Brincar é, sem dúvida, uma das formas mais poderosas de aprendizado na infância. Entre os inúmeros brinquedos disponíveis, o LEGO se destaca como uma ferramenta essencial no desenvolvimento motor, cognitivo e criativo das crianças.
Para entender melhor os impactos do LEGO na coordenação motora e na criatividade das crianças de 1 a 3 anos, conversamos com a Dra. Karina Durce.
Nessa Parte 2 da entrevista, a Dra. Karina, fisioterapeuta Mestre em Distúrbios do Desenvolvimento e explica aos pais e educadores como o LEGO pode contribuir para o fortalecimento da motricidade fina, estimular a criatividade e potencializar a resolução de problemas desde os primeiros anos de vida.
Tópicos mais procurados neste artigo
Como os pais podem escolher o tipo de LEGO mais adequado para cada fase do desenvolvimento infantil?
Quais aspectos são importantes na decisão de escolher qual LEGO oferecer à criança?
Que outras atividades podem complementar o uso do LEGO para fortalecer o desenvolvimento motor e cognitivo?
Entrevista com Karina Durce, Especialista em Motricidade Física
Dicas para Pais e Educadores
Como os pais podem escolher o tipo de LEGO mais adequado para cada fase do desenvolvimento infantil?
A escolha do LEGO mais adequado deve considerar o nível de desenvolvimento motor e cognitivo da criança, mais do que simplesmente sua idade cronológica. A indicação etária sugerida pela própria marca pode ser um ponto de partida:
LEGO Duplo: recomendado para crianças entre 1 ano e meio e 5 anos. LEGO Tradicional: indicado para crianças a partir dos 4 ou 5 anos.
Embora a faixa etária indicada na embalagem seja um bom parâmetro inicial, é essencial observar as habilidades motoras e cognitivas da criança. Por exemplo:
Se a criança já realiza movimentos de pinça com facilidade e demonstra interesse por desafios mais complexos, pode iniciar o uso do LEGO tradicional mesmo antes dos 5 anos.
Se ela ainda apresenta dificuldades na coordenação motora fina ou insegurança, o LEGO Duplo continua sendo uma excelente opção, mesmo após os 4 ou 5 anos.
Além disso, é fundamental lembrar que peças pequenas podem representar risco de engasgo para crianças abaixo da idade recomendada.
Tanto a LEGO Foundation (2020) quanto instituições pediátricas nacionais e internacionais reforçam a importância de brinquedos seguros e apropriados à faixa etária para promover um desenvolvimento saudável.
Quais aspectos são importantes na decisão de escolher qual LEGO oferecer à criança?
Um fator que podemos destacar é o nível de motivação. Crianças que demonstram interesse por construções mais detalhadas ou que gostam de seguir instruções podem se beneficiar do LEGO tradicional.
As que preferem construções livres e peças maiores podem continuar explorando o LEGO Duplo por mais tempo.
Considere também os benefícios educacionais, por exemplo, o LEGO Duplo é ideal para promover as habilidades iniciais de motricidade fina, coordenação óculo-manual, reconhecimento de cores e formas, além de introduzir noções de causa e efeito.
O LEGO tradicional potencializa habilidades mais refinadas de motricidade, promove o raciocínio lógico, a resolução de problemas e amplia a criatividade. A escolha deve ser singular, respeitando a individualidade da criança e do contexto de estimulação.
Existe um tempo ideal de brincadeira com LEGO para crianças nessa faixa etária?
O tempo ideal de brincadeira varia de acordo com cada criança e sua faixa etária. Não há, até o momento, um consenso na literatura que estabeleça com total clareza um tempo mínimo ou máximo específico para atividades que estimulem a motricidade fina.
Esse tempo depende do interesse e da própria capacidade de atenção da criança, que varia de acordo com sua etapa de desenvolvimento. O ideal é respeitar o tempo da criança, sempre deixar disponível e incentivar brincadeiras que estimulem a criatividade e a manualidade.
Que outras atividades podem complementar o uso do LEGO para fortalecer o desenvolvimento motor e cognitivo?
Temos uma diversidade de atividades que podem complementar e potencializar o desenvolvimento motor e cognitivo da criança, como:
jogos de memória e quebra-cabeças, que favorecem a atenção, a concentração e o raciocínio lógico;
atividades de construção de histórias, que estimulam a linguagem e a criatividade (e pode associar ao LEGO criando os personagens ou objetos);
brincadeiras que desafiem a motricidade fina, como modelagem com massinha, pintura, alinhavos e outros brinquedos de encaixe.
Essas experiências ampliam o repertório motor e cognitivo da criança, promovendo um desenvolvimento integral e equilibrado.
Confira as dicas de presentes segundo a faixa aetária das crianças nos artigos:
Com orientações adequadas, esse brinquedo pode se tornar um poderoso aliado no aprendizado e na exploração do mundo. Quer saber mais dicas, confira a Parte 2 da Entrevista aqui.
