Benefícios da yoga para crianças com Silvia Perez

A Yoga para adultos tem diversas vantagens já conhecidas, como melhorar a concentração, nos trazer para o momento presente, reduzir o estresse e controlar a ansiedade. Sendo então um ótimo exercício para o corpo, desenvolvendo força e flexibilidade. Além disso, os últimos estudos também apontam que a yoga é eficaz no controle do tdah em crianças.

Na entrevista de hoje, vamos descobrir os benefícios da yoga para o desenvolvimento físico e emocional das crianças e como podemos incentiva-las à prática. 

 

Para isto, convidamos Silvia Perez, certificada pela Cosmic Kids Yoga e Rainbow Kids Yoga, fundadora da Aloha Happy Kids, em Malta, que por meio de práticas holísticas, yoga e um profundo respeito pela natureza, guia crianças a crescerem com gentileza, confiança e um senso de admiração, capacitando-as a brilhar intensamente em tudo o que fazem.

Qual é a sua experiência ensinando yoga para crianças?

Desde 2018, quando vivenciei uma transformação pessoal em Bali, o yoga se tornou parte da minha vida e do meu propósito. Tive a alegria de ensinar em diversos ambientes, desde programas extracurriculares a creches e sessões de yoga em família. Cada espaço é único e adoro criar ambientes onde crianças e famílias se sintam seguras, alegres e apoiadas. Cada criança que conheço traz algo especial, e ensiná-las é um presente que guardo no coração.

Qual é a sua abordagem para ensinar yoga para crianças?

Minha abordagem se baseia na educação holística, na criatividade e no amor. Acredito que yoga para crianças deve ser repleto de amor, imaginação e alegria. Cada aula é como uma pequena aventura onde nos conectamos com nossos corpos, exploramos nossas emoções e nos sentimos seguros sendo nós mesmos. Eu combino contação de histórias, músicas, movimento e atenção plena para criar um espaço onde as crianças se sintam livres, apoiadas e celebradas por quem são.

Como você adapta as aulas para diferentes idades e habilidades?

Adapto cada sessão à faixa etária e às necessidades individuais. Para crianças menores, utilizo mais contação de histórias, música e dicas visuais, enquanto as maiores se beneficiam de uma exploração emocional mais profunda, exercícios de respiração e atividades de construção de equilíbrio. Sempre ofereço opções e modificações para que cada criança se sinta incluída, apoiada e bem-sucedida.

Quais são os objetivos e benefícios das suas aulas de yoga para crianças?

Meu desejo mais profundo é que cada criança que frequenta a aula se sinta amada, segura e livre para ser exatamente quem é. Quero que eles saiam de cada sessão com um grande sorriso, o coração tranquilo e um pouco mais de confiança em si mesmos. A yoga é a minha maneira de plantar sementes de amor, respeito e gentileza, sementes que espero que cresçam com eles ao longo da vida. Não se trata de posturas perfeitas; trata-se de ajudá-los a se sentirem fortes por dentro, conectados às suas emoções e conscientes do belo mundo ao seu redor.

Como você mantém as crianças engajadas e motivadas durante as aulas?

Criamos experiências mágicas juntas! Eu uso música, personagens, temas, histórias da natureza e canções que despertam a imaginação delas, especialmente com crianças menores. A música ajuda a tornar a sessão lúdica e rítmica, mas também trago acessórios, desenhos e muitos outros recursos para mantê-las totalmente engajadas. Mas o mais importante é que eu as ouço. Quando as crianças se sentem vistas e ouvidas, elas naturalmente querem participar com alegria e curiosidade.

Como você garante a segurança das crianças durante as aulas?

Eu mantenho um ambiente calmo e estruturado, mantenho as turmas pequenas e dou orientações claras para cada atividade. Também observo cada criança cuidadosamente para garantir que estejam praticando com segurança e confiança.

Quais precauções você toma para prevenir lesões?

Eu sempre começo com aquecimentos e oriento as crianças a ouvirem seus próprios corpos. Ofereço demonstrações físicas, ensino o alinhamento correto de forma simples e evito forçar qualquer postura. A brincadeira é importante, mas a segurança sempre vem em primeiro lugar.

Você tem experiência trabalhando com crianças com necessidades especiais? Há aulas especiais para essas crianças?

Embora eu não tenha uma certificação específica em yoga para crianças com necessidades especiais, minhas aulas são sempre inclusivas e abertas a todos. Crio um ambiente acolhedor e acolhedor, onde cada criança é incentivada a participar em seu próprio ritmo. Estou atenta às necessidades de cada criança e feliz em adaptar as atividades para garantir que elas se sintam seguras, respeitadas e incluídas. Se uma criança precisar de um apoio mais personalizado, recomendo trabalhar com um especialista certificado.

Quais são os benefícios da yoga para crianças, na sua experiência?

Já vi tantas transformações lindas em crianças através da yoga. Vi crianças tímidas se abrirem e se expressarem, crianças cheias de energia aprenderem a parar e respirar, e pequenos corações ansiosos encontrarem a calma. A yoga lhes dá mais do que flexibilidade ou equilíbrio; ela lhes dá ferramentas para entender suas emoções, sentir orgulho de seus corpos e se conectar com os outros de forma gentil e respeitosa. Para mim, trata-se de plantar pequenas sementes de amor, confiança e consciência que podem crescer com elas ao longo da vida.

menina em posição de yoga
Foto de Kajetan Sumila na Unsplash

Como a yoga pode ajudar as crianças a lidar com o estresse e a ansiedade?

A yoga tem sido uma ferramenta maravilhosa para ajudar as crianças a encontrar a calma em momentos de estresse. Já vi fazer maravilhas. Exercícios respiratórios simples e movimentos suaves podem ajudá-las a desacelerar e se reconectar com a respiração quando as emoções parecem avassaladoras. É como dar a elas um pequeno botão de pausa para reiniciar. Adoro ver o momento em que uma criança percebe que pode respirar fundo e se sentir melhor, ou quando ela vem até mim e diz: “Usei minha respiração quando estava nervosa hoje!” Fico muito feliz em saber que eles estão aprendendo a navegar pelo mundo com mais paz, uma respiração de cada vez.

Você tem exemplos de como a yoga pode melhorar a concentração e o foco das crianças?

Com certeza! Já ouvi muitas mães falarem sobre como a yoga ajudou seus filhos. Fico muito feliz quando os pais compartilham essas histórias. Por exemplo, uma das coisas mais doces que ouvi de uma mãe foi como sua filha começou a ensiná-la a se acalmar usando técnicas de respiração que aprenderam na aula de yoga. A criança a lembrava de respirar fundo quando as coisas pareciam estressantes, e foi um momento lindo de ciclo completo. É incrível como as ferramentas que compartilhamos em sala de aula não apenas ajudam as crianças a se concentrar, mas também as capacitam a compartilhar essas ferramentas com outras pessoas. Yoga não se trata apenas do que fazemos em sala de aula; trata-se de como essas ferramentas ajudam as crianças a navegar pelo dia com mais presença e calma. Ver as crianças aplicarem o que aprenderam no dia a dia é realmente mágico.

Como você continua a desenvolver e aprimorar suas habilidades como professora de yoga infantil?

Estou sempre aprendendo por meio de livros, workshops, cursos e, acima de tudo, com as próprias crianças. Reflito sobre cada sessão, me conecto com outros educadores e deixo a natureza, a criatividade e o amor me guiarem. Cada sorriso, cada pergunta, cada momento com uma criança me ajuda a crescer.

Em conclusão, a yoga é uma super prática para crianças, inclusive crianças com tdah, pois ajuda a desenvolver a coordenação motora, concentração e trazê-las ao momento presente. Adicionalmente, deixando-as mais relaxadas e calmas. E com a yoga sendo praticada regularmente, elas conseguem desenvolver variadas habilidades super importantes para a vida, como disciplina, capacidade de lidar com problemas, autoconfiança… 

Depois de tantos benefícios, que tal começar a praticar yoga com seu filho(a)?



Entrevistada

Silvia Perez é fundadora do Aloha Happy Kids. Nascida em Barcelona e agora morando em Malta, sempre achou que a educação deveria ser mais do que apenas conhecimento, mas sim uma nutrição da criança por inteiro. Por meio de práticas holísticas, yoga e um profundo respeito pela natureza, guia as crianças a crescerem com gentileza, confiança e um senso de maravilha.

Escrito por

Flávia Oliveira

Jornalista e Relações Públicas, formada em Mediadora de Conflitos, pelo Instituto Federal de Brasília, através da Tertúlia Literária Dialógica. Mãe de dois: Mia e Andrea, vivendo em Malta e sempre com uma passagem para o próximo destino a ser descoberto.

Brincar ao ar livre: O poder da natureza na infância

A infância é a fase principal para o ser humano descobrir o mundo e se desenvolver e a natureza é essencial nesta etapa, principalmente nos primeiros cinco anos de vida, aqueles anos fundamentais para desenvolvimento humano.

 

Então, neste artigo, iremos falar um pouco mais da importância da natureza na infância e te ajudar a incentivar a brincadeira na natureza e incentivar a conexão para promover um desenvolvimento saudável e feliz.

 

Volte à sua infância e agora tente lembrar dos momentos mais marcantes dela…

Quais foram eles?

Eu, particularmente, lembro do meu avô construindo uma casa de palha de coqueiro para mim, minha irmã e minhas primas. Lembro de ir explorar uma área que tinha no meu prédio que chamávamos de matagal, onde era cheia de jaqueiras enormes e a gente escorregava pela terra. A infância é isso, um momento mágico de descoberta e aventura, e a natureza é o palco perfeito para essa etapa da vida. 

 

Primeiros passos 

Desde os primeiros passos até as primeiras palavras, as crianças aprendem e crescem em contato com a natureza, descobrindo a textura da grama, o som dos animais, o cheiro das flores, entendendo sobre dias e chuva e dias de sol, sobre estações do ano E, junto a isso, elas desenvolvem habilidades importantes, como a curiosidade, a criatividade e a resiliência. 

A natureza representa em muitos aspectos o ambiente ideal para o desenvolvimento infantil: é cheia de estímulos que despertam a inteligência e exercitam os sentidos, oferece diferentes possibilidades de experimentação e movimento, favorece a convivência social, estimula o desenvolvimento de toda a personalidade no psicomotor, emocional, social e cognitivo e desperta equilíbrio e satisfação.

No entanto, em uma época em que a tecnologia e a urbanização estão cada vez mais presentes em nossas vidas, as crianças estão passando cada vez menos tempo ao ar livre. Isso pode ter consequências negativas para o seu desenvolvimento e bem-estar.

 

Afinal, quais são os benefícios da brincadeira na natureza?

