Arte para crianças: Crie o ambiente artístico ideal na sua casa

"A imaginação é mais importante que o conhecimento, porque o conhecimento é limitado, ao passo que a imaginação abrange o mundo inteiro" - Albert Einstein

Por que a arte é essencial para o desenvolvimento infantil?

A arte é essencial para o desenvolvimento infantil por estimular a criatividade, a expressão emocional, o autoconhecimento e o desenvolvimento da personalidade, o pensamento crítico e a resolução de problemas, bem como a consciência corporal, o desenvolvimento das habilidades cognitivas e o apuramento sensorial.

Não há dúvida que estimular a arte na infância é um dever. Existe dever mais lúdico que este?

A verdade é que, antes mesmo da criança ter a capacidade de falar, ela tem ainda a necessidade de comunicar. A arte permite à criança expressar-se de outras formas, que lhe são mais naturais.

Para além da arte servir de alavanca para a aprendizagem da língua falada e escrita, mesmo depois da alfabetização formal, a naturalidade artística continua presente e preponderante. Ainda, o exercício desta aptidão artística natural traz imensos benefícios. Por isso, é recomendado o estímulo contínuo da arte para um bom desenvolvimento infantil.

Mas, como incentivar a arte nas crianças? É na organização de um bom espaço criativo infantil: com os materiais adequados para as crianças exercitarem as suas atividades artísticas (de forma segura, eficaz e divertida).

Para isto, escrevemos este artigo com tudo o que você precisa de saber para alavancar a veia artística dos pequenos.

Atividades artísticas para diferentes idades

 

0 a 3 anos

Nesta faixa etária, as explorações sensoriais são sempre mais cativantes. Por isso, atividades que envolvam maioritariamente o corpo sao mais adequadas. Para isto, a pintura com os dedos e os rabiscos com marcadores laváveis, são os mais indicados e garantem a diversão.

 

4 a 6 anos

Como nesta idade, as crianças já iniciam o interesse por atividades de motricidade fina e que exigem mais mestria e foco, os recortes e colagem são muito indicados. Certifique que os papéis tenham cores vivas, as atividades tenham objetivos simples e que tenha espaço para muita liberdade na execução. 

Outras atividades como colorir desenhos temáticos ou modelagem com massinha são igualmente benéficos e lúdicos para crianças desta idade.

 

7 anos ou mais

Neste estadio do desenvolvimento infantil, dá-se início ao interesse pelos desafios e à auto-exigência. Por isso, a modelagem com argila é ideal para desenvolver o gosto pessoal da criança e para trabalhar com mais pormenores. As pinturas mais detalhadas são outra excelente forma de exercer a via artística para as crianças desta idade.

Como Montar um Cantinho Criativo para Crianças?

 

Escolhendo o espaço ideal

Primeiramente, escolha um cantinho da casa ou do quarto da criança que será o cantinho criativo para as crianças.

Prefira um local com luz natural, se possível, e sem grande movimentação (como muito perto da cozinha ou num corredor).

Apesar de indicarmos um espaço com estas características, não se limite se não tiver o local ideal. Isto porque, os benefícios de ter um espaço somente dedicado para os momentos artísticos da criança são tantos que se sobrepõem a estes obstáculos.

 

Organização dos materiais de arte

Neste espaço, é importante que os materiais estejam acessíveis às crianças. O que pode ajudar é a utilização de armários com arrumações expostas e baixas, expondo os utensílios artísticos e promovendo a autonomia do pequeno artista.

Ainda, é importante frisar que a ordem tem, também, relevância no estímulo criativo: um local muito desordenado projeta ruído visual e satura o input sensorial da criança. Sendo assim, a ordem, a praticalidade e a beleza devem ser os 3 objetivos principais deste pequeno local artístico.

Materiais de Arte Essenciais para Crianças

É primordial ter sempre os materiais de arte essenciais para que as crianças possam deixar fluir a criatividade. A logística, como experienciamos em tantos campos da vida, pode ser limitativa e, muitas vezes, determinante onde acabamos por desistir dos nossos objetivos.

Por este motivo, ter os materiais essenciais sempre prontos para utilização, é obrigatório para uma experiência de qualidade.

Deixamos, então, a lista do que não pode faltar no cantinho artístico: 

. Tintas

. Lápis de cor

. Giz de cera

. Papel (branco e colorido)

. Tesouras sem ponta

. Cola

. Afia/apontador

. Massinha de modelar e argila

. Pincéis

. Pano de limpeza (para limpar pincéis)

. Copo plástico

Benefícios da arte no desenvolvimento infantil

A arte na educação infantil não é uma opção, mas um exercício basilar para o desenvolvimento saudável do ser humano.

É justamente através da arte que a criança vai encontrar o seu papel no mundo, vai construir o seu caráter ao passo que fortifica todas as suas capacidades cognitivas, psicológicas e motoras.

Por isto, bem estimulada, a arte irá ampliar a criatividade e servir de base para o exercício do pensamento crítico e autónomo. 

Como incentivar a arte no cotidiano

Exposição de arte

Casa com criança precisa ter as suas artes expostas. Deveria ser lei pelos seus benefícios imensuráveis! Além de ser o perfeito incentivo para o exercício da arte, acrescenta beleza e alegria na casa, aumentando a auto-estima do pequeno artista.

Organize o espaço

Para incentivar a arte no cotidiano, tenha a logística organizada, isto é: espaço artístico para as crianças ou tenha os utensílios artísticos acessíveis. A primeira opção é a mais completa e eficaz, uma vez que a criança sabe que tem um espaço inteiramente dedicado aos seus momentos artísticos. Agora, se não for possível disponibilizar um espaço para este propósito, ao menos organize as ferramentas de forma que a criança aceda facilmente para exprimir a sua arte. A logística neste tema é o diferencial para a fluidez da arte em casa.

Dicas para os pais participarem ativamente

As crianças aprendem muito mais com o exemplo do que com palavras. Ao ver os pais exercitarem a sua arte com alegria e descontração, naturalmente a criança se envolverá com mais entusiasmo. Além de incentivar ao exercício primordial e saudável da arte nos mais pequenos, pode se tornar num momento afetivo, fortalecendo o elo parental.

Conclusão

Vimos que: sabendo da importância da arte na vida da criança e ter a vontade de proporcionar estes momentos, são essenciais para começar a criar o ambiente propício para a arte em casa.

Então, seguindo estes passos simples, o resultado é certo: a arte é inata e descomplicada. Com poucos impulsos, as crianças encontrarão o artista que há em si.

mulher com o cabelo castanho escuro com cumprimento médio, vestida de amarelo com brincos compridos amarelos, corrente dourada sob o fundo neutro (muro bege texturizado). Ela sorri, contente.

Escrito por

Mariana Ribeiro

Mãe de cinco filhos em ensino doméstico. Apaixonada por filosofia, psicologia e educação. Estuda e escreve sobre família e desenvolvimento humano. @Marianaparaizoribeiro

Dia do Pai: Descubra como é ser pai de 5 – Desafios, alegrias e lições

Feliz dia do pai! Para comemorar a paternidade aqui em Portugal, Hugo, pai de cinco filhos, vai partilhar um pouco do que é ser pai.

As suas quatro filhas, que têm entre os dois e dez anos, e o seu filho de cinco, transformam este pai em uma “pessoa melhor e muito feliz”, apesar de todas as dificuldades.

Neste artigo, Hugo irá partilhar a essência da paternidade, as praticalidades da rotina e educação, os seus momentos mais marcantes e, também, algumas curiosidades e principais desafios.

Sobre a Paternidade

Como foi a sua reação ao descobrir que seria pai pela primeira vez? E na quinta vez?

Eu e a minha esposa queríamos muito ser pais, por isso quando soube que ia ser pai pela primeira vez, ficamos naturalmente felizes mas nervosos ao mesmo tempo por não sabermos o que nos esperava.

Já quando soube que ia ser pai pela quinta vez, confesso que apanhou-me de surpresa. A consciência de que é mais uma pessoa a trazer para este mundo, a responsabilidade acrescida… Só depois, à medida que nos vai amadurecendo a ideia, vejo a pequena alma a crescer em torno de nós… Aí consigo realmente ver o amor. A importância de acarretar esta responsabilidade com um sorriso e um coração calmo, e todo este amor.

