Chegada do bebê: livro infantil para preparar o irmão mais velho

Sabe-se que receber um novo membro na família é um momento mágico — e também cheio de desafios, especialmente quando há um irmão mais velho à espera. Pensando no universo de descobertas, sentimentos e vínculos que se formam ainda durante a gestação, entrevistamos Natalia Bruneti, educadora e autora do delicado e encantador livro “O que se passa na barriga da mãe?”. 

Inspirada nas conversas espontâneas da sua filha com o irmão ainda por nascer, Natalia transformou momentos do cotidiano em uma história sensível e acessível, que convida famílias inteiras a refletirem sobre o amor entre irmãos, a chegada de um bebê e o poder do diálogo com os pequenos.

Nesta conversa, ela compartilha os bastidores da obra, sua vivência como mãe e educadora, e como a literatura pode ser uma poderosa aliada na construção de laços afetivos desde cedo.

Neste artigo você vai ver

  • O que a levou a escrever “O que se passa na barriga da mãe?”
  • Qual é o público-alvo do livro?
  • Que mensagens ou lições você gostaria que os leitores levassem da história?

  • Quais foram os maiores desafios a escrever o livro?
  • Conclusão.

 

O que a levou a escrever “O que se passa na barriga da mãe?” Existe uma história pessoal ou experiência que a motivou?

Quando estava grávida do meu segundo filho, a mana mais velha começou a ter muitas conversas com o mano que ainda estava na barriga. Desde o início, explicamos que a mãe tinha um bebê na barriga e que ela seria a irmã mais velha.

Ela passou a conversar bastante com a barriga, dizia que, quando contava histórias ou dava beijinhos, o mano dava cambalhotas de alegria. Quando adormecia perto da barriga, dizia que ele ficava muito sossegadinho.

Achei aquilo tão especial que comecei a anotar no celular tudo o que ela dizia, pensando: “Um dia, quando eu contar isso pra ela, vamos rir. Vai ser bonito relembrar”.

Em um desses momentos, depois de mais uma fala dela, resolvi juntar tudo num único documento. E aí percebi que poderia sair dali algo muito interessante.

Escrevi mais algumas coisas, arrisquei e enviei para a editora. Acabou se tornando uma história muito pessoal, dedicada aos meus dois filhos — e ao amor de irmãos que já existia desde a barriga.

Qual é o público-alvo do livro? Como você espera que crianças e adultos interajam com a obra?

O público-alvo principal são crianças pequenas, a partir de um ou dois anos, até por volta do primeiro ano escolar — a fase em que estão aprendendo a ler.

É um livro de leitura fácil, com muitas imagens, que ajuda as crianças a entenderem a história mesmo sem saberem ler ainda.

Mas é um livro que também encanta os irmãos mais velhos, que já sabem ler e podem contar a história aos mais novos. Então, acaba sendo para toda a família.

Tenho recebido muitos comentários de pais dizendo que o livro os ajudou a conversar sobre a chegada de um novo bebê.

A história ajuda a desmistificar o que o bebê está fazendo dentro da barriga da mãe, de forma leve e lúdica.

Inclusive, no lançamento, algumas mães comentaram: “Se eu contar essa história agora, minha filha vai achar que estou grávida!”. Então, sugeri que elas adaptassem o conteúdo para dizer: “Quando você estava na barriga da mamãe, eu fazia isso ou aquilo”. Mas é importante ter cuidado com esse tipo de adaptação para não confundir a criança.


Como você escolheu abordar temas como a gestação e o desenvolvimento fetal de forma acessível às crianças?

Foi uma escolha muito pessoal. A relação bonita que se formou entre os meus filhos ainda durante a gestação merecia ser registrada.

Como educadora, percebo que esse ainda é um tema pouco explorado na literatura infantil. Às vezes, os pais pedem nossa ajuda para falar sobre gravidez com os filhos. E é maravilhoso abordar isso de maneira leve, que estimule a imaginação.

O livro convida à conversa. Crianças pequenas têm uma imaginação muito rica. Quando começamos a perguntar “O que será que acontece dentro da barriga da mamãe?”, estamos puxando esse fio da curiosidade e ajudando-as a construir essa conexão com o novo irmão ou irmã.

Isso pode tornar a chegada do bebê mais leve, especialmente para os irmãos mais velhos que, às vezes, enfrentam esse momento com dificuldades.

Para saber mais sobre os benefícios da leitura para as crianças, leia nosso artigo “Leitura na educação infantil. Como incentivar meu filho?“.

