O mapa astral é uma uma fotografia do céu no exato momento do nascimento e compreende 12 casas, cada uma simbolizando uma área da vida, como identidade, espiritualidade, carreira… Além disso, o mapa astral revela muito sobre o seu filho, incluindo seus pontos fortes, desafios e como ele se relaciona com os outros.
Em outras palavras, estudar o mapa astral das nossas crianças permite que os pais compreendam o temperamento, personalidade e necessidades. É sobre isso que iremos falar com a nossa entrevistada, a astróloga, Fhove do Amor.
1 – Como você se tornou uma astróloga?
Minha trajetória começou em 2015, quando decidi me mudar do Brasil para Sydney. Não foi apenas uma mudança de país, foi um salto no desconhecido, buscando algo com mais significado e conexão com algo maior. Naquela época, eu me sentia perdida profissionalmente, sem realização, mas havia uma inquietação interna que me empurrava a questionar tudo e buscar respostas.
Em 2016, durante meu Retorno de Saturno, comprei um deck de tarot sem grandes expectativas. Foi um gesto simples, mas acabou abrindo portas para um universo totalmente novo. O tarot me levou ao estudo da astrologia, da psicologia profunda e de filosofias orientais. Aos poucos, isso deixou de ser apenas uma pesquisa pessoal para se tornar uma vocação. Entre 2017 e 2019, mergulhei em cursos, leituras, consultas com mentores e práticas de meditação e yoga. Foi um período intenso de aprendizado e autoconhecimento.
Só em 2020 decidi assumir a astrologia e o tarot como profissão. Desde então, meu trabalho é resultado de estudo, prática e experiência de vida. A maternidade também entrou nesse laboratório, me ensinando paciência, adaptação e compreensão da complexidade humana. Hoje, meu objetivo é ajudar as pessoas a se reconectarem com sua essência e a encontrarem clareza e propósito em suas vidas.
2 – Qual é a sua abordagem em uma consulta de astrologia?
Minha abordagem é moderna, evolucionária e simbólica. Cada mapa é como uma história da alma, mostrando talentos, desafios e padrões que precisam ser integrados. Não é sobre prever o futuro ou rotular alguém. Por exemplo, se alguém tem Marte em Gêmeos, não é só “você se comunica de forma impulsiva”, mas sim que essa energia pede ação através da comunicação, debates e trocas de ideias. Ou se alguém tem Lua em Escorpião, pode sentir emoções muito profundas, e juntas podemos transformar essa intensidade em autoconhecimento e criatividade.
Eu busco criar um espaço seguro e acolhedor, onde a pessoa consiga enxergar padrões antes invisíveis. Pais, por exemplo, muitas vezes descobrem por que certos desafios com os filhos se repetem ou quais talentos precisam ser estimulados. No tarot, o processo é parecido: cada carta abre reflexões sobre escolhas, medos e oportunidades. Cada leitura é personalizada e nunca determinista; o mapa mostra possibilidades, não um destino fixo.
3 – Quais são os benefícios de uma consulta de astrologia?
Uma consulta astrológica ajuda a trazer clareza sobre ciclos de vida, momentos de mudança e decisões importantes. Amplia o autoconhecimento, revelando temperamento, talentos e potenciais que nem sempre percebemos. Por exemplo, um pai pode descobrir que seu filho precisa de estímulos diferentes para aprender ou lidar melhor com as emoções, sem que isso seja um rótulo.
Também é uma forma de olhar os desafios como oportunidades de crescimento e descobrir o propósito de vida, alinhando escolhas com valores pessoais. A consulta funciona como um espelho simbólico: ilumina caminhos e significados, mas quem decide o passo a passo é sempre a própria pessoa.
4 – Como você prepara uma consulta de astrologia?
Tudo começa com os dados de nascimento: dia, hora e local, fundamentais para montar o mapa natal. Depois, procuro entender o foco do consulente, que pode ser carreira, relacionamentos, propósito ou um período de transição. A partir daí, começo o chart gazing, um olhar reflexivo sobre símbolos, aspectos e padrões, integrando técnica, intuição e psicologia profunda.
Durante a consulta, apresento essas leituras de forma acessível, com espaço para diálogo e reflexão. Após o encontro, envio materiais de apoio, como o mapa e anotações, para que a pessoa possa revisitar os pontos importantes. Tudo é feito com confidencialidade e respeito, porque cada mapa revela camadas íntimas da jornada de cada um.