 

Desenvolvimento motor

Desenvolver habilidades por meio dos movimentos que a natureza nos ajuda a fazer como saltar, correr, equilibrar, subir e descer. 

 
criança segurando caules verdes suja de lama
Criança conectada com a natureza (arquivo pessoal)

Aprendizado ao ar livre

Vivenciando fenômenos naturais e o ritmo das estações, as crianças aprendem coisas de forma mais natural do que nas escolas tradicionais, onde são aprendidas por meio dos livros, como ciência, biologia e ecologia de forma prática e interativa. A natureza também é um ambiente rico em estímulos que podem inspirar a criatividade das crianças.

 

Conexão com a natureza

A brincadeira na natureza ajuda as crianças a se conectar com o mundo natural e a desenvolver uma sensação de responsabilidade em relação ao meio ambiente. Sendo o próprio ambiente que educa por meio de experiências que as crianças fazem espontaneamente e independentemente.

 

Redução do estresse

A brincadeira na natureza pode ajudar a reduzir o estresse e a ansiedade nas crianças, pois a natureza tem um efeito calmante sobre elas. Perceba como seu filho dorme melhor quando passar a tarde brincando num parquinho cheio de árvores. 

 

Desenvolvimento cognitivo

A brincadeira na natureza pode ajudar as crianças a desenvolver habilidades cognitivas, como a resolução de problemas.

 

Estimulação social

As crianças aprendem a considerar umas às outras, a esperar, a ouvir umas às outras, a aceitar fraquezas e forças individuais e desenvolver muito rapidamente um forte sentimento de pertencimento ao grupo.

 

Abaixo, algumas dicas de como incentivar a brincadeira na natureza:

 

Encontre espaços naturais

Encontre parques, praças ou áreas verdes próximas à sua casa.

 

Exploração

As crianças adoram explorar, incentive isto! Deixe-as explorarem e descobrirem a natureza por contra própria. 


Jogue com as crianças

Jogue algum jogo na natureza e incentive-as a se divertirem.  

 

Picnic

Que tal um picnic ao ar livre, no parque da sua cidade, onde elas possam comer e brincar ao mesmo tempo? 

 

Jardim

Crie um jardim com as crianças, onde elas possam plantar e cuidar de suas próprias plantas.

 

Forneça equipamentos

Forneça às crianças equipamentos, como binóculos ou uma lupa, para ajudá-las a explorar a natureza.

 

Seja paciente

Para mim este é o principal: seja paciente e permita que as crianças explorem e descubram a natureza ao seu próprio ritmo. Na verdade, não precisamos fazer nada, apenas leva-las ao ar livre, esperar e ser um observador apenas. 

 

A brincadeira na natureza é fundamental para o desenvolvimento saudável e feliz das crianças. Além de proporcionar benefícios físicos e cognitivos, a brincadeira na natureza ajuda as crianças a se conectar com o mundo natural e a desenvolver uma consciência ambiental.

Incentive as crianças a brincar na natureza e ajude-as a desenvolver uma relação saudável e feliz com o mundo ao seu redor.

Clicando aqui você poderá conferir uma matéria com Stefania Masala, que desenvolveu em Malta o projeto “Living Mindful Education”, inspirado na Forest School, onde envolve uma experiência ao ar livre, senso de comunidade educacional e caminho de autoaprendizagem.

Escrito por

Flávia Oliveira

Jornalista e Relações Públicas, formada em Mediadora de Conflitos, pelo Instituto Federal de Brasília, através da Tertúlia Literária Dialógica. Mãe de dois: Mia e Andrea, vivendo em Malta e sempre com uma passagem para o próximo destino a ser descoberto.

Forest School: você conhece este termo? Confira a entrevista com Stefania Masala

A Escola Florestal (Forest School) é um modelo de educação infantil que busca conectar as crianças com a natureza, promovendo o aprendizado e o desenvolvimento por meio de atividades ao ar livre.

E, nesta entrevista, a italiana Stefania Masala, discorre um pouco mais sobre o conceito de Forest School e conta como decidiu criar a própria Forest School, em Malta, na Europa. 

Com origem na Dinamarca, na década de 1950, os princípios básicos da Forest School incluem: conexão com a natureza, aprendizado por meio da experiência, desenvolvimento da autonomia, foco na criatividade e na imaginação. E algumas das atividades são: exploração da natureza, com caminhadas, observação de plantas e animais, trabalhos manuais com materiais naturais, como madeira, pedra, jogos de equipe, brincadeiras de faz-de-conta, aprendizado de habilidades práticas, como fazer fogueira, por exemplo. 

 

De onde surgiu a ideia de iniciar o projeto de uma Forest School?

Desde que engravidei, tenho me interessado profundamente pelo mundo da infância, aprendendo sobre desenvolvimento infantil, psicologia, crescimento cognitivo, nutrição e alimentação saudável. Como uma aprendiz autodidata, li vários livros e explorei de forma independente vários aspectos da educação, gradualmente adotando uma abordagem respeitosa e uma criação gentil. Dois anos atrás, quando meu filho tinha cerca de três anos, decidi formalizar meu conhecimento matriculando-me na Academia de Podiagogia Viva, onde estudei mais tópicos como psicologia infantil, neurociência, educação ao ar livre, criação de filhos e educação emocional. E não me sentindo satisfeita com o sistema educacional tradicional, decidi criar minha própria escola na floresta. Junto com minha colega Kira Sullivan, combinei meu conhecimento para desenvolver uma experiência educacional que prioriza o respeito pelas crianças, a conexão com a natureza e um processo de aprendizagem enraizado na liberdade e experiências práticas. Hoje, este projeto é uma realidade que fazemos com paixão.

uma mulher de óculos e cabelo curto ao lado de uma mulher com um coque no cabelo
Kyra e Stefania, respectivamente, da Living Mindful Community, em Malta

Qual é o principal propósito da Forest School?

O propósito da Forest School é oferecer uma abordagem educacional alternativa ao sistema tradicional, permitindo que as crianças se conectem com a natureza diariamente e explorem suas necessidades intrínsecas. A natureza fornece todos os estímulos necessários para o desenvolvimento saudável da criança. Além disso, a abordagem educacional usada na Forest School é centrada na criança e sem julgamentos, honrando a individualidade de cada criança. Isso cria um ambiente de apoio onde as crianças se sentem livres para serem elas mesmas, promovendo autoconfiança e um forte senso de segurança.

 

Como é uma rotina típica em uma Forest School?

Não há uma rotina fixa em todas as Forest Schools, cada uma tem a sua. Muitas começam e terminam com um tempo de roda, mas descobrimos que, apesar de oferecê-lo várias vezes, as crianças não estavam interessadas. Em vez disso, escolhemos nos concentrar em algo de que realmente gostam. Embora seja verdade que as rotinas fornecem uma sensação de segurança ao criar previsibilidade, observamos que as crianças se movem pelo espaço com confiança e desenvolvem naturalmente suas próprias rotinas. Para nós, um momento-chave da rotina é a hora do lanche, quando muitas crianças escolhem sentar e comer juntas. A maior parte do tempo é dedicada à brincadeira livre, onde as crianças têm a liberdade de explorar, inventar e criar. Elas se envolvem em construção, brincadeiras imaginativas e dramatizações, desenvolvendo sua criatividade e habilidades de resolução de problemas. Ocasionalmente, oferecemos atividades guiadas, mas a participação fica inteiramente a cargo da criança. Uma característica definidora da Forest School é que a maioria das atividades é iniciada e liderada pelas crianças. Algumas são iniciadas pelas crianças, mas guiadas por adultos, enquanto poucas são iniciadas por adultos e lideradas pelas crianças. Muito poucas atividades são iniciadas e dirigidas por adultos, garantindo que as crianças permaneçam no centro de suas próprias experiências de aprendizagem.

 

Quais são os benefícios da Forest School para as crianças?

Pessoalmente, testemunhei um progresso incrível nas crianças. As mudanças mais significativas estão em sua autoconfiança e segurança. Esses pequenos indivíduos recebem espaço e tempo para desenvolver uma ampla gama de habilidades, guiados por educadores conscientes que os conduzem em uma jornada de aprendizagem autodirigida com uma abordagem sem julgamentos. Isso ajuda a criança a se sentir competente e, quando uma criança se sente assim, naturalmente promove um forte senso de autoestima e confiança. Outro aspecto crucial é a educação emocional. Nós nos concentramos muito nas emoções, frequentemente perguntando às crianças como elas se sentem. Isso lhes dá a oportunidade e o tempo para explorar suas emoções por meio da experiência direta, o que é um fator-chave para permitir o aprendizado real e promover a motivação intrínseca. Um elemento importante adicional é que a jornada de aprendizagem é autoguiada. Tentamos intervir o mínimo possível, permitindo que a criança permaneça conectada a si mesma, ouça suas próprias necessidades e navegue em seu caminho de aprendizagem pessoal por meio da experiência direta.

 

Como você lida com questões de segurança e risco em uma Forest School?

Um aspecto importante é o conceito de risco. Incentivamos atividades como subir em árvores, acender fogueiras, usar ferramentas reais de jardinagem e carpintaria e muito mais. Essas atividades ajudam a desenvolver habilidades como autoestima e confiança, pois as crianças têm espaço e oportunidade para explorar suas habilidades e se sentir competentes. Mantemos uma proporção de crianças por educador para garantir uma supervisão eficaz, permitindo que os educadores orientem as crianças em situações de risco com uma abordagem e linguagem conscientes e de apoio. Em vez de dizer “Tenha cuidado!”, perguntamos: “Você se sente seguro? Verifique seu equilíbrio. Olhe para seus pés.” Isso incentiva a criança a permanecer conectada consigo mesma, explorar seus limites e desenvolver as habilidades necessárias para lidar com riscos com segurança.

 

Qual é o futuro da Forest School?

Tenho muita esperança no futuro da Forest School, acreditando que é o único caminho para o desenvolvimento saudável de uma criança. Muitos países estão abrindo Forest Schools para restaurar o espaço natural para o crescimento das crianças, que está sendo gradualmente perdido. No entanto, ao mesmo tempo, estou preocupada, pois em alguns países há pouca conscientização sobre isso. Por exemplo, em Malta, somos a única Forest School verdadeira que segue seus princípios. É muito desafiador alcançar famílias que estejam cientes e dispostas a abraçar um caminho educacional diferente do tradicional, e questionar o que a sociedade tem oferecido até agora.

 

Como a Forest School se diferencia de outras abordagens educacionais?

