Criança e astrologia: como usar o mapa astral na educação do seu filho

O mapa astral é uma uma fotografia do céu no exato momento do nascimento e compreende 12 casas, cada uma simbolizando uma área da vida, como identidade, espiritualidade, carreira… Além disso, o mapa astral revela muito sobre o seu filho, incluindo seus pontos fortes, desafios e como ele se relaciona com os outros. 

Em outras palavras, estudar o mapa astral das nossas crianças permite que os pais compreendam o temperamento, personalidade e necessidades. É sobre isso que iremos falar com a nossa entrevistada, a astróloga, Fhove do Amor. 

1 – Como você se tornou uma astróloga?

Minha trajetória começou em 2015, quando decidi me mudar do Brasil para Sydney. Não foi apenas uma mudança de país, foi um salto no desconhecido, buscando algo com mais significado e conexão com algo maior. Naquela época, eu me sentia perdida profissionalmente, sem realização, mas havia uma inquietação interna que me empurrava a questionar tudo e buscar respostas.

Em 2016, durante meu Retorno de Saturno, comprei um deck de tarot sem grandes expectativas. Foi um gesto simples, mas acabou abrindo portas para um universo totalmente novo. O tarot me levou ao estudo da astrologia, da psicologia profunda e de filosofias orientais. Aos poucos, isso deixou de ser apenas uma pesquisa pessoal para se tornar uma vocação. Entre 2017 e 2019, mergulhei em cursos, leituras, consultas com mentores e práticas de meditação e yoga. Foi um período intenso de aprendizado e autoconhecimento.

Só em 2020 decidi assumir a astrologia e o tarot como profissão. Desde então, meu trabalho é resultado de estudo, prática e experiência de vida. A maternidade também entrou nesse laboratório, me ensinando paciência, adaptação e compreensão da complexidade humana. Hoje, meu objetivo é ajudar as pessoas a se reconectarem com sua essência e a encontrarem clareza e propósito em suas vidas.

2 – Qual é a sua abordagem em uma consulta de astrologia?

Minha abordagem é moderna, evolucionária e simbólica. Cada mapa é como uma história da alma, mostrando talentos, desafios e padrões que precisam ser integrados. Não é sobre prever o futuro ou rotular alguém. Por exemplo, se alguém tem Marte em Gêmeos, não é só “você se comunica de forma impulsiva”, mas sim que essa energia pede ação através da comunicação, debates e trocas de ideias. Ou se alguém tem Lua em Escorpião, pode sentir emoções muito profundas, e juntas podemos transformar essa intensidade em autoconhecimento e criatividade.

Eu busco criar um espaço seguro e acolhedor, onde a pessoa consiga enxergar padrões antes invisíveis. Pais, por exemplo, muitas vezes descobrem por que certos desafios com os filhos se repetem ou quais talentos precisam ser estimulados. No tarot, o processo é parecido: cada carta abre reflexões sobre escolhas, medos e oportunidades. Cada leitura é personalizada e nunca determinista; o mapa mostra possibilidades, não um destino fixo.

3 – Quais são os benefícios de uma consulta de astrologia?

Uma consulta astrológica ajuda a trazer clareza sobre ciclos de vida, momentos de mudança e decisões importantes. Amplia o autoconhecimento, revelando temperamento, talentos e potenciais que nem sempre percebemos. Por exemplo, um pai pode descobrir que seu filho precisa de estímulos diferentes para aprender ou lidar melhor com as emoções, sem que isso seja um rótulo.

Também é uma forma de olhar os desafios como oportunidades de crescimento e descobrir o propósito de vida, alinhando escolhas com valores pessoais. A consulta funciona como um espelho simbólico: ilumina caminhos e significados, mas quem decide o passo a passo é sempre a própria pessoa.

4 – Como você prepara uma consulta de astrologia?

Tudo começa com os dados de nascimento: dia, hora e local, fundamentais para montar o mapa natal. Depois, procuro entender o foco do consulente, que pode ser carreira, relacionamentos, propósito ou um período de transição. A partir daí, começo o chart gazing, um olhar reflexivo sobre símbolos, aspectos e padrões, integrando técnica, intuição e psicologia profunda.

