Viagem com propósito social em família: quando o propósito une

Karibu mostra como planeja viagem com propósito social em família que aproxima, toca e transforma!

Viajar em família sempre foi uma forma de criar memórias afetivas, mas, nos últimos anos, muitas famílias têm buscado algo além do turismo tradicional: experiências que combinem afeto, impacto positivo e conexão genuína com outras culturas. 

É em meio a esse movimento que surge, com cada vez mais força, a viagem com propósito social em família. Esse formato une voluntariado responsável, imersão cultural e momentos de convivência que realmente transformam pais e filhos.

A Karibu, referência em turismo de impacto com filhos, tem observado o interesse dos pais crescer exponencialmente, e por isso dedicou um tempo para conversar com o time MyBabyCare para orientar a todos que estão à procura de viver projetos que geram impacto social em viagens.

Viagem com propósito social em família: equipe Karibu compartilha experiências

Quais tipos de projetos sociais a Karibu oferece para quem busca uma viagem voluntária com crianças e adolescentes?

As famílias são muito bem-vindas em todas as nossas viagens. A experiência costuma ser transformadora tanto para as crianças quanto para os pais. 

Para os pequenos, é uma oportunidade de aprender na prática sobre outras culturas e realidades, ampliando a visão de mundo e criando memórias únicas ao lado da família. Para os pais, é a chance de gerar impacto positivo por meio do voluntariado em comunidades que realmente precisam, e viver isso junto aos filhos é inestimável.

Já recebemos famílias em nossos projetos na Amazônia (causa indígena), no Quênia (educação para crianças e adolescentes) e na Costa Rica (preservação de tartarugas marinhas).

Existe idade mínima para participar de viagens que fortalecem laços familiares por meio do voluntariado?

Não. Já tivemos crianças de 5 anos e adultos com mais de 60 anos. Todos são muito bem-vindos, e adoramos quando temos um grupo diverso porque isso enriquece ainda mais a viagem transformadora em família.

Como a Karibu garante segurança durante uma viagem transformadora em família?

Assim que o cliente se inscreve, criamos um grupo no WhatsApp com toda a equipe Karibu. Esse canal é usado para oferecer suporte completo antes, durante e depois da viagem. Temos equipes em diferentes países, o que garante atendimento 24/7.

Cerca de três semanas antes da viagem, realizamos uma capacitação online, em que abordamos voluntariado responsável, informações culturais e sociais, realidade local, atividades previstas, logística e todos os detalhes necessários para que o participante se sinta preparado e seguro.

Além disso, todas as nossas viagens em grupo contam com um coordenador Karibu em campo, disponível para acompanhar as atividades e auxiliar com qualquer situação que possa surgir.

 

três pessoas brancas, duas mulheres e uma criança, abraçam homem negro. Todos estão sorrindo. Eles aparecem em frente a um mural com cartazes e descrições
Família vive experiência transformadora

Como funciona a estrutura das acomodações para famílias em uma viagem voluntária com crianças?

As acomodações são simples, porém confortáveis e seguras. Prezamos pela imersão cultural, por isso buscamos hospedagens que estejam alinhadas com a realidade local. Para nós, não faria sentido, por exemplo, participar de um projeto no Quênia e ficar em um resort 5 estrelas, ou estar na Amazônia e se hospedar em um hotel de selva de luxo.

Dentro desse conceito, destinos como África do Sul e Costa Rica oferecem maior conforto.

Pais e filhos sempre ficam juntos no mesmo quarto, e podemos adaptar o cronograma quando necessário, entendendo que crianças podem ter rotinas e necessidades diferentes do restante do grupo.

Há monitores ou coordenadores especializados acompanhando as famílias nas viagens de impacto social em viagens com filhos?

Todas as nossas viagens que fortalecem laços familiares contam com um coordenador acompanhando todo o percurso. 

A equipe de coordenadores conta com as cofundadoras (Ana Alberine e Joana Gamillscheg) e mais três pessoas incríveis, que já viajaram conosco como voluntários e foram selecionadas cuidadosamente para serem coordenadores. 

Eles também passam por uma capacitação e estão preparados para guiar o grupo da melhor forma.

Como as atividades são pensadas para criar experiências educativas para crianças e adultos?

Nossas viagens combinam atividades sociais com momentos de imersão cultural. As ações sociais são definidas de acordo com diagnósticos e conversas prévias com as lideranças locais, garantindo que o trabalho atenda às necessidades reais da comunidade.

Também levamos em conta o perfil, habilidades e conhecimentos de cada voluntário para que todos contribuam da melhor forma.

As crianças geralmente se conectam com outras crianças, então buscamos inseri-las em atividades adequadas às suas idades. Na Amazônia, por exemplo, temos ações em escolas indígenas com alunos de 5 a 10 anos, uma troca muito rica quando há crianças no grupo de voluntários.

Na Costa Rica, as atividades de monitoramento de tartarugas acontecem em uma praia extensa (6 km). Quando necessário, há sempre um guia disponível para retornar com as crianças à base, enquanto o restante do grupo continua. 

Tudo é pensado para proporcionar experiências educativas para crianças e também para os adultos.

duas mulheres brancas de blusa azul e cinza e óculos aparecem sorrindo com crianças negras
Viagem que aproxima, toca e transforma

A Karibu oferece preparo antes da viagem para ajudar as famílias a entender o propósito social?

Sim. Cerca de três semanas antes dos pais e dos filhos viverem um voluntariado em família realizamos um treinamento online obrigatório, com duração aproximada de 1h30. 

Nesse encontro, falamos sobre o nosso “acordo com o voluntário”, alinhamos expectativas, esclarecemos dúvidas e apresentamos informações relevantes sobre o país, o projeto, a cultura local, as atividades previstas, itens essenciais para levar na mala e orientações pré-embarque.

Quais aprendizados os pais costumam relatar após uma viagem transformadora em família?

Ao longo dos últimos anos, tivemos diversas famílias vivendo experiências transformadoras conosco, e os relatos refletem muito do impacto que buscamos gerar. Os pais costumam destacar não apenas a beleza dos destinos ou o contato com outras culturas, mas principalmente a oportunidade de ver os filhos engajados em ações de impacto real.

Na Costa Rica, por exemplo, a Renata Baldanzi compartilhou como foi especial acompanhar o filho e o sobrinho no projeto de conservação de tartarugas marinhas. Segundo ela, além de estar perto das tartarugas baula e verde, foi emocionante presenciar “o profissionalismo, a dedicação e a paixão da equipe”, uma vivência que descreve como “única e inesquecível”.