Uma menina, com delicadeza, coloca a mão na barriga da sua mãe, que está grávida. As duas têm tranças no cabelo e vestem roupas de cores claras.
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Como foi sua colaboração com o ilustrador? Como as imagens complementam a narrativa?

Tanto eu quanto o Paulo, o ilustrador, tínhamos o mesmo objetivo: que as ilustrações falassem por si. Embora o livro tenha texto, queríamos que as crianças que ainda não sabem ler fossem capazes de acompanhar e contar a história apenas pelas imagens.

Pelo feedback que recebemos, conseguimos isso. É muito bonito ver crianças folheando o livro, contando a história do jeitinho delas.

Algumas repetem exatamente o que está escrito, outras recriam tudo com base no que veem, falando na primeira pessoa. Isso mostra que conseguimos criar algo que realmente se comunica com os pequenos.


Que mensagens ou lições você gostaria que os leitores levassem da história?

Para as crianças, meu desejo é que o livro ajude a tornar a chegada de um irmão um pouco mais leve. Que elas consigam ver o bebê não como uma ameaça ou invasão de espaço, mas como alguém com quem já podem brincar e interagir, mesmo antes de nascer.

Para os adultos, espero que a leitura se transforme em momentos de conversa e reflexão com os filhos. Que não seja só uma história contada antes de dormir, mas uma oportunidade para lembrar, mostrar fotos, conversar sobre a gestação, relembrar como foi a experiência com o filho mais velho.

E, acima de tudo, que os adultos estejam atentos aos sentimentos da criança que vai se tornar irmão ou irmã mais velha. Muitas vezes, as birras são sinais de que algo está sendo sentido e precisa ser acolhido — e não apenas repreendido.

Precisamos olhar com mais atenção e empatia para o que os filhos estão nos dizendo.

Como tem sido a recepção do livro até agora? Algum feedback interessante?

A recepção tem sido muito positiva. Tenho ouvido relatos lindos de mães que compraram o livro durante a gestação e disseram que ele ajudou muito o irmão mais velho a entender e interagir com o bebê que continua na barriga.

Recebo também muitos convites de escolas para contar a história e desenvolver atividades com as crianças. Algumas turmas até fizeram projetos inspirados no livro! É emocionante ver como as crianças interpretam a história e se identificam com ela. Muitas contam como se fosse sobre elas: “Quando eu estava na barriga da mamãe, eu fazia o pino!”

Isso mostra como as ilustrações e a narrativa realmente funcionam e despertam algo nelas.


Quais foram os maiores desafios ao escrever este livro?

O maior desafio foi o timing. Escrevi o livro durante a minha segunda gravidez, e o processo com a editora foi tranquilo — sempre muito atenciosos.

Quando as ilustrações estavam quase prontas, o Pedro, meu bebê, estava prestes a nascer. Eu sabia que, com a chegada dele, não conseguiria estar 100% dedicada ao projeto. Então, conversei com a editora e decidimos adiar o lançamento. Minha prioridade naquele momento era o meu filho.

Foi um desafio conciliar os dois “nascimentos” — o do Pedro e o do livro — mas conseguimos encontrar o equilíbrio certo.


Você pretende continuar escrevendo sobre temas relacionados à infância ou maternidade?

Sim, tenho planos de continuar escrevendo. Já tenho algumas ideias, mas quero viver intensamente esse “terceiro filho”, que é o livro, antes de dar início ao próximo projeto.

Como educadora, esse desejo de escrever está muito presente. Algumas ideias envolvem maternidade, sim, mas outras são sobre temas que vejo como importantes no cotidiano das crianças — assuntos que faltam às vezes nos livros e que enfrentamos em sala de aula.

Quero continuar escrevendo livros infantis que façam sentido e ajudem famílias e educadores.

Leia mais sobre a maternidade em nosso artigo “Dia da mãe: 23 frases inspiradoras e o que a ciência nos diz sobre ser mãe.”


Você sugere alguma atividade ou conversa para pais fazerem com as crianças após a leitura?

Sim! Durante a história, faço várias perguntas justamente para provocar a conversa. Não é uma história com “era uma vez” e “fim”. É uma história que quer gerar diálogo.

Vivemos em um ritmo acelerado, e às vezes os pais não têm tempo de parar para conversar com os filhos. Espero que o livro ajude nisso.