O que mudou em você desde que se tornou pai?

Mudou muita coisa mas principalmente mudou a minha filosofia de vida: toda a minha orientação pessoal teve um objetivo muito mais forte, mais nítido. O meu papel no mundo ficou claro. Ganhei foco em saber para onde vou e qual é o meu propósito.

Qual foi o maior desafio de criar cinco filhos ao mesmo tempo?

Para mim, o maior desafio foi sem dúvida eu próprio. Eu criava responsabilidades acrescidas e expectativas surrealistas quando, na verdade, a coisa era bem mais simples.

E eu acho que se deve imenso da forma como nós somos educados (principalmente em Portugal). Em como é preciso preparar muita coisa e ter bastantes possibilidades para criar as condições perfeitas em prol da educação de uma criança. Hoje vejo que é desmedido.

Como você faz para dar atenção individual a cada um deles?

A atenção individual a cada um deles não se resume a uma divisão aritmética do tempo que dispomos para cada criança. São antes, as experiências específicas que temos com cada um.

Se com uma criança eu sou mais físico, mais ativo, com outra sou capaz de ser mais caridoso, mais afetivo. Então, cada pequena experiência (mesmo que dure pouco tempo entre as cinco crianças) já tem um efeito positivo.

Portanto, tento dar atenção à personalidade de cada criança e especificar os seus gostos. Além disso, tento também treinar a minha própria capacidade para este gosto: por exemplo, eu posso não gostar de jogar futebol mas faço um esforço para jogar com aquele ou aquela que gosta. O amor em prática.

Existe algo que você aprendeu com o primeiro filho que aplicou nos outros?

O ponto principal que eu aprendi no que toca a educar o primeiro filho é que não podemos transportar o conhecimento de forma linear. Ou seja, apesar de haver dicas universais, a personalidade tem o seu peso: Aquilo que funcionou com o primeiro, pode trazer o efeito inverso com o próximo. Então, temos sempre que dar tempo para conhecer a criança e tempo, para haver vinculação. Só assim podemos, então, criar a ligação única com cada um destes seres.

Momentos Marcantes

Qual foi o momento mais emocionante que você viveu como pai?

O momento mais emocionante como o pai, foi sem dúvida o momento do parto de cada um deles. Tive a possibilidade de assistir a todos os partos do lado da minha esposa, a dar a força necessária para que ela pudesse suportar cada um dos momentos. E quando, finalmente nasce aquela criança, em todas as vezes fiquei derretido. Tive sempre numa postura de entrega total das minhas emoções. A cada vez, abria-se mais espaço para aquela criança, no meu coração já cheio.

Já aconteceu alguma situação engraçada ou caótica por ter uma casa tão cheia?

Situações engraçadas e caóticas são tantas que nem consigo escolher uma só… Gostam muito de desenhar em toda a casa (ou no próprio corpo) quando estamos ocupados com outra criança ou outro afazer. Desenham com canetas impermeáveis e com o que tiverem à mão, como já aconteceu terem um piaçá da casa de banho…

Tem alguma lembrança especial que você gostaria que seus filhos nunca esquecessem?

Gostaria de lhes transmitir que a família é a base, nos melhores e nos piores momentos da vida de cada um deles. Estaremos sempre por perto. Se nós, os pais, não pudermos estar, pelo menos os seus numerosos irmãos, espero que sempre estejam.

Rotina e Educação

 

Como é a rotina da sua família? Alguma dica para manter a casa organizada?

Penso que o primeiro passo de estabelecer uma rotina saudável é o acordo que tem que ser criado com o teu parceiro ou parceira.

Ter em conta o equilíbrio natural das coisas, ou seja: respeitar os padrões de sono e de vigília, garantir uma alimentação equilibrada, estabelecer momentos de educação e de diversão e aprendizagem e respeitar também a exigência física natural que as crianças têm para desenvolver as suas aptidões não só corporais mais também sociais e emocionais. Como fisioterapeuta sei o quão importante é o movimento humano para estas esferas que o compõem.

Como você e sua parceira (ou parceiro) dividem as responsabilidades?

Nós, primeiramente, comunicamos. Sem este elo (a comunicação), a estrutura não se sustenta. Depois, temos que estar atentos às necessidades globais com a capacidade para fazermos o que, naturalmente, não queremos ou não nos convém individualmente.

Na prática, somos muito flexiveis e não há tarefas muito separadas. Com excepção do trabalho para o sustento da família, da minha parte. E o encargo da educação doméstica à minha esposa. O resto é preenchido pelos dois, conforme for necessário.

Como você lida com birras e brigas entre os irmãos?

Birras e brigas sempre existiram. Há que aceitar. Há alturas em que este tipo de situações perde o controle e, nestes momentos, a primeira coisa que tento fazer é acalmar toda a situação e não incentivar o aumento da resposta emocional.

Portanto, nestas situações tento apelar a uma resposta racional. Faço perguntas específicas aos factos do acontecimento de forma a instigar a memória de cada criança envolvida na discussão. Depois, tento mediar de forma imparcial.

 

Qual é o maior valor que você tenta passar aos seus filhos?

A educação que tentamos proporcionar aos nossos filhos vai muito de encontro a nossa filosofia de vida e religião. A nossa fé é católica. Tentamos transmitir os valores que os nossos pais nos transmitiram a nós, que acreditamos com a verdade e nos desafiamos a adaptá-los a este mundo em constante mudança.

Valores como o espírito de trabalho, de sacrifício (necessário), de caridade e o amor ao próximo, o respeito pela família e pela evolução do indivíduo que contribui para a comunidade. Estas são as grandes diretrizes sob às quais nos regemos.

Uma família sorridente posa em frente a uma parede de pedra esculpida. A mãe segura uma criança pequena nos braços, enquanto o pai e duas meninas vestidas de branco seguram certificados. Outras duas crianças, um menino e uma menina, também fazem parte do grupo, todos vestidos de roupas claras e elegantes.

Curiosidades e Desafios

O que as pessoas mais perguntam quando descobrem que você tem cinco filhos?

“Então, pra quando o próximo?”

Você sente que a sociedade apoia pais que são muito envolvidos na criação dos filhos?

Infelizmente (e principalmente em Portugal) não há muito apoio para famílias numerosas.

Existe um incentivo fiscal e social entre outras pequenas ajudas. No entanto, o país não tem uma verdadeira política natalista.

Apesar disto, algo que eu aprendi com o decorrer dos anos é que o número de filhos gera em nós próprios a necessidade de fazer mais. De trabalhar mais para poder sustentar este estilo de vida. Hoje em dia, posso dizer que só consegui ter mais por causa da exigência de ter uma família numerosa. A exigência criou a vontade e a expectativa, e não o contrário como a maioria pensa.

 

Se pudesse dar um conselho para alguém que sonha em ter uma família grande, qual seria?

Sem dúvida seria: não pensem demasiado.

Quanto mais tentamos preparar a situação, menos preparados vamos estar para que esta situação ocorra. Vou usar uma expressão que gosto bastante em inglês que é throw yourself in the deep end. Ou seja atira-te para a zona funda da piscina e, a partir daí, vais notar em ti próprio uma transformação inerente.

Para finalizar…

O que significa ser pai para você?

Para mim, ser pai é um estadio evolutivo pessoal muito inerente à característica do ser humano. É a situação que nos coloca numa posição de auto-conhecimento profundo e, a partir daí, podemos evoluir cada vez mais e melhor como seres humanos. Com a consciência clara do nosso papel no mundo.

Se seus filhos fossem descrever você em uma palavra, qual acha que escolheriam?

Penso que sou visto como um pai divertido. Pronto para as brincadeiras.

Qual é o seu maior desejo para o futuro dos seus filhos?

Gostaria imenso que os meus filhos fossem santos, isto é, que tenham o Céu aqui na terra. Este é o caminho de cada um e desejo esta máxima alegria para os meus filhos. Para quem não está tão dentro da fé católica, basicamente é juntar todas as virtudes possíveis e os faça brilhar para o mundo em crescimento mútuo.

Pai

Hugo Ribeiro

Pai de cinco filhos, 40 anos. Programador informático de dia, fisioterapeuta e apaixonado pelo movimento nas horas vagas.

mulher com o cabelo castanho escuro com cumprimento médio, vestida de amarelo com brincos compridos amarelos, corrente dourada sob o fundo neutro (muro bege texturizado). Ela sorri, contente.