Fisioterapeuta
Dra. Karina Durce
Mestre em Distúrbios do Desenvolvimento pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, pós-graduada em Saúde da Mulher no Climatério pela Faculdade de Saúde Pública da USP, Saúde Pública com ênfase no ESF pelo Centro Universitário São Camilo e em Práticas Pedagógicas e Inovação na Educação Superior. MBA em Gestão de Saúde Corporativa. Fisioterapeuta da Durce Vita Saúde Integrada e embaixadora Fisiovisionária.
Escrito por
Gabriela Sucupira
Redatora bilíngue de língua inglesa, Especialista em Marketing pela USP/Esalq e bacharel em Letras pela UFRJ. Gabriela é carioca, Mãe da Rebeca, que atua como Consultora Textual e Personal Branding para o Linkedin.
O LEGO é mais do que um simples brinquedo; ele desempenha um papel fundamental no desenvolvimento infantil, especialmente na primeira infância.
Brincar é uma forma importante e aprendizado na infância. Entre os brinquedos que ajudam no desenvolvimento motor, cognitivo e criativo das crianças. Podemos destacar o LEGO como uma ferramenta essencial no desenvolvimento
Para nos ajudar a entender melhor os impactos de brincar com LEGO na coordenação motora e na criatividade das crianças de 1 a 3 anos, conversamos com a Dra. Karina Durce em uma entrevista incrível dividida em duas partes.
Karina é fisioterapeuta, professora universitária e Mestre em Distúrbios do Desenvolvimento, que explica, com base nas melhores evidências científicas, como o LEGO contribui para o fortalecimento da motricidade fina, estimula a criatividade e potencializa a resolução de problemas desde os primeiros anos de vida.
Tópicos mais procurados neste artigo
Como o uso do LEGO pode contribuir para o desenvolvimento da coordenação motora fina em crianças pequenas?
Quais são os principais desafios motores que crianças de 1 a 3 anos enfrentam ao brincar com LEGO?
O LEGO pode ajudar a desenvolver o pensamento criativo das crianças? Como isso acontece na prática?
Entrevista com Karina Durce, Especialista em Motricidade Física
O LEGO como Ferramenta para o Desenvolvimento Motor
Como o uso do LEGO pode contribuir para o desenvolvimento da coordenação motora fina em crianças pequenas?
O uso do LEGO dentro de brincadeiras contribui significativamente para o desenvolvimento da motricidade fina da criança, uma vez que exige o uso das mãos e dos dedos para encaixar, montar e desmontar as peças.
A motricidade fina ou coordenação motora fina é a capacidade que a criança desenvolve de realizar movimentos pequenos e precisos com as mãos e os dedos, como segurar um lápis, abotoar uma camisa ou encaixar peças de LEGO.
Na infância, o desenvolvimento dessas habilidades é fundamental, porque prepara a criança para tarefas essenciais para a vida escolar e cotidiana, como escrever, desenhar, cortar com tesoura, ou se vestir sozinha.
Além disso, a motricidade fina está diretamente ligada ao desenvolvimento da coordenação olho-mão, da atenção e até mesmo da autonomia.
Por isso, brinquedos como o LEGO são importantes, pois permitem que a criança, de forma lúdica e divertida, exercite esses movimentos, aprendendo enquanto brinca, sem perceber que está realizando uma atividade fundamental para o seu desenvolvimento motor e cognitivo.
O LEGO permite aprender brincando, testando e colocando a mão na massa dentro da zona de desenvolvimento dela, que é aquele momento em que a criança já sabe fazer algumas coisas sozinha, mas tem outras que ela ainda não consegue, a não ser que alguém ajude ou mostre, com essa ajuda, ela consegue aprender e avançar.
Existe uma diferença significativa entre o impacto do LEGO tradicional e do LEGO Duplo nessa fase?
Sim, há diferenças relevantes. Por exemplo, o LEGO Duplo é especialmente indicado para crianças entre 1 ano e meio e 5 anos de idade, pois possui peças maiores e mais fáceis de manusear, adequadas para o estágio inicial do desenvolvimento motor.
Já o LEGO tradicional, com peças menores e mais delicadas, exige uma motricidade fina mais apurada, sendo mais recomendado para crianças a partir dos 4 ou 5 anos.
O LEGO Duplo atua como um facilitador inicial, promovendo melhorias no controle motor fino, especialmente na coordenação óculo-manual, no controle da força e na precisão dos movimentos.
Ao iniciar com peças maiores, respeita-se o tempo da criança, evitando frustrações e promovendo um desenvolvimento progressivo da atenção e do controle do movimento.
Conforme a criança evolui em seu próprio ritmo, ela naturalmente adquire habilidades motoras e cognitivas mais complexas, passando a se interessar e se desafiar com peças menores e estruturas mais elaboradas, como as do LEGO tradicional.