No Quênia, a mãe Sharmila Costa resumiu a experiência como maravilhosa e transformadora, dizendo que “de gota em gota, vidas se transformam, principalmente a nossa”.

Na Amazônia, Marina Acioli contou que acompanhou à distância cada momento da viagem dos filhos e se emocionou com o quanto a vivência foi transformadora. E a Clarice Mendonça descreveu sua participação como uma experiência “para a vida inteira”, marcada pelo encontro com “pessoas de coração puro e acolhedoras”.

Esses relatos reforçam algo que vemos em todas as viagens: o impacto vai muito além do voluntariado. As famílias retornam mais unidas, as crianças ampliam horizontes, e todos voltam com a sensação genuína de terem vivido algo que transforma, tanto a comunidade acolhedora quanto quem participa.

familia formada por homem, criança e mulher aparecem sorrindo junto a familia formada por homem, duas mulheres e criança negra. Todos estão sorrindo
Transformação e experiências memoráveis para as famílias

É possível personalizar uma viagem voluntária com crianças de acordo com interesses da família?

Sim. Nesse caso, recomendamos as viagens individuais, em que a família escolhe a data e podemos montar um roteiro e um cronograma totalmente adaptados às suas necessidades e interesses.

Quais são os diferenciais da Karibu para famílias que desejam vivenciar voluntariado em família?

Na Karibu, valorizamos profundamente o voluntariado responsável. Acreditamos que preparar uma viagem voluntária com criança faz toda a diferença no impacto positivo, tanto para as comunidades quanto para as famílias.

Outro grande diferencial é o nosso atendimento humanizado. Temos uma equipe dedicada, sem respostas automáticas, preparada para acompanhar o cliente em todas as etapas. Por estarmos espalhados por diferentes países, oferecemos suporte contínuo, por mensagens, e-mail ou ligações, sempre que o cliente precisar.

mulher de regata azul e menina adolescente de regata branca, ambas de pele branca, aparecem sorrindo em ponte.
Experiência que une e transforma

Quando a viagem transforma mais do que o destino

Uma viagem com propósito social em família é ponto de virada na forma como pais e filhos se relacionam com o mundo e entre si. 

Ao participar de uma viagem voluntária com crianças, as famílias descobrem que o voluntariado não se trata apenas de ajudar comunidades, mas também sobre olhar para dentro, fortalecer laços e aprender juntos.

Cada momento de convivência, cada conversa com a comunidade, cada gesto de cuidado… tudo se transforma em bagagem emocional para todos.

 

Quer viver o melhor do turismo de impacto com filhos? Descubra como proporcionar experiências educativas para crianças com a Karibu. 

Viagens com propósito social

Karibu

Nosso propósito é promover transformações significativas em projetos sociais e comunidades em situação de vulnerabilidade pelo mundo. Conheça mais sobre o trabalho da Karibu

Logo do mybabycare, passarinho saindo do ninho.

Escrito pela equipe

My Baby Care

O Mybabycare é um portal, um espaço seguro para trocar experiências com pais, futuros pais e especialistas. Aqui, ninguém caminha sozinho.

Vacinação infantil: orientações e cuidados da pediatra e mãe Luiza Gramiscelli

Pediatra e mãe, a Dra. Luiza Gramiscelli explica a importância da vacinação infantil para proteger a saúde das crianças!

A vacinação infantil é uma das maiores conquistas da medicina moderna e também uma das formas mais eficazes de garantir uma infância saudável. 

Ela é responsável por proteger nossas crianças contra doenças, representando cuidado, prevenção e compromisso com o futuro delas. Entre tantas informações e recomendações, é comum que pais e mães tenham dúvidas sobre o calendário vacinal, os efeitos das vacinas e o que fazer em casos de atraso nas doses.

Por isso, para esclarecer essas questões e reforçar a importância de manter a vacinação em dia, conversamos com a Dra. Luiza  Gramiscelli, médica pediatra formada pela UFSJ, com residência pelo Hospital Santa Marcelina, em São Paulo. 

Com experiência em pronto-atendimento, internação hospitalar e preceptoria de residentes, ela hoje se dedica ao consultório — atendendo presencialmente e por teleconsulta — e acompanha famílias de todo o mundo em suas jornadas pela saúde infantil.

Entrevista com a Dra. Luiza Gramiscelli sobre a vacinação infantil 

Dra., quais vacinas meu filho precisa tomar em cada idade?

O calendário de vacinas varia conforme o país, e mesmo dentro do Brasil pode haver diferenças entre o calendário do SUS (PNI) e o das sociedades médicas, como a SBIm. 

De forma geral, os primeiros meses de vida incluem vacinas contra hepatite B, tuberculose (BCG), difteria, tétano, coqueluche, poliomielite, pneumococo, meningites e rotavírus, entre outras. Novas doses e reforços são aplicados ao longo da infância.

Mas não é preciso decorar todas! Famílias que fazem acompanhamento regular com o pediatra são orientadas em cada consulta sobre as vacinas indicadas para a idade.

Quais são os efeitos colaterais mais comuns das vacinas?

Os efeitos colaterais mais comuns são dor, vermelhidão ou inchaço no local da aplicação, além de febre baixa e irritabilidade nas primeiras 24 a 48 horas. Essas reações costumam ser leves e passageiras, e indicam que o corpo está respondendo à vacina e criando proteção.

Posso vacinar meu filho se ele estiver com febre ou resfriado?

A febre é a única situação em que se recomenda adiar a vacinação infantil. É importante esperar pelo menos 48 horas sem febre antes de aplicar as vacinas. Já sintomas leves, como nariz escorrendo ou tosse leve, não impedem a vacinação e não devem ser motivo para adiar. 

Manter o calendário em dia é essencial para garantir a proteção da criança.

Quantas doses são necessárias para cada vacina?

Isso varia de acordo com cada vacina. Nos primeiros meses de vida, o bebê ainda tem o sistema imunológico imaturo, por isso algumas vacinas precisam de mais de uma dose para garantir uma proteção duradoura.

Com o crescimento e o fortalecimento do sistema de defesa, o número de doses costuma diminuir, sendo necessárias apenas doses de reforço em algumas fases da infância.

É seguro combinar várias vacinas na mesma visita?

Sim, é seguro e recomendado aplicar mais de uma vacina na mesma consulta. Isso não sobrecarrega o sistema imunológico e ajuda a manter o calendário em dia.

A única exceção é para vacinas de vírus vivos atenuados, como a tríplice viral (ou tetraviral) e a febre amarela, que não devem ser aplicadas no mesmo dia em crianças menores de 2 anos, pois isso pode reduzir a eficácia da proteção.