Além da conversa, sugiro atividades mais lúdicas. Por exemplo: o bebê está enroladinho como um caracol — será que conseguimos ficar assim também? Ele pula como um canguru — e vocês, conseguem pular assim?

As crianças amam esses momentos! Gosto também de sugerir que elas desenhem a mãe, a barriga e o que acham que está lá dentro. Os resultados são sempre divertidos e comoventes.

Que conselhos você daria a outros escritores que querem abordar temas delicados para crianças?

O meu conselho é: arrisquem-se! Se você sente esse desejo, é porque há algo aí dentro que precisa ser expresso.

Demorei para dar esse primeiro passo, porque ainda não tinha encontrado a história certa. Quando ela veio, veio com força.

Então, meu incentivo é: acredite na sua ideia. Dê o primeiro passo. Escreva, revise, envie. Vale muito a pena.

Conclusão

Encerramos essa conversa com o coração aquecido e a certeza de que gestar um filho vai muito além do que se passa no corpo — é também sobre o que se passa no coração de toda a família. Natalia nos presenteia não só com uma história encantadora, mas com uma forma generosa de acolher as emoções dos pequenos diante das transformações que a chegada de um novo irmão provoca.

O que se passa na barriga da mãe?” é mais do que um livro: é um convite à escuta, ao afeto e à construção de vínculos que começam antes mesmo do nascimento. Que mais famílias possam se reconhecer nas páginas dessa história e encontrar nela uma ponte para o amor, o diálogo e a ternura nos momentos de mudança. Saiba mais aqui.

Confira mais dicas sobre o assunto na entrevista “Leitura na Infância e Adolescência: Como Estimular“.

Educadora e escritora

Natália Brunetti

Escritora paulista que mora em Lisboa desde 2002. Ela é mulher, mãe e educadora de infância, profissões que se encaixam perfeitamente e a tornam a mulher que é hoje, sempre aprendendo e crescendo. Natália é apaixonada por livros infantis, começou a se dedicar mais a essa área quando iniciou a carreira como educadora. Ela acredita que os livros são ferramentas essenciais no seu dia a dia com as crianças. Saiba mai em @educadora_nataliab

 
Uma selfie alegre de uma mulher negra e com cabelo trançado com uma blusa laranja e uma menina negra sorridente de cabelos cacheados. Ao fundo, um ambiente movimentado e desfocado.

Escrito por

Gabriela Sucupira

Redatora bilíngue de língua inglesa, Especialista em Marketing pela USP/Esalq e bacharel em Letras pela UFRJ. Gabriela é carioca, Mãe da Rebeca, que atua como Consultora Textual e Personal Branding para o Linkedin.

Jiu-Jitsu é para criança? Entrevista com Wendell Ribeiro

Muitos pais possuem dúvidas em qual atividade colocar seus filhos e se o famoso Jiu-Jitsu é bom para crianças, então convidamos o professor de Educação Física, faixa preta de jiu-jitsu segunda geração de sua família, que além de seguir o legado com seu filho, criou um método de ensino da modalidade para crianças, Winners. Wendell Ribeiro, que reside nos Emirados Árabes há 12 anos e é um dos responsáveis por implementar o jiu-jitsu em um projeto escolar de Abu Dhabi, conversou com a gente e tirou muitas dúvidas sobre os benefícios trazidos pela prática do jiu-jitsu.

Quais os principais benefícios que você observa nas crianças que praticam Jiu-Jitsu regularmente?

Vamos compreender a criança como um todo e de maneira holística. Os benefícios físicos são todos aqueles que uma prática de esporte proporciona a uma criança, controle do peso corporal, prevenção de doenças, melhora da condição cardíaca entre outros. No que se refere a cognição, melhora o aprendizado, a velocidade de raciocínio, a solução de problemas e a criação de estratégias. Estimula a criança a pensar, desenvolver senso crítico, imaginação, isso tudo. 

Na questão social socioemocional, quando bem trabalhado o jiu jitsu, o principal benefício é a autoconfiança e o por quê que eu acho que é o principal? Porque é uma autoconfiança sem que se crie uma arrogância. Uma vez que você pratica jiu-jitsu, você acaba sabendo que você é mais forte, que você é capaz de lidar com situações que, ao não praticar, você não seria capaz de lidar. E é possível trabalhar isso com a criança.

Por que essa autoconfiança não beira a arrogância no jiu jitsu? 