Independente do modelo de LEGO e da faixa etária, estimular a motricidade fina impacta na independência/autonomia para realizar tarefas do dia a dia.
Quais são os principais desafios motores que crianças de 1 a 3 anos enfrentam ao brincar com LEGO?
Nesta faixa etária, um dos principais desafios está relacionado ao desenvolvimento da pinça — movimento realizado entre o polegar e o indicador — fundamental para manipular objetos pequenos, como as peças de LEGO.
Além disso, o controle da força, a precisão dos movimentos e a coordenação entre o olhar e a ação motora continuam em fase inicial de desenvolvimento, o que torna a atividade desafiadora, mas extremamente benéfica para o fortalecimento dessas competências.
Estimulando a Criatividade e a Resolução de Problemas
O LEGO pode ajudar a desenvolver o pensamento criativo das crianças? Como isso acontece na prática?
Sem dúvida. Tanto o LEGO Duplo quanto o tradicional estimulam a criatividade infantil, uma vez que oferecem uma brincadeira aberta e livre, na qual a criança tem autonomia para decidir quais peças utilizar, de que forma combiná-las, e o que construir — desde animais até veículos ou qualquer outra criação que sua imaginação permitir.
Além disso, o brinquedo estimula a resolução de problemas: quando a estrutura não se encaixa como o esperado, a criança precisa refletir, ajustar e encontrar soluções por conta própria.
Na prática, esse tipo de atividade amplia a flexibilidade cognitiva e a capacidade de adaptação, habilidades essenciais para o desenvolvimento integral.
Image by Freepik
A brincadeira livre com LEGO tem mais impacto no desenvolvimento infantil do que atividades estruturadas com instruções? Por quê?
Ambos os tipos de atividade são importantes, mas promovem desenvolvimentos distintos. A brincadeira livre, como ocorre com o LEGO, estimula a criatividade, a autonomia e a capacidade de resolução de problemas.
Ao ter liberdade para escolher as peças, decidir como e o que construir, a criança exercita a tomada de decisões, aprende a lidar com erros e a se adaptar, habilidades fundamentais para a vida.
Por outro lado, as atividades estruturadas, com instruções ou modelos a seguir, desenvolvem aspectos igualmente valiosos, como a paciência, a resiliência diante de desafios, o raciocínio lógico e a capacidade de seguir regras e sequências.
Portanto, não se trata de eleger uma como superior à outra, mas sim de compreender as necessidade da criança e objetivos das brincadeiras.
O ideal é que a criança tenha oportunidade de vivenciar ambas as experiências, de forma equilibrada e prazerosa.
Conclusão
A parte 1 da entrevista mostrou que o LEGO desempenha um papel fundamental no desenvolvimento motor e criativo das crianças pequenas.
Com orientações adequadas, esse brinquedo pode se tornar um poderoso aliado no aprendizado e na exploração do mundo.
Para saber mais sobre o brincar e os benefícios para as crianças e adolescentes, além de dicas dos melhores presentes para cada idade, leia os artigos sobre LEGO:
Mestre em Distúrbios do Desenvolvimento pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, pós-graduada em Saúde da Mulher no Climatério pela Faculdade de Saúde Pública da USP, Saúde Pública com ênfase no ESF pelo Centro Universitário São Camilo e em Práticas Pedagógicas e Inovação na Educação Superior. MBA em Gestão de Saúde Corporativa. Fisioterapeuta da Durce Vita Saúde Integrada e embaixadora Fisiovisionária.
Escrito por
Gabriela Sucupira
Redatora bilíngue de língua inglesa, Especialista em Marketing pela USP/Esalq e bacharel em Letras pela UFRJ. Gabriela é carioca, Mãe da Rebeca, que atua como Consultora Textual e Personal Branding para o Linkedin.
A Yoga para adultos tem diversas vantagens já conhecidas, como melhorar a concentração, nos trazer para o momento presente, reduzir o estresse e controlar a ansiedade. Sendo então um ótimo exercício para o corpo, desenvolvendo força e flexibilidade. Além disso, os últimos estudos também apontam que a yoga é eficaz no controle do tdah em crianças.
Na entrevista de hoje, vamos descobrir os benefícios da yoga para o desenvolvimento físico e emocional das crianças e como podemos incentiva-las à prática.
Para isto, convidamos Silvia Perez, certificada pela Cosmic Kids Yoga e Rainbow Kids Yoga, fundadora da Aloha Happy Kids, em Malta, que por meio de práticas holísticas, yoga e um profundo respeito pela natureza, guia crianças a crescerem com gentileza, confiança e um senso de admiração, capacitando-as a brilhar intensamente em tudo o que fazem.
Qual é a sua experiência ensinando yoga para crianças?