5 – Como a astrologia pode ajudar os pais a entender melhor as necessidades e características de seus filhos?
O mapa infantil não serve para rotular ou limitar a criança, mas para ajudar os pais a compreenderem temperamento, personalidade e necessidades individuais. Por exemplo, a Casa 5 no mapa dos pais mostra como eles expressam criatividade e prazer, o que se reflete na forma como se relacionam com os filhos.
O mapa da criança revela vitalidade, formas de aprender, como se sente nutrida e como se relaciona com os outros. Mercúrio mostra como ela aprende e se comunica; Marte, como age para alcançar objetivos; Vênus, como expressa afeto; e Júpiter e Saturno indicam talentos, oportunidades e limites. Às vezes faço também a sinastria entre pais e filhos, para perceber diferenças de temperamento e sugerir formas de harmonizar a convivência. Tudo isso ajuda os pais a criarem um ambiente mais consciente, respeitando o ritmo e a individualidade da criança.
6 – Qual é o papel do signo solar e dos planetas na personalidade de uma criança?
O Sol mostra a essência da criança, sua criatividade e como irradia vitalidade, especialmente na relação com a figura paterna. A Lua indica necessidades emocionais, segurança e vínculo com a mãe. Outros planetas complementam a leitura: Mercúrio revela estilo de aprendizagem e comunicação, Marte mostra energia e impulso, Vênus indica relações e talentos, Júpiter aponta áreas de expansão e Saturno desafios e limites. Urano, Netuno e Plutão representam influências mais profundas que se manifestam ao longo da maturidade.
Observar tudo isso permite que os pais compreendam melhor os talentos, desafios e formas de expressão da criança, criando um ambiente de desenvolvimento saudável e consciente.
7 – Como a astrologia pode ajudar as crianças a desenvolver habilidades sociais e lidar com desafios emocionais?
O mapa ajuda os pais a entenderem potenciais e pontos de sensibilidade dos filhos. Por exemplo, uma criança mais introspectiva pode precisar de estímulos graduais para se expressar, enquanto outra com Marte forte se beneficia de atividades que ensinem cooperação e manejo da frustração. O objetivo não é rotular, mas oferecer suporte empático e consciente, fortalecendo habilidades sociais e emocionais e respeitando a individualidade de cada criança.
8 – Qual é o papel da educação astrológica na infância?
Não se trata de ensinar signos ou previsões, mas de usar a astrologia como ferramenta de compreensão. Ajuda pais e educadores a perceber talentos, temperamentos e necessidades individuais, ajustando o ambiente de aprendizado e convivência. A Casa 5, por exemplo, mostra como a criança se diverte e explora o mundo; a Casa 2 ou 4 indica relação com a base familiar; e a 3ª e 9ª casas revelam como ela se conecta com ideias e conhecimentos.
Essa abordagem promove consciência de ciclos, reconhecimento de padrões e respeito à individualidade. É mais sobre criar um diálogo simbólico entre criança, pais e mundo, cultivando autoconhecimento, empatia e sensibilidade desde cedo.
Por fim, depois dessa explicação, concluímos que sim, a astrologia em crianças pode ser uma ferramenta poderosa para entendê-las. Ao ler e entender o mapa astral de uma criança, os pais podem ter uma nova percepção sobre os potenciais e desafios, facilitando a educação da mesma.
Entrevistada
Fhove, mãe de Chloe e de Eliza, astróloga e taróloga, criadora do Numinous Soul, um projeto de alma voltado ao autoconhecimento, à espiritualidade e à evolução interior. Tem como propósito ajudar pessoas a compreenderem seus ciclos de vida, despertarem talentos e viverem com mais consciência e significado. Atende on-line e presencialmente, em português e inglês, para brasileiros e estrangeiros que buscam clareza, cura e direção em sua jornada.

Escrito por
Flávia Oliveira
Jornalista e Relações Públicas, formada em Mediadora de Conflitos, pelo Instituto Federal de Brasília, através da Tertúlia Literária Dialógica. Mãe de dois: Mia e Andrea, vivendo em Malta e sempre com uma passagem para o próximo destino a ser descoberto.