Escrito por

Mariana Ribeiro

Mãe de cinco filhos em ensino doméstico. Apaixonada por filosofia, psicologia e educação. Estuda e escreve sobre família e desenvolvimento humano. @Marianaparaizoribeiro

Play-Doh: As 5 perguntas mais comuns dos pais respondidas!

A massinha de modelagem Play-Doh proporciona uma experiência lúdica e única para os mais pequenos. No entanto, saiba aqui, se este brinquedo contém ou não materiais tóxicos, se é totalmente seguro, entre outras dúvidas.

Quem nunca brincou de massinha na infância? A massa de modelagem é um brinquedo intemporal! Continua a fazer parte do mundo imaginário das crianças de hoje em dia.

Com os brinquedos da Play-Doh, as crianças dão aso à imaginação enquanto trabalham a motricidade fina sem dar por ela. A versatilidade e as infinitas possibilidades que este brinquedo proporciona, faz da massinha de modelar, o brinquedo indispensável para qualquer criança.

Sem dúvida que a Play-Doh garante qualidade e diversão. No entanto, dado à variedade de brinquedos oriundos de toda a parte do mundo com normas de segurança distintas, encontramos alguns brinquedos que podem ser nocivos para os nossos filhos.

Por este motivo, é relevante questionar e certificar os parâmetros de segurança. Principalmente brinquedos como este, onde o contacto com a pele da criança é direto e a produção do mesmo é realizada com alguns produtos artificiais.

Não se preocupe, pois neste artigo abordaremos todas as informações necessarias para a utilização segura da Play-Doh.

Respondermos, para este propósito, as questões mais comuns os pais no que toca à segurança, os cuidados, a conservação e outros aspectos da massinha de modelar Play-Doh que deve ter em conta.

Para isso, confira aqui as respostas às 5 questões mais comuns dos pais acerca da massa de modelagem Play-Doh:

✅ Perguntas mais comuns dos pais:

1. A massinha Play-Doh é tóxica?

A Play-Doh não é tóxica.
Esta massa de modelagem desenhada especificamente para crianças, é produzida com materiais atóxicos, tornando a sua utilização segura para as brincadeiras dos mais pequenos.
Contudo, é importante salientar que apesar de ser segura relativamente ao manuseamento, não é, no entanto, comestível.
É, portanto, recomendável que um adulto supervisione os mais pequenos de modo a evitar a ingestão acidental.

2. Qual a idade recomendada para brincar com Play-Doh?

A Play-Doh é geralmente recomendada para crianças a partir dos 2 anos.
No entanto, apesar de já mencionado, a supervisão de um adulto é indicada quando crianças muito novas brincam com esta massa de modealgem.
Vigie sempre para evitar a ingestão acidental, pois, apesar da massinha ser fabricada com materiais atóxicos, não é comestível.
3. A massinha de modelar seca?
Esta massinha pode durar muitas brincadeiras, se bem conservada.
Pelo contrário, se deixar a Play-Doh fora do recipiente, pode secar e a sua utilizacão fica sem efeito.
Aqui, indicamos formas de manter a sua Play-Doh como nova por mais tempo:
A dica para conservar a Play-Doh sempre macia é guarda-la em um recipiente hermético logo após o uso. A utilização de um saco plástico ou recipiente plástico bem selado são ideais para o efeito.
Desta forma a massa não secará e prolongará a sua utilização por mais tempo.

4. Como remover Play-Doh de roupas ou tapetes?

Para o caso da Play-Doh sujar roupas ou tapetes, evite utilizar água: ao humidificar o material, pode espalhar o material, dificultando a sua remoção.
Antes, proceda desta forma:
  • Deixe a massa de modelar secar completamente;
  • Em seguida, escove ou aspire os resíduos.
Uma vez seco, a remoção é facilitada e raramente deixará vestígios.

5. A Play-Doh é segura para crianças com alergias?

Apesar de ser fabricada com materiais não tóxicos, a massinha Play-Doh não é segura para crianças com alergia ao glúten. Isto porque a Play-Doh contém trigo.
É sempre recomendado a verificação da embalagem para mais detalhes, de forma a proporcionar um momento de brincadeira seguro.

Conclusão

 

Em suma, como a constituição da massinha Play-Doh não apresenta nenhum perigo aos mais pequenos no seu manuseamento (é totalmente atóxica). Qualquer criança pode brincar livremente sem qualquer perigo de reação na pele.
Contudo, não deve ser ingerida. Apesar de ser fabricada com materiais de alta qualidade e seguindo rigorosos padrões de segurança, a massinha atóxica não é comestível.
Por este motivo, é recomendado que um adulto supervisione a criança durante a brincadeira, de modo à evitar que a massinha seja ingerida acidentalmente.
Por fim, seguindo as dicas de conservação e limpeza, a experiência desta massinha de modular pode ser usufruida na totalidade pelos mais pequenos e, porque não, os adultos também. São uma ótima opção de divertimento criativo e lúdico que pode durar horas com a mesma massa e proporcionar momentos únicos para as crianças ou para a família.
mulher com o cabelo castanho escuro com cumprimento médio, vestida de amarelo com brincos compridos amarelos, corrente dourada sob o fundo neutro (muro bege texturizado). Ela sorri, contente.

Escrito por

Mariana Ribeiro

Mãe de cinco filhos em ensino doméstico. Apaixonada por filosofia, psicologia e educação. Estuda e escreve sobre família e desenvolvimento humano. @Marianaparaizoribeiro

8 Dicas Para Dividir Atenção Entre os Filhos III

Esta é a última parte do passo-a-passo prático para pais de famílias numerosas gerirem a atenção entre os filhos de forma harmoniosa. O artigo completo é constituído por: Parte I, parte II e parte III.

6. Como lidar com a competição entre os filhos por atenção?

 

A forma de lidar é tentar aplicar a «justiça» do lar de forma consistente. 

Esta coerência nas ações vai provar à cada filho que todos têm o seu espaço (seja a mesinha de cabeceira, um quarto ou um lugar especial da casa), o seu tempo (em todas as refeições é ouvido, todos os dias antes de dormir e durante o dia, tem pais disponíveis quando é realmente necessário) e suas necessidas supridas na organização do horário familiar. Porque com pais conscientes da fase de desenvolvimentot de cada filho, o essencial é suprido, sentindo-se portanto, realizado como indivíduo e como consequência, diminui-se a necessidade de validação externa.

Claro que este é um processo e que esta estrutura constrói-se com um passo de cada vez. 

Contudo, é relevante lembrar que passamos por fases da vida em que os pais não podem dedicar-se inteiramente aos filhos. Nestes tempos, indealmente provisórios, há certas estratégias para dar a atenção devida ainda assim.

A chave está na: comunicação (quando há capacidade de entendimento da criança) e no afeto de qualidade, mesmo que em pouca quantidade, mas se a qualidade for consistente e proveniente de alguém próximo, mesmo que por breves momentos diários, já podem suprir completamente esta necessidade afetiva dos filhos.

7. Como dividir o tempo entre os filhos mais velhos e os mais novos?

 

Todos juntos e tempo individual

 

É verdade que os pais de famílias numerosas vão aprendendo a proporcionar tempo de qualidade único com cada filho, mesmo quando estão todos juntos.

Trata-se de uma artimanha que se vai adquirindo naturalmente com a prática (mais uma vez, a refeição familiar é um excelente treino para este efeito).

Mas deixo aqui um exemplo simples do dia-a-dia:

Por exemplo: Enquanto o mais novo está entretido em alguma atividade, podemos contar uma história ao mais velho e ir variando e complementando a atenção. 

 

Aproveitar as atividades distintas

 

Outro momento propício para suprir diferentes necessidades é quando o mais novo dorme, ou quando o mais velho vai estudar. Há sempre momentos desfasados na rotina que podemos aproveitar.

 

Chegada de um novo irmão

 

Quando temos um novo filho, é natural que nos preocupemos com a falta de atenção ao mais velho. No entanto, é apaziguador lembrar que é natural e que eles estão capacitados para entender:

Quando o mais velho pede a nossa atenção para alguma atividade que tem interesse e estamos a amamentar, ele entende que é preciso esperar.