A Forest School se diferencia do sistema educacional tradicional porque se concentra nas necessidades individuais de cada criança. Cada criança é única, com suas próprias necessidades pessoais que devem ser atendidas, e com uma proporção maior de criança para educador, temos a oportunidade de atender às necessidades de cada criança individualmente. É por isso que a proporção de criança para educador é muito maior do que nas escolas tradicionais. Além disso, cada criança segue um caminho de aprendizagem autodirigida, o que geralmente está ausente na educação tradicional, onde um método é aplicado a cada criança.

Outro aspecto muito importante é que não usamos recompensas ou punições. Em vez disso, nos concentramos em promover a motivação intrínseca, apoiada por uma linguagem positiva, sem oferecer recompensas ou consequências externas. Recompensas e punições, de fato, impedem que a criança desenvolva uma verdadeira motivação intrínseca, em vez disso, promovem a motivação externa com base em agradar aos outros ou confiar no julgamento externo. Acredito que a necessidade de aprovação externa é um aspecto profundamente preocupante da sociedade de hoje.

criança de jumper branco numa rampa de escorregar pikler
Criança na Forest School (arquivo pessoal)

Quais são os desafios mais comuns que as crianças enfrentam em uma Forest School?

Um dos maiores desafios para as crianças é aprender a administrar conflitos. Inicialmente, elas não estão acostumadas com a abordagem da Escola da Floresta, onde os educadores intervêm apenas em casos de perigo e agem como mediadores, fazendo perguntas para facilitar a comunicação em vez de fornecer soluções. Essa abordagem ajuda as crianças a desenvolver habilidades de resolução de conflitos e independência para lidar com desentendimentos e, consequentemente, desenvolver confiança e segurança. Administrar conflitos também pode ser um desafio para os educadores, pois cada criança e situação são diferentes. Não há regras fixas, apenas uma abordagem orientadora em que o educador deve reconhecer quando os conflitos desencadeiam suas próprias respostas emocionais e manter a neutralidade sem rotular a criança como vítima ou agressora. Ao vivenciar o conflito, as crianças têm a oportunidade de se envolver totalmente com suas emoções, desenvolver autoconsciência, construir empatia pelos outros e aprender a navegar em situações sociais difíceis. No entanto, muitas crianças não estão acostumadas a isso porque, nas famílias e nos sistemas educacionais tradicionais, os conflitos são frequentemente silenciados. Os adultos, influenciados por padrões geracionais, tendem a suprimir o conflito e as emoções que o acompanham, sentindo desconforto e inadequação. Como resultado, as crianças geralmente não têm permissão para discutir ou expressar desacordo. No entanto, o conflito é uma parte natural e saudável dos relacionamentos humanos. Um educador consciente orienta as crianças em desacordos, fazendo perguntas e ajudando-as a expressar seus sentimentos, facilitando a resolução sem intervenção desnecessária, a menos que haja uma preocupação com a segurança.

 

Como a Forest School ajuda as crianças a desenvolver habilidades sociais e emocionais?

Na Forest School, as crianças vivenciam emoções e aprendem a administrar conflitos em primeira mão, com intervenção mínima dos educadores, a menos que haja uma preocupação com a segurança ou que tenham dificuldade para chegar a um acordo ou se comunicar de forma eficaz. Por meio de relacionamentos, conflitos, brincadeiras livres e dramatizações, as crianças desenvolvem naturalmente habilidades sociais e emocionais. Ao representar diferentes situações, elas processam emoções e ganham uma compreensão mais profunda de si mesmas e dos outros. Durante as brincadeiras livres e os conflitos, as crianças também desenvolvem empatia, uma qualidade reforçada por educadores que validam cada emoção, ao mesmo tempo em que estabelecem limites claros se um comportamento for considerado inseguro.

O papel do educador é fazer perguntas orientadoras que facilitem o desenvolvimento de habilidades sociais e emocionais, como:

• Como você se sente?

• Como você acha que ele/ela se sente?

• Como você se sentiria se ele/ela fizesse com você o que você acabou de fazer com ele/ela?

• Vejo que você está lutando para encontrar uma solução. O que você sugere?

Ao se envolver repetidamente nesse tipo de diálogo, as crianças internalizam um sistema de comunicação que gradualmente começam a usar de forma independente. No entanto, esse processo leva tempo, e é por isso que os programas da Forest School são frequentemente projetados como projetos de longo prazo. Além disso, enquanto os educadores introduzem atividades focadas na educação emocional, a experiência direta é a chave para o aprendizado real. É por isso que a brincadeira livre tem tanto espaço, ela permite que as crianças encontrem e naveguem naturalmente pelas emoções, relacionamentos e conflitos de forma significativa.

 

Qual é o papel dos professores e monitores em uma Forest School?

O papel de um educador deve ser o de um guia e mediador. A intervenção, tanto na brincadeira quanto nos conflitos, deve ser reduzida ao mínimo, permitindo que as crianças desenvolvam totalmente seu potencial sem influência externa. A abordagem de um educador deve ser sem julgamentos, o que significa que ele nunca deve julgar crianças ou situações. Cada criança é aceita como é, com suas emoções sempre validadas e orientação gentil fornecida quando enfrentam desafios. Em conflitos, não há agressores ou vítimas. Um educador deve ir além de seu senso pessoal de justiça, que é moldado por suas próprias experiências de vida. Sua perspectiva nunca deve influenciar seu relacionamento com a criança ou como os conflitos são tratados, pois cada criança é um indivíduo único com sua própria história pessoal. Em última análise, o papel do educador é apoiar e orientar cada criança para se tornar a melhor versão de si mesma.

 

Como os pais e responsáveis podem se envolver na educação de seus filhos em uma Forest School?

Todos os pais ou cuidadores devem estar ativamente envolvidos na educação de uma criança. Inicialmente, permitimos que os pais participassem do projeto junto com seus filhos. No entanto, com o tempo, introduzimos um período de transição e, por fim, decidimos que os pais não estariam presentes durante o horário do projeto. Há várias razões para essa decisão. Primeiro, observamos que a dinâmica entre as crianças muda significativamente quando um dos pais está presente. A criança tende a centralizar sua atenção no pai, muitas vezes criando interrupções no espaço. Em contraste, quando os pais não estão presentes, as crianças naturalmente se voltam para os educadores, promovendo um senso mais forte de coesão e harmonia do grupo. Além disso, notamos que muitos pais não aplicam a abordagem da Forest School descrita nos pontos anteriores. Isso pode interferir na transformação educacional que pretendemos fornecer. Os educadores passam por um trabalho pessoal significativo para confrontar suas próprias histórias e adotar uma abordagem sem julgamentos, orientadora e mediadora com intervenção mínima. Os pais não são obrigados a passar por esse processo, embora seja fortemente encorajado para aqueles que buscam uma abordagem diferente para a criação dos filhos e a educação. Para dar suporte a isso, oferecemos workshops para pais a cada 6–8 semanas, onde compartilhamos insights sobre o desenvolvimento infantil e os benefícios da nossa abordagem educacional. A comunicação aberta entre educadores e pais também é essencial, garantindo um entendimento compartilhado da jornada educacional de cada criança. Os princípios aplicados na Forest School devem, idealmente, se estender ao ambiente doméstico para fornecer às crianças uma experiência educacional consistente e coerente. Manter a continuidade entre a escola e o lar é crucial para o desenvolvimento da criança.

Entrevistada

Quando se descobriu grávida mergulhou nos estudos sobre o mundo da infância. Leu diversos livros e explorou de forma independente vários aspectos da educação. E resolveu criar a própria Forest School dela em Malta, juntamente com Kyra Sullivan (ao lado esquerdo), chamado Living Mindful Community.

Escrito por

Flávia Oliveira

Jornalista e Relações Públicas, formada em Mediadora de Conflitos, pelo Instituto Federal de Brasília, através da Tertúlia Literária Dialógica. Mãe de dois: Mia e Andrea, vivendo em Malta e sempre com uma passagem para o próximo destino a ser descoberto.

Forest School: do you know this term? Look this interview with Stefania Masala

Forest School is a model of early childhood education that seeks to connect children with nature, promoting learning and development through outdoor activities.

Originating in Denmark in the 1950s, the basic principles of Forest School include: connection with nature, learning through experience, developing autonomy, and focusing on creativity and imagination. Some of the activities include: exploring nature, with walks, observing plants and animals, crafts with natural materials such as wood and stone, team games, pretend play, and learning practical skills such as making a fire.

In the interview below, the italian Stefania Masala talks a little more about the concept of Forest School and explains how she decided to create her own Forest School in Malta.

1- Where did the idea of ​​starting a Forest School project come from?

Ever since I became pregnant, I have been deeply interested in the world of childhood, learning about child development, psychology, cognitive growth, nutrition, and healthy eating. As a self-taught learner, I read several books and independently explored various aspects of parenting, gradually adopting a respectful approach and gentle parenting. Two years ago, when my son was about three years old, I decided to formalize my knowledge by enrolling in the Living Podiatry Academy, where I studied further topics such as child psychology, neuroscience, outdoor education, parenting and emotional education. And not feeling satisfied with the traditional educational system, I decided to create my own school in the forest. Together with my colleague Kira Sullivan, I combined my knowledge to develop an educational experience that prioritizes respect for children, connection with nature and a learning process rooted in freedom and hands-on experiences. Today, this project is a reality that we do with passion.

uma mulher de óculos e cabelo curto ao lado de uma mulher com um coque no cabelo
Kyra and Stefania, respectively, from the Living Mindful Community in Malta.

2- What is the main purpose of Forest School?

The purpose of Forest School is to offer an alternative educational approach to the traditional system, allowing children to connect with nature on a daily basis and explore their intrinsic needs. Nature provides all the stimuli necessary for a child’s healthy development. Furthermore, the educational approach used at Forest School is child-centered and non-judgmental, honoring each child’s individuality. This creates a supportive environment where children feel free to be themselves, fostering self-confidence and a strong sense of security.

3- What is a typical routine like at a Forest School?

There is no set routine at all Forest Schools, each one has its own. Many start and end with circle time, but we found that despite offering it several times, the children were not interested. Instead, we chose to focus on something they really enjoy. While it is true that routines provide a sense of security by creating predictability, we see that children move around the space confidently and naturally develop their own routines. For us, a key moment in the routine is snack time, when many children choose to sit and eat together. Much of the time is dedicated to free play, where children are free to explore, invent and create. They engage in construction, imaginative play and role-play, developing their creativity and problem-solving skills. Occasionally, we offer guided activities, but participation is entirely up to the child. A defining feature of Forest School is that most activities are child-initiated and child-led. Some are child-initiated but adult-led, while a few are adult-initiated and child-led. Very few activities are adult-initiated and child-led, ensuring that children remain at the centre of their own learning experiences.

4- What are the benefits of Forest School for children?