Porque também se aprende. No jiu jitsu você precisa estar bem treinado. Não é você ser mais forte, ou o mais leve, Brazilian Jiu-Jitsu (BJJ), desenvolvido pelo Hélio Gracie é uma arte marcial, em que o mais fraco ganha do mais forte. E o que é lindo nisso? o jiu-jitsu em comparação às outras, que também possuem esses ensinamentos, é a única arte marcial que você tem chance de desistir, o que é uma representação de humildade muito grande. 

Imagina, você dá os três tapinhas ali (que é a forma, o sinal para parar o movimento, parar a luta naquele momento), você tá dizendo para o seu oponente “Pô, você tá sendo melhor que eu! Para”. E aí pode ser que já no próximo embate, você que vai subjugar o seu oponente. Então, eu acho lindo isso no jiu-jitsu quando bem trabalhado. Obviamente, tudo isso tem que ser bem trabalhado na academia, por meio do professor.

No boxe, por exemplo, você toma um soco e desmaia e cai, e é nocauteado e não sabe nem por quê. No judô você toma um queda e acaba a luta e ali,  já era. No Muay Thai é igual ao boxe. Enfim, no jiu-jitsu o cara vai ali, tá sendo pego em um estrangulamento ou em uma chave de braço e você acaba tendo que ser humilde o bastante para desistir, para dar os três tapinhas. Então, isso quando bem trabalhado na academia! Eu acho que essa questão da autoconfiança é por saber que você é sim muito forte, que você é sim capaz de coisas que você não seria se não tivesse fazendo jiu-jitsu, mas sem arrogância, porque você está acostumado a lidar com os três tapinhas todo dia.

Quais habilidades as crianças aprendem durante as aulas de Jiu-Jitsu?

O Jiu-Jitsu é uma luta onde você aprende a se defender. Então, basicamente uma habilidade específica é autodefesa. Tem um caráter esportivo em que você pode participar de competições, e seguindo as regras você desenvolve essa habilidade esportiva.

Eu tenho me dedicado nos últimos anos, até por eu estar implementando o jiu-jitsu no Colégio Militar nos Emirados Árabes, trabalhando aqui há 12 anos em um projeto escolar em Abu-Dhabi, a partir do método Winners. Eu tenho focado bastante, obviamente nessa parte técnica esportiva,  mas a questão dos valores e virtudes. No Winners, por exemplo, a gente tem até cartilha para desenvolver gentileza. Imagina, gentileza! Desenvolver gentileza, desenvolver outras habilidades, outros valores e virtudes também. 

Então, especificamente, acho que na maioria das academias é a questão da autodefesa, do jiu jitsu como um esporte. Mas eu acredito muito e eu já tô trabalhando bastante nesse cenário de desenvolvimento de habilidades emocionais, também de valores e virtudes por meio do jiu jitsu. O jiu-jitsu é uma excelente ferramenta educacional, digo isso, pois eu vejo resultados, eu tô dentro da escola há 27 anos, desde 1997, trabalhando com jiu jitsu.

Como você lida com as diferenças de habilidades e níveis de confiança entre as crianças nas suas aulas?

Diferentes habilidade, níveis técnicos etc, sempre estarão presente em uma aula coletiva, o que tende a ser feito é separar as crianças por faixa etárias, de maneira que elas estejam no mesmo momento motor, humano e cognitivo, mas ainda assim pode ter diferenças, cada um de nós é um só. Então é um desafio, o caminho é entregar mesmo em uma aula coletiva, um trabalho cada vez mais individualizado, conhecer os limites e possibilidades de cada aluno. Mesmo que se trabalhe a mesma técnica, com o mesmo objetivo, é importante trazer diversas maneiras de execução de acordo com cada aluno. Tentando sempre extrair o melhor de cada aluno, sem negligenciar aquilo que precisa ser melhorado.

Professor de Educação Física, faixa preta de Jiu-Jitsu seis graus, criador do método Winners. Reside nos Emirados Árabes, e trabalha com Jiu-Jitsu há quase 30 anos.

Artigo escrito por

Rondy Cavulla

Mãe da Maria Olívia, expatriada em Malta, Gestora, SEO e especialista em Museus e Património Cultural.

Leitura na Infância e Adolescência: Como Estimular

Diante de um mundo cada vez mais digital e com experiências virtuais, ensinar e incentivar o hábito da leitura tem sido um desafio para os pais de crianças de todas as idades. 