Por que algumas vacinas não são oferecidas gratuitamente?

O Programa Nacional de Imunizações (PNI), do SUS, é voltado à saúde pública e coletiva, ou seja, à proteção da população como um todo. As vacinas oferecidas gratuitamente são aquelas que trazem maior impacto coletivo, ajudando a controlar e eliminar doenças que representam risco à comunidade.

Já a Sociedade Brasileira de Imunizações (SBIm) e a Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP) elaboram calendários com foco na saúde individual, considerando as melhores opções de proteção para cada pessoa, mesmo que o benefício coletivo seja menor.

Essa diferença é comum em vários países: os programas públicos seguem critérios de saúde populacional e custo-benefício, enquanto as sociedades médicas recomendam o que há de mais completo para a proteção individual.

Quanto tempo leva para a vacinação infantil começar a proteger meu filho?

Após a vacinação, o organismo leva cerca de duas semanas para produzir anticorpos suficientes e oferecer proteção.

Meu filho perdeu uma dose, o que devo fazer?

Não se preocupe: uma dose recebida é sempre válida. O atraso não anula as vacinas que a criança já recebeu, mas é importante colocar em dia as doses atrasadas o quanto antes para manter a proteção completa.

Algumas vacinas, como rotavírus e BCG, têm limite de idade para aplicação, por isso é importante conversar com o pediatra rapidamente para garantir que todas as doses sejam aplicadas corretamente.

 

Vacinar é cuidar da saúde infantil e preservar o presente e futuro!

A vacinação infantil faz parte do cuidado cotidiano que sustenta a saúde pública. É um compromisso que começa dentro de casa, mas que se estende para toda a comunidade local.

Na rotina do consultório, a Dra. Luiza  Gramiscelli observa que a dúvida dos pais raramente está na eficácia da vacina, mas na avalanche de informações contraditórias que circulam fora dali. É por isso que o diálogo entre médicos e famílias continua sendo tão necessário e importante nos tempos atuais.

 

 

Acompanhe outras entrevistas com a Dra. Luiza. Acesse 

Médica Pediatra

A Dra Luiza, atende em seu consultório em Belo Horizonte e também online com pacientes em diferentes lugares do mundo. Acompanhe a Dra Luiza Gramiscelli nas redes sociais, @dralupediatra. 

Logo do mybabycare, passarinho saindo do ninho.

Escrito pela equipe

My Baby Care

O Mybabycare é um portal, um espaço seguro para trocar experiências com pais, futuros pais e especialistas. Aqui, ninguém caminha sozinho.

Projeto Vinil para Crianças: uma iniciativa a favor da arte

dISCOSLAGENS. Conheça o Projeto Vinil para Crianças criado pelo artista e DJ João Palavra!

 

Enquanto o mundo gira na velocidade das telas, o artista João Palavra resolveu girar um outro disco: o da pausa, da escuta e do gesto a partir do vinil.

O que começou como um momento espontâneo durante um DJ set, transformou-se em projeto educativo e artístico único. Crianças, hipnotizadas pelas “duas bolachas rodando”, olhavam o gira-discos com curiosidade, como quem assiste a um truque de mágica. 

A partir disso, aquele encantamento simples despertou uma ideia: e se o som pudesse também ser desenhado?

Assim nasceu Projeto Vinil para Crianças, dISCOSLAGENS, uma oficina que convida crianças e jovens (e também adultos) a conhecer o vinil não só como objeto musical, mas também como experiência de sentidos. 

Na oficina João apresenta o disco, suas cores, suas capas e o mecanismo que o faz tocar, para depois deixar que a música conduza o corpo. 

Com papel e lápis, cada participante traduz o que ouve em traços, riscos e movimentos. Não há lição nem moldes. Há, acima de tudo, escuta, curiosidade e experimentação. O vinil serve de ponto de partida para que, por meio da arte, se redescubra algo que a infância faz naturalmente: criar sem pedir permissão.

Projeto Vinil para Crianças: uma iniciativa concebida pelo artista João Palavra

Qual é o objetivo principal do Projeto Vinil para Crianças?

O objetivo principal, de dISCOSLAGENS – a oficina, é apresentar o formato vinil e todo o seu mecanismo fascinante aos mais novos. Além disso, o projeto busca despertar a curiosidade e o senso artístico dos participantes.

Aqui, eu falo das especificidades do disco vinil: o formato, os vários tamanhos, as diferentes cores e capas (que são belas obras de arte), bem como o mecanismo que o faz girar. Explico, portanto, como funciona o gira-discos e o seu processo para fazer tocar os discos.

Como surgiu a ideia de envolver crianças com vinis e música?

Tudo começou quando, em alguns DJ sets meus, em vinil, havia crianças na linha da frente maravilhadas com o que estavam vendo: duas bolachas de disco girando. 

Todo o mecanismo, as formas, as cores, a rotação, o movimento de pousar a agulha, a delicadeza com que fazia todo este processo, despertava atenção e curiosidade. Por isso, como muitos não sabiam o que era aquilo, fez muito sentido criar esta oficina.

desenho rabiscado em azul em formato de disco de vinil, com um bilhete escrito "discolagens oficina"
Projeto de que une arte e aprendizado em um só local

Que tipo de experiência sensorial o Projeto Vinil para Crianças oferece para os pequenos?

O que pretendo é criar uma experiência que seja libertadora, apenas com orientações e provocações. Digo logo no início que não sou um professor de desenho e que não estou ali para avaliar, mas sim para partilhar a minha experiência e paixão pela música e pelos discos — e, claro, divertir-me com eles.

Eles são livres de fazerem, ou melhor, purgarem criativamente, da forma que quiserem e estiverem a sentir ali, no momento. A música, a escuta atenta, provoca sensações diferentes em cada um/a, e isso reflete automaticamente no resultado final. 

Enquanto isso, ouvimos jazz, música eletrônica e até música mais experimental — aquela que mexe e remexe com os nossos sentidos.

Quais valores artísticos e educativos esse projeto educativo e artístico pretende transmitir?

Como eu trabalho desde muito novo com crianças e jovens, gosto de lançar a elas desafios e de encorajar a pensarem e fazerem, sem receios. Afinal, para mim, não vale o “não sei” ou o “não consigo”. Todos nós temos um lado criativo, e é importante estimulá-lo todos os dias.

Respeito sempre a vontade de cada um, mas tem acontecido de encontrar aqueles que, num primeiro momento, não querem participar. Contudo, percebo que passado uns minutos, já é possível ver que estão completamente envolvidos na atividade.