Desde 2018, quando vivenciei uma transformação pessoal em Bali, o yoga se tornou parte da minha vida e do meu propósito. Tive a alegria de ensinar em diversos ambientes, desde programas extracurriculares a creches e sessões de yoga em família. Cada espaço é único e adoro criar ambientes onde crianças e famílias se sintam seguras, alegres e apoiadas. Cada criança que conheço traz algo especial, e ensiná-las é um presente que guardo no coração.
Qual é a sua abordagem para ensinar yoga para crianças?
Minha abordagem se baseia na educação holística, na criatividade e no amor. Acredito que yoga para crianças deve ser repleto de amor, imaginação e alegria. Cada aula é como uma pequena aventura onde nos conectamos com nossos corpos, exploramos nossas emoções e nos sentimos seguros sendo nós mesmos. Eu combino contação de histórias, músicas, movimento e atenção plena para criar um espaço onde as crianças se sintam livres, apoiadas e celebradas por quem são.
Como você adapta as aulas para diferentes idades e habilidades?
Adapto cada sessão à faixa etária e às necessidades individuais. Para crianças menores, utilizo mais contação de histórias, música e dicas visuais, enquanto as maiores se beneficiam de uma exploração emocional mais profunda, exercícios de respiração e atividades de construção de equilíbrio. Sempre ofereço opções e modificações para que cada criança se sinta incluída, apoiada e bem-sucedida.
Quais são os objetivos e benefícios das suas aulas de yoga para crianças?
Meu desejo mais profundo é que cada criança que frequenta a aula se sinta amada, segura e livre para ser exatamente quem é. Quero que eles saiam de cada sessão com um grande sorriso, o coração tranquilo e um pouco mais de confiança em si mesmos. A yoga é a minha maneira de plantar sementes de amor, respeito e gentileza, sementes que espero que cresçam com eles ao longo da vida. Não se trata de posturas perfeitas; trata-se de ajudá-los a se sentirem fortes por dentro, conectados às suas emoções e conscientes do belo mundo ao seu redor.
Como você mantém as crianças engajadas e motivadas durante as aulas?
Criamos experiências mágicas juntas! Eu uso música, personagens, temas, histórias da natureza e canções que despertam a imaginação delas, especialmente com crianças menores. A música ajuda a tornar a sessão lúdica e rítmica, mas também trago acessórios, desenhos e muitos outros recursos para mantê-las totalmente engajadas. Mas o mais importante é que eu as ouço. Quando as crianças se sentem vistas e ouvidas, elas naturalmente querem participar com alegria e curiosidade.
Como você garante a segurança das crianças durante as aulas?
Eu mantenho um ambiente calmo e estruturado, mantenho as turmas pequenas e dou orientações claras para cada atividade. Também observo cada criança cuidadosamente para garantir que estejam praticando com segurança e confiança.
Quais precauções você toma para prevenir lesões?
Eu sempre começo com aquecimentos e oriento as crianças a ouvirem seus próprios corpos. Ofereço demonstrações físicas, ensino o alinhamento correto de forma simples e evito forçar qualquer postura. A brincadeira é importante, mas a segurança sempre vem em primeiro lugar.
Você tem experiência trabalhando com crianças com necessidades especiais? Há aulas especiais para essas crianças?
Embora eu não tenha uma certificação específica em yoga para crianças com necessidades especiais, minhas aulas são sempre inclusivas e abertas a todos. Crio um ambiente acolhedor e acolhedor, onde cada criança é incentivada a participar em seu próprio ritmo. Estou atenta às necessidades de cada criança e feliz em adaptar as atividades para garantir que elas se sintam seguras, respeitadas e incluídas. Se uma criança precisar de um apoio mais personalizado, recomendo trabalhar com um especialista certificado.
Quais são os benefícios da yoga para crianças, na sua experiência?
Já vi tantas transformações lindas em crianças através da yoga. Vi crianças tímidas se abrirem e se expressarem, crianças cheias de energia aprenderem a parar e respirar, e pequenos corações ansiosos encontrarem a calma. A yoga lhes dá mais do que flexibilidade ou equilíbrio; ela lhes dá ferramentas para entender suas emoções, sentir orgulho de seus corpos e se conectar com os outros de forma gentil e respeitosa. Para mim, trata-se de plantar pequenas sementes de amor, confiança e consciência que podem crescer com elas ao longo da vida.
Como a yoga pode ajudar as crianças a lidar com o estresse e a ansiedade?
A yoga tem sido uma ferramenta maravilhosa para ajudar as crianças a encontrar a calma em momentos de estresse. Já vi fazer maravilhas. Exercícios respiratórios simples e movimentos suaves podem ajudá-las a desacelerar e se reconectar com a respiração quando as emoções parecem avassaladoras. É como dar a elas um pequeno botão de pausa para reiniciar. Adoro ver o momento em que uma criança percebe que pode respirar fundo e se sentir melhor, ou quando ela vem até mim e diz: “Usei minha respiração quando estava nervosa hoje!” Fico muito feliz em saber que eles estão aprendendo a navegar pelo mundo com mais paz, uma respiração de cada vez.