Mesmo nos anos iniciais, os filhos têm demonstrado mais interesse pelas tecnologias com seus conteúdos curtos, prontos e até de caráter duvidoso, do que por bons livros, físicos ou digitais, com suas histórias interessantes e criativas, mas que precisam ser processadas por meio da imaginação e interpretação, o que exigem atenção plena e tempo de qualidade para se dedicar. 

Como os pequenos têm acesso às tecnologias vendo os adultos usarem seus celulares o tempo todo, eles aprendem que os aparelhos são interessantes e, quando começam a usá-los em excesso, apresentam dificuldade de concentração e pouco interesse por atividades que exijam concentração e atenção plena, como a leitura, já nos primeiros anos.

Pensando em ajudar os pais e cuidadores a reverterem esse quadro, entrevistamos a pedagoga Daniela Vieira, profissional especialista em psicopedagogia institucional e clínica, com mais de 10 anos de experiência como educadora da primeira infância

Confiram o texto na íntegra e compartilhem suas experiências nos comentários no final da página. 

Por que a leitura é importante para o desenvolvimento do meu filho?

Ao longo da minha carreira como educadora infantil, pude vivenciar as consequências positivas que a aquisição do hábito da leitura pode trazer para as crianças.

Essa prática é fundamental para o desenvolvimento completo dos alunos, pois eles têm sua imaginação e criatividade estimuladas, melhoram seu despenho escolar, têm sua concentração e disciplina fortalecidos, completando seu desenvolvimento das capacidades cognitivas, linguísticas, emocionais e sociais mais facilmente. 

Quando devo começar a ler com ele?

A idade ideal é quando os pais e cuidadores se sentirem felizes em compartilharem do hábito da leitura, isto é, se a família já tiver o hábito de lerem boas histórias juntos e/ou individualmente, é recomendado fazer isso perto da criança desde os primeiros anos de vida.

Esse costume em casa pode fortalecer o vínculo afetivo entre os familiares e ajuda muito nosso trabalho em sala de aula nos aspectos linguísticos e cognitivo.

Como o desenvolvimento da linguagem e do amor pela leitura afetam o desempenho acadêmico do meu filho?

Tudo que é feito com carinho e dedicação tem mais chances de se tornar um hábito, tanto em casa como na sala de aula, por isso se os pequenos forem estimulados nesses dois ambientes que eles mais frequentam, isso refletirá em diversas áreas do seu aprendizado, como:

  • Aperfeiçoamento da compreensão de texto e do vocabulário;

  • Desenvolvimento da escrita;

  • Aumento da atenção e concentração;

  • Estímulo da criatividade e do pensamento crítico;

  • Desenvolvimento emocional e social;

  • Formação de habilidades de estudo; 

  • Estímulos a curiosidade e aprendizado contínuo.

 

LIVROS DE LEITURA 

Qual tipo de livro é adequado para cada faixa etária?

A escolha do livro certos para cada faixa etária é essencial para apoiar o desenvolvimento da criança.

Nas primeiras descobertas, quando ainda for um bebê até o final da educação infantil, é aconselhável livros de pano, plásticos ou cartonados, com imagens grandes e coloridas, textos simples e curtos, livros com texturas ou sons.

Nos anos iniciais, de 06 a 10 anos: são recomendadas histórias curtas, textos repetitivos e rimados, com ilustrações vívidas, além dos livros de perguntas e respostas.

No início da pré-adolescência, dos 10 aos 14 anos, o ideal é investir em histórias mais complexas, com capítulos curtos e personagens com os quais a criança possa se identificar, os livros podem conter ilustrações e textos mais equilibrados.

Na adolescência, dos 14 aos 18 anos: o sugerido são as tramas mais sofisticadas, reflexões sobre identidade, moralidade e sociedade, livros que desafiem a imaginação e desenvolvimento do pensamento crítico. Não devemos deixar de considerar o interesse pessoal de cada criança, ao escolher o livro, estimulando e incentivando o gosto pela leitura.

Como escolher livros que sejam interessantes para meu filho? 

Nas escolas em que trabalhei, sempre que possível, buscamos estimular a autonomia dos alunos, disponibilizando um ambiente com livros variados, divididos por faixa etária e temas que são interessantes e importantes para trabalharmos de forma lúdica em sala de aula, respeitando as diferentes realidades de cada aluno e incluindo temas que abordam questões socioemocionais.

 

CANTINHO DA LEITURA

Imagem de um menino branco com cabelo castanho liso e franja lateral, vestindo uma blusa quadriculada vermelha e branca, sentado em um pufe bege em uma biblioteca ao fundo.
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Como criar um cantinho de leitura agradável em casa?