O parar, o focar, o fazer sem temer, o contemplar, o partilhar… há tanto a fazer com estes grupos que faria esta oficina todos os dias.

diversas crianças aparecem em cima de painel branco com desenhos feito a mão
Crianças se divertem durante o projeto dISCOSLAGENS

Que mensagem gostaria de deixar a quem participa ou ainda vai participar da oficina?

Defendo que devemos alimentar sempre a nossa imaginação porque uma parte de nós “morre” quando deixamos de imaginar. Eu acredito piedosamente nisso.

Tenho muito a agradecer às pessoas e espaços que, até ao momento, abriram as suas portas para receberem a minha oficina dISCOSLAGENS. A eles/as, o meu muito obrigado!

Por fim, espero poder continuar a levar esse
projeto educativo e artístico incrível a novos públicos.

duas crianças, uma vestida de camiseta branca e outra de blusa vermelha, aparecem de costas olhando para instrumento musical e vinil
projeto educativo e artístico para desenvolvimento infantil

Um projeto único e harmonioso entre som e gesto

João Palavra não conduz uma aula de música, mas sim um encontro entre som e gesto. O vinil funciona como ponto de partida, e o desenho é a resposta espontânea ao som que se ouve. 

Não há a busca pelo “bonito” ou pelo “correto” na experiência. Apenas o prazer genuíno de fazer, de experimentar e de permitir que o som vire forma.

O Projeto Vinil para Crianças segue crescendo graças ao trabalho inspirador do artista João Palavra. Com cada oficina, ele reafirma a força de uma ideia que inicialmente parecia pequena, mas que na verdade é capaz de grandes transformações e impactos:

Talvez a sensibilidade da arte comece e se renove quando alguém, com atenção e curiosidade, decide ouvir o som de um disco girando.

 

Acompanhe as novidades do Projeto Vinil para Crianças na página oficial: dISCOSLAGENS

 

 

Quer conferir todas as dicas sobre as crianças e o uso da internet? Acesse aqui.

 

Artista

João Palavra

O meu propósito é ajudar crianças e jovens a se desenvolverem através da arte, dando a conhecer, artisticamente, o vinil. Página no Facebook

Logo do mybabycare, passarinho saindo do ninho.

Escrito pela equipe

My Baby Care

O Mybabycare é um portal, um espaço seguro para trocar experiências com pais, futuros pais e especialistas. Aqui, ninguém caminha sozinho.

Ilustração infantil: o trabalho inspirador de Rita Correia

Através da ilustração infantil, a artista Rita Correia transforma sentimentos, memórias e sonhos em histórias que despertam a imaginação.

 

A ilustração infantil tem o poder de abrir janelas para universos cheios de cor, imaginação e descobertas.

É nesse território entre arte e infância que se encontra Rita Correia, ilustradora e autora que cresceu cercada por lápis, papéis e histórias. Hoje, ela transforma palavras em imagens que encantam, acolhem e despertam a curiosidade dos pequenos leitores.

Nesta conversa, Rita fala sobre suas fontes de inspiração, os desafios de ilustrar livros infantis em tempos digitais, a parceria com escritores e como a maternidade passou a refletir no olhar artístico e na maneira como compreende o mundo ao seu redor.

O universo da ilustração de livros infantis por Rita Correia

Rita, como começou a sua paixão pela ilustração de livros infantis?

Nasci em 1977, e quando comecei a interessar-me pelo desenho — ainda muito pequena — a ilustração infantil nem sequer era vista como uma profissão em Portugal. 

Ainda assim, sempre gostei de desenhar desde muito nova e apenas segui o instinto que sempre me manteve próxima das artes.

Qual é o papel da ilustração infantil no estímulo da imaginação das crianças?

Hoje, felizmente, a ilustração de livros infantis já evoluiu para além de ser apenas “suporte” de um texto. 

Presentemente, ela não só faz isso, como também acrescenta valor à obra e, muitas vezes, conta histórias paralelas. Quando deixou de ser meramente ilustrativa e passou a explorar novas formas de expressão, criou muito mais espaço para a imaginação e a criatividade.

arte em tubo com desenhos em vermelho imitando uma criança, uma árvore e um coração
Tubo atividade livro Ilumina, por Rita

Que técnicas prefere usar na criação das suas ilustrações infantis?

Gosto de trabalhar de forma manual, com lápis, tintas e colagens. Esse é o ponto de partida do meu processo e continua a ser o que mais prazer me dá. 

Ao longo dos anos, e com a revolução digital, foi impossível não incorporar novas ferramentas, que são práticas e convenientes. Mas, mesmo que quase todas as minhas ilustrações sejam finalizadas digitalmente, hoje ainda faço questão de preservar nelas o toque artesanal, o traço vivo e imperfeito que vem do trabalho feito à mão.

Como é o processo de colaboração entre ilustrador e escritor num livro infantil?

Sempre que existe a oportunidade de ter contacto direto com o escritor — e quando esse autor compreende e confia no nosso trabalho — o processo torna-se muito mais leve e prazeroso. 

No meu caso específico, costumo apresentar uma ou duas propostas do que imagino para determinadas páginas, além de uma visão geral sobre como penso a relação entre texto e ilustração naquele livro. A partir daí, o diálogo flui melhor, e consigo alinhar o meu estilo à mensagem que o autor deseja transmitir.

Na sua opinião, o que torna uma ilustração infantil memorável para uma criança?

Não é uma pergunta fácil, pois acho que depende muito do contexto de vida dessa criança. Eu, que cresci nos anos 80, lembro-me do fascínio que sentia com os desenhos e pinturas impecavelmente apresentados. Estava sempre à procura de pormenores escondidos — um cão desenhado ao fundo, uma bola de sabão que mais ninguém via. 

Hoje, essa curiosidade é o que tento trazer para os livros que ilustro: jogos visuais e detalhes secretos que só um olhar atento descobre.  Acredito que uma ilustração infantil torna-se memorável quando toca algo que a criança vive ou sente naquele momento. Vinte crianças podem ver a mesma imagem, mas ela será especial apenas para uma — e é aí que a magia acontece.

imagem de livro preto com ilustração colorida em laranja, branco e amarelo
Um dos belíssimos trabalhados de Rita Correia

Quais são os maiores desafios atuais para os ilustradores de livros infantis?

Lidar com o avanço da Inteligência Artificial é um dos nossos grandes desafios. Afinal, por mais que hoje se possam criar imagens inteiras a partir de comandos, nunca será possível reproduzir a intensidade de uma ilustração feita à mão, no instante exato da criação. 