Durante a consulta, apresento essas leituras de forma acessível, com espaço para diálogo e reflexão. Após o encontro, envio materiais de apoio, como o mapa e anotações, para que a pessoa possa revisitar os pontos importantes. Tudo é feito com confidencialidade e respeito, porque cada mapa revela camadas íntimas da jornada de cada um.

mapa astrologico num papel branco
Foto de Meizhi Lang na Unsplash

 

5 – Como a astrologia pode ajudar os pais a entender melhor as necessidades e características de seus filhos?

O mapa infantil não serve para rotular ou limitar a criança, mas para ajudar os pais a compreenderem temperamento, personalidade e necessidades individuais. Por exemplo, a Casa 5 no mapa dos pais mostra como eles expressam criatividade e prazer, o que se reflete na forma como se relacionam com os filhos.

O mapa da criança revela vitalidade, formas de aprender, como se sente nutrida e como se relaciona com os outros. Mercúrio mostra como ela aprende e se comunica; Marte, como age para alcançar objetivos; Vênus, como expressa afeto; e Júpiter e Saturno indicam talentos, oportunidades e limites. Às vezes faço também a sinastria entre pais e filhos, para perceber diferenças de temperamento e sugerir formas de harmonizar a convivência. Tudo isso ajuda os pais a criarem um ambiente mais consciente, respeitando o ritmo e a individualidade da criança.

6 – Qual é o papel do signo solar e dos planetas na personalidade de uma criança?

O Sol mostra a essência da criança, sua criatividade e como irradia vitalidade, especialmente na relação com a figura paterna. A Lua indica necessidades emocionais, segurança e vínculo com a mãe. Outros planetas complementam a leitura: Mercúrio revela estilo de aprendizagem e comunicação, Marte mostra energia e impulso, Vênus indica relações e talentos, Júpiter aponta áreas de expansão e Saturno desafios e limites. Urano, Netuno e Plutão representam influências mais profundas que se manifestam ao longo da maturidade.

Observar tudo isso permite que os pais compreendam melhor os talentos, desafios e formas de expressão da criança, criando um ambiente de desenvolvimento saudável e consciente.

7 – Como a astrologia pode ajudar as crianças a desenvolver habilidades sociais e lidar com desafios emocionais?

O mapa ajuda os pais a entenderem potenciais e pontos de sensibilidade dos filhos. Por exemplo, uma criança mais introspectiva pode precisar de estímulos graduais para se expressar, enquanto outra com Marte forte se beneficia de atividades que ensinem cooperação e manejo da frustração. O objetivo não é rotular, mas oferecer suporte empático e consciente, fortalecendo habilidades sociais e emocionais e respeitando a individualidade de cada criança.

8 – Qual é o papel da educação astrológica na infância?

Não se trata de ensinar signos ou previsões, mas de usar a astrologia como ferramenta de compreensão. Ajuda pais e educadores a perceber talentos, temperamentos e necessidades individuais, ajustando o ambiente de aprendizado e convivência. A Casa 5, por exemplo, mostra como a criança se diverte e explora o mundo; a Casa 2 ou 4 indica relação com a base familiar; e a 3ª e 9ª casas revelam como ela se conecta com ideias e conhecimentos.

Essa abordagem promove consciência de ciclos, reconhecimento de padrões e respeito à individualidade. É mais sobre criar um diálogo simbólico entre criança, pais e mundo, cultivando autoconhecimento, empatia e sensibilidade desde cedo.

Por fim, depois dessa explicação, concluímos que sim, a astrologia em crianças pode ser uma ferramenta poderosa para entendê-las. Ao ler e entender o mapa astral de uma criança, os pais podem ter uma nova percepção sobre os potenciais e desafios, facilitando a educação da mesma.

Entrevistada

Fhove, mãe de Chloe e de Eliza, astróloga e taróloga, criadora do Numinous Soul, um projeto de alma voltado ao autoconhecimento, à espiritualidade e à evolução interior. Tem como propósito ajudar pessoas a compreenderem seus ciclos de vida, despertarem talentos e viverem com mais consciência e significado. Atende on-line e presencialmente, em português e inglês, para brasileiros e estrangeiros que buscam clareza, cura e direção em sua jornada.

Escrito por

Flávia Oliveira

Jornalista e Relações Públicas, formada em Mediadora de Conflitos, pelo Instituto Federal de Brasília, através da Tertúlia Literária Dialógica. Mãe de dois: Mia e Andrea, vivendo em Malta e sempre com uma passagem para o próximo destino a ser descoberto.

Fotografia newborn: você sabe o que é isso?