Personally, I have witnessed incredible progress in the children. The most significant changes are in their self-confidence and security. These young individuals are given the space and time to develop a wide range of skills, guided by caring educators who lead them on a self-directed learning journey with a non-judgmental approach. This helps the child feel competent and when a child feels this way, it naturally fosters a strong sense of self-esteem and confidence. Another crucial aspect is emotional education. We focus a lot on emotions, frequently asking children how they feel. This gives them the opportunity and time to explore their emotions through direct experience, which is a key factor in enabling real learning and fostering intrinsic motivation. An additional important element is that the learning journey is self-guided. We try to intervene as little as possible, allowing the child to stay connected to themselves, listen to their own needs and navigate their personal learning path through direct experience.

5- How do you deal with safety and risk issues in a Forest School?

An important aspect is the concept of risk. We encourage activities such as climbing trees, lighting fires, using real gardening and carpentry tools and more. These activities help develop skills such as self-esteem and confidence, as children are given the space and opportunity to explore their abilities and feel competent. We maintain a child-to-teacher ratio to ensure effective supervision, allowing teachers to guide children through risky situations with an informed and supportive approach and language. Instead of saying “Be careful!”, we ask: “Do you feel safe? Check your balance. Look at your feet.” This encourages the child to stay connected to themselves, explore their limits and develop the skills needed to deal with risks safely.

6- What is the future of Forest School?

I have great hope for the future of Forest School, believing that it is the only way for a child to develop healthily. Many countries are opening Forest Schools to restore the natural space for children to grow, which is gradually being lost. However, at the same time, I am concerned that in some countries there is little awareness about this. For example, in Malta, we are the only true Forest School that follows its principles. It is very challenging to reach families who are aware and willing to embrace an educational path that is different from the traditional one, and to question what society has offered until now.

7- How does Forest School differ from other educational approaches?

Forest School differs from the traditional educational system because it focuses on the individual needs of each child. Each child is unique, with their own personal needs that must be met, and with a higher child-to-teacher ratio, we have the opportunity to meet the needs of each child individually. This is why the child-to-teacher ratio is much higher than in traditional schools. Furthermore, each child follows a self-directed learning path, which is often absent in traditional education, where one method is applied to each child.
Another very important aspect is that we do not use rewards or punishments. Instead, we focus on promoting intrinsic motivation, supported by positive language, without offering external rewards or consequences. Rewards and punishments, in fact, prevent the child from developing true intrinsic motivation, instead, they promote external motivation based on pleasing others or relying on external judgment. I believe that the need for external approval is a deeply troubling aspect of today’s society.

criança de jumper branco numa rampa de escorregar pikler
Child at Forest School (personal archive)

8- What are the most common challenges that children face in a Forest School?

One of the biggest challenges for children is learning to manage conflict. Initially, they are not used to the Forest School approach, where educators intervene only in cases of danger and act as mediators, asking questions to facilitate communication rather than providing solutions. This approach helps children develop conflict resolution skills and independence to deal with disagreements and, consequently, develop confidence and security. Managing conflict can also be a challenge for educators, as each child and situation is different. There are no fixed rules, only a guiding approach in which the educator must recognize when conflicts trigger their own emotional responses and maintain neutrality without labeling the child as a victim or aggressor. By experiencing conflict, children have the opportunity to fully engage with their emotions, develop self-awareness, build empathy for others and learn to navigate difficult social situations. However, many children are not used to this because in traditional families and educational systems, conflicts are often silenced. Adults, influenced by generational patterns, tend to suppress conflict and the emotions that accompany it, feeling uncomfortable and inadequate. As a result, children are often not allowed to discuss or express disagreement. However, conflict is a natural and healthy part of human relationships. A conscientious educator guides children through disagreements, asking questions and helping them express their feelings, facilitating resolution without unnecessary intervention, unless there is a safety concern.

9- How does Forest School help children develop social and emotional skills?

At Forest School, children experience emotions and learn to manage conflicts firsthand, with minimal intervention from educators, unless there is a safety concern or they have difficulty reaching an agreement or communicating effectively. Through relationships, conflict, free play and role-play, children naturally develop social and emotional skills. By acting out different situations, children process emotions and gain a deeper understanding of themselves and others. During free play and conflict, children also develop empathy, a quality reinforced by educators who validate each emotion while setting clear limits if behavior is considered unsafe. The educator’s role is to ask guiding questions that facilitate the development of social and emotional skills, such as:

  • How do you feel?
  • How do you think he/she feels?
  • How would you feel if he/she did to you what you just did to him/her?
  • I see that you are struggling to find a solution. What do you suggest?

By repeatedly engaging in this type of dialogue, children internalize a system of communication that they gradually begin to use independently. However, this process takes time, which is why Forest School programs are often designed as long-term projects. Furthermore, while educators introduce activities focused on emotional education, direct experience is the key to real learning. This is why free play has so much space, it allows children to naturally encounter and navigate emotions, relationships and conflicts in a meaningful way.

10- What is the role of teachers and monitors in a Forest School?

The role of an educator should be that of a guide and mediator. Intervention, both in play and in conflicts, should be kept to a minimum, allowing children to develop their full potential without external influence. An educator’s approach should be non-judgmental, meaning that they should never judge children or situations. Each child is accepted as they are, with their emotions always validated and gentle guidance provided when they face challenges. In conflicts, there are no aggressors or victims. An educator should go beyond their personal sense of fairness, which is shaped by their own life experiences. Their perspective should never influence their relationship with the child or how conflicts are handled, as each child is a unique individual with their own personal story. Ultimately, the role of the educator is to support and guide each child to become the best version of themselves.

11- How can parents and caregivers be involved in their children’s education in a Forest School?

All parents or caregivers must be actively involved in a child’s education. Initially, we allowed parents to participate in the project alongside their children. However, over time, we introduced a transition period and eventually decided that parents would not be present during the project time. There are several reasons for this decision. First, we observed that the dynamics between children change significantly when a parent is present. The child tends to center his or her attention on the parent, often creating disruptions in the space. In contrast, when the parents are not present, children naturally turn to the educators, fostering a stronger sense of group cohesion and harmony. Furthermore, we noticed that many parents do not apply the Forest School approach described in the previous points. This can interfere with the educational transformation that we aim to provide. Educators go through significant personal work to confront their own stories and adopt a non-judgmental, guiding and mediating approach with minimal intervention. Parents are not required to go through this process, although it is strongly encouraged for those seeking a different approach to parenting and education. To support this, we offer parent workshops every 6–8 weeks, where we share insights into child development and the benefits of our educational approach. Open communication between educators and parents is also essential, ensuring a shared understanding of each child’s educational journey. The principles applied at Forest School should ideally extend into the home environment to provide children with a consistent and coherent educational experience. Maintaining continuity between school and home is crucial to a child’s development.

Entrevistada

When she discovered she was pregnant, she immersed herself in studying the world of childhood. She read several books and independently explored various aspects of education. She decided to create her own Forest School in Malta together with Kyra Sullivan called Living Mindful Community Malta.

Escrito por

Flávia Oliveira

Journalist and Public Relations, graduated in Conflict Mediation, from the Federal Institute of Brasília, through Tertúlia Literária Dialógica. Mother of two: Mia and Andrea, living in Malta and always with a ticket to the next destination to be discovered.

Higiene Natural? Entrevista com a especialista Fernanda Paz

A Higiene Natural (HN) é um método que atende às necessidades de evacuações de um bebê. Sendo necessário prestar atenção aos sinais que o bebê transmite e assim levá-la para um local apropriado. 

A seguir a entrevista com a especialista Fernanda Paz:

1- Como posso combinar a HN com outras práticas de cuidado ao bebê, como amamentação ou co-sleeping?

Essa é a melhor parte! Porque os sinais de eliminação são facilmente percebidos durante a amamentação e o sono e a proximidade dos cuidadores principais nesse momento (porque quanto à amamentação não pensamos só no peito da mãe, tem a avó que dá mamadeira, o pai, a tia etc.

O bebê também pode ser “amamentado” por outros cuidadores, (não é verdade?) e são nesses momentos que os bebês estão mais “vulneráveis” e relaxados que os sinais de xixi e cocô ficam bem lógicos! Por exemplo, enquanto mama, se o bebê estiver precisando fazer xixi ou cocô (e provavelmente estará), ele irá repelir o corpo do cuidador com as mãos e pés, mesmo puxando o peito ou mamadeira, vai dar chutes contínuos, vai resmungar ou ficar pegando e soltando o peito, virando a cara para a alimentação! Já durante o sono, o bebê não consegue engatar ou permanecer em sono profundo, ele irá se remexer, tentar se descobrir ou despir, irá mexer muito as pálpebras e talvez dar uns gemidos ou fazer um chorinho como se fosse um cachorrinho filhote ou como se estivesse sonhando!

Na verdade, ele está em “sono-vigilia” e o cuidador que está ali coladinho, também não conseguirá ficar em sono profundo, afinal, o sensor de alerta corporal está ligado! É hora de proporcionar uma eliminação! A natureza do corpo é perfeita, não fomos feitos pra fazer xixi e cocô dormindo! 

2- Qual é o papel do pai ou do parceiro na prática da HN?

O mesmo em toda a vida da criança! RESPONSABILIDADE! Cuide de sua cria, painho! Conheça sua cria, atenda sua cria, ouça, observe, esqueça o mundo lá fora, tem um mini humano diante de ti a ser CRIADO por ti, desde o nascimento! Esse mini humano tem necessidades fisiológicas básicas que exigem atendimento e, se não for bem atendido, ou morre ou fica com alguns probleminhas! Isso desde a nutrição, o sono, as eliminações , são necessidades básicas mesmo, primitivas, não tem jeito! Então, faz tua parte com maestria, vai ler a respeito, ouvir outros pais, te qualifica, adiante seu lado! Não fica na arquibancada não, entra em campo e dá teus dribles pra chegar no gol, sabe?

O pai só não tem o peito, todo o resto ele pode e deve fazer! Na verdade, se os homens soubessem o quanto liberam de testosterona e ocitocina quando cuidam ativamente dos seus filhos e o quanto isso libera de interesse nas mulheres… Ai ai, viu?

3- Posso praticar a HN com gêmeos ou bebês prematuros?

Pode sim! Mas, como em todas as dinâmicas com gêmeos, vai ser cansativo em muitos momentos, porém, como toda dinâmica de higiene natural, vai facilitar vários processos! Vai facilitar o sono, a amamentação, a economia, vai gerar um melhor aproveitamento do tempo pela previsibilidade dos momentos de eliminação e com o atendimento correto vai acabar facilitando a vida, ainda que sejam dois bebês simultaneamente!