Você tem exemplos de como a yoga pode melhorar a concentração e o foco das crianças?
Com certeza! Já ouvi muitas mães falarem sobre como a yoga ajudou seus filhos. Fico muito feliz quando os pais compartilham essas histórias. Por exemplo, uma das coisas mais doces que ouvi de uma mãe foi como sua filha começou a ensiná-la a se acalmar usando técnicas de respiração que aprenderam na aula de yoga. A criança a lembrava de respirar fundo quando as coisas pareciam estressantes, e foi um momento lindo de ciclo completo. É incrível como as ferramentas que compartilhamos em sala de aula não apenas ajudam as crianças a se concentrar, mas também as capacitam a compartilhar essas ferramentas com outras pessoas. Yoga não se trata apenas do que fazemos em sala de aula; trata-se de como essas ferramentas ajudam as crianças a navegar pelo dia com mais presença e calma. Ver as crianças aplicarem o que aprenderam no dia a dia é realmente mágico.
Como você continua a desenvolver e aprimorar suas habilidades como professora de yoga infantil?
Estou sempre aprendendo por meio de livros, workshops, cursos e, acima de tudo, com as próprias crianças. Reflito sobre cada sessão, me conecto com outros educadores e deixo a natureza, a criatividade e o amor me guiarem. Cada sorriso, cada pergunta, cada momento com uma criança me ajuda a crescer.
Em conclusão, a yoga é uma super prática para crianças, inclusive crianças com tdah, pois ajuda a desenvolver a coordenação motora, concentração e trazê-las ao momento presente. Adicionalmente, deixando-as mais relaxadas e calmas. E com a yoga sendo praticada regularmente, elas conseguem desenvolver variadas habilidades super importantes para a vida, como disciplina, capacidade de lidar com problemas, autoconfiança…
Depois de tantos benefícios, que tal começar a praticar yoga com seu filho(a)?
Silvia Perez é fundadora do Aloha Happy Kids. Nascida em Barcelona e agora morando em Malta, sempre achou que a educação deveria ser mais do que apenas conhecimento, mas sim uma nutrição da criança por inteiro. Por meio de práticas holísticas, yoga e um profundo respeito pela natureza, guia as crianças a crescerem com gentileza, confiança e um senso de maravilha.
Escrito por
Flávia Oliveira
Jornalista e Relações Públicas, formada em Mediadora de Conflitos, pelo Instituto Federal de Brasília, através da Tertúlia Literária Dialógica. Mãe de dois: Mia e Andrea, vivendo em Malta e sempre com uma passagem para o próximo destino a ser descoberto.
A infância é a fase principal para o ser humano descobrir o mundo e se desenvolver e a natureza é essencial nesta etapa, principalmente nos primeiros cinco anos de vida, aqueles anos fundamentais para desenvolvimento humano.
Então, neste artigo, iremos falar um pouco mais da importância da natureza na infância e te ajudar a incentivar a brincadeira na natureza e incentivar a conexão para promover um desenvolvimento saudável e feliz.
Volte à sua infância e agora tente lembrar dos momentos mais marcantes dela…
Quais foram eles?
Eu, particularmente, lembro do meu avô construindo uma casa de palha de coqueiro para mim, minha irmã e minhas primas. Lembro de ir explorar uma área que tinha no meu prédio que chamávamos de matagal, onde era cheia de jaqueiras enormes e a gente escorregava pela terra. A infância é isso, um momento mágico de descoberta e aventura, e a natureza é o palco perfeito para essa etapa da vida.
Primeiros passos
Desde os primeiros passos até as primeiras palavras, as crianças aprendem e crescem em contato com a natureza, descobrindo a textura da grama, o som dos animais, o cheiro das flores, entendendo sobre dias e chuva e dias de sol, sobre estações do ano E, junto a isso, elas desenvolvem habilidades importantes, como a curiosidade, a criatividade e a resiliência.
A natureza representa em muitos aspectos o ambiente ideal para o desenvolvimento infantil: é cheia de estímulos que despertam a inteligência e exercitam os sentidos, oferece diferentes possibilidades de experimentação e movimento, favorece a convivência social, estimula o desenvolvimento de toda a personalidade no psicomotor, emocional, social e cognitivo e desperta equilíbrio e satisfação.
No entanto, em uma época em que a tecnologia e a urbanização estão cada vez mais presentes em nossas vidas, as crianças estão passando cada vez menos tempo ao ar livre. Isso pode ter consequências negativas para o seu desenvolvimento e bem-estar.
Afinal, quais são os benefícios da brincadeira na natureza?