Com certeza você já deve ter visto nas redes sociais aquelas fotos dos ensaios dos bebês recém-nascidos super fofos! Eu mesma fiz com a minha primeira filha. Nas fotos, o recém-nascido pode ficar sem roupinha ou enrolado em uma mantinha ou colocado deitado em um cestinho. O nome desse ensaio é NewBorn e apesar do nome significar recém-nascido em inglês, as fotos não são feitas apenas do recém-nascido, mas dos pais e dos irmãos. 

A modalidade surgiu nos Estados Unidos e chegou no Brasil por volta do ano de 2010. Porém, é uma sessão onde apenas fotógrafos qualificados e capacitados deveriam oferecer para não expor o recém-nascido a riscos, pois seu sistema imunológico está em formação e a estrutura dele ainda é muito frágil e requer cuidados. 

No entanto, todas as vezes que converso sobre isso com alguém eu vejo as dúvidas e perguntas que surgem. Por este motivo, nossa entrevistada de hoje é Fernanda Andrade, a tia Nanda. Que juntamente com Juliana Maia, fazem parte da Ju Maia Fotografia.

 

1- O que é fotografia newborn? E por que fazer?


A fotografia newborn é a arte de registrar os primeiros dias de vida do seu bebê, um período que passa rápido demais. É mais do que apenas fotos bonitas, são memórias eternizadas da fragilidade, pureza e delicadeza que só existem nessa fase. Esses registros se tornam um tesouro para a família, que no futuro vai olhar e reviver cada detalhe: os dedinhos minúsculos, o suspiro tranquilo, o cheirinho de recém-nascido que a imagem parece trazer de volta.

2- O que devo saber antes de contratar um fotógrafo newborn?

Antes de escolher um fotógrafo, é importante que ele tenha experiência específica com recém-nascidos. Não é apenas sobre saber fotografar, mas sobre compreender o ritmo, as necessidades e os cuidados com o bebê. Verifique portfólio, referências e principalmente, se o profissional prioriza a segurança antes de qualquer foto. Aqui no estúdio da Jumaiafotografia é a nossa prioridade, somos fisioterapeutas e temos o conhecimento da fisiologia e cuidados com o bebê.

3- Quando fazer o ensaio newborn?


O ideal é entre 5 e 15 dias de vida. Nesse período, o bebê ainda mantém a postura fetal, dorme mais profundamente e é mais fácil posicioná-lo com conforto e segurança. Depois dessa fase, o ensaio continua sendo possível, mas as poses e o comportamento do bebê já mudam um pouquinho. Aqui no estúdio realizamos até 30 dias do bebê.

4- Como você garante a segurança e o conforto do bebê durante a sessão de fotografia?


Segurança é sempre a prioridade. As poses são feitas sempre de forma segura, respeitando a anatomia e os limites do bebê. O ambiente é higienizado, aquecido na temperatura ideal e todo o manuseio é feito com delicadeza e apoio seguro. Em algumas poses, usamos técnicas de edição para criar efeitos, evitando colocar o bebê em situações arriscadas.

5- Quais são os equipamentos e técnicas que você utiliza para capturar as melhores imagens?


Utilizamos câmeras e lentes profissionais que permitem captar cada detalhe com nitidez e suavidade. A iluminação é feita com luz natural e com Led para não incomodar o bebê, e o cenário é pensado para valorizar a beleza e a delicadeza dessa fase. 

duas mulheres de camisa branca tocando em um recém nascido
Fernanda e Juliana no ensaio da Mia

6- Como você trabalha com os pais para entender suas expectativas e preferências para a sessão de fotografia?


Antes do ensaio, conversamos com os pais para entender suas histórias, gostos e sonhos. Para saber o que é importante para eles: Os cenários que gostam, um detalhe, um objeto especial. Assim, o ensaio fica com a cara da família, não apenas mais um trabalho no meu portfólio.

7- Quais são os principais desafios que você enfrenta ao fotografar recém-nascidos e como você supera?

O maior desafio é que o bebê é o protagonista e ele dita o ritmo. Choro, mamadas e trocas de fralda fazem parte, e está tudo bem. A paciência e o respeito ao tempo do bebê são fundamentais. Cada pausa é um momento de conexão e cuidado, e muitas vezes é nesses intervalos que acontecem as inúmeras trocas de experiências, dicas, ensinamos técnicas que vão ajudar muito às mamães e papais

8- Você tem alguma dica para os pais que estão planejando uma sessão de fotografia newborn?