Com relação aos bebês prematuros é a mesma questão, porém, tem um estudo que indicou que os sinais de eliminação dos bebês pré termo podem não ser nítidos ou imperceptíveis, o que não impede a prática já que podemos nos guiar pela cronobiologia (que são os horários/momentos de eliminações previsíveis). 

4- Como posso lidar com a falta de privacidade ou julgamento de outros durante a prática da HN?

Os outros são os outros né? Todo mundo tem algum pitaco ou um jeito melhor de fazer, mas quem está lá na hora da disquesia ou das cólicas, somos nós! Quem não está dormindo bem somos nós e nossas crias, quem está gastando excessivamente, quem corre atrás de consultas, medicamentos, pomadas, quem sofre vendo o bebê sofrer? Pois é! Acho que já precisamos lidar com tanta coisa que podemos deixar os outros pra lá, rsrsrs!

5- Como posso lidar com a transição para a HN se meu bebê já está acostumado com fraldas?

Penso que as transições já são identificadas pelo nome! É importante compreender que é transitório, passageiro, uma fase.

E a única forma de alguma mudança acontecer na nossa vida é, primeiramente com a vontade de mudar! Esse é o primeiro passo! Se estamos sentindo que essa situação não está legal e desejamos uma realidade diferente, colocamos novas informações no cérebro e buscamos agir em conformidade com o novo plano!

O bebê é apenas reflexo do meio em que está inserido! Se até hoje demos a informação de que ele usa fralda 24h ininterruptamente e que ele pode urinar e defecar em si sem comunicação e que eu só vou resolver depois, esse é o aprendizado! Porém, se, pouco a pouco, eu vou modificando as atitudes com relação ao que estou oferecendo a esse bebê, com relação aos estímulos ambientais, sonoros e exemplares que estou dando, também pouco a pouco esse bebê vai aprendendo que as coisas são diferentes, quer um exemplo? Ao acordar, substitua a troca da fralda na cama, pela atitude de levar imediatamente o seu bebê para sentar no vaso! Em seguida troque a fralda. É só uma atitude nova, mas que já dá novo aprendizado àquele pequeno cérebro, ele já vai passar a se acostumar a acordar e fazer uso do banheiro!

Depois, vai chegar um dia em que vai coincidir essa sua oferta do vaso com a demanda dele urinar ao acordar. Faz-se aí um novo hábito! Claro que existem milhares de outros momentos e atitudes, podemos falar horas sobre isso, como ensinar a baixar e levantar as calças ou acessar a pia por conta própria quando houver necessidade de lavar as mãos, estou dando exemplos sobre como a mudança dos estímulos pode acarretar em mudança de resultados, até porque tudo dependerá da idade desse bebê, 3 dias, 3 meses, 3 anos? 

6- Posso praticar a HN em diferentes ambientes, como em casa, no trabalho ou em viagens?

Claro que sim! Você vira chave quando começa a pensar como faria se seu filho tivesse 8 anos e precisasse usar o banheiro, como seria se estivesse em casa, no trabalho, no shopping ou no avião? Fariam uso do banheiro!

É simples mesmo, a diferença é que o filho de 8 anos avisaria em palavras e o bebê vai sinalizar com outras linguagens, com sinais visuais, auditivos e táteis, o que fica difícil mesmo é o malabarismo para posicionarmos com higiene e cuidado em ambientes diferentes de casa! Mas, tudo é prática! No meu blog e no meu primeiro livro “Bebê sem Fralda Brasil Higiene Natural” têm várias imagens e dicas práticas! 

7- Como posso encontrar apoio e comunidade de outros pais que praticam a HN?

Nós representamos uma ínfima parcela da população! Mas estamos aqui e estamos por toda a parte! A grande verdade, é que a jornada por um maternar consciente é bem solitária mesmo no terceiro país que mais vende fraldas descartáveis no mundo! O segredo é manter a mente bem informada, por conta própria sem esse desejo inconsciente que temos de “pertencer” a algum grupo ou estar no meio de quem valide nossas escolhas! Fazemos porque sentimos! Isso é o que importa!

Agora, realmente é muito bom poder trocar ideias a respeito de nossas escolhas e ter a nossa “tribo” onde sabemos que não seremos “loucos” por ter um álbum de fotos de cocos no penico! Hahahah… Por isso, no meu curso completo de Higiene Natural disponibilizo uma comunidade onde os pais podem se conhecer e tirar dúvidas entre si. No antigo Facebook também tenho um grupo do bebê sem fralda e volta e meia abro grupos no whatsapp onde as famílias podem trocar figurinhas!

8- Qual é o impacto da HN na autoestima e confiança do bebê?

Aí vamos entrar num ponto muito bacana! No Manual de Orientação para o Treinamento Esfincteriano da Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) juntamente com a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU), diz que o pediatras precisam aconselhar os pais a não se envolverem em uma “batalha” com o Desfralde pois isso prejudica o relacionamento entre pais e filhos e também a “autoimagem da criança e a aquisição natural do processo” e isso foi dito com base nos ensinamentos pediátricos e estudos internacionais referenciados no documento!

Existem também estudos que denotam que o Desfralde tardio gera o potencial “Risco de enurese noturna” (que é o famoso xixi na cama) e que a consequência disso é o aumento da “baixa auto-estima, de dificuldades sociais e de lesões físicas não acidentais”. Ou seja, ainda estamos falando apenas em duas situações, que é quando os pais travam uma verdadeira batalha dentro de casa quando o assunto é Desfralde e também no caso do xixi na cama, esses dois exemplos estão levando em consideração estudos bem específicos, sobre esses dois temas em si!

Mas, se formos levar em consideração todos os fatores de ordem emocional e psicológica, de curto, médio e longo prazo a respeito dos resultados possíveis com a relação desenvolvida pela criança e suas eliminações, poderemos ter conclusões ainda mais específicas e assustadoras!

Nos meus dois últimos livros, “O Desfralde Guiado pelo Bebê” e “Os Segredos do Xixi Diurno e Noturno” eu disponibilizei muitos estudos internacionais e todas as recomendações da SBP com a SBU sobre Desfralde com o objetivo de orientar os pais e profissionais que trabalham com bebês e crianças a compreenderem a importância desse tema e como desenvolver uma relação harmoniosa e leve para todos os envolvidos!

9- Como posso lidar com a pressão social ou familiar para usar fraldas?

Bom, primeiro nós vamos pensar as fraldas são um advento da modernidade e que elas são nossas aliadas! Está tudo bem usá-las, inclusive recomendo fortemente que elas continuem sendo usadas inclusive durante o processo de Desfralde!!

A questão é sobre fazermos um uso consciente, reduzido e assertivo! Não podemos mais silenciar nossos próprios filhos, colocando-lhes um tampão e fingindo que nada está acontecendo ali! Porque está e o xixi e o cocô mexem com todo o sistema nervoso central do serviço humano! Vamos olhar para as fraldas com responsabilidade e usá-las como mecanismo de proteção e não de silenciamento !

Segundamente vamos pensar sobre a nossa família de origem e a família que nós originamos, ok? Quem é a “família” que está pressionando, a nossa de origem ou a que nós originamos? Quem decide o quê, como e onde? Isso é uma questão bem particular, não é? A verdade é que “sociedade” e a “família” sempre estarão pressionando para algum lado! E me parece que esse lado geralmente será o oposto do que escolhemos! (risos).

Se você usar fraldas por muito tempo estará errada, se retirá-las cedo, errada também! Se você consultar um profissional, será considerada exagerada e se fizer por conta própria será julgada como irresponsável! Mais ou menos como aquela dinâmica sobre trabalhar fora e deixar os filhos com estranhos ou não trabalhar para cuidar dos filhos, sabe como é?

O mundo terá sempre uma opinião contrária às nossas escolhas! “CULPADA” é o que diz no carimbo colocado na testa das mães! Porque será que os homens não estão ouvindo o que é certo ou errado sobre a criação dos filhos hein? Enfim! Há sempre uma dinâmica tendente a inviabilizar ou descapacitar a mãe! Acredito que nessa questão cabe a mesma resposta da primeira pergunta, pois não precisamos lidar! Simples assim! Nossos filhos, nossas regras! Nós geramos, nós sabemos o que estamos fazendo! Se não soubermos, buscaremos saber, é isso que as mães fazem! Sorrimos, agradecemos a opinião e seguimos! Porque as madrugadas são nossas, as preocupações são nossas, as atribulações, as abdicações, as privações, as mudanças corporais, o desgaste físico e emocional, ah e quantas “brusinhas” deixamos de comprar pra pagar aquela fralda mais cara que é a única que não dá alergia! Isso só nós que sabemos!

Por isso a melhor dica é:

“-Mainhas, vamos estudar mais e mais, porque somente com informações de qualidade poderemos fazer escolhas conscientes e sigamos nossa intuição, nós sabemos, nós podemos! Conduzir nossos filhos na vida, é um processo que está arraigado em nosso DNA, temos o dom de prever quando nossa cria quer comer,dormir ou eliminar, precisamos ouvir as sutilezas desses corpinhos tão lindos que saíram de dentro de nós! Esqueçamos os outros! É nós e nossas crias, CRIATURAS e CRIADORAS!”

Neste link você pode verificar nossa matéria completa com mais informações sobre a Higiene Natural

Entrevistada

Fernanda Paz é especialista em Neuropsicologia, em Saúde Pública e em Saúde da Família, é a mãe da Higiene Natural ou Comunicação de Eliminação e percussora na propagação do método na América Latina. Palestrante, escritora e entusiasta com 10 anos de experiência. 

Escrito por

Flávia Oliveira

Jornalista e Relações Públicas, formada em Mediadora de Conflitos, pelo Instituto Federal de Brasília, através da Tertúlia Literária Dialógica. Mãe de dois: Mia e Andrea, vivendo em Malta e sempre com uma passagem para o próximo destino a ser descoberto.

Higiene natural: a arte de se comunicar com seu bebê

Quando pensamos num enxoval para um recém nascido, um dos primeiros itens são as fraldas. E se dissermos que este é um hábito que pouco a pouco está sendo modificado com o crescimento de pais e mães adeptos a Higiene Natural ou a Elimination Communication? 

A Higiene Natural é fácil de ser iniciada na rotina do bebê, digo isso por experiência própria, mas para que isso seja possível é importante reconhecer os sinais do bebê e na comunicação não verbal que nossos bebês têm conosco. 

Continue a leitura e informe-se mais sobre esse método que pouco a pouco vem ganhando adeptos pelo Brasil.

 

O que é a Higiene Natural? 

A Higiene Natural é um método que atende às necessidades de evacuações de um bebê. Sendo necessário prestar atenção aos sinais que o bebê transmite e assim levá-la para um local apropriado. 