Isto é natural e muito benéfico para o mais velho pois vai aprendendo que cada coisa tem o seu tempo, o seu lugar. A resiliência de cada um é fortificada, assim como o valor quando têm o que lhe é devido. 

Em suma, é um verdadeiro treino para vida.

E a própria vida a acontecer.

8. Como organizar momentos individuais com cada filho em meio à rotina agitada?

 

Rotina

 

Abraçar a rotina sempre. Sem ela, não há ordem e sem ordem, não vai haver tempo para todos. Permite-nos planear produtivamente com a possibilidade de compensar e ajustar, se necessário.

Agora, se a rotina está demasiado agitada e descobrem que não há tempo suficiente para suprir alguma necessidade, tente reavaliar a importância de algumas delas e altere sem medo.

 

Estratégio do “filho único”

 

Contudo, deixo aqui uma estratégia que foge à rotina e que podemos confirmar sua eficácia. Chama-se «tempo de filho único» e consiste em marcar uma saída lúdica com um filho por vez. Este momento é todo da criança com a mãe ou pai.

 

Foco em um filho a cada dia

 

Outra estratégia é ir alternando o foco entre todos, dia após dia. 

É ainda, a necessária atenção.

Um olhar (quando dois – pai e mãe – ainda melhor) atento e presente vai detectando se alguém precisa de mais foco e em um dos momentos favoráveis como antes de dormir, ou no «tempo de filho único», suprir esta necessidade.

Entendi que preciso estar ativamente presente mas eu não tenho tempo…

 

A boa notícia é que para darmos a devida atenção a cada filho, seja um ou sejam dose, basta estarmos presentes quando estamos presentes. 

Qualidade, mesmo que em pouca quantidade. 

Estas dicas apresentadas ao longo destes três artigos são frutíferas na medida que instigam a nossa consciência, que tende a ser sistematicamente engolida pelo nosso corrido cotidiano. 

Contudo, é na procura de mudança que encontramos o primeiro tijolo para a construção maior e daí para frente, basta darmos o nosso melhor no pouco que temos. 

Será, com certeza, suficiente.

mulher com o cabelo castanho escuro com cumprimento médio, vestida de amarelo com brincos compridos amarelos, corrente dourada sob o fundo neutro (muro bege texturizado). Ela sorri, contente.

Escrito por

Mariana Ribeiro

Mãe de cinco filhos em ensino doméstico. Apaixonada por filosofia, psicologia e educação. Estuda e escreve sobre família e desenvolvimento humano. @Marianaparaizoribeiro

Homeschooling Em Portugal: O passo-a-passo

O Homeschooling ou ensino doméstico consiste numa modalidade alternativa em que o aluno é lecionado no seu domicílio, por um familiar ou por uma pessoa que com ele habite.

Em Portugal, a prática desta modalidade é legal e está regulamentada pelo Decreto-Lei n.º 70/2021, de 3 de agosto.

Para ingressar no ensino doméstico, basta seguir alguns passos, com atenção aos deveres e aos direitos do educando.

A legislação do homeschooling não é complexa mas convém saber ao detalhe cada etapa para avançar com segurança.

Abordaremos passo-a-passo: O que deve fazer e quais são os direitos ao abrigar-se sob este regime em Portugal.

Perguntas Frequentes:


1. O que é o homeschooling em Portugal?

O Homeschooling ou ensino doméstico é uma modalidade de ensino em que o aluno desenvolve o processo educativo fora do contexto escolar. Apesar de ser uma prática popular e crescente no mundo inteiro, em Portugal foram registrados 623 alunos em 2023. Número inferior depois do decreto-lei de 2021, que exigiu o grau académico ao educador doméstico.

No entanto, esta via de ensino tem crescido no mundo inteiro por proporcionar inúmeros benefícios ao aluno e à família.

 

Mas quem é elegível para a prática desta modalidade de ensino? 

Qualquer família que resida no país e que a pessoa responsável pela educação do aluno seja detentor de uma licenciatura (reconhecida em Portugal). Caso a licenciatura tenha sido concluída no estrangeiro, deve recorrer ao reconhecimento da mesma através da DGES.

2. Quais são os requisitos legais para fazer homeschooling em Portugal?

 

Matrícula

Primeiramente, realiza-se a matrícula.

Numa escola (pública ou privada) com um pedido para ingressar nesta modalidade de ensino à Direção do Agrupamento de Escolas.

Neste pedido são especificados os motivos pelos quais se quer ingressar no ensino doméstico. 

É essencial anexar os documentos que comprovam a elegibilidade: 

  • comprovativo de habilitações do aluno,
  • identificação do aluno e do encarregado de educação,
  • certificação de ensino superior do encarregado de educação.

 

Plano Educativo

Após receber a aprovação do diretor, o encarregado de educação deve apresentar o Plano Educativo, que consiste numa declaração (em forma de reunião ou por escrito – como a escola requerer) com o plano pragmático geral que o educador tenciona praticar com o aluno durante o ano letivo: a metodologia, as visitas de estudo, as atividades extra-curriculares, os apoios informáticos, entre outros.

Com isto, o diretor irá designar um professor-tutor que monitorizará o ensino do aluno através de reuniões com o encarregado de educação. A partir deste ponto, o professor-tutor será o ponto de contacto entre o educador e a escola.

Lembrando que a regularidade destas reuniões é acordada apriori e documentada no Protocolo de Colaboração

 

Protocolo de Colaboração

O Protocolo de Colaboração é um contrato entre a escola e o encarregado de educação com todos os detalhes de como esta relação irá funcionar.

O pai ou mãe entra em um acordo com o professor-tutor em como se dará o acompanhamento da educação.

Para tal, terão em conta as necessidades de todos em prol do objetivo: sucesso académico do aluno. E estes detalhes devem constar neste contrato. 

 

Direitos e deveres

O aluno tem o direito a:

  • manuais escolares gratuitamente
  • seguro escolar,
  • utilização da biblioteca da escola (nos horários disponibilizado pela escola)
  • participação nas visitas de estudo e nas AEC’s (Atividades Extra-Curriculares).

Importante ressaltar que os pais têm o dever de inscrever o aluno para a realização das provas de aferição, provas finais do ensino básico (4º ano), provas de equivalência à frequência e exames finais nacionais. 

Para as crianças que falem outra língua, o encarregado de educação “(…) deve assegurar o desenvolvimento do currículo em consonância com o previsto no artigo 7.º e no protocolo de colaboração, adotando a língua portuguesa como língua de escolarização, ou no caso de um projeto bilingue, fazer prova de proficiência linguística na língua estrangeira do currículo nacional em que pretende desenvolver parte do currículo.” Decreto-Lei n.º 70/2021de 3 de agosto.

Uma criança com cabelos presos e óculos está concentrada em resolver um exercício de matemática em uma folha de papel. A imagem mostra a visão de trás, com a criança segurando um lápis e escrevendo as respostas. O exercício envolve cálculo de perímetro e medidas desconhecidas de retângulos. O ambiente tem uma iluminação suave, e a mesa cinza contrasta com o papel branco da atividade.

3. Como posso garantir que estou cumprindo a legislação do homeschooling?

Após a matrícula, cabe ao diretor da escola encarregar-se de informar os pais sobre todas as legalidades necessárias.

O professor-tutor guiará e informará o encarregado de educação caso encontre algo que não consta no regulamento. 

Contudo, para dar ainda mais segurança, os pais podem recorrer ao apoio na internet, associações que disponibilizam-se para prestar esclarecimentos relacionados aos ensino doméstico em Portugal. 

Convém, também, manter-se actualizado quanto a legislação na DGES.

4. Quais são as consequências de não cumprir a legislação do homeschooling?

 

A consequência do não cumprimento da legislação do homeschooling é o cancelamento da matrícula escolar do aluno. Em Portugal, o ensino é compulsório e o não cumprimento da legislação do homeschooling tem a mesma repercussão que a anulação da matrícula do aluno na escola. Procede-se da mesma forma.

5. Como fazer a avaliação do progresso educacional no homeschooling?

Para fazer a avalaiação do progresso educacional, são realizadas duas ou três reuniões préviamente marcadas com o professor-tutor.