Sim! Marquem o ensaio antes do bebê nascer, para garantir agenda e tranquilidade. No dia, venham sem pressa, preparados para um momento leve, com pausas para mamadas e carinho. Confiem no processo e aproveitem para se emocionar, porque, no futuro, essas imagens serão um presente que vocês e o bebê vão abrir de novo e de novo.

 

O que realmente eu senti e sinto quando vejo as fotos do ensaio da minha filha é isso: uma experiência única. Momentos preciosos e de muita delicadeza.





Entrevistada

Fernanda Andrade

Fernanda Andrade é apaixonada pela fotografia e por crianças, tem um jeito muito especial para lidar com elas. Com formação em fisioterapia tem o conhecimento funcional e fisiológico dos recém nascidos e bebês. E também arrasa nas produções dos cenários. @jumaiafotografia



mulher de roupa branca com a mão no queixo

Entrevistada

Juliana Maia sempre foi apaixonada pela fotografia, por tudo o que uma imagem pode representar na vida de cada pessoa. Se especializou através de cursos, especificamente para fotografia de recém nascidos. Tem formação em fisioterapia, sempre amou trabalhar com crianças na área de pediatria neurológica, e hoje une paixões à arte de registrar emoções. @jumaiafotografia

Escrito por

Jornalista e Relações Públicas, formada em Mediadora de Conflitos, pelo Instituto Federal de Brasília, através da Tertúlia Literária Dialógica. Mãe de dois: Mia e Andrea, vivendo em Malta e sempre com uma passagem para o próximo destino a ser descoberto. @flaviaoliveiragalleti

Parte II: Dicas de Arquiteta para deixar sua casa mais segura para os bebês.

Confira a Parte II da entrevista com a arquiteta portuguesa Marta Calvinho, que mora em Lisboa há 4 anos, formada na Universidade Lusíada de Lisboa e no Art Institute of Chicago, que é dona do seu próprio negócio desde 2021.

Sempre que pensamos em planejamento familiar, é necessário listar todos os recursos disponíveis e tudo que precisa de alguma modificação para deixar a chegada da criança mais tranquila e organizada, especialmente, sobre os cômodos da casa.

Dentre as coisas que precisam estar bem definidas, estão as adaptações e pequenos consertos na casa a fim de deixar sua infraestrutura e áreas de circulação mais seguras e transitáveis.

A casa precisa de melhorias na rede elétrica para suportar novos aparelhos, como aquecedores ou babás eletrônicas?

Apartamento antigo: no nosso apartamento antigo, tínhamos uma instalação elétrica obsoleta que não aguentava vários aquecedores ligados simultaneamente.

Para quem vive em edifícios antigos, é essencial verificar o quadro elétrico e a cablagem antes de adquirir novos equipamentos (babás eletrónicas, esterilizadores, aquecedores de água para biberões etc.).

Nós até chegamos a queimar o nosso sistema, porque foi muito sobrecarregado. Em um caso assim, é necessário um eletricista reforçar o quadro ou trocar cabos para evitar sobrecargas.

Apartamento moderno: agora já não temos grandes preocupações, pois a construção é recente e o sistema elétrico está dimensionado para suportar mais aparelhos.

Mesmo assim, nunca é demais confirmar se há tomadas e disjuntores suficientes, sobretudo para equipamentos de alto consumo energético.

O sistema hidráulico atual é suficiente para suportar o aumento de demanda com o bebê (ex.: aquecedores de água, banheiras)?

Apartamento antigo: nossa canalização era antiga e tinham pouca pressão. A sugestão é instalar uma caldeira maior ou um termoacumulador para banhos mais frequentes, convém contudo verificar se a canalização aguenta o a pressão extra.

Apartamento moderno: normalmente, as construções mais recentes já estão preparadas para maior fluxo de água e uso simultâneo de duches ou banheiras.

Se planeja instalar algo específico (por exemplo, banheira de bebé com água aquecida ou até um esquentador mais potente), é bom confirmar com um canalizador se a instalação é compatível.

Há possibilidade de incluir um espaço coberto próximo à entrada da casa para proteger o carrinho do bebê ou outros itens?

Apartamento antigo: não tínhamos elevador nem hall de entrada amplo, pelo que deixávamos o carrinho no rés-do-chão (quando possível) ou no carro. Muitos prédios antigos não dispõem de uma área comum grande e as regras de condomínio podem não permitir estacionar carrinhos nos corredores.