Mas, talvez o maior desafio seja manter viva a inocência e o deslumbramento natural das crianças, que estão cada vez mais expostas a conteúdos que reduzem o espaço para a imaginação, a criatividade e a empatia. Ilustrar, tendo em conta essa nova realidade, é um exercício contínuo de resistência poética.

De que forma a ilustração infantil pode apoiar a educação e a inclusão?

Quando as crianças ainda não aprenderam a ler, as imagens são as suas primeiras leituras. Mesmo uma criança cega percebe o mundo através do toque — dos rostos, objetos, natureza e até ilustrações em relevo. 

A ilustração infantil une linguagens e aproxima adultos e crianças num espaço de compreensão mútua. Na educação, essa linguagem é essencial e, no campo da inclusão, torna-se ainda mais poderosa.

desenho em aquarela, onde uma menina e uma rosa aparecem em cima do mundo. A palavra "hope" está em destaque
Ilustração “HOPE” por Rita

Como as editoras e os autores podem valorizar mais o trabalho do ilustrador?

Que mundo triste e cinzento teríamos sem as artes e os artistas, não?! 

No entanto, a valorização do trabalho artístico só é possível quando quem contrata entende as muitas horas de estudo e anos de prática que existem por trás de uma ilustração. Mas também quando o próprio artista aprende sobre o seu valor a valorizar-se. Não podemos esperar reconhecimento se somos os primeiros a desvalorizar o que fazemos.

Que conselhos daria a jovens artistas que querem seguir esta carreira?

A minha filha entrou agora na Faculdade para um curso artístico de desenho. Sempre vi nela o que vivi na pele: uma compulsão desmedida por tudo o que envolve as artes. Quem seria eu, como mãe e ilustradora, se não a incentivasse a seguir a sua paixão? O caminho nunca é fácil, mas é ainda mais difícil viver sem propósito.

Por isso, aconselho que avancem — às vezes com a maré, outras vezes contra. O importante é compreender que nunca sabemos tudo e que sempre há espaço para aprender. Nos dias de hoje, nunca foi tão importante ter uma sólida base manual, porque a base digital dos jovens está muito avançada. A diferença estará, acredito, na humanização do trabalho artístico.

Qual é o impacto pessoal e profissional de ver as suas ilustrações nas mãos das crianças?

Indescritível. Mais do que ver as minhas ilustrações nas mãos delas, é vê-las desenhar inspiradas pelos meus livros. Ter feito obras escritas e ilustradas por mim abriu portas para sessões em escolas, onde o contacto direto com as crianças me incentiva a continuar. 

Ver seus rostos iluminarem-se quando descobrem um segredo escondido ou quando cantamos juntos uma música é impagável. Só depois de me lançar como autora independente percebi que estava finalmente no trilho certo. Enquanto o sentir, continuarei.

 

grupo de alunos vestindo uniforme azul se reúnem ao redor de imagens postas no chão
Momento em que as crianças admiram as ilustrações

Para terminar, de que forma a maternidade impactou a visão de mundo e o processo criativo?

Curiosamente, foi depois do nascimento do meu segundo filho, quando quase desisti da vida artística, que tudo mudou. 

Durante uma longa sessão de amamentação surgiu a ideia do meu primeiro livro, escrito e ilustrado por mim, que me levou a abraçar a edição independente. A maternidade ampliou o meu olhar — ver os meus filhos crescer, visitar escolas, contactar com outras crianças e realidades diferentes fez florescer a minha criatividade.

O meu quarto livro, O Presente com a Maior Fita do Mundo, é sobre como estamos todos conectados, sobre comunidade e sobre o nosso planeta como casa comum. Um livro que só me foi possível criar depois deste caminho de aprendizagem, sobre mim, sobre o outro e sobre o mundo que habitamos.

Encerrando o olhar sensível de Rita Correia

O olhar sensível de Rita Correia sobre o universo da arte, maternidade e imaginação mostra que a ilustração infantil vai muito além do tradicional desenho bonito. É uma forma de linguagem, é ponte, é afeto… É um trabalho que ajuda a dar vida às histórias e a criar memórias inesquecíveis para os pequenos leitores.

Para acompanhar o trabalho desta ilustríssima artista, siga o perfil de Rita no instagram @ritacorreia_ilustradora ou na sua página oficial no Facebook. 

E para ler mais conteúdos como esse sobre o universo da arte e da maternidade, acesse nosso portal …

 

Quer conferir todas as dicas sobre as crianças e o uso da internet? Acesse aqui.

 

Ilustradora

Rita Correia

Nascida em 1977, seu amor pela arte começou desde pequena, quando a ilustração infantil não tinha o estatuto de profissão em Portugal. Acompanhe no Instagram

Logo do mybabycare, passarinho saindo do ninho.

Escrito pela equipe

My Baby Care

O Mybabycare é um portal, um espaço seguro para trocar experiências com pais, futuros pais e especialistas. Aqui, ninguém caminha sozinho.

Maternidade e arte: o olhar sensível da artista Eva Couteiro

Eva Couteiro, artista contemporânea, compartilha suas reflexões sobre maternidade e arte em um relato inspirador, sensível e íntimo.

 

Ser mãe é uma das experiências mais intensas e transformadoras que uma mulher pode viver. E para quem cria, ela se torna também uma fonte inesgotável de inspiração. Entre pausas, descobertas e recomeços, maternidade e processo criativo se cruzam de formas únicas, revelando novas camadas de sensibilidade.

Para a artista Eva Couteiro, a chegada da filha não apenas redesenhou a sua rotina, mas também a sua forma de olhar o mundo e criar. Em suas palavras, a maternidade não foi um freio — foi um novo começo. “Em primeiro lugar, ser mãe é ter todas as certezas rasgadas. Nada é previsível. O tempo ganha outra dimensão e a forma de existir também”, ela conta.

Nesta entrevista, Eva compartilha a experiência de conciliar maternidade e arte, mostrando que ambos os conceitos se misturam em um mesmo movimento de criação, cuidado e transformação.

Entre maternidade e arte: bastidores da criação de Eva Couteiro

A maternidade costuma transformar não só a rotina, mas também o olhar criativo. Como esse encontro entre mãe e arte mudou sua forma de criar?

Em primeiro lugar, ser mãe é ter todas as certezas rasgadas — é um reset quase total da pessoa e da artista que julgamos ser. Para mim, foi assim…

Ver-me com um bebê nos braços foi tão encantador e deslumbrante quanto desafiador. Estava totalmente focada no ser pequenino que tinha aos meus cuidados, e a vida, os planos e as vontades que tinha na gravidez ficaram em stand by por tempo indefinido.

