vem mais bem resolvida. Mas se o quarto do bebé ficar exposto a barulhos intensos (trânsito, elevador, vizinhos), podemos ponderar reforçar paredes com placas de gesso cartonado e lã de rocha, ou mesmo trocar vidros normais por duplos/triplos (isto também é possível em apartamentos mais antigos).

Sala de estar iluminada pela luz do dia, com piso amadeirado e grandes paredes de vidro, com uma mesa, cadeiras e pufês.
Portifólio pessoal da Arquiteta Marta Calvinho

Como otimizar a circulação dentro da casa para facilitar o deslocamento com um carrinho de bebê ou outros equipamentos?

Em um apartamento antigoO nosso apartamento antigo não tinha elevador, por isso optávamos por deixar o carrinho arrumado no rés-do-chão ou no carro. Em casa, reorganizámos a sala para ter espaço livre onde pudéssemos movimentar-nos com o bebé ao colo e ter um sofá que servisse também de trocador se necessário. 

Nos primeiros meses, não é preciso muito espaço; basta ser funcional e seguro.

Em um apartamento modernoAgora temos elevador e corredores mais largos, o que facilita levar o carrinho até à porta de casa. É importante remover obstáculos como móveis salientes ou tapetes escorregadios, e manter as passagens desimpedidas. O carrinho dobra-se e guarda-se dentro de casa.

Quais soluções arquitetônicas podem ser implementadas para garantir acessibilidade futura, como evitar desníveis ou escadas perigosas?

Apartamento moderno em duplex: no meu apartamento moderno, tenho uma escada interna aberta, o que é complicado com uma criança móvel e curiosa.

Foi indispensável colocar uma rede de protecção lateral para evitar que a criança caísse e instalar portões de segurança tanto na base como no topo da escada.

É fundamental adaptar as escadas enquanto o bebé é muito pequeno, pois qualquer degrau ou espaço aberto representa perigo.

Protecção de tomadas e fios: em qualquer casa, moderna ou antiga, convém colocar protecções nas tomadas e manter fios eléctricos fora do alcance do bebé.

Perspectiva de crescimento: à medida que o bebé se torna mais móvel (começa a gatinhar, andar, explorar), precisamos rever constantemente a segurança: móveis com quinas afiadas, objectos de vidro ao alcance, gavetas sem travão. A casa vai evoluindo consoante as fases do crescimento.

Gostou dessas dicas? Aproveite as outras sugestões da arquiteta Marta Calvinho na Parte II dessa entrevista.

Mulher branca de óculos com sua filha pequena no colo em um local aberto e gramado.

Arquiteta entrevistada

Marta Calvinho

Conheça o estúdio de Arquitetura Calvinho & Partners. Marta estudou na Universidade Lusíada de Lisboa, na Art Institute of Chicago e trabalhou em diferente lugares do mundo. Siga para conhecer o portfólio.

Mulher negra sorrindo com cabelo cacheado e batom vinho, vestindo blusa amarela

Escrito por

Gabriela Sucupira

Redatora bilíngue de língua inglesa, Especialista em Marketing pela USP/Esalq e bacharel em Letras pela UFRJ. Gabriela é carioca, Mãe da Rebeca, que atua como Consultora Textual e Personal Branding para o Linkedin.