Apartamento moderno: em prédios mais recentes, costuma haver arrecadações ou boxes na garagem onde se pode guardar o carrinho. Se for uma moradia ou um duplex com entrada direta, ter um pequeno alpendre ou área coberta facilita muito o dia a dia, evitando levar sempre o carrinho para dentro.

Como adaptar as janelas da casa para garantir a segurança do bebê, sem comprometer a ventilação e a iluminação?

Soluções gerais:

  1. Limitadores de abertura: para que a janela só abra parcialmente.

  2. Rede ou grade de proteção: importante se o parapeito for baixo ou se houver risco de queda.

  3. Afastar móveis: evitar que o bebé suba a cadeiras ou cómodas encostadas à janela.

A casa está preparada para um crescimento futuro da família, ou seria necessário planejar uma expansão agora?

Apartamento antigo: tinha poucas divisões, sem grande margem para criar um quarto extra. Antes da minha filha nascer, o quarto dela era um escritório que foi adaptado para berçário, mas era um pouco pequeno. Se quiséssemos aumentar a família, seria complicado permanecer naquele espaço.

Apartamento moderno: com mais espaço é mais fácil considerar a possibilidade de transformar um escritório, uma sala extra, ou um espaço desaproveitado, em mais um quarto, se for preciso.

Caso se planeje ter filhos, é sempre bom analisar o espaço e começar a pensar em adaptar já algum compartimento, ou verificar se há espaço suficiente para futuras alterações.

Quais adaptações podem ser feitas para melhorar a eficiência energética da casa com a chegada do bebê (ex.: painéis solares, janelas eficientes)?

Apartamento antigo: painéis solares podem não ser viáveis num prédio antigo (falta de espaço no telhado, regulamentos do condomínio). Investir em pequenas melhorias já faz diferença no consumo de energia, como:

  • vedar frestas de janelas;

  • instalar lâmpadas LED;

  • usar tomadas inteligentes.

Apartamento moderno: nosso novo apartamento tem painéis solares fotovoltaicos e sistemas de aquecimento de água por energia solar. Além disso, janelas com corte térmico e vidros duplos/triplos que aumentam bastante o conforto e reduzem a conta de eletricidade.

Com um bebé, há mais lavagens de roupa, mais necessidade de aquecer ou arrefecer o espaço, por isso qualquer otimização energética é bem-vinda.

Imagem de projeto arquitetônico, de uma area externa, com paredes cinzas com banco de madeira de esrtutura fixa na parede para seis pessoas, com almofadas coloridas. Mesa cinza para dez pessoas.
Projeto Calvinho & Partners.

É necessário revisar ou reforçar a estrutura do telhado, ou do forro, especialmente em áreas onde o bebê passará mais tempo?

Apartamento antigo: nós vivíamos no último andar, o que piorava a situação (existiam muitas infiltrações, problemas na cobertura com humidade e mofo.

Tivemos também que pedir para isolar melhor o sótão, porque o calor escapava todo. Surpresas! Em geral, apartamentos no último andar tem sempre problemas e é melhor evitar.

Apartamento moderno: no nosso novo apartamento, estámos no primeiro andar e não tivemos problemas nenhum com o telhado.

Como garantir que a casa esteja segura contra infiltrações ou mofo, que podem ser prejudiciais à saúde do bebê?

Apartamento antigo: no nosso apartamento antigo, usávamos um desumidificador 24/7r em divisões problemáticas e pintámos a parede com tintas anti-fungos para travar o aparecimento de bolor.

Apartamento moderno: apesar de geralmente ter melhor isolamento, problemas de infiltração podem ocorrer na ligação entre as janelas e as paredes ou em varandas mal impermeabilizadas.

A ventilação diária (abrir janelas para circular ar) e uma manutenção regular (reparar selagens, eventuais rachas) são fundamentais para prevenir humidade.

Gostou dessas dicas? Aproveite as outras sugestões da arquiteta Marta Calvinho na Parte I dessa entrevista.

Mulher branca de óculos com sua filha pequena no colo em um local aberto e gramado.

Arquiteta

Marta Calvinho

Conheça o estúdio de Arquitetura Calvinho & Partners. Marta estudou na Universidade Lusíada de Lisboa, na Art Institute of Chicago e trabalhou em diferente lugares do mundo. Siga para conhecer o portfólio.