Nestas reuniões, o encarregado de educação expõe o trabalho feito com o aluno e conversam sobre o aproveitamento do aluno.

Para facilitar o processo, é recomendado que tenha o educador tenha o registro dos trabalhos e fichas realizados em formato digital.

Trata-se também, de uma oportunidade do encarregado de educação para esclarescer todas as dúvidas, pedir aconselhamento e saber se o seu filho/a está a ser bem direcionado. 

O professor-tutor toma nota e deve emitir um pequeno relatório do processo do aluno para efeito de registro. Deve conter ainda eventuais recomendações e remetido ao encarregado de educação.

Até o 4º ano de escolaridade, a criança não tem obrigatoriedade de contactar diretamente com os professores ou alunos da escola. No entanto, deve comparecer ao exame final e passar, como todos os outros alunos, para receber o certificado de habilitações. 

Como esta relação entre o aluno e a escola pode ser praticamente nula, destaca-se o trabalho que, tanto o professor-tutor como o educador doméstico, devem ter ao certificarem-se que o aluno está a progredir de acordo com o Perfil dos Alunos à Saída da Escolaridade Obrigatória.

Conclusão

O ensino doméstico em Portugal é legalmente simples.

Em resumo, sendo elegível, efetua-se a matrícula do aluno, mantém-se uma comunicação regular com os intervenientes e tendo atenção às regularizações na DGES para que o processo decorra de forma fluída e facilitada. 

Um excelente hábito de pais homeschoolers é o de registrar digitalmente: cada visita de estudo, os trabalhos relevantes e as fichas de estudo do aluno.

O registro prévio e a organização dos ficheiros, facilitam as reuniões com o professor-tutor e consequentemente todo o processo legal do ensino doméstico. 

Para os pais, é confortante saber que possuem uma rede de apoio se optarem por esta via de ensino. Tanto a lei portuguesa, como as escolas, os professores, as associações e a comunidade possuem a infra-estrutura necessária para os apoiar nesta decisão.

mulher com o cabelo castanho escuro com cumprimento médio, vestida de amarelo com brincos compridos amarelos, corrente dourada sob o fundo neutro (muro bege texturizado). Ela sorri, contente.

Escrito por

Mariana Ribeiro

Mãe de cinco filhos em ensino doméstico. Apaixonada por filosofia, psicologia e educação. Estuda e escreve sobre família e desenvolvimento humano. @Marianaparaizoribeiro

8 Dicas Para Dividir Atenção Entre os Filhos I

Como sabemos, cada filho é único nos seus diversos campos: fase de desenvolvimento, personalidade, vivências de diferentes experiências. Tendo, por isso, necessidades distintas.

Contudo, frente a tamanha complexidade, questionamo-nos como dividir a atenção entre os nossos filhos de forma justa e que se sintam valorizados.

Vou então responder a 8 questões – as mais frequentes sobre o tema – divididas em três artigos. 

Aqui encontrará ferramentas simples e de fácil aplicabilidade para uma gestão saudável da atenção de pais para filhos.

1. Como posso garantir que cada filho se sinta ouvido e valorizado, sem que um se sinta negligenciado?

 

Para garantir a realização individual de cada filho (mesmo numa família numerosa) precisamos de pequenos passos simples mas imapctantes:

 

O olhar

 

O olhar atento e constante dos pais a cada filho é um hábito crucial e valioso. 

Mesmo na correria do dia-a-dia, ganhamos imenso em simplesmente observar. Prestar atenção a cada personalidade, ir conhecendo e descobrindo cada filho com as suas diferenças a medida que formam o seu carácter. 

Este nosso olhar atento, além de não passar despercebido aos nossos filhos – será uma prova para eles de que são amados, vistos e valorizados – servirá também como ferramenta para interpretar melhor quando é preciso agir, conversar, ausentar ou distrair. Este hábito traz imensos benefícios na nossa comunicação e no desenvolvimento da criança. 

A escuta

 

Claramente, a escuta ativa não pode faltar. Escutar também está no âmbito da atenção e é mais um tijolo importantíssimo na gestão parental.

Parece simples e óbvio mas, o foco nestes simples pontos é primordial. De tal forma, que assim que eu própria os pratiquei diariamente, vi todo o resultado quase de imediato.

É natural que entre as demandas do dia-a-dia não os damos relevância. Acontece que aqueles pequenos momentos que despachamos por considerar de grau menor, pode ser para os nossos filhos de altíssima importância. Perdemos, assim, oportunidades de alimentar este vínculo, de aumentar o conhecimento para melhorar o relacionamento e oferecermos mais auxílio eficaz.

Por exemplo: quando um filho tem algo a dizer, tentamos olhar nos olhos (mesmo que seja por um breve momento) e esperamos que acabem (dependendo da idade, leva uma eternidade para formularem um frase). Pensamos no que ouvimos e na importância que isto tem para o nosso filho. A resposta deve ser sempre honesta. Notei que esta estrutura nunca falha e que muitos psicólogos aprovam a sua eficácia. 

 

Rotina

 

Para a dquirir calma e disponibilidade para estes momentos, nada melhor que a rotina. Trata-se de ferramenta poderosíssima principalmente para famílias numerosas. 

Precisamos dela. 

Ter uma rotina familiar equilibrada vai capacitar a ordem – física e mental – tanto dos pais como dos filhos. Evitamos sermos engolidos pelas pequenas e constantes urgências do quotidiano. E é na organização e na prática da rotina onde capacitamos o nosso precioso tempo. Potencializamos o nosso dia-a-dia, nos proporcionando momentos com diferentes focos para a família. 

Por exemplo, na hora de ir para a cama, as luzes baixas e a energia mais calma nos convida a estarmos mais reflexivos, a iniciarmos conversas pessoais. Aproveitamos este momento para abordar algum tema específico com algum filho ou simplesmente escutar o que eles têm a dizer.

 

Casal em sintonia

 

Outro pilar é a harmonia dos cônjuges, fonte da harmonia familiar. 

O influencer Bernardo Castro e sua esposa Rita Rodrigues e Castro mencionam no seu programa “Dever de Sentar” várias dicas de ouro. Mas a estratégia que cabe aqui mencionar, consiste nos pais agendarem um tempo a sós (com alguma regularidade) e, neste momento descontraído e agradável entre o casal, falarem sobre vários campos da família, pondo na mesa as necessidades de cada filho, e por fim estabelecerem um plano de ação, se necessário (ou inação, o que for mais coerente).

Este planeamento natural faz parte de uma educação consciente e equilibrada. Observa constantemente e nutri, com o amor como meta final. Trata-se de um eficaz e comprovado antídoto ao automatismo, inimigo da harmonia familiar.

A última ferramenta está na resolução de conflitos entre filhos.

Resolver com eficácia cada conflito dando o devido valor é primordial para que cada membro da família se sinta respeitado e valorizado de igual forma. 

É a justiça a operar no lar. E sobre este tema entrarei em mais detalhe na questão adiante.

2. Como lidar com as necessidades emocionais de cada filho de forma justa?

 

Valores alinhados

 

Para saber como dividir a atenção personalizada a cada filho de forma justa e de forma a promover o respeito entre irmãos, é essencial que os pais tenham os seus valores alinhados.

Estes valores são o alicerce de toda parentalidade. E quanto mais claros forem os valores, melhor.

Por exemplo: «nesta família não pode haver qualquer tipo de violência, física ou verbal»: Definir entre o casal os limites destas normas vai auxiliar a reagir proporcionalmente e com coerência. (Perguntas a responder: O que é agressão verbal? Qual é o limite admissível? E a violência física? Em que termos pode acontecer, se é que pode acontecer? etc.) 

Portanto, quanto mais clareza, mais cientes e seguros os pais estarão quando se depararem com os vários tipos de conflitos. Desta forma, depois da resolução de vários conflitos entre os os filhos com os mesmos valores base, estes sentirão que os seus sentimentos são validados. Isto porque constatarão que a reação que os pais têm dos seus sentimentos estão alinhados à uma conduta coerente e contínua. Trará estabilidade para o seu campo emocional.

Além disto, a consistência aliada à base sólida, dará segurança também para as os filhos expressarem mais os seus sentimentos. Isto deve-se pelo facto de sabem que serão tratados com empatia e justiça.

 

Ok. Os valores já estão consolidados mas como aplicar esta justiça na prática?