O método pode ser iniciado e utilizado em qualquer idade, mas idealmente é recomendado que seja realizado desde o nascimento do bebê ou até os três meses de vida. 

Sabe-se que não é tão simples e que exige bastante atenção por parte dos cuidadores principais, mas como se diz a famosa frase de Santa Teresa de Jesus: “É justo que muito custe o que muito vale”

Desde o nascimento pode-se perceber sinais sutís dos bebês quando querem fazer xixi ou cocô. Esses sinais variam, porém os mais comuns são: rostinho avermelhado por fazer força, realizam o famoso “bico” com a boca, um choro específico, movimentar rapidamente as pernas próximas à barriga, enrijecimento do corpo, olhar fixo em um ponto ou soltam gases. Já durante a amamentação, os bebês costumam soltar o seio ou demonstrar alguma irritação.

Neste caso, é imprescindível a conexão entre os cuidadores e o bebê. Como também aprender a reconhecer cada choro. Por exemplo, o choro de cólica é diferente do choro de fome que é diferente do choro de sono. 

bebê com algum incomodo e chorando
Foto de Katie Smith na Unsplash

Então, quando os cuidadores notarem que o bebê está pronto para evacuar, é só levá-lo de uma forma bastante tranquila, ao penico ou até mesmo ao vaso sanitário com redutor de assento (dependendo da idade do bebê). 

Depois de algum tempo criando essa rotina, por consequência, o bebê vai começar a assimilar o que acontece em torno dele e ter um controle maior sobre o seu corpo. 

 

Benefícios da Higiene Natural 

1- Ajuda a manter o bebê mais limpo e seco, reduzindo o risco de infecções e irritações na pele; 

2- Ajuda a reduzir a necessidade de fraldas, o que pode ser benéfico para o meio ambiente, para a saúde do bebê e pode ser uma economia significativa;

3- Ajuda o bebê a desenvolver a coordenação motora e a controle sobre os músculos do trato urinário e principalmente, a longo prazo, ter uma criança que possui boa relação com o seu corpo e com as suas necessidades fisiológicas; 

4- Ajuda a fortalecer o vínculo entre o bebê e os pais, pois requer uma comunicação mais próxima e uma compreensão das necessidades do bebê.

 

Lembre-se da importância de nunca pressionar o bebê ou incomodá-lo. Todas as ações devem ser feitas com cuidado e calma. 

Quando for iniciar, tenha comprometimento e disciplina, mas tenha em mente que existem chances do bebê não se adaptar.

Neste link você pode conferir a entrevista com Fernanda Paz, especialista no Brasil em Higiene Natural.

Escrito por

Flávia Oliveira

Jornalista e Relações Públicas, formada em Mediadora de Conflitos, pelo Instituto Federal de Brasília, através da Tertúlia Literária Dialógica. Mãe de dois: Mia e Andrea, vivendo em Malta e sempre com uma passagem para o próximo destino a ser descoberto.

As 10 maiores clínicas em Inseminação Artificial da Europa

A Inseminação Artificial é um procedimento médico que vem ganhando popularidade nos últimos anos, ainda mais entre os casais que enfrentam dificuldades para engravidar naturalmente e também possibilita que casais homoafetivos possam ter filhos biológicos.

E a Europa é um dos principais centros de excelência em reprodução assistida, com clínicas de alta qualidade que oferecem serviços de inseminação artificial. 

Confira aqui as 10 maiores clínicas em inseminação artificial da Europa:

 

1- Instituto Bernabeu

O Instituto Barnabeu é um centro de reprodução assistida e fertilidade localizado na Espanha, com sede em Alicante, mas com sedes também em Madrid, Valencia e Sevilha, além de clínicas associadas em outros países. Com mais de 30 anos, o Instituto oferece uma ampla gama de serviços e tratamentos de reprodução assistida, como: Inseminação Artificial, Fertilização in vitro, transferência de embrião, congelamento de óvulos e sêmen, diagnóstico genético pré-implantação e tratamento de infertilidade masculina e feminina. Os especialistas da clínica são altamente qualificados, e a clínica também é conhecida pela sua tecnologia de ponta e seus excelentes resultados.

2- ENDO – Clínica Helios

A Clínica Helios, em Hamburgo, na Alemanha, foi fundada em 1976 por um grupo de médicos especializados em medicina reprodutiva e fertilidade. E nos anos 90, a Clínica introduziu a Fertilização in vitro (FIV) como uma opção de tratamento para casais com problemas de fertilidade. A Clínica Helios é reconhecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como um centro de excelência em medicina reprodutiva e de fertilidade. Entre os serviços da clínica estão: medicina reprodutiva, fertilidade, infertilidade, reprodução assistida, fertilização in vitro (FIV), inseminação artificial, transferência de embrião, congelamento de óvulos e sêmen, diagnóstico genético pré-implantação. 

3- Clínica Procriar

A Clínica Procriar é uma clínica de fertilidade localizada em Lisboa, Portugal e é liderada pelo Dr. Miguel Raimundo, um especialista renomado em medicina reprodutiva e fertilidade. A clínica oferece os serviços de fertilização in vitro (FIV), inseminação artificial, transferência de embrião, congelamento de óvulos e sêmen, diagnóstico genético pré-implantação, tratamento de infertilidade masculina e feminina. A clínica também é conhecida por sua abordagem humanizada e apoio emocional aos pacientes, que é fundamental para o sucesso dos tratamentos de fertilidade.

4- FIV Marbella

FIV Marbella é uma clínica de fertilidade localizada em Marbella, Espanha e oferece uma ampla gama de tratamentos de reprodução assistida. A clínica é liderada por um equipe de profissionais experientes, incluindo o diretor Enrique Criado Scholz, que tem mais de 20 anos de experiência em reprodução assistida. Entre os tratamentos oferecidos pela FIV Marbella, estão fertilização in vitro (FIV), inseminação artificial, congelamento de óvulos e sêmen, diagnóstico genético pré-implantação e doação de óvulos. A FIV Marbella tem uma taxa de sucesso alta, com resultados clínicos acima da média da Sociedade Espanhola de Fertilidade. A clínica também recebeu o prêmio “A tu salud” na categoria de Medicina Reprodutiva e Fertilidade.

5- Dexeus Mujer Barcelona

O Dexeus Mujer Barcelona ou Hospital Dexeus, foi fundado em 1898 por um grupo de médicos catalães, liderados pelo renomado ginecologista e obstetra da época: Dr. Ignasi Dexeus. Durante a Guerra Civil Espanhola, o hospital foi convertido em um hospital de guerra e prestou assistência médica aos feridos, mas logo após a guerra, em 1950, o hospital foi reconhecido como um centro de referência em ginecologia e obstetrícia. Atualmente, o Dexeus Mujer Barcelona é especialmente reconhecido por sua Unidade de Medicina Reprodutiva, que oferece tratamentos de fertilidade, reprodução assistida e saúde da mulher. Além disso, também oferece serviços de ginecologia geral, obstetrícia, cirurgia ginecológica e outros.

Bebê recém nascido sendo segurado por um médico com uma balança ao fundo

6- Copenhagen Fertility Center

 O Copenhagen Fertility Center é um centro de fertilidade localizado em Copenhague, Dinamarca e foi fundado em 1983 por um grupo de médicos e cientistas que compartilhavam uma visão de fornecer tratamentos de fertilidade de alta qualidade. O Centro é membro da European Society of Human Reproduction and Embryology (ESHRE), uma organização que promove a excelência na reprodução assistida e possui a certificação ISO 9001, que garante a qualidade dos serviços oferecidos.

7- Centre d’Étude et de Conservation des Oeufs et du Sperme (CECOS)

O Centre d’Étude et de Conservation des Oeufs et du Sperme (CECOS) foi fundado em 1973, é um dos principais centros de reprodução assistida da França e oferece uma variedades de serviços de reprodução assistida, como: fertilização in vitro (FIV), injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI), transferência de embriões, congelamento de óvulos e espermatozoides, diagnóstico de infertilidade e aconselhamento genético. O centro tem uma taxa de sucesso alta em tratamentos de reprodução assistida, com uma taxa de gravidez de cerca de 40% por ciclo de tratamento. Lembrando que para acessar os serviços de reprodução na França, é necessário: ter pelo menos 18 anos de idade, ser casado ou em união estável, ter um diagnóstico de infertilidade e passar por uma avaliação médica e psicológica

8- Ovoclinic

A Ovoclinic, localizada em Barcelona, foi fundada em 1998 por um grupo de médicos e cientistas que compartilhavam uma visão de fornecer tratamentos de reprodução assistida de alta qualidade. E atualmente está localizada também em Madrid, Valência e Sevilha. A clínica é uma das maiores da Europa por possuir uma taxa de sucesso alta em tratamentos de reprodução assistida, com uma taxa de gravidez de cerca de 40% por ciclo de tratamento. Além de ser certificada pela Sociedade Espanhola de Fertilidade (SEF) e pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

9- Centro di Fertilità e Riproduzione Umana (CFRU)

O Centro di Fertilità e Riproduzione Umana (CFRU) é um centro de referência em fertilidade e reprodução humana localizado em Roma, Itália. Fundado em 1985, oferece variados serviços de fertilidade e reprodução humana, incluindo: fertilização in vitro (FIV), injeção intracitoplasmática de espermatozoides (ICSI), transferência de embriões, congelamento de óvulos e espermatozoides, diagnóstico de infertilidade e aconselhamento genético.

10- IVI Portugal

O IVI Portugal é líder europeu em reprodução assistida. A clínica, com mais de 28 anos de experiência, faz parte do IVI-RMA, o maior grupo de inseminação artificial do mundo, com mais de 70 clínicas abertas no mundo. A clínica oferece tratamentos como: fertilização in vitro (FIV), inseminação artificial e também doação de óvulos.

Essas clínicas são reconhecidas por sua excelência em tratamentos de fertilidade e inseminação artificial. A Espanha, em particular, lidera a reprodução assistida na Europa, de acordo com a ESHRE, Instituto de pesquisa científica em Grimbergen, Bélgica. 

Acesse na matéria Reprodução Assistida: um guia completo sobre Inseminação Artificial, todas as informações sobre reprodução com o auxílio de um médico.

É importante lembrar que a escolha de uma clínica de reprodução assistida deve ser baseada em uma pesquisa cuidadosa e em uma avaliação das necessidades individuais de cada casal.

Entrevistamos Patricia Luna sobre a experiencia de sua família com reprodução assistida. 

Escrito por

Flávia Oliveira

Jornalista e Relações Públicas, formada em Mediadora de Conflitos, pelo Instituto Federal de Brasília, através da Tertúlia Literária Dialógica. Mãe de dois: Mia e Andrea, vivendo em Malta e sempre com uma passagem para o próximo destino a ser descoberto.