A escolha de um espaço tranquilo e aconchegante é uma forma excelente para incentivar o hábito de leitura, esse ambiente deve ser confortável, estimulante e acessível, um lugar tranquilo coma iluminação adequada. É importante escolher assentos confortáveis com almofadas, pufes, cadeiras de leituras e poltronas, além do uso de tapetes macios com almofadas no chão.

Esse espaço pode ter mais de uma opção de descanso para que a criança possa explorar e se acomodar da forma que preferir. Para se tornar mais atrativo e de experiência única e prazerosa, os pais podem optar por uma decoração estimulante com cores alegres e com quadros de personagens que a criança tenha preferência.

Podem ser instaladas prateleiras acessíveis também, pois dessa forma, as opções de livros ficarão ao alcance da criança, para poder manuseá-los sozinhas, troque os livros de tempos em tempos e sinta que o cantinho da leitura é um ambiente interessante.

Qual é a melhor maneira de organizar os livros no cantinho de leitura?

A organização dos livros no cantinho da leitura é de extrema importância para estimular o interesse e facilitar o acesso da criança aos títulos, desta forma é interessante o uso de prateleiras baixas e abertas, cestos ou caixas para facilitar o acesso, organização por faixa etária, tema ou gênero, podem ser colocadas etiquetas ou ícones.

Assim, você não só estará promovendo uma organização do espaço, mas também realizando um ambiente visual e divertido mais aconchegante.  

É possível ter mais dicas de como montar o cantinho da leitura em outro artigo.

Com que frequência devo ler com meu filho?

A frequência com que você deve realizar a leitura com a criança pode variar conforme a idade, a rotina e o interesse da criança, contudo, o incentivo e a introdução da leitura devem ser diários.

Como posso tornar a leitura mais divertida para meu filho?

Use a entonação e expressão vocal, incentive a interatividade, incluindo a criança nas histórias, adicione atividades criativas, desenhos, pinturas, crie finais alternativos, use livros ilustrados e interativos e escolha os livros pelos quais a criança demonstre interesse.

Fazer da leitura um momento de divertido, empolgante, cheio de descobertas, interativo e agradável são pontos essenciais para garantir a conexão emocional com os livros.

O que fazer se meu filho não está interessado em ler?

É importante entender a causa, compreender o motivo por trás do desinteresse lhe ajudará a adotar novas estratégias. O interesse pela leitura pode retornar com o tempo, especialmente quando você cria uma experiência positiva, divertida e livre de pressões.

Qual o impacto das tecnologias digitais na leitura infantil?

A preocupação com o bem-estar das crianças e adolescentes e seu desempenho escolar tem feito as autoridades criarem normas e leis que proíbem o uso de celulares no ambiente escolar no Brasil e no mundo. Contudo, baseada em minha experiência, não basta proibir os alunos de usarem esses recursos na escola sem explicar o porquê.

Os especialistas explicam que embora as ferramentas digitais promovem o engajamento e aumento o acesso e inclusão das crianças em diferentes mundos através das pesquisas e atividades interativas monitoradas. 

O uso excessivo e sem objetivos acadêmicos dificulta de atenção, concentração e compreensão, além de aumentar as chances de isolamento social, pois ao viverem em mundos virtuais, muitas crianças e adolescente apresentam dificuldade de interagirem socialmente com os colegas.

Uma estratégia utilizada em diversos materiais escolares é a mistura de elementos gráficos e digitais em seus conteúdos, com QR Codes ao longo dos livros, exercícios feitos com a ajuda dos professores e pais para acessar a biblioteca virtual, etc.

Com esse equilíbrio entre o livro físico e os recursos virtuais, as crianças e adolescentes ficam mais interessadas e são ensinadas a aproveitarem a tecnologia a favor da leitura e do aprendizado e não ficam reféns de conteúdos vazios e rápidos.

Mulher negra de terno preto e camisa branca e cabelos cacheados loiros.

Pedagoga

Daniela Vieira

Pedagoga com especialização em psicopedagogia institucional e clínica, pós-graduanda do MBA em Gestão escolar pela Universidade de São Paulo (USP).

Mulher negra sorrindo com cabelo cacheado e batom vinho, vestindo blusa amarela

Escrito por

Gabriela Sucupira

Carioca apaixonada pelas Letras, mãe da Rebeca, empreendedora e especialista em Marketing.