 

Para cada filho se sentir respeitado, é importante que se sinta ouvido. Para ouvirmos é essencial que estejamos presentes. Na teoria é simples mas na prática, com um cotidiano exigente é natural entrarmos em modo automático e fugirmos dos imprevistos ou conflitos (que vemos como interrupções) para conseguirmos cumprir nossos deveres. 

Quantas vezes tive os filhos a explicar o desenrolar de uma briga aos choros e a minha cabeça (a cogitar como vou acabar o acompanhamento do jantar a tempo se o bebé precisa de um banho) desatenta, com vontade de cortar a conversa com uma resposta seca que resolva tudo em tempo recorde (porque entretanto decidi que vou por a máquina a fazer arroz) – quem nunca?- a ideia é não ceder à estes impulsos mas ouvir. Pouco tempo de escuta atenta para resolver eficazmente o problema, acaba por, paradoxalmente, nos poupar tempo no futuro.

 

Presença total

 

Ter uma presença de qualidade é inegociável. Estes pequenos momentos (entre pais e filhos) são essenciais para o desenvolvimento dos nossos filhos e consequentemente, para a harmonia familiar. É essencial parar quando somos requisitados, olhar nos olhos da criança e verdadeiramente ouvir. Dar espaço para desabafos, se necessário. 

Depois, agir com justiça tendo em consideração os valores base pré-estabelecidos e as observações e condições naturais do momento. Finalizar com pedidos de desculpas e abraços (ou um gesto carinhoso).

 

Um aparte: obviamente nem todos os conflitos merecem toda a atenção e intervenção dos adultos. Refiro-me aqui, aos conflitos que precisam ser solucionados para guiar as crianças em aprendizagem ou pela gravidade do assunto.

 

Honestidade

 

Por último, abraçar a honestidade

Principalmente ao lidar com filhos mais exigentes ou mais retraídos, a honestidade auxiliará a nossa gestão parental, conquistará o respeito dos nossos filhos e, consequentemente, impactará positivamente a atitude destes, que são sensíveis à nossa conduta.

mulher com o cabelo castanho escuro com cumprimento médio, vestida de amarelo com brincos compridos amarelos, corrente dourada sob o fundo neutro (muro bege texturizado). Ela sorri, contente.

Escrito por

Mariana Ribeiro

Mãe de cinco filhos em ensino doméstico. Apaixonada por filosofia, psicologia e educação. Estuda e escreve sobre família e desenvolvimento humano. @Marianaparaizoribeiro

Rotina de uma Família de 7 (em ensino doméstico)

Nunca tive hábitos rotineiros e não considerava a rotina relevante para o sucesso pessoal e familiar.

Tudo mudou quando fui grávida de primeira viagem e comecei meu estudo sobre parentalidade. Deparei-me logo com a evidência: a rotina é essencial para a vida familiar.

Então, decidimos aplica-la desde o início e pela experiência posso dizer que os benefícios são infindáveis: potencializa o tempo de cada membro da família, promove a harmonia no lar, capacita a cognição e o foco das crianças (e dos adultos) – maior sucesso académico, reduz os níveis de estresse, fortalece o vínculo afetivo familiar, entre muitos outros que fomos descobrindo com o tempo.

Nossa rotina percorreu um longo caminho desde a vida de filho único à vida no campo com cinco filhos em ensino doméstico, mas a base manteve-se. Esta base foi construída com estudo, experiência, erros e acertos e sob esta estrutura fomos (e vamos) moldando as nossas decisões consoante às necessidades familiares – tendo em consideração os objetivos e as peculiaridades de cada membro familiar naquele período de tempo –  e considerando, claro, a quebra da rotina, igualmente essencial para a fluidez saudável do nosso cotidiano.

Partilho então, a nossa rotina atual como família com cinco filhos em ensino doméstico:

Acordo antes das crianças para ter o meu tempo de preparação para o dia . Não que eu seja uma  morning person, pelo contrário, mas as forças das circunstâncias trouxeram-me para este lado da vida (os benefícios que retiro desde hábito não têm preço). Abdicar deste tempo é passar o dia fugindo da bola de neve, em resoluções de urgências atrás de urgências.

6:00 – Levantar instantaneamente, evitando pensar muito.

Se hesito, logo encontro uma interminável lista de motivos para ficar na cama. O segredo está em pensar e planear previamente e, no momento, agir – obedecendo nossas prévias decisões.

Desta forma, não caímos nos engodos momentâneos que tantas vezes tramam nossos projetos futuros.

Utilizo este tempo para orar e meditar (pode ser utilizado para ler ou escrever) e pratico exercício logo a seguir.

7:15 – As crianças começam a acordar, uma a uma, cada uma a seu tempo.

8:00 – Pequeno almoço.

8:30 – Preparação matinal.

Visto a mais nova (de dois anos). Cada criança arruma a sua própria cama e veste-se sozinha (a partir dos 4 anos). Ficamos todos arranjados para começar o dia mas antes, há sempre um tempo para brincadeira.

9:00 – As filhas mais velhas começam o estudo.

Alinho as matérias que se vão dedicar a cada dia, reservando uma atenção especial individualmente ao longo da manhã. Elas estudam durante durante 20 à 30 minutos de cada vez com um intervalo a intercalar.

A prioridade matinal é o estudo mas, toda mãe é multitasking (naturalmente ou, mais uma vez, pela força da circunstância) e se não há tempo, arranjamos para ainda dar atenção aos filhos mais novos, organizar a roupa da casa e preparar o almoço. 

12:00 – Almoço.

As meninas põem a mesa, às vezes os menores me “ajudam” a preparar o almoço ou a tirar a loiça da máquina.

A minha capacidade de gestão neste momento do dia é sempre posta à prova. Ao longo dos anos notei que o truque é focar no essencial e tentar desfrutar de cada momento. Ajudou-nos termos tentado incluí-los nos afazeres de casa desde cedo. Potencializou o desenvolvimento dos meus filhos, a sua autonomia, confiança, foco, entre muitos outros benefícios que vão brotando. E claro, sem contar com a harmonia da nossa rotina.

Almoçamos todos juntos em família.

É inegociável alguém comer sozinho ou com a companhia de alguma tela/jornal. Durante o almoço, desfocamos do que ficou por fazer ou o que ainda precisa ser feito. Tentamos que o ambiente seja agradável e que estejamos verdadeiramente presentes e disponíveis uns para os outros.

Logo a seguir, todos ajudam um pouco e logo correm para o quintal. Eles brincam enquanto finalizo a cozinha.

13:30 – Os mais novos vão dormir.

Durante este tempo, as mais velhas ficam no momento da leitura ou noutra atividade calma e silenciosa. Neste momento (e à noite), a casa está silenciosa. Respeitamos o descanso dos mais novos e permitimos à nossa mente um momento sem ruídos.

Reservo este espaço também para mim: uma pequena pausa no meio do dia para um café tranquilo, um momento de leitura, um banho de sol ou simplesmente conversas com outras pessoas.

É para mim, imprescindível retirar desta pausa algum prazer para descansar a alma.

14:00 – Voltamos ao estudo.

Desta vez mais leve. Reservo para aqui as atividades mais artísticas, lúdicas, trabalhos no exterior ou musicais, deixando livre para cada um explorar os seus interesses.

15:00 – Acabaram-se os estudos, os pequenos acordam.

15:30 – Lanche

Para as mais velhas o lanche é, muitas vezes, na escola local com os colegas (quando vão atendem às atividade extra curricular AEC’s)

16:00 – Saem com o pai para o exterior

Dependendo do dia, as crianças atendem às aulas de ténis ou às atividade no campo de desporto. Quando não vou com eles, aproveito para focar-me na organização da casa, outros trabalhos pendentes, pequenos compromissos.

19:00/19:30 – Jantar.

E logo a seguir temos o momento de leitura para as crianças, conversas, jogos interativos, entre outras atividades que envolva quase todos e que seja uma ponte para repousar o corpo e transitar para o descanso.

20:00 – Subo com as crianças para o banho e higiene.

Depois, religiosamente, temos nosso momento de gratidão, onde damos espaço para agradecer as pequenas e grandes graças que recebemos ao longo do dia. Lembramos se alguém precisa de alguma atenção especial – disponibilizo-me para conversas individuais que sejam necessárias. Oramos e com um beijo deixo-os na cama para dormirem.