Inseminação artificial: um guia completo

A inseminação artificial é um método de reprodução assistida que consiste em introduzir o esperma masculino no sistema reprodutivo feminino, com o objetivo de fertilizar o óvulo e conceber um bebê. O procedimento auxilia casais ou indivíduos a conceber um filho por meio de técnicas de reprodução assistida.  

Existem algumas técnicas utilizadas na Inseminação Artificial:

1.⁠ ⁠Inseminação Intrauterina (IIU): O sêmen é inserido diretamente no útero.

2.⁠ ⁠Fertilização In Vitro (FIV): O óvulo é fertilizado fora do corpo.

3.⁠ ⁠Injeção Intracitoplasmática de Espermatozoide (ICSI): Um espermatozoide é injetado diretamente no óvulo.

4.⁠ ⁠Transferência de Embrião (TE): O embrião é transferido para o útero.

5.⁠ ⁠Diagnóstico Genético Preimplantação (DGP): Análise genética do embrião antes da transferência.

1- Inseminação intrauterina

A inseminação intrauterina é um método acompanhado por um médico e consiste no processo de colocar o sêmen direto na no local onde o embrião se desenvolve na gravidez (ou cavidade intrauterina), perto das trompas, portanto a fertilização ocorre no interior do organismo materno, como em uma gravidez espontânea. 

2- Fertilização in Vitro

A FIV é totalmente diferente da inseminação intrauterina, pois a fertilização e o desenvolvimento embrionário inicial ocorrem no laboratório de fertilização. . Na inseminação, sempre uma das mulheres irá gestar com seus próprios óvulos. 

A FIV chama-se fertilização in vitro porque a fecundação é feita em laboratório. A formação do embrião (junção do gameta feminino, o óvulo, com o gameta masculino, o espermatozóide) acontece fora do útero da mulher. No FIV, temos duas possibilidades: na primeira, uma das mulheres vai gestar com os seus próprios óvulos, na segunda é a gestação compartilhada. Neste caso, as duas mulheres passam por exames que avaliam a capacidade reprodutiva, anatomia uterina, análise de fatores como idade e doenças como diabetes, hipertensão etc. Dessa forma, é possível que uma mulher viva a gestação do filho biológico de sua parceira. (confira aqui a entrevista com Patrícia Luna e desmistifique os mitos da família homoparental). 

Pontos importantes a serem levados em consideração são a idade e a saúde da mulher que vai doar/fornecer o óvulo. Sabe-se que a idade do óvulo é um fator fundamental para as chances de sucesso, independente de qual técnica de reprodução assistida foi a indicada, assim como na incidência de complicações materno-fetais.

3- Injeção Intracitoplasmática de Espermatozoide

A Injeção Intracitoplasmática de Espermatozoide (ICSI) é uma técnica de fertilização assistida que consiste na extração de um espermatozóide a partir de uma amostra de sémen ou através uma biópsia testicular para selecionar os espermatozoides mais adequados. Na inseminação artificial, a ICSI é utilizada para superar problemas de infertilidade masculina ou feminina, como: baixa contagem de espermatozoides, problemas de motilidade ou morfologia espermática, falha de fertilização natural e infertilidade inexplicada. As maiores vantagens são: uma maior taxa de fertilização, reduz o risco de falha de fertilização e pode ser utilizada em casos de infertilidade masculina grave, mas pode ser mais cara do que outras técnicas de fertilização e requer equipamento especializado.

O processo é feito da seguinte forma: 

  • Coleta de óvulos: Os óvulos são coletados da mulher por meio de uma punção ovariana.
  • Coleta de espermatozoides: Um espermatozoide é coletado do homem por meio de uma amostra de sêmen.
  • Seleção do espermatozoide: Um espermatozoide saudável é selecionado.
  • ⁠Injeção: O espermatozoide é injetado diretamente no citoplasma do óvulo. 
  • Fertilização: O óvulo fertilizado é cultivado em laboratório.
Mãos do bebê entrelaçadas às mãos de um adulto
Foto de Liv Bruce na Unsplash

4- Transferência de Embrião (TE)

Na transferência de embrião, o embrião é transferido para o útero, com dois tipos de transferência: a transferência de embrião fresco, onde o embrião é transferido logo após a fertilização e a transferência de embrião congelado, onde o embrião é  congelado e posteriormente descongelado para transferência. 

Essa técnica possui uma maior taxa de sucesso em comparação com outras técnicas de fertilização. Além de reduzir o risco de múltiplas gestações e permitir a seleção de embriões saudáveis.

Conheça a experiencia de Reprodução Assistida da familia Luna Dantas. 

5- Diagnóstico Genético Preimplantação (DGP)

Existe ainda o Diagnóstico Genético Preimplantação (DGP), que é uma técnica que permite analisar o material genético de um embrião antes da transferência para o útero. Esse procedimento ajuda a identificar possíveis anomalias genéticas ou doenças hereditárias, ou seja, aumentando as chances de uma gravidez saudável e a reduçao do numero de abortos espontaneos, pois permite a seleção de embriões saudáveis.

Existem também algumas técnicas avançadas que visam melhorar as taxas de sucesso da inseminação artificial e reduzir os riscos de complicações. 

São elas: 

1.⁠ ⁠Microinjeção: Técnica que melhora a taxa de sucesso da ICSI.

2.⁠ ⁠Cultivo de Embriões: Permite o desenvolvimento dos embriões por mais tempo.

3.⁠ ⁠Congelamento de Óvulos ou Espermatozoides: Preserva a fertilidade para o futuro. (veja aqui a entrevista com a médica Fabiana Camargo sobre o congelamento de óvulos e produção independente).

4.⁠ ⁠Doação de Óvulos ou Espermatozoides: Opção para casais com problemas de fertilidade.

Quem deve considerar a Inseminação Artificial?

  • Casais que tentam engravidar há pelo menos 1 ano
  • Casais com problemas de fertilidade 
  • Casais com causas desconhecidas de infertilidade 
  • Alterações na qualidade dos espermatozoides 
  • Azoospermia (ausência completa de espermatozoides) 
  • Mulheres solteiras 
  • Casais de mulheres

Lembrando sempre que para escolher o melhor protocolo para a sua inseminação é importante personalizar seu tratamento, ou seja, escolher um dos métodos que melhor se adeque ao seu histórico e à situação que você se encontra atualmente. E é importante consultar um especialista em genética e fertilidade para discutir as opções para o seu caso. 

Artigo escrito por

Flavia Oliveira

Jornalista e Relações Públicas, formada em Mediadora de Conflitos, pelo Instituto Federal de Brasília, através da Tertúlia Literária Dialógica. Mãe de dois: Mia e Andrea, vivendo em Malta e sempre com uma passagem para o próximo destino a ser descoberto.

Reprodução assistida: desmistificando os mitos e celebrando o amor

A família Luna Dantas é constituída pelo casal Patrícia e Lili e pelos filhos gêmeos João e Joaquim, de 5 anos. Casadas desde 2017, partilham as preocupações e encaram o dia-a-dia da mesma forma que qualquer casal heterosexual. 

Confira uma entrevista com Patrícia Luna, que falou um pouco sobre reprodução assistida, doação de esperma, preconceito e muito mais.

1- Quais são os riscos e benefícios associados à reprodução assistida? E quais as opções disponíveis? 

A reprodução assistida veio para auxiliar muitas pessoas a realizarem o sonho de exercer sua parentalidade. Os riscos, em nosso caso, são baixíssimo e estão relacionados ao procedimento em si (infecções, perfurações de órgãos próximos e etc). Já os benefícios são inúmeros, a reprodução assistida oportuniza muitas pessoas a realizarem seu sonho de serem pais ou mães. Basicamente as opções são: FIV (fertilização in vitro) e a Inseminação Artificial. 

2- Como é possível escolher um doador de esperma ou óvulos?

Atualmente existem inúmeros bancos de doação, as regras vão variar de acordo com a localidade do banco e as regras deste país. Em nosso caso, escolhemos o sémen numa lista enviada pelo banco onde tinha todas as características físicas do doador, bem como histórico familiar e doenças e hobbys.

3- Como lidar com o estigma ou preconceito contra famílias homoparentais?

Procuramos natualizar ao máximo, entendemos que dentro de uma bolha de famíia parental existem várias camadas e dentro destas camadas os preconceitos vão variar.

A verdade é que estruturalmente o preconceiro existe sim, sendo que velado em muitas situações , enteder as situaçoes e estar atenta aos nossos e as famílias como a nossa ajuda bastante a lidar com todo tipo de preconceito.

4- Quais são as opções de adoção disponíveis para casais de mulheres?

A pergunta anterior fala sobre estigma e uma das coisas que falo é sobre entender estes estigmas, um deles é esse, achar que um casal homoafetivo só pode exercer sua parentalidade por adoção. Adoção é uma das opções dentro de muitas outras, em nosso caso não foi a primeira opção e por isso não vou saber quais as opções de doações disponíveis. Tentamos a FIV e tivemos sucesso.

5- Como preparar a família e amigos para a chegada do filho?

Acredito que não precisamos preparar família e amigos e me pergunto se um casal hetero precisa preparar família e amigos. Já são muitas questões entre o casal que precisam ser tratadas para termos que preparar amigos e família. 

Na foto duas mães com dois filhos meninos em comemoração
Família reunida (arquivo pessoal)

6- Como preparar a criança para lidar com perguntas ou comentários sobre sua família?

Naturalizando o máximo possível, entendendo que são crianças e não ativistas do movimento LGBTQIA+ e estando atentos aos sinais do dia dia.

7- Quais são os direitos legais das mães não biológicas em caso de separação ou divórcio?

Não existe mãe não biológica. Existe mãe. São duas mulheres casadas legalmente que tiveram filhos legalmente, a certidão de nascimento sai com nome de duas mães, não indica que teve participação genética do processo. Inclusive, uma das opções de uma mulher ser mãe, é com doação de óvulo de uma outra mulher. Pontanto, é extremamente importante dismitificar essa nomemclatura de “mãe biológica”, são mães, com direitos e deveres iguais. No caso de uma separação, acontece exatamente igual a todo outro casal.

8- Como encontrar apoio e recursos para famílias homoparentais em nossa comunidade?

Na sociedade como um todo, buscando seus semelhantes, amigos, encontros de familias LGBTQIA+, escolas e instituições que pensem em inclusão. 

9- Como ser reconhecidas como mães legais da criança?

Indo no cartório, munidas das documentações das mães, a declaração de Nascido Vivo e um documento da clínica comprovando que o bebê foi decorrente de um processo de clínica de reprodução assistida. A diferença é que pra um casal  homoafetivo tem que comprovar união estável ou casamento civil para registro em nome de ambos, diferentemente de um homem e mulher. A certidão de nascimento sai na mesma hora. 