Desenvolvimento motor
Desenvolver habilidades por meio dos movimentos que a natureza nos ajuda a fazer como saltar, correr, equilibrar, subir e descer.
Criança conectada com a natureza (arquivo pessoal)
Aprendizado ao ar livre
Vivenciando fenômenos naturais e o ritmo das estações, as crianças aprendem coisas de forma mais natural do que nas escolas tradicionais, onde são aprendidas por meio dos livros, como ciência, biologia e ecologia de forma prática e interativa. A natureza também é um ambiente rico em estímulos que podem inspirar a criatividade das crianças.
Conexão com a natureza
A brincadeira na natureza ajuda as crianças a se conectar com o mundo natural e a desenvolver uma sensação de responsabilidade em relação ao meio ambiente. Sendo o próprio ambiente que educa por meio de experiências que as crianças fazem espontaneamente e independentemente.
Redução do estresse
A brincadeira na natureza pode ajudar a reduzir o estresse e a ansiedade nas crianças, pois a natureza tem um efeito calmante sobre elas. Perceba como seu filho dorme melhor quando passar a tarde brincando num parquinho cheio de árvores.
Desenvolvimento cognitivo
A brincadeira na natureza pode ajudar as crianças a desenvolver habilidades cognitivas, como a resolução de problemas.
Estimulação social
As crianças aprendem a considerar umas às outras, a esperar, a ouvir umas às outras, a aceitar fraquezas e forças individuais e desenvolver muito rapidamente um forte sentimento de pertencimento ao grupo.
Abaixo, algumas dicas de como incentivar a brincadeira na natureza:
Encontre espaços naturais
Encontre parques, praças ou áreas verdes próximas à sua casa.
Exploração
As crianças adoram explorar, incentive isto! Deixe-as explorarem e descobrirem a natureza por contra própria.
Jogue com as crianças
Jogue algum jogo na natureza e incentive-as a se divertirem.
Picnic
Que tal um picnic ao ar livre, no parque da sua cidade, onde elas possam comer e brincar ao mesmo tempo?
Jardim
Crie um jardim com as crianças, onde elas possam plantar e cuidar de suas próprias plantas.
Forneça equipamentos
Forneça às crianças equipamentos, como binóculos ou uma lupa, para ajudá-las a explorar a natureza.
Seja paciente
Para mim este é o principal: seja paciente e permita que as crianças explorem e descubram a natureza ao seu próprio ritmo. Na verdade, não precisamos fazer nada, apenas leva-las ao ar livre, esperar e ser um observador apenas.
A brincadeira na natureza é fundamental para o desenvolvimento saudável e feliz das crianças. Além de proporcionar benefícios físicos e cognitivos, a brincadeira na natureza ajuda as crianças a se conectar com o mundo natural e a desenvolver uma consciência ambiental.
Incentive as crianças a brincar na natureza e ajude-as a desenvolver uma relação saudável e feliz com o mundo ao seu redor.
Clicando aqui você poderá conferir uma matéria com Stefania Masala, que desenvolveu em Malta o projeto “Living Mindful Education”, inspirado na Forest School, onde envolve uma experiência ao ar livre, senso de comunidade educacional e caminho de autoaprendizagem.
Escrito por
Flávia Oliveira
Jornalista e Relações Públicas, formada em Mediadora de Conflitos, pelo Instituto Federal de Brasília, através da Tertúlia Literária Dialógica. Mãe de dois: Mia e Andrea, vivendo em Malta e sempre com uma passagem para o próximo destino a ser descoberto.
A Escola Florestal (Forest School) é um modelo de educação infantil que busca conectar as crianças com a natureza, promovendo o aprendizado e o desenvolvimento por meio de atividades ao ar livre.
E, nesta entrevista, a italiana Stefania Masala, discorre um pouco mais sobre o conceito de Forest School e conta como decidiu criar a própria Forest School, em Malta, na Europa.
Com origem na Dinamarca, na década de 1950, os princípios básicos da Forest School incluem: conexão com a natureza, aprendizado por meio da experiência, desenvolvimento da autonomia, foco na criatividade e na imaginação. E algumas das atividades são: exploração da natureza, com caminhadas, observação de plantas e animais, trabalhos manuais com materiais naturais, como madeira, pedra, jogos de equipe, brincadeiras de faz-de-conta, aprendizado de habilidades práticas, como fazer fogueira, por exemplo.
De onde surgiu a ideia de iniciar o projeto de uma Forest School?