Mulher negra sorrindo com cabelo cacheado e batom vinho, vestindo blusa amarela

Escrito por

Gabi Sucupira

Carioca apaixonada pelas Letras, mãe da Rebeca, empreendedora e especialista em Marketing.

Casa Segura para Bebês: Dicas de Arquiteta

As mães e pais de primeira viagem precisam passam por diversas mudanças com a chegada do novo membro à família. Dentre elas, as adaptações na casa e no futuro quarto do bebê.

Os especialistas explicam que é essencial fazer um planejamento estrutural e funcional da residência, priorizando a segurança e o bem-estar de todos, cuidadores e crianças, a cada troca de fralda, preparo de mamadeira, idas de um cômodo ao outro para dar banho ou colocar o bebê para dormir.

Para entender melhor a parte prática dessas mudanças, entrevistamos a arquiteta Marta Calvinho, portuguesa que retornou para Lisboa há 4 anos, formada na Universidade Lusíada de Lisboa e no Art Institute of Chicago que é dona do seu próprio negócio desde 2021.

Ela usou sua expertise profissional e a experiência prática como mãe que precisou adaptar sua casa, divididas em Partes I e II para nos explicar um pouco sobre algumas das mudanças necessárias para deixar cada tipo de imóvel, antigo ou mais novo, mais funcional nos primeiros meses depois do nascimento do bebê. 

Confira as dicas valiosas nessa Parte I desse guia.

A estrutura atual da casa suporta uma reforma para criar um quarto adicional para o bebê?

No meu caso, quando vivia num apartamento antigo, não havia grandes condições para realizar obras.  Edifícios antigos geralmente têm muitas paredes estruturais difíceis de remover, instalações eléctricas antigas e limitações de condomínio. 

Um engenheiro ou arquitecto pode, porém, avaliar se é viável unir ou dividir divisões, desde que isso não ponha em causa a estabilidade do edifício – para isso é preciso analisar as plantas estruturais.

Agora que vivo em um apartamento moderno, poderá haver mais possibilidades de alterações, mas também menos necessidade. Mesmo assim, qualquer alteração estrutural deve ser aprovada tecnicamente. 

Se for preciso criar um novo quarto, convém perceber se há paredes mestras, se a instalação eléctrica suporta mais pontos de luz ou aquecedores. 

É possível ampliar algum cômodo ou construir um novo espaço sem comprometer a estabilidade da casa?

Em apartamentos antigos, costuma ser mais complicado ampliar divisões, pois não se pode mexer livremente na estrutura ou na fachada. Na minha experiência, acabámos por optimizar o espaço disponível, em vez de tentar criar novas áreas.

Em um apartamento moderno, dependendo do projecto e das regras do condomínio, por vezes é possível fechar uma varanda, tendo em conta que se for uma antiga varanda tem que ser bem isolado para garantir conforto ao bebé, ou criar um vão para integrar duas divisões. 

Mesmo assim, cada situação é única e pode até ser necessário aprovação da câmara e um estudo técnico de viabilidade.

Menina pequena de cabelos loiro usando vestido amarelo segurando na grade da janela.

Como garantir que a ventilação e a iluminação natural do quarto do bebê sejam adequadas?

Em um apartamento antigo:

  • Ventilação: Manter janelas fechadas quando estiver muito frio, mas abri-las durante algumas horas de sol para renovar o ar e deixar entrar calor natural. No verão, o recomendado é deixar janelas abertas durante o dia para renovar o ar e baixar a temperatura. E em caso de umidade, é necessário um desumidificador – isto também ajuda com a qualidade do ar. 
  • Iluminação: Em caso de janelas mais pequenas, é bom usar uma decoração com cores claras nas paredes e nos móveis para melhor refletir a luz.

Em um apartamento moderno: Normalmente as janelas são maiores e bem posicionadas. Aconselho verificar a orientação solar do quarto do bebé e usar cortinas ou estores para controlar a intensidade de luz, sobretudo para as sestas.

Quais adaptações podem ser feitas para melhorar a eficiência térmica da casa, garantindo conforto para o bebê?

Em um apartamento antigo: O meu apartamento antigo tinha várias deficiências que eram más para a qualidade de vida de um bebê. Era muito frio no inverno e muito quente no verão, e não podíamos ligar vários aquecedores ao mesmo tempo, devido a falhas na instalação eléctrica. 