10- Quais são os direitos e benefícios legais disponíveis para famílias homoparentais?

Se você registrou o filho em nome do casal, todos os direitos legais são garantidos, assim como filhos de homens e mulheres.

 

Artigo escrito por

Flavia Oliveira

Jornalista e Relações Públicas, formada em Mediadora de Conflitos, pelo Instituto Federal de Brasília, através da Tertúlia Literária Dialógica. Mãe de dois: Mia e Andrea, vivendo em Malta e sempre com uma passagem para o próximo destino a ser descoberto.

Minha dupla experiência de parto: não humanizado e humanizado

Descubra como o parto humanizado pode transformar a experiência de dar à luz. Acompanhe a minha jornada pessoal de dois partos naturais, um humanizado e outro não, e entenda a importância de respeitar a vontade da mãe e criar um ambiente acolhedor. Uma história de empoderamento e mudança pessoal.

 

Neste post você vai ver

  • Parto não humanizado
  • Parto humanizado

    “Para mudar o mundo, é preciso primeiro mudar a forma de nascer”, foi com essa frase do médico francês Michel Odent  que eu iniciei minha preparação para os dois dias mais importantes da minha vida: o nascimento dos meus filhos. E que até hoje eu acredito piamente que o que pode mudar o mundo é como os novos seres chegam nele. E não, eu não tenho intenção de mudar todo o mundo, mas sim o meu mundo.

    Antes que eu possa relatar a minha vivencia, é necessário informar que o nome humanizado não pode ser entendido como um tipo de parto, mas sim como o processo que os dois tipos de parto acontecem, ou seja, a cesariana também pode ser humanizada. O que torna as vias de parto humanizada ou não humanizada é o fato de levar em consideração a opinião da mãe e o que ela informou no seu plano de parto, fazendo com que a vontade dela seja respeitada e que ela se sinta acolhida e ouvida. 

    Eu, particularmente, vivenciei os dois tipos de parto naturais: o não humanizado e o humanizado.

    Parto não humanizado

    No nascimento do meu caçula, Andrea, eu achava que, após ter passado por um parto natural três anos antes, eu saberia lidar e teria força para impedir qualquer tipo de violência obstétrica, mesmo estando em outro país. Mas não. No nascimento dele eu não era a protagonista, mas sim a midwife, ou enfermeira obstétrica, como se chama no Brasil. 

    No dia 24 de julho de 2023, por volta das 19h, quando eu estava colocando minha filha para dormir, senti um pouco de líquido quente saindo, ainda cheguei a imaginar que era xixi que eu não estava conseguindo controlar. Depois percebi que era a bolsa que tinha rompido, assim que me acalmei, informei ao meu marido que estava trabalhando no Senegal e à midwife, que pediu para eu aguardar e esperar as contrações começarem e, se não tivessem iniciado, ir à maternidade na manhã do dia seguinte. Assim fiz, cheguei à maternidade por volta das 9h, do dia 25 de julho de 2023, com duas amigas. E, pela primeira vez em minha vida, fiz o exame de toque. 

    Como eu lembro do meu primeiro trabalho de parto: exame de toque não é necessário ser feito, as alterações podem ser identificadas de outra forma. Como também não é recomendado fazer exame de toque com a bolsa rompida, já que o toque expõe a mulher e o bebê a um maior risco de infecção. Mas permiti que fosse feito em mim ou até não permiti, mas fiquei passiva diante da situação. 

    Eu estava sem dilatação nenhuma, como também ela não conseguiu perceber a quantidade do líquido amniótico, imaginou que a bolsa tinha sido rompida na parte de cima da barriga. Pela minha experiência, creio que minha bolsa estourou por conta de uma infecção urinária que me acompanhou do meio pro fim da gestação e que não foi levada a sério pelo meu obstetra. 

    Subi para o quarto do hospital (que curiosamente em uma das minhas visitas ao obstetra eu conheci e mandei uma foto para meu marido mostrando o quanto era legal, com banheira, bola e vários aparatos para um trabalho de parto). E logo a midwife colocou o cardiotocógrafo, mais conhecido como monitor fetal, para monitorar a frequência cardíaca, o movimento de Andrea e as contrações uterinas de forma não invasiva. Neste momento, ela também induziu o parto com ocitocina na veia. Mais uma vez eu sendo passiva diante da situação. 

    E foi neste momento que meu marido me ligou informando que não conseguiu chegar a tempo no aeroporto para voltar para Malta devido às fortes chuvas em Dakar. Eu não tinha escolha, continuava sendo forte, sentindo a presença de Deus e acreditando que o melhor sempre acontece. 

    Meu marido estava trabalhando no Senegal e na noite anterior, Dakar, capital do Senegal, estava embaixo de muita chuva o que fez ele perder os dois voos que o trariam para Malta. Em Dakar existem apenas voos noturnos em direção a Europa o que o fez viajar apenas na noite do dia 25 de julho, quando Andrea já tinha nascido. 

    Lembro de descer para almoçar na maternidade mesmo e, por volta das 11h30 começarem as contrações. Quando voltei para o quarto, às 13h já estava com 6cm de dilatação. E todo o trabalho de parto evoluiu muito rápido. Foi neste momento que minha amiga perguntou se eu queria que colocasse alguma playlist e eu disse que não, disse que não queria chorar. A partir do segundo filho é mais comum um parto mais rápido e fácil, porque os músculos e toda estrutura interna do nosso corpo já foi distendido durante o primeiro parto. O que também me faz pensar que possivelmente eu não precisasse de ocitocina. 

    Eu não escolhi a forma como queria parir, nem a posição que me dava mais conforto e nem a forma de alívio que eu gostaria de ter. Pari deitada e presa a um aparelho, sentindo bastante dor. E ainda no momento expulsivo, fui violentada, como uma forma de acelerar o nascimento. As posições de cócoras, sentada ou de joelhos são melhores para facilitar a saída do bebê. O canal de parto fica mais curto e a abertura da vagina fica maior, o bebê não aperta a barriga e a circulação de oxigênio para ele é melhor. A midwife também solicitou que eu fizesse força quando Andrea estava prestes a nascer, o que também é considerado um tipo de violência obstétrica. Ainda pediu para eu parar de gritar, mas sempre lembro que o grito ou o choro no parto não são necessariamente de sofrimento. Muitas vezes são uma exteriorização de energia corporal, uma forma de aliviar a tensão e ganhar mais forças.

    Quando eu peguei Andrea em meus braços, só conseguia pedir desculpas para ele. Desculpas por não ter dado um nascimento dos sonhos a Andrea, como foi o de Mia, minha primogênita. Mas mesmo assim ainda fui presenteada com um bebê empelicado, que é quando um bebê, ao nascer, ainda está envolvido pelo saco amniótico, que permaneceu intacto. Isso mesmo, aqueles casos que possuem a incidência de ocorrer uma vez a cada 80 mil, e ainda dizem que os bebês que nascem empelicados dão sorte. 

    #PraCegoVer A mãe com seu filho no colo falando por video chamada no celular com o pai.

    Andrea nasceu e só foi retirado de mim para pesar e medir. Depois do nascimento, o meu lado leoa não permitiu que mais ninguém da maternidade tirasse ele de mim. Realmente tivemos uma golden hour. Ele mamou na primeira meia hora de vida dele e não nos desgrudamos mais. 

     

    Parto Humanizado

    Já a chegada de Mia foi uma chegada dos sonhos. Depois de muita pesquisa, estudo (sim, a maternidade é um momento de muito estudo e busca de informação), comecei a ter muita segurança e a acreditar que eu poderia parir, então decidi parir em casa, porque queria que minha filha nascesse com o coquetel dos “hormônios do amor”, liberados apenas em condições específicas de trabalho de parto e com toda a nossa diversidade de micróbios familiares. 

    Era sexta, 31 de janeiro de 2020, estávamos de mudança para a nova sede do Explicaê (empresa que eu trabalhava no Brasil) e enquanto eu arrumava as minhas coisas, tímidas lágrimas escorriam pelo meu rosto – no fundo eu já sentia que não voltaria a trabalhar nem tão cedo.

    No sábado, eu completei 40 semanas de gestação. Eu e meu marido, que naquela época também trabalhava no Senegal (e tinha chegado uma semana antes) fomos para a casa da minha sogra dormir lá e de noite comecei a sentir muitas contrações, então comecei a cronometrar, mas como eu consegui dormir percebi que ainda não era a hora.

    No domingo, apesar da ansiedade (estava doida para que ela nascesse dia 02/02/2020), fomos à praia e vivemos uma vida normal.

    Eis que 1h20 da madrugada, da segunda-feira, do dia 3 de fevereiro, fui acordada devido às fortes contrações. Tentei dormir e percebi que as contrações estavam ritmadas e vinham cada vez mais fortes. Acordei meu marido. E assim passamos a madrugada inteira e iniciando a manhã. Sim, tinha chegado a hora. Ela escolheu o dia dela para nascer. Avisamos as enfermeiras do grupo Nascido em Casa (um grupo de enfermeiras obstétricas de parto domiciliar em Aracaju/ Sergipe). Tomei uns quatro banhos e urrava de dor a cada contração que vinha mais e mais forte.

    Tentava me concentrar nos exercícios, na respiração, procurar as posições mais confortáveis, mas comecei a entrar na partolândia e seguir apenas os meus instintos sem pensar muito. Luana (veja aqui uma entrevista com Luana) e Hilca, as enfermeiras, iam me indicando o que fazer. Lembro que meu marido colocou a playlist que eu passei quase 9 meses fazendo. E nesse momento lembro que chorei compulsivamente. Cheguei a desistir, a pensar o quão eu era louca em decidir um parto natural, como tudo seria mais fácil com apenas uma cesária. Mas quando decidi meu parto eu falei pra meu marido: “se eu pensar em desistir, me lembre que eu não vou desistir. Que eu escolhi e vou até o fim!”.

    Sabe quantos exames de toque eu fiz?! NENHUM! E minha bolsa estourou dentro da piscina, pq ninguém viu o momento. E assim foi. Ela escolheu a hora dela, nascendo 10h50. 

    #PraCegoVer Momento do parto na piscina, com a mãe, seu bebe recém-nascido, a doula, uma enfermeira obstétrica e um pai emocionado.

     

    Artigo escrito por

    Flavia Oliveira

    Jornalista e Relações Públicas, formada em Mediadora de Conflitos, pelo Instituto Federal de Brasília, através da Tertúlia Literária Dialógica. Mãe de dois: Mia e Andrea, vivendo em Malta e sempre com uma passagem para o próximo destino a ser descoberto.