Tudo muda. Os ideais se aguçaram, a vontade de mudar o mundo — pelo menos as partes que consigo tocar com as pontas dos dedos —, a vontade de ouvir, ler e conhecer mais mulheres e mães, de me reconhecer enquanto mulher-mãe e mãe-artista, a visão política e, claro, a visão artística mudaram. 

Nos primeiros anos, o impacto da maternidade foi como a queda de um meteorito em cima de mim e, embora as ideias não tenham desaparecido, minha força anímica para colocá-las em prática era muito pouca. Escrevi, desenhei e anotei ideias — foi, sobretudo, isso.

Minha prática cerâmica parou por um período breve, mas retomei assim que nos mudamos do Porto para Ovar. Devagar, sempre devagar, até porque fui mãe em tempo integral durante três anos e meio. Com apoio limitado, só após a filha entrar na pré-escola pude retomar, com mais foco e constância, minha dedicação à prática artística.

A parte do meu processo de trabalho que não se alterou e que se mantém é: quanto mais faço, mais ideias surgem e mais quero fazer. Mas é inegável que a desaceleração que a maternidade trouxe, me abriu os olhos para detalhes que antes me passavam despercebidos. Há poesia em quase tudo, se soubermos olhar com atenção — a maternidade aguçou meu olhar.

 

mulher de blusa azul e vestindo uma cabeça de galinha aparece segurando duas esculturas
Na exposição “vou ao fim do início” vestindo a pele de Mãe-galinha com os “choradores que regam a coisa certa” nas mãos

Quais temas ou emoções ligados à maternidade e arte aparecem com mais frequência em suas obras?

Depois de ser mãe, já não dá para ver o mundo sem o ser e, atualmente, minha prática artística foca-se em questionamentos que me surgem desde então.

Vieram medos, culpa e o abandono de quem fui, de quem foi minha mãe, da filha que sou. Inclusive, da mãe que idealizei ser. Surgiram algumas peças em um tom mais pesado e deprimido que não me interessava tanto, porque não me via nele. 

E, como sempre me interessaram muito os trocadilhos, os ditados e as lengalengas, e porque faz sentido provocar e questionar sem necessariamente ferir, gosto de poder utilizar uma linguagem mais ou menos bruta e escancarada, com humor, mas sempre com alguma delicadeza e poesia — foi assim que surgiram as mães-bicho.

Começaram por ser mães-galinhas, a partir da expressão “mãe-galinha”, tantas vezes usada para me descrever no meu estilo de maternar. Peguei esse conceito em tom de provocação e fiz essas representações híbridas de mulheres desnudas, que ora estão grávidas, ora são mães que amamentam e acolhem nos braços/asas seus filhos, com atributos de galinha. 

E continuei, passando pelas mães-lobas, mães-corujas e mães-ursas, até chegar às mães-diabo — aqui já com o intuito de abordar a ideia da mãe como um ser humano com falhas, que erra, que deseja e que é mais do que a santa que querem impor que seja.

De que forma ser mãe influencia suas escolhas de cores, formas e materiais?

Ser mãe me deu novas lentes. Observar de perto um ser humano descobrindo o mundo pela primeira vez trouxe nova perspectiva. Pensei muitas vezes que as coisas que levamos anos para desconstruir quando buscamos nossa linguagem artística, as crianças já trazem nelas — a pureza com que veem e representam o que veem, o olhar verdadeiramente curioso… Para mim, isso não é apenas comovente, mas extremamente inspirador.

Aprendi e aprendo muito ao observar minha filha. Desenhamos muito juntas, e isso influencia diretamente meu trabalho e a forma como transponho formas e ideias para minhas peças. 

Começando pelas constantes chamadas de atenção para detalhes que já me interessavam, mas que agora, pela desaceleração que a maternidade impõe, tornaram-se mais presentes e impossíveis de ignorar — os recortes que a copa das árvores desenha no céu, um bando de pássaros levantando voo, um pássaro camuflado entre as folhas secas do outono, uma luz bonita ao fim do dia, uma flor nascida na beira da calçada, os quilos de folhas secas, pedras e gravetos que ela traz nos bolsos e me dá para levar também… São coisas corriqueiras, mas são chamadas de atenção importantes.

Na escolha da cor de um objeto, as cores da natureza são um bom guia, porque são todas e me servem, ou sirvo-me delas conforme me sinto, conforme vou sendo. Vermelho é uma cor que adoro e associo à mãe que sou: é parto, é vida, é calor, é colo, é chama, é grito, é conforto e confronto, é mãe e arte. Rosa é outra cor que utilizo e adoro mais agora, com olhos de mãe: é filha do vermelho, é minha filha, é amor, é conforto, é carinho, é partilha, é a vida acontecendo. São duas cores que uso muito e que estão sempre presentes, mas todas as cores cumprem seu propósito.

Também é verdade — e há que dizer — que nem sempre uma peça termina exatamente como foi pensada, não só porque no processo as coisas mudam e evoluem, mas porque a imprevisibilidade ao longo da criação de uma peça é real, sobretudo na cerâmica, onde é preciso saber dançar com o tempo. A essa dança soma-se a imprevisibilidade de criar filhos — é inevitável haver interrupções aqui e ali.

mulher branca vestida com camiseta branca e listras vermelhas aparece de frente mexendo em escultura
mãe artista aparece dando vida a uma de suas artes

A maternidade trouxe novas inspirações ou abordagens para o seu trabalho artístico?

É inevitável ser influenciada pela chegada dos filhos, tanto pela logística e pelas mudanças que eles trazem, quanto porque nos abrem os olhos para temas que antes não pensávamos tão a fundo — ou sequer pensávamos. Antes de ser mãe, o cavalo era um animal sobre o qual eu não refletia muito e que, acredito, não teria representado se minha filha não tivesse tanto fascínio por ele, pedindo-me tantas e tantas vezes para desenhá-lo com ela e para ela.

Quando decidi, por exemplo, fazer mini-jarras, fiz elas por causa dos tais gravetos, flores secas e penas que minha filha recolhe nos nossos trajetos casa-escola e escola-casa e nos passeios. As mini-jarras são pequenos suportes criados para abrigar plantas e galhos — lembranças que quase todo filho traz dos passeios. Fiz porque sou mãe e, se não fosse, provavelmente não me lembraria de fazer.

Como a maternidade alterou sua rotina criativa e organização do tempo?