Desde que engravidei, tenho me interessado profundamente pelo mundo da infância, aprendendo sobre desenvolvimento infantil, psicologia, crescimento cognitivo, nutrição e alimentação saudável. Como uma aprendiz autodidata, li vários livros e explorei de forma independente vários aspectos da educação, gradualmente adotando uma abordagem respeitosa e uma criação gentil. Dois anos atrás, quando meu filho tinha cerca de três anos, decidi formalizar meu conhecimento matriculando-me na Academia de Podiagogia Viva, onde estudei mais tópicos como psicologia infantil, neurociência, educação ao ar livre, criação de filhos e educação emocional. E não me sentindo satisfeita com o sistema educacional tradicional, decidi criar minha própria escola na floresta. Junto com minha colega Kira Sullivan, combinei meu conhecimento para desenvolver uma experiência educacional que prioriza o respeito pelas crianças, a conexão com a natureza e um processo de aprendizagem enraizado na liberdade e experiências práticas. Hoje, este projeto é uma realidade que fazemos com paixão.
Kyra e Stefania, respectivamente, da Living Mindful Community, em Malta
Qual é o principal propósito da Forest School?
O propósito da Forest School é oferecer uma abordagem educacional alternativa ao sistema tradicional, permitindo que as crianças se conectem com a natureza diariamente e explorem suas necessidades intrínsecas. A natureza fornece todos os estímulos necessários para o desenvolvimento saudável da criança. Além disso, a abordagem educacional usada na Forest School é centrada na criança e sem julgamentos, honrando a individualidade de cada criança. Isso cria um ambiente de apoio onde as crianças se sentem livres para serem elas mesmas, promovendo autoconfiança e um forte senso de segurança.
Como é uma rotina típica em uma Forest School?
Não há uma rotina fixa em todas as Forest Schools, cada uma tem a sua. Muitas começam e terminam com um tempo de roda, mas descobrimos que, apesar de oferecê-lo várias vezes, as crianças não estavam interessadas. Em vez disso, escolhemos nos concentrar em algo de que realmente gostam. Embora seja verdade que as rotinas fornecem uma sensação de segurança ao criar previsibilidade, observamos que as crianças se movem pelo espaço com confiança e desenvolvem naturalmente suas próprias rotinas. Para nós, um momento-chave da rotina é a hora do lanche, quando muitas crianças escolhem sentar e comer juntas. A maior parte do tempo é dedicada à brincadeira livre, onde as crianças têm a liberdade de explorar, inventar e criar. Elas se envolvem em construção, brincadeiras imaginativas e dramatizações, desenvolvendo sua criatividade e habilidades de resolução de problemas. Ocasionalmente, oferecemos atividades guiadas, mas a participação fica inteiramente a cargo da criança. Uma característica definidora da Forest School é que a maioria das atividades é iniciada e liderada pelas crianças. Algumas são iniciadas pelas crianças, mas guiadas por adultos, enquanto poucas são iniciadas por adultos e lideradas pelas crianças. Muito poucas atividades são iniciadas e dirigidas por adultos, garantindo que as crianças permaneçam no centro de suas próprias experiências de aprendizagem.
Quais são os benefícios da Forest School para as crianças?
Pessoalmente, testemunhei um progresso incrível nas crianças. As mudanças mais significativas estão em sua autoconfiança e segurança. Esses pequenos indivíduos recebem espaço e tempo para desenvolver uma ampla gama de habilidades, guiados por educadores conscientes que os conduzem em uma jornada de aprendizagem autodirigida com uma abordagem sem julgamentos. Isso ajuda a criança a se sentir competente e, quando uma criança se sente assim, naturalmente promove um forte senso de autoestima e confiança. Outro aspecto crucial é a educação emocional. Nós nos concentramos muito nas emoções, frequentemente perguntando às crianças como elas se sentem. Isso lhes dá a oportunidade e o tempo para explorar suas emoções por meio da experiência direta, o que é um fator-chave para permitir o aprendizado real e promover a motivação intrínseca. Um elemento importante adicional é que a jornada de aprendizagem é autoguiada. Tentamos intervir o mínimo possível, permitindo que a criança permaneça conectada a si mesma, ouça suas próprias necessidades e navegue em seu caminho de aprendizagem pessoal por meio da experiência direta.
Como você lida com questões de segurança e risco em uma Forest School?
Um aspecto importante é o conceito de risco. Incentivamos atividades como subir em árvores, acender fogueiras, usar ferramentas reais de jardinagem e carpintaria e muito mais. Essas atividades ajudam a desenvolver habilidades como autoestima e confiança, pois as crianças têm espaço e oportunidade para explorar suas habilidades e se sentir competentes. Mantemos uma proporção de crianças por educador para garantir uma supervisão eficaz, permitindo que os educadores orientem as crianças em situações de risco com uma abordagem e linguagem conscientes e de apoio. Em vez de dizer “Tenha cuidado!”, perguntamos: “Você se sente seguro? Verifique seu equilíbrio. Olhe para seus pés.” Isso incentiva a criança a permanecer conectada consigo mesma, explorar seus limites e desenvolver as habilidades necessárias para lidar com riscos com segurança.
Qual é o futuro da Forest School?