Com a mais nova, enquanto a embalo, canto uma música calma e deixo-a no berço com um beijo de boa noite e, assim como fazemos com os irmãos, ela adormece sozinha no seu berço.

Conclusão

 

Agora, temos colhido inúmeros frutos ao seguir esta rotina. Um deles é ter tempo para nós depois que as crianças dormem. Como descansam às 20:30, reservamos este tempo da noite para nós

Também colhemos diariamente o fruto da autonomia das crianças. Não só os capacitar para a vida e permite que se desenvolvam com maior confiança, como também proporciona uma harmonia preciosa no cotidiano familiar.

Para este efeito, incentivamos nas crianças simples capacidades como: vestirem-se sozinhos (deixo a muda de roupa separada), depositar a roupa suja no cesto, dobrar a roupa limpa, dispor a mesa, retirar a mesa, deixar seus brinquedos arrumados, calçar e guardar os próprios sapatos, vestir e guardar o casaco no local correto, guardar a lancheira da escola, escovar os dentes, pentear o cabelo, ir ao mercadinho local comprar pequenos items, fazer a própria cama (vai aprimorando conforme vão crescendo), entre outras atividades. Aconselhamos vivamente o incentivo (sem pressão ou ansiedadade, antes, entusiasmo) dos pais aos filhos no cumprimento destas pequenas tarefas cotidianas desde cedo para que se transforme num hábito adquirido, tornando-se leve e automático.

Em conclusão, depois de pesquisa mas sobretudo de experiência, constatamos que, realmente, a rotina é essencial. Não só para a harmonia familiar, como também para atingir os objetivos de cada membro familiar. 

O benefício abrange todos e cada um.

mulher com o cabelo castanho escuro com cumprimento médio, vestida de amarelo com brincos compridos amarelos, corrente dourada sob o fundo neutro (muro bege texturizado). Ela sorri, contente.

Escrito por

Mariana Ribeiro

Mãe de cinco filhos em ensino doméstico. Apaixonada por filosofia, psicologia e educação. Estuda e escreve sobre família e desenvolvimento humano. @Marianaparaizoribeiro

Homeschooling: Benefícios e Desafios para Pais e Filhos

Homeschooling, ou ensino doméstico, é uma modalidade de ensino em que o aluno desenvolve o processo educativo fora do contexto escolar.

Os pais, que optam por esta via, assumem a responsabilidade na educação multidisciplinar dos filhos, tomando o lugar do professor. 

Estas famílias obtém uma maior flexibilidade em diversos campos – no método de aprendizagem, nos horários, nos locais de ensino – adequando tudo ao ritmo de cada criança e a todos do lar.

Origem

 

A educação domiciliar cresceu exponencialmente em todo o globo nestes últimos anos e, por isso, muitos tendem a considerá-la uma prática recente. Contudo, esta modalidade foi, na verdade, a única existente desde os primórdios da humanidade e perdurou durante séculos. 

A educação massificada, como hoje conhecemos, surgiu somente no final do séc.XIX, com as escolas compulsórias a surgir de braços dados com a Revolução Industrial. A forma natural de educação, onde o conhecimento é passado dos pais para os filhos, dentro do ambiente familiar, chamada homeschooling, voltou em voga apenas nestes últimos anos e está a encantar muitas famílias no mundo inteiro. 

Benefícios do Homeschooling para Pais e Filhos

 

Horário flexível e personalizado

 

A prática do ensino doméstico possui inúmeros benefícios, não só para as crianças como para toda a família. O primeiro benefício que a família nota é o da flexibilidade de horários e do local de aprendizagem. Esta liberdade permite potencializar a aprendizagem pela capacidade de adaptação/alteração do ambiente e do método de ensino em prol das necessidades individuais do aluno de forma exclusiva. Esta flexibilidade torna o dia-a-dia mais leve e harmonioso.

Enquanto na escola temos o horário imposto pela instituição, no homeschooling quem dita as regras é a família.

Afetividade e valores familiares

 

No ensino público, as crianças passam, compulsoriamente, entre 6 a 10 horas por dia fora de casa, consoante o país. Já o homeschooling permite à criança muito mais tempo em família, fortalecendo as relações familiares, que é primordial para um desenvolvimento saudável.

 

Ampliação do conhecimento para todos

 

No processo, os pais aumentam e aprofundam o seu conhecimento, partilhando experiências memoráveis com os filhos. É um processo de enriquecimento para todos.

 

Convívio intergeracional

 

Além do fortalecimento dos laços familiares, a criança tem mais oportunidades de viver em comunidade. Convivendo com pessoas de diversas faixas etárias, quer sejam vizinhos, o senhor da loja, primos, avós e bisavós. Ela cresce de uma forma ampla e íntegra, contrastando com a escola, onde o convívio é,  na maior parte do tempo, somente com crianças da mesma faixa etária, embora os vários níveis se possam encontrar em horário de recreio.

 

Ensino personalizado com flexibilidade curricular

 

Um dos benefícios mais importantes é o facto do homeschooling não ser massificado como o é o formato escolar. A aprendizagem no ensino doméstico é particular e adequado a cada criança, tornando-se geralmente mais eficaz e, por isso, ganha-se valioso tempo. 

 

Maior eficiência

 

Os dados indicam que um homeschooler tem sucesso académico acima da média, melhor foco e mais tempo livre que um aluno que frequenta o ensino público. A eficácia desta modalidade dá-se pela qualidade da comunicação e pelas circunstâncias diferenciadas: quem leciona está a comunicar diretamente – o feedback é instantâneo – conhece o aluno como ninguém – geralmente a mãe ou o pai –  e é realizada na segurança do seio familiar, com metodologias personalizadas.

Não é por acaso que este foi o sistema que perdurou durante tanto tempo na humanidade, por nos ser natural, flexível e visivelmente eficaz.

Desafios do Homeschooling para Pais e Filhos

 

Apesar do homeschooling ser um sistema natural e, como muitos defendem, uma extensão da parentalidade, não deixa de ser desafiante pô-lo em prática nos dias de hoje. 

 

Disponibilidade e Finanças

 

Para dar início ao homeschooling, precisamos da disponibilidade de um dos pais que vai assumir a educação dos filhos. Isto implica abdicar de parte, ou totalmente, de um dos rendimentos monetários. Economicamente pode ser extremamente impactante ou até impossível para algumas famílias. 

No meu caso particular, foi necessária uma mudança de carreira por parte do meu esposo, para poder sustentar toda a família, e para me permitir dedicar inteiramente à educação dos nossos filhos e das tarefas domésticas.

 

Socialização (ou falta dela)

 

O assunto mais polêmico no homeschooling é, sem dúvida, a socialização (ou falta dela). 

Como mencionado anteriormente, o convívio em comunidade tem um forte impacto no desenvolvimento infantil. Esta modalidade acaba por incentivar este estilo saudável quando comparado ao convívio “paralelo” de pessoas da mesma faixa etária, imposto nas escolas. 

Mas, ainda assim, é verdade que a socialização de crianças com crianças é essencial e pode ser um desafio para os homeschoolers nos dias actuais. 

No caso de famílias que não tem a capacidade de ingressar numa comunidade de homeschooler locais, e onde ambos os pais trabalham, acaba por ser quase inevitável os filhos passarem o dia na instituição. Podem ainda ficar em atividades extra-curriculares, o que acaba por ocupar todo o tempo livre da criança durante a semana. 

Os homeschoolers que não têm a oportunidade de conviver com seus pares, pois estes estão na escola, e por falta de outras famílias que pratiquem o ensino doméstico dentro da sua localidade, deparam-se com o famoso desafio da socialização. 

Estas famílias recorrem aos intervalos das atividades extra-curriculares – que muitas vezes são demasiado corridos para ter uma socialização eficaz – ou os pais têm de se esforçar por combinar encontros entre as crianças para preencher esta lacuna.

 

Pedagogia

 

O último desafio é o da pedagogia em si. 

É verdade que qualquer pai que tenha uma licenciatura (grau mínimo obrigatório para ser homeschooler em Portugal), tem o domínio do conteúdo elementar a lecionar, e, com o apoio da internet, pode ter contacto com outras comunidades. Mas a pedagogia não deixa de ser uma Arte. 