Nem sempre a rotina de um bebê ou de uma criança pequena é compatível com a criação de peças artísticas — são dois tipos muito diferentes de criar. Ambos exigem muita atenção, tempo e dedicação e, não havendo uma rede de apoio ampla, o desafio aumenta. Às vezes os planos não se concretizam, e sacrificam-se horas de sono em vez do tempo com a filha ou com o trabalho. Não é o cenário ideal, mas é o possível.

Felizmente, os filhos crescem, nós também e, com a prática, o trabalho flui com mais leveza. Assim, ajustes vão sendo feitos e começa a ser mais fácil não só gerir o tempo, como incluir a criança no ateliê. O que, na verdade, com mais ou menos dificuldade, sempre aconteceu. E aconteceu também porque o ateliê fica em casa, o que facilita essa logística.

Há momentos do dia ou situações com os filhos que inspiram diretamente suas obras e reforçam o vínculo entre maternidade e arte?

Aconteceu — e acontece muitas vezes — sair diretamente do quarto, depois de deitar a criança, responder a questionamentos existenciais dela, ler uma história, e ir para o ateliê. Da cama para o barro, do barro para o banho e do banho para a cama outra vez. Esse movimento influencia a criação, porque levo comigo ideias dessas conversas com ela.

Há uma peça minha de que gosto muito porque começou com minha filha. Eu pensava sobre a ideia da mãe como casa, abrigo, refúgio e meio de transporte — seja pela barriga, seja pelo colo —, e, nessa época, minha filha desenhou uma mãe-pássaro com filhotes na barriga, em pleno voo e com sementes no bico. Redesenhei e transpus para grés branco uma peça de parede: Nave-Mãe.

Em junho deste ano, no Dia das Crianças, inaugurei com amigos artistas a exposição “Vou ao Fim do Início”, que nasceu da necessidade que sentia de frequentar espaços expositivos acompanhada da minha bebê/criança. 

Isso me levou a contatá-los com o objetivo de pôr em prática a ideia de fazer coexistir arte e infância em um mesmo espaço expositivo, com peças que pudessem ser tocadas e vistas por todos os visitantes — dos mais pequenos aos adultos. E que depois foi repensada e desenvolvida por todos, culminando em uma residência artística e em uma exposição cujo título é uma frase dita pela minha filha.

 

 

escultura de uma mãe-coruja grávida segurando dois filhotes
Mãe-coruja grávida com dois filhotes

Como você equilibra a maternidade e arte na sua rotina? Isso impacta seu processo criativo?

Nem sempre há equilíbrio entre maternidade e arte, mas, no meu caso, as duas se complementam. Eu era artista quando me tornei mãe, e agora sou mãe, e toda a minha prática está intimamente ligada a esse fato. 

Não dá para desligar uma da outra, mas, por razões óbvias — e embora eu acredite que as crianças devam ser incluídas na sociedade —, a verdade é que elas são motores de desaceleração. Com elas vivemos o presente, vemos de perto e, assim sendo, faz sentido adiantar o máximo de tarefas relacionadas ao trabalho durante os períodos em que ela está na escola. 

Também é preciso aceitar que, se tiver de trabalhar com a criança por perto — muitas vezes ao meu lado —, vou trabalhar mais devagar, e que tudo isso faz parte do processo. Às vezes vou falhar, e é importante aprender a falhar melhor, mas, sobretudo, aprender a lidar com a frustração que às vezes me inunda e tentar outras formas: adaptar horários, alterar peças, repensar tudo.

De que forma a maternidade e arte influencia a conexão com o público e a transmissão de emoções em sua arte?

Repensar tudo me faz ter coisas a dizer, porque me dá perspectiva sobre temas que, do lugar de mãe, passaram a fazer sentido e que antes eu não percebia com a mesma amplitude. Tenho coisas a dizer — e quem acompanha meu trabalho se aproxima da minha realidade e da linguagem que uso para expressá-la.

Se antes quem acompanhava meu trabalho eram, sobretudo, amigos, conhecidos e ex-colegas de curso, agora juntam-se a esse grupo mães, pais e educadores — pessoas que vivem com crianças e se identificam com esse olhar materno sobre o mundo e com a revolução que é ser mãe.

Existem obras que podem ser consideradas diretamente inspiradas pela maternidade?

Eu diria que a ideia de revolução domina minha prática e, a partir dela, vou construindo e desconstruindo com base nessa noção de mutação, metamorfose e adaptação. Por isso, tudo o que faço está ligado à versão de mim que é mãe e que se somou à Eva que eu era. 

Voltando à exposição “Vou ao Fim do Início”, que surgiu do desejo de ver concretizada uma mostra realmente inclusiva, dos 0 aos 80, porque, quando se excluem os bebês e as crianças, excluem-se também seus pais — sobretudo suas mães. 

Foi movida pelas lentes que a maternidade me deu, que desafiei o grupo de artistas que depois pensaram e realizaram comigo o projeto expositivo — Joana BC e Inês Soares, que formam comigo o núcleo duro do coletivo informal que criamos e com quem minha noção de comunidade se reforçou. Além da Sara Carneiro, do Mário Antunes e do Luís Santos, que contribuíram com ideias e peças. A todos eles agradeço pelas aprendizagens ao longo do processo.

 

escultura de mãe-bicho segurando filhote em processo
Detalhe de uma mãe-bicho em processo

 

Que conselhos você daria a outras artistas mães para manter a criatividade enquanto cuidam da família?

Os processos criativos e as experiências de maternidade e arte variam tanto de uma pessoa para outra que é difícil dar um conselho realmente bom. Diria que é importante entender e aceitar que nem sempre vamos manter a criatividade e que, como antes da maternidade, ela terá oscilações — e é importante aceitá-las.

Numa perspectiva mais prática, diria para anotarem as ideias que surgirem, não se isolarem, buscarem uma comunidade, deixarem-se inspirar por outras pessoas, ouvirem música, lerem livros e tentarem encontrar pequenas brechas na rotina para dedicarem tempo à sua prática artística. 

Observação: esse conselho parte do pressuposto de que existe um(a) companheiro(a), uma rede de apoio e, portanto, algum tempo disponível. Mas acredito que é um caminho que se faz caminhando — e não há receitas.

Mãe e arte: criatividade guiada pelo amor e pelo olhar materno

Ser mãe transforma cada olhar, gesto e escolha. Para Eva, a maternidade e arte caminham lado a lado, alimentando sua sensibilidade e sua criação. Cada peça revela como a maternidade e processo criativo se entrelaçam, mostrando que ser mãe é, também, aprender a criar com presença e delicadeza.

No fim, mãe e arte se inspiram mutuamente: cada momento com os filhos se torna fonte de ideias e cada obra carrega um pouco desse olhar transformado pela experiência de ser mãe.

