Benefícios da yoga para crianças com Silvia Perez

A Yoga para adultos tem diversas vantagens já conhecidas, como melhorar a concentração, nos trazer para o momento presente, reduzir o estresse e controlar a ansiedade. Sendo então um ótimo exercício para o corpo, desenvolvendo força e flexibilidade. Além disso, os últimos estudos também apontam que a yoga é eficaz no controle do tdah em crianças.

Na entrevista de hoje, vamos descobrir os benefícios da yoga para o desenvolvimento físico e emocional das crianças e como podemos incentiva-las à prática. 

 

Para isto, convidamos Silvia Perez, certificada pela Cosmic Kids Yoga e Rainbow Kids Yoga, fundadora da Aloha Happy Kids, em Malta, que por meio de práticas holísticas, yoga e um profundo respeito pela natureza, guia crianças a crescerem com gentileza, confiança e um senso de admiração, capacitando-as a brilhar intensamente em tudo o que fazem.

Qual é a sua experiência ensinando yoga para crianças?

Desde 2018, quando vivenciei uma transformação pessoal em Bali, o yoga se tornou parte da minha vida e do meu propósito. Tive a alegria de ensinar em diversos ambientes, desde programas extracurriculares a creches e sessões de yoga em família. Cada espaço é único e adoro criar ambientes onde crianças e famílias se sintam seguras, alegres e apoiadas. Cada criança que conheço traz algo especial, e ensiná-las é um presente que guardo no coração.

Qual é a sua abordagem para ensinar yoga para crianças?

Minha abordagem se baseia na educação holística, na criatividade e no amor. Acredito que yoga para crianças deve ser repleto de amor, imaginação e alegria. Cada aula é como uma pequena aventura onde nos conectamos com nossos corpos, exploramos nossas emoções e nos sentimos seguros sendo nós mesmos. Eu combino contação de histórias, músicas, movimento e atenção plena para criar um espaço onde as crianças se sintam livres, apoiadas e celebradas por quem são.

Como você adapta as aulas para diferentes idades e habilidades?

Adapto cada sessão à faixa etária e às necessidades individuais. Para crianças menores, utilizo mais contação de histórias, música e dicas visuais, enquanto as maiores se beneficiam de uma exploração emocional mais profunda, exercícios de respiração e atividades de construção de equilíbrio. Sempre ofereço opções e modificações para que cada criança se sinta incluída, apoiada e bem-sucedida.

Quais são os objetivos e benefícios das suas aulas de yoga para crianças?

Meu desejo mais profundo é que cada criança que frequenta a aula se sinta amada, segura e livre para ser exatamente quem é. Quero que eles saiam de cada sessão com um grande sorriso, o coração tranquilo e um pouco mais de confiança em si mesmos. A yoga é a minha maneira de plantar sementes de amor, respeito e gentileza, sementes que espero que cresçam com eles ao longo da vida. Não se trata de posturas perfeitas; trata-se de ajudá-los a se sentirem fortes por dentro, conectados às suas emoções e conscientes do belo mundo ao seu redor.

Como você mantém as crianças engajadas e motivadas durante as aulas?

Criamos experiências mágicas juntas! Eu uso música, personagens, temas, histórias da natureza e canções que despertam a imaginação delas, especialmente com crianças menores. A música ajuda a tornar a sessão lúdica e rítmica, mas também trago acessórios, desenhos e muitos outros recursos para mantê-las totalmente engajadas. Mas o mais importante é que eu as ouço. Quando as crianças se sentem vistas e ouvidas, elas naturalmente querem participar com alegria e curiosidade.

Como você garante a segurança das crianças durante as aulas?

Eu mantenho um ambiente calmo e estruturado, mantenho as turmas pequenas e dou orientações claras para cada atividade. Também observo cada criança cuidadosamente para garantir que estejam praticando com segurança e confiança.

Quais precauções você toma para prevenir lesões?

Eu sempre começo com aquecimentos e oriento as crianças a ouvirem seus próprios corpos. Ofereço demonstrações físicas, ensino o alinhamento correto de forma simples e evito forçar qualquer postura. A brincadeira é importante, mas a segurança sempre vem em primeiro lugar.

Você tem experiência trabalhando com crianças com necessidades especiais? Há aulas especiais para essas crianças?

Embora eu não tenha uma certificação específica em yoga para crianças com necessidades especiais, minhas aulas são sempre inclusivas e abertas a todos. Crio um ambiente acolhedor e acolhedor, onde cada criança é incentivada a participar em seu próprio ritmo. Estou atenta às necessidades de cada criança e feliz em adaptar as atividades para garantir que elas se sintam seguras, respeitadas e incluídas. Se uma criança precisar de um apoio mais personalizado, recomendo trabalhar com um especialista certificado.

Quais são os benefícios da yoga para crianças, na sua experiência?