E, como qualquer arte, requer conhecimento de como aplica-la, requer prática, paciência, etc. Tudo isto leva estudo e tempo e, dependendo dos pais, pode ser um desafio de grau maior.

 

Família numerosa

 

Múltiplos filhos na prática do homeschooling pode ser desafiador, principalmente quando surge um irmão novo. Nestes casos ter uma rede de apoio que permita dividir as tarefas – um familiar, o parceiro ou até profissionais (para ajudar a cuidar da casa, das aulas ou com o bebé) – pode ser essencial nesta fase exigente.

 

Domínio emocional

 

Apesar do homeschooling trazer imensos benefícios, há que ter em conta os desafios que serão enfrentados. Para ensinar, principalmente os filhos, é preciso ter uma consciência e prática constante no auto-domínio das emoções

Nada de novo para quem é pai ou mãe. São aptidões que vamos apurando ao vivermos naturalmente a parentalidade. No entanto, durante o ensino doméstico, é-nos exigido um controlo mais sólido e contínuo. 

 

Gestão de tarefas

 

Normalmente quem ensina em casa trata também dos afazeres domésticos. Há que ter em conta a gestão e conciliação do ensino com os afazeres. Demanda atenção e foco constante.

 

Contudo…

 

Estes aspectos são apresentados como dificuldades, mas a verdade é que quando superadas, contribuem enormemente para a harmonia familiar e para a edificação de cada membro da família.

Todos os desafios são superados em conjunto, tornando o homeschooling um processo único de crescimento holístico, não só do educando como de toda a família. Consequentemente, é também uma valiosa contribuição para a sociedade.

menino com cabelo castanho claro debruçado sobre um livro, apontando para o mesmo. Tem uma camisa as ricas azul escuro e cinzento e o livro está sobre uma mesa castanha escura.

Como Começar o Homeschooling?

 

Em Portugal, o ensino doméstico está regulamentado pelo Decreto-Lei n.º 70/2021, de 3 de agosto. É legal e qualquer família que resida em Portugal, em que um dos membros possua uma licenciatura (validada em Portugal), é elegível para ingressar no ensino doméstico. 

O primeiro passo consiste em matricular o educando na escola ou colégio, com um pedido por escrito, direcionado ao diretor. Deve expressar o motivo de interesse no ensino doméstico, com os documentos anexados (para saber mais acesse: adicionar aqui o link do artigo “Homeschooling em Portugal: Aspectos Legais e Como Cumprir a Legislação).

Após a aprovação, os pais comunicam o Plano Educativo (verbalmente ou por escrito) onde descrevem o plano geral pragmático que irão implementar. O diretor estabelece então  um professor-tutor que irá guiar o encarregado de educação. Acordam a frequência das reuniões ao longo do ano e é formulado um contrato (Protocolo de Colaboração). 

A partir daí, o encarregado de educação terá a liberdade de começar o homeschooling, registrando os trabalhos essenciais para depois os apresentar nas reuniões com o professor-tutor. Estas reuniões terão o propósito dar a assistência e guiar o encarregado de educação. 

Em Portugal as famílias tem a associação MEL (Movimento de Ensino Livre) disponível para dar assistência às famílias em ensino doméstico.

Reflexão final de uma família homeschooler

 

Como resposta aos incontáveis entraves que encontramos na educação pública actual – declínio significativo da qualidade de ensino, excessiva retenção das crianças fora do seio familiar, normalização de certos valores incompatíveis aos da família-tradicional, aumento da insegurança física e emocional, etc. – vemos o ensino doméstico como uma via mais sensata e eficaz, por dar primazia à liberdade consciente de educação dos pais aos seus filhos.

Apesar de imperfeitos, ninguém substitui o pai ou a mãe. Nosso papel é único. E assumindo esta responsabilidade de forma íntegra, crescemos todos juntos: família e sociedade. É no fundo, uma forma natural que sempre existiu e que vale a pena ser restaurada. 

mulher com o cabelo castanho escuro com cumprimento médio, vestida de amarelo com brincos compridos amarelos, corrente dourada sob o fundo neutro (muro bege texturizado). Ela sorri, contente.

Escrito por

Mariana Ribeiro

Mãe de cinco filhos em ensino doméstico. Apaixonada por filosofia, psicologia e educação. Estuda e escreve sobre família e desenvolvimento humano. @Marianaparaizoribeiro

8 Dicas Para Dividir Atenção Entre os Filhos na Ótica de uma Mãe de 5 II

Esta é a Parte II do passo-a-passo prático para pais de famílias numerosas gerirem a atenção entre os filhos de forma harmoniosa. O artigo completo é constituído por: Parte I, parte II e parte III.

4. Como ensinar meus filhos a respeitarem o espaço e as necessidades uns dos outros?

 

Empatia

 

Toda criança (e adulto) é movida pelas emoções. Compreendem, conforme crescem, que estas têm nomes e que todo ser humano também passa pelo mesmo. Este entendimento é naturalmente adquirido enquanto brincam e se relacionam. Podemos promovê-lo desde cedo, com conversas e gestos que vão de encontro a esta empatia.

A empatia também pode ser trabalhada pelos pais e quanto mais cedo, melhor. A forma como intervimos nos conflitos é essencial para tal – presença de qualidade, ouvir e resolver de forma justa – esta consistência irá moldar a percepção dos filhos sobre a realidade, irão entender que fazem parte de um todo e que somos todos feitos essencialmente do mesmo. Esta noção base já será suficiente para guiá-los ao respeito mútuo e às necessidades dos outros.

 

Espaço individual

 

Sobre o espaço, deixo o que praticamos em nossa família como sugestão:

Aqui em casa os irmãos dormem juntos mas faço questão que cada criança tenha a sua mesa de cabeceira com suas gavetas, onde guardam os pertences pessoais. Também têm uma caixa onde cada um guarda os seus brinquedos. 

Todos entendem que algumas coisas pertencem só a uns, e que precisam de permissão para usar. O dono pode permitir ou não, e como desde cedo é trabalhada a empatia, sugerimos sempre a bondade (imaginar como a outra pessoa se sente) mas não a impomos. Às vezes emprestam, outras não. E tudo bem, o outro tenta entender o que é estar na posição do irmão. Entendem-se sempre? Também não. É um aprendizado, mas na maioria das vezes, sim, respeita-se a decisão. Esta gestão, deixamos ao encargo total dos nossos filhos. 

5. Quais estratégias posso usar para que todos se sintam incluídos nas atividades familiares?

 

Refeição à mesa

 

Por vezes, procuramos por soluções novas e instantâneas mas as soluções que perduraram por gerações, só perduraram porque realmente funcionam. Uma delas é o hábito da refeição à mesa.

Todos presentes, sentados, sem dispositivos e atentos uns aos outros. É neste momento que cada um tem o seu espaço para falar e ser ouvido. É onde, apesar das idades e diferenças, mantém-se uma mesma conversa entre todos. Evita-se aproveitar para resolver conflitos, que o bom ambiente fale mais alto e os pais têm sempre o olho atento para que todos tenham o seu espaço. 

Se for realizado, inegociavelmente, todos os dias desta forma, toda a dinâmica da família em outras atividades familiares terão esta conduta de atenção individual mútua.

Temos vivido isto em nosso lar e os resultados são surpreendentes.

 

Conversa particular

 

Antes de dormir é, também, um excelente momento para sentar com cada um: olhar nos olhos e ter uma pequena conversa, se sentir que precisam.

Um olhar atento e presente dos pais, vai sempre detectar se precisa dar mais atenção a algum filho em particular e este é um momento propício para fechar o dia com uma boa conexão pessoal. 

 

Comunicação entre o casal

 

As conversas reflexivas entre cônjuges a priori também auxiliam este olhar atento que vai se tornando mais eficaz com o passar do tempo.

mulher com o cabelo castanho escuro com cumprimento médio, vestida de amarelo com brincos compridos amarelos, corrente dourada sob o fundo neutro (muro bege texturizado). Ela sorri, contente.

Escrito por

Mariana Ribeiro

Mãe de cinco filhos em ensino doméstico. Apaixonada por filosofia, psicologia e educação. Estuda e escreve sobre família e desenvolvimento humano. @Marianaparaizoribeiro