 

Quer conferir todas as dicas sobre as crianças e o uso da internet? Acesse aqui.

 

Artista cerâmica

Eva Couteiro

Artista que trabalha com cerâmica através de processos de modelação. Foi licenciada em Artes Plásticas – Escultura pela FBAUP (2016) .  Siga os perfis @evaccouteiro e @vitorina.eva

Logo do mybabycare, passarinho saindo do ninho.

Escrito pela equipe

My Baby Care

O Mybabycare é um portal, um espaço seguro para trocar experiências com pais, futuros pais e especialistas. Aqui, ninguém caminha sozinho.

Viagem com propósito social adolescente: lições para a vida

Pedro, filho de Naiana Leite Muniz, descobriu em uma viagem com propósito social adolescente ensinamentos que levará para a vida toda!

Quando pensamos em viagens em família, muitas vezes imaginamos passeios tradicionais ou roteiros turísticos. Mas para Pedro, um jovem de 16 anos, a jornada ao Quênia com a mãe foi muito mais do que isso. Foi uma viagem mãe e filho adolescente que trouxe desafios, surpresas e momentos inesquecíveis que transformaram a forma como ele vê o mundo.

Entre a ansiedade de conhecer um país distante e a curiosidade de participar de ações sociais, Pedro descobriu que viajar pode sim trazer ensinamentos valiosos. Lições sobre empatia, responsabilidade e cooperação que nenhuma sala de aula consegue. 

Cada sorriso recebido das crianças do orfanato, cada tarefa compartilhada com a mãe, cada dificuldade superada juntos… Tudo isso mostrou o quanto experiências significativas nascem quando mãe e filho viajando juntos compartilham um mesmo propósito: o de crescer lado a lado.

Viagem com propósito social adolescente: as experiências vividas e aprendidas por Pedro

Como você reagiu quando sua mãe contou que fariam essa viagem para a Tanzânia?

 “Quando minha mãe me contou, fiquei bastante ansioso e animado ao mesmo tempo. Estava empolgado para a viagem com propósito social adolescente, mas também nervoso por causa das notícias que aparecem nos jornais sobre outros países. No fundo, eu sabia que seria uma experiência diferente e que poderia aprender muito, mas não fazia ideia do quanto ela ia me impactar.”

O que você imaginava que seria mais difícil nessa experiência?

“Eu achei que o mais difícil seria a convivência intensa, estar junto com muitas pessoas e me adaptar a uma rotina totalmente diferente da que tenho no Brasil. Eu sabia que seria um desafio manter paciência e atenção, mas também senti que seria uma oportunidade para crescer e fortalecer laços.”

Qual foi o momento mais marcante que você viveu durante a viagem?

“Os momentos mais marcantes foram a chegada no orfanato e todo o carinho que recebemos das crianças. Foi incrível sentir aquela energia de acolhimento e amizade. E, por outro lado, a volta para casa também foi difícil, porque deixar aquelas pessoas e aquela experiência marcou muito.”

adolescente branco de boné e camiseta branca abraça crianças africanas que aparecem sorrindo
adolescente vive experiência incrível em viagem com propósito social

Como foi para você participar de um projeto social em um país tão diferente do Brasil?

“Foi uma experiência bem legal, mas também desafiadora. Conhecer novas culturas é incrível, mas também é difícil pensar sobre as condições que aquelas pessoas enfrentam. Me fez perceber como podemos impactar vidas e, ao mesmo tempo, respeitar e aprender com cada realidade diferente. 

Essa viagem em família diferente me mostrou que olhar para o mundo com curiosidade e carinho é mais importante do que julgar.”

Teve algum momento em que você percebeu sua mãe de um jeito diferente do dia a dia?

“Sim. Em um dos primeiros dias, vi minha mãe assumir um papel que nunca tinha visto antes: ela era mãe de várias crianças ao mesmo tempo, dando atenção a todas com muita dedicação e paciência. Foi incrível perceber que ela consegue cuidar e se doar não só para mim, mas para outras pessoas também.”

O que você sentiu que mudou na relação de vocês depois dessa experiência juntos?

“Acho que nossa relação ficou mais forte. Passar por desafios, rir, ajudar e aprender juntos fez a gente se entender melhor. Foi uma viagem mãe e filho adolescente que reforçou nossos laços e me fez perceber que podemos contar um com o outro em qualquer situação.”

Qual foi o maior aprendizado adolescente em viagem que essa experiência te trouxe?

“Aprendi a me adaptar às dificuldades e a olhar novas culturas com curiosidade, sem julgamentos. Percebi que posso aprender muito vivendo situações diferentes e que cada experiência tem algo importante para nos ensinar. Essa viagem com propósito social adolescente me ajudou a crescer e a enxergar o mundo de um jeito mais aberto.”

 

Se pudesse dar um conselho para outros adolescentes que vão viver algo parecido, qual seria?

“Meu conselho é: mergulhe na cultura, viva o momento e aproveite cada experiência ao máximo. Uma viagem em família diferente assim não é só sobre turismo, mas sobre descobrir coisas novas sobre o mundo e até sobre você mesmo.”

Todos precisam de uma viagem que reforça laços familiares!

A experiência de Pedro na Tanzânia revela o impacto da viagem voluntária e como isso pode ser transformador. Ao se envolver em atividades voluntárias e conhecer culturas diferentes, ele teve a chance de se descobrir, enfrentar desafios e compreender a relevância que suas próprias ações exercem no mundo.

Essa viagem em família diferente demonstrou que os momentos compartilhados com a mãe foram mais do que só passeios. Também foram oportunidades para exercitar o diálogo, fortalecer a troca,  estimular o crescimento pessoal e cultivar aprendizados que vão perdurar pela vida.

 

Filho de Naiana Leite Muniz, Pedro é um jovem aventureiro e cheio de energia. Ama o mar, os livros e o movimento dos esportes. Seu sonho é seguir carreira em Engenharia Química e aprender diferentes idiomas para conhecer culturas e descobrir novas formas de ver o mundo.

 

Assim como Pedro e a mãe, descubra como você pode fortalecer os laços por meio de experiências transformadoras adolescentes. Conheça opções de viagens com propósito social

 

Quer conferir todas as dicas sobre as crianças e o uso da internet? Acesse aqui.

Logo do mybabycare, passarinho saindo do ninho.

Escrito pela equipe

My Baby Care

O Mybabycare é um portal, um espaço seguro para trocar experiências com pais, futuros pais e especialistas. Aqui, ninguém caminha sozinho.