Já vi tantas transformações lindas em crianças através da yoga. Vi crianças tímidas se abrirem e se expressarem, crianças cheias de energia aprenderem a parar e respirar, e pequenos corações ansiosos encontrarem a calma. A yoga lhes dá mais do que flexibilidade ou equilíbrio; ela lhes dá ferramentas para entender suas emoções, sentir orgulho de seus corpos e se conectar com os outros de forma gentil e respeitosa. Para mim, trata-se de plantar pequenas sementes de amor, confiança e consciência que podem crescer com elas ao longo da vida.

menina em posição de yoga
Foto de Kajetan Sumila na Unsplash

Como a yoga pode ajudar as crianças a lidar com o estresse e a ansiedade?

A yoga tem sido uma ferramenta maravilhosa para ajudar as crianças a encontrar a calma em momentos de estresse. Já vi fazer maravilhas. Exercícios respiratórios simples e movimentos suaves podem ajudá-las a desacelerar e se reconectar com a respiração quando as emoções parecem avassaladoras. É como dar a elas um pequeno botão de pausa para reiniciar. Adoro ver o momento em que uma criança percebe que pode respirar fundo e se sentir melhor, ou quando ela vem até mim e diz: “Usei minha respiração quando estava nervosa hoje!” Fico muito feliz em saber que eles estão aprendendo a navegar pelo mundo com mais paz, uma respiração de cada vez.

Você tem exemplos de como a yoga pode melhorar a concentração e o foco das crianças?

Com certeza! Já ouvi muitas mães falarem sobre como a yoga ajudou seus filhos. Fico muito feliz quando os pais compartilham essas histórias. Por exemplo, uma das coisas mais doces que ouvi de uma mãe foi como sua filha começou a ensiná-la a se acalmar usando técnicas de respiração que aprenderam na aula de yoga. A criança a lembrava de respirar fundo quando as coisas pareciam estressantes, e foi um momento lindo de ciclo completo. É incrível como as ferramentas que compartilhamos em sala de aula não apenas ajudam as crianças a se concentrar, mas também as capacitam a compartilhar essas ferramentas com outras pessoas. Yoga não se trata apenas do que fazemos em sala de aula; trata-se de como essas ferramentas ajudam as crianças a navegar pelo dia com mais presença e calma. Ver as crianças aplicarem o que aprenderam no dia a dia é realmente mágico.

Como você continua a desenvolver e aprimorar suas habilidades como professora de yoga infantil?

Estou sempre aprendendo por meio de livros, workshops, cursos e, acima de tudo, com as próprias crianças. Reflito sobre cada sessão, me conecto com outros educadores e deixo a natureza, a criatividade e o amor me guiarem. Cada sorriso, cada pergunta, cada momento com uma criança me ajuda a crescer.

Em conclusão, a yoga é uma super prática para crianças, inclusive crianças com tdah, pois ajuda a desenvolver a coordenação motora, concentração e trazê-las ao momento presente. Adicionalmente, deixando-as mais relaxadas e calmas. E com a yoga sendo praticada regularmente, elas conseguem desenvolver variadas habilidades super importantes para a vida, como disciplina, capacidade de lidar com problemas, autoconfiança… 

Depois de tantos benefícios, que tal começar a praticar yoga com seu filho(a)?



Entrevistada

Silvia Perez é fundadora do Aloha Happy Kids. Nascida em Barcelona e agora morando em Malta, sempre achou que a educação deveria ser mais do que apenas conhecimento, mas sim uma nutrição da criança por inteiro. Por meio de práticas holísticas, yoga e um profundo respeito pela natureza, guia as crianças a crescerem com gentileza, confiança e um senso de maravilha.

Escrito por

Flávia Oliveira

Jornalista e Relações Públicas, formada em Mediadora de Conflitos, pelo Instituto Federal de Brasília, através da Tertúlia Literária Dialógica. Mãe de dois: Mia e Andrea, vivendo em Malta e sempre com uma passagem para o próximo destino a ser descoberto.

Qual a diferença entre Depressão Pós-Parto e Baby Blues?

Para nos ajudar a entender a diferença entre depressão pós-parto e baby blues, entrevistamos a psicóloga Janaína Gonçalves, pós-graduada em psicologia perinatal e parentalidade.

  Muitas pessoas buscam entender os sinais e sintomas da depressão Pós-Parto, diferenciando-a do estado emocional conhecido como “Baby Blues”. Então,

Quais as diferenças entre Depressão Pós-Parto e Baby Blues?

 

  É muito importante ressaltar que esse período perinatal, que é o período que compreende desde a gravidez, o nascimento e puerpério, é um período de grandes mudanças emocionais da vida da mulher. Sendo assim, é um período com um dos maiores riscos de adoecimento psíquico. 