A nossa solução foi criar um sistema inteligente que ligava e desligava os aquecedores consoante a temperatura de cada divisão. E no inverno, fechávamos os cortinados à noite para preservar calor, mas abríamos durante o dia para entrar calor e renovar o ar. 

Em um apartamento moderno: Agora vivo em um apartamento moderno e tem melhor isolamento e sistemas de aquecimento/arrefecimento mais eficientes. Ainda assim, vale sempre a pena verificar se as janelas têm vedação adequada e se o sistema de climatização está bem dimensionado. 

Além disso, um bom fluxo de ar natural (ventilação cruzada) ajuda a manter a temperatura agradável sem depender tanto dos aparelhos de aquecimento ou ar condicionado.

É necessário reforçar ou modificar o isolamento acústico em determinadas áreas da casa, especialmente no quarto do bebê?

Em um apartamento antigo: O principal ruído vem da rua e das partes comuns do prédio. A nossa solução foi a instalação de carpetes para absorver o som (isto também ajuda com a preservação do calor no inverno), e um white noise machine (aparelho de ruído branco, em português) para absorver sons.

Em um apartamento moderno: Geralmente, a acústica já vem mais bem resolvida. Mas se o quarto do bebé ficar exposto a barulhos intensos (trânsito, elevador, vizinhos), podemos ponderar reforçar paredes com placas de gesso cartonado e lã de rocha, ou mesmo trocar vidros normais por duplos/triplos (isto também é possível em apartamentos mais antigos).

Sala de estar iluminada pela luz do dia, com piso amadeirado e grandes paredes de vidro, com uma mesa, cadeiras e pufês.
Portifólio pessoal da Arquiteta Marta Calvinho

Como otimizar a circulação dentro da casa para facilitar o deslocamento com um carrinho de bebê ou outros equipamentos?

Em um apartamento antigoO nosso apartamento antigo não tinha elevador, por isso optávamos por deixar o carrinho arrumado no rés-do-chão ou no carro. Em casa, reorganizámos a sala para ter espaço livre onde pudéssemos movimentar-nos com o bebé ao colo e ter um sofá que servisse também de trocador se necessário. 

Nos primeiros meses, não é preciso muito espaço; basta ser funcional e seguro.

Em um apartamento modernoAgora temos elevador e corredores mais largos, o que facilita levar o carrinho até à porta de casa. É importante remover obstáculos como móveis salientes ou tapetes escorregadios, e manter as passagens desimpedidas. O carrinho dobra-se e guarda-se dentro de casa.

Quais soluções arquitetônicas podem ser implementadas para garantir acessibilidade futura, como evitar desníveis ou escadas perigosas?

Apartamento moderno em duplex: no meu apartamento moderno, tenho uma escada interna aberta, o que é complicado com uma criança móvel e curiosa.

Foi indispensável colocar uma rede de protecção lateral para evitar que a criança caísse e instalar portões de segurança tanto na base como no topo da escada.

É fundamental adaptar as escadas enquanto o bebé é muito pequeno, pois qualquer degrau ou espaço aberto representa perigo.

Protecção de tomadas e fios: em qualquer casa, moderna ou antiga, convém colocar protecções nas tomadas e manter fios eléctricos fora do alcance do bebé.

Perspectiva de crescimento: à medida que o bebé se torna mais móvel (começa a gatinhar, andar, explorar), precisamos rever constantemente a segurança: móveis com quinas afiadas, objectos de vidro ao alcance, gavetas sem travão. A casa vai evoluindo consoante as fases do crescimento.

Gostou dessas dicas? Aproveite as outras sugestões da arquiteta Marta Calvinho na Parte II dessa entrevista.

Mulher branca de óculos com sua filha pequena no colo em um local aberto e gramado.

Arquiteta entrevistada

Marta Calvinho

Conheça o estúdio de Arquitetura Calvinho & Partners. Marta estudou na Universidade Lusíada de Lisboa, na Art Institute of Chicago e trabalhou em diferente lugares do mundo. Siga para conhecer o portfólio.

Mulher negra sorrindo com cabelo cacheado e batom vinho, vestindo blusa amarela

Escrito por

Gabriela Sucupira

Redatora bilíngue de língua inglesa, Especialista em Marketing pela USP/Esalq e bacharel em Letras pela UFRJ. Gabriela é carioca, Mãe da Rebeca, que atua como Consultora Textual e Personal Branding para o Linkedin.