  A mulher passa, nesse período, por mudanças muito significativas do ponto de vista hormonal. Do ponto de vista neurológico e do ponto de vista social também porque a partir de um positivo, a vida dessa mãe muda, nunca mais vai ser a mesma. Então, do ponto de vista de responsabilidade, de carga mental, a vida dessa mulher já está em mudança. E isso traz muitos, muitos sentimentos, muitas novas emoções que podem ser acompanhadas e que todos os profissionais de saúde precisam estar atentos. 

  Então, quando a gente vai falar de depressão pós parto, a gente tem que sempre ficar atenta se esses sintomas também já não começaram já na gravidez. Porque quando a gente vai pensar em flutuações de humor, pode estar relacionado também às flutuações hormonais da gravidez. 

E os Sintomas? 

  Como que a gente vai diferenciar esse estado emocional? É muito importante a gente pensar que assim que o bebê nasce, a mulher tem uma queda abrupta, hormonal. Essa queda abrupta hormonal, ela ocasiona, às vezes, algumas flutuações de humor, uma tristeza que vem mais repentina, uma irritabilidade, né? Mas que ela vai passando com o tempo. Então é esperado em 15, 20 dias, essa maior flutuação de humor. 

  Entretanto, se essa mãe ela está, que a gente chama de baby blues, essa flutuação de humor é um choro que pode vir uma tristeza, até mesmo pelo próprio luto, né? Que essa mãe sente nesse momento, com a chegada em casa, o luto no sentido da mudança da vida. É um luto no sentido de perceber que às vezes aquela liberdade que ela tinha antes ela muda, né? Então essa mãe, ela tá com um bebê que depende 24 horas dela. Isso pode trazer muitas emoções ali nesse primeiro mês pós-parto. 

  Então a gente chama isso de baby blues, que são essas flutuações de humor que acontecem já no início do pós parto. 

  Essas flutuações de humor. Elas se dão tanto pelas questões hormonais, mas também por esse período adaptativo da maternidade. Mas não é esperado que seja uma tristeza persistente, né? Essa mãe esta também extremamente prazerosa. 

Então, quando os sinais de depressão pós parto?

  Já nos dias imediatos, após o nascimento do bebê, quando essa mãe está apresentando uma apatia maior, né? Um desinteresse maior nas coisas, um próprio desinteresse no próprio bebê. Pode também estar apresentando uma tristeza mais persistente, um choro fácil, uma flutuação de humor mais forte do que seria uma depressão do que seria um Baby Blues. 

E no Baby Blues os sintomas são menos intensos, são mais relacionados a uma flutuação de humor e os sintomas de depressão pós parto são sintomas, porém mais persistentes com maior intensidade. É uma tristeza que vem acompanhada também de ansiedade e de sentimentos, às vezes de culpa. Pode vir acompanhado também de preocupações excessivas com o bebê quando está relacionado também com sintomas de ansiedade e dificuldade de acreditar em si mesma. 

Algumas mães com depressões mais graves podem apresentar sintomas de realmente não está conseguindo cuidar do bebê por estar se sentindo impotente. Se sentir que não consegue cuidar do bebê, que não dá conta de cuidar desse bebê, então é muito importante o encaminhamento para poder iniciar um tratamento, para melhorar a qualidade de vida dessa mãe, bebê e da família.

É muito importante entender que os sintomas podem variar de caso a caso! 

Algumas mulheres podem, por exemplo, apresentar alterações significativas no sono, como uma sonolência excessiva, e um pode apresentar um cansaço muito excessivo também. Outras podem apresentar um estado de alerta maior, uma dificuldade muito grande de dormir, mesmo quando aquele bebê está dormindo, que o bebê está descansando. Essa mãe às vezes não consegue dormir, não consegue descansar, não consegue se desligar. Então, isso também pode acontecer na depressão pós-parto. Outras mães podem perder muito o apetite, não querer comer, sentir desprazer muito na comida, não querer se alimentar. E outras já podem ter uma compulsão maior alimentar de comer maior, de buscar a comida com mais em excesso.

  Esses sintomas às vezes se misturam muito com todas essas adaptações que passam no puerpério, né? Principalmente relacionado ao sono, né, que é um momento de muita adaptação. Mas o que a gente vê, é também um dos pontos importantes é que a privação de sono é um complicador na depressão pós-parto. Quando essa mãe está dormindo, diminui a incidência ou a gravidade da depressão pós-parto. Então a privação de sono, pode também dificultar o tratamento da depressão pós parto.

  Os sintomas podem variar e precisa de avaliação de profissional capacitado para poder avaliar e encaminhar um tratamento adequado.

Psicóloga pela PUC-MINAS, especialista em Perinatal e Parentalidade, co-autora do Livro Psicologia Perinatal. Acompanhe a Janaína Gonçalves nas redes sociais, @janainagoncalvespsicologa

Artigo escrito por

Rondy Cavulla

Mãe da Maria Olívia, expatriada em Malta, Gestora, SEO e especialista em Museus e Património Cultural.