Tenho muita esperança no futuro da Forest School, acreditando que é o único caminho para o desenvolvimento saudável de uma criança. Muitos países estão abrindo Forest Schools para restaurar o espaço natural para o crescimento das crianças, que está sendo gradualmente perdido. No entanto, ao mesmo tempo, estou preocupada, pois em alguns países há pouca conscientização sobre isso. Por exemplo, em Malta, somos a única Forest School verdadeira que segue seus princípios. É muito desafiador alcançar famílias que estejam cientes e dispostas a abraçar um caminho educacional diferente do tradicional, e questionar o que a sociedade tem oferecido até agora.
Como a Forest School se diferencia de outras abordagens educacionais?
A Forest School se diferencia do sistema educacional tradicional porque se concentra nas necessidades individuais de cada criança. Cada criança é única, com suas próprias necessidades pessoais que devem ser atendidas, e com uma proporção maior de criança para educador, temos a oportunidade de atender às necessidades de cada criança individualmente. É por isso que a proporção de criança para educador é muito maior do que nas escolas tradicionais. Além disso, cada criança segue um caminho de aprendizagem autodirigida, o que geralmente está ausente na educação tradicional, onde um método é aplicado a cada criança.
Outro aspecto muito importante é que não usamos recompensas ou punições. Em vez disso, nos concentramos em promover a motivação intrínseca, apoiada por uma linguagem positiva, sem oferecer recompensas ou consequências externas. Recompensas e punições, de fato, impedem que a criança desenvolva uma verdadeira motivação intrínseca, em vez disso, promovem a motivação externa com base em agradar aos outros ou confiar no julgamento externo. Acredito que a necessidade de aprovação externa é um aspecto profundamente preocupante da sociedade de hoje.
Criança na Forest School (arquivo pessoal)
Quais são os desafios mais comuns que as crianças enfrentam em uma Forest School?
Um dos maiores desafios para as crianças é aprender a administrar conflitos. Inicialmente, elas não estão acostumadas com a abordagem da Escola da Floresta, onde os educadores intervêm apenas em casos de perigo e agem como mediadores, fazendo perguntas para facilitar a comunicação em vez de fornecer soluções. Essa abordagem ajuda as crianças a desenvolver habilidades de resolução de conflitos e independência para lidar com desentendimentos e, consequentemente, desenvolver confiança e segurança. Administrar conflitos também pode ser um desafio para os educadores, pois cada criança e situação são diferentes. Não há regras fixas, apenas uma abordagem orientadora em que o educador deve reconhecer quando os conflitos desencadeiam suas próprias respostas emocionais e manter a neutralidade sem rotular a criança como vítima ou agressora. Ao vivenciar o conflito, as crianças têm a oportunidade de se envolver totalmente com suas emoções, desenvolver autoconsciência, construir empatia pelos outros e aprender a navegar em situações sociais difíceis. No entanto, muitas crianças não estão acostumadas a isso porque, nas famílias e nos sistemas educacionais tradicionais, os conflitos são frequentemente silenciados. Os adultos, influenciados por padrões geracionais, tendem a suprimir o conflito e as emoções que o acompanham, sentindo desconforto e inadequação. Como resultado, as crianças geralmente não têm permissão para discutir ou expressar desacordo. No entanto, o conflito é uma parte natural e saudável dos relacionamentos humanos. Um educador consciente orienta as crianças em desacordos, fazendo perguntas e ajudando-as a expressar seus sentimentos, facilitando a resolução sem intervenção desnecessária, a menos que haja uma preocupação com a segurança.
Como a Forest School ajuda as crianças a desenvolver habilidades sociais e emocionais?
Na Forest School, as crianças vivenciam emoções e aprendem a administrar conflitos em primeira mão, com intervenção mínima dos educadores, a menos que haja uma preocupação com a segurança ou que tenham dificuldade para chegar a um acordo ou se comunicar de forma eficaz. Por meio de relacionamentos, conflitos, brincadeiras livres e dramatizações, as crianças desenvolvem naturalmente habilidades sociais e emocionais. Ao representar diferentes situações, elas processam emoções e ganham uma compreensão mais profunda de si mesmas e dos outros. Durante as brincadeiras livres e os conflitos, as crianças também desenvolvem empatia, uma qualidade reforçada por educadores que validam cada emoção, ao mesmo tempo em que estabelecem limites claros se um comportamento for considerado inseguro.
O papel do educador é fazer perguntas orientadoras que facilitem o desenvolvimento de habilidades sociais e emocionais, como:
• Como você se sente?
• Como você acha que ele/ela se sente?
• Como você se sentiria se ele/ela fizesse com você o que você acabou de fazer com ele/ela?
• Vejo que você está lutando para encontrar uma solução. O que você sugere?
Ao se envolver repetidamente nesse tipo de diálogo, as crianças internalizam um sistema de comunicação que gradualmente começam a usar de forma independente. No entanto, esse processo leva tempo, e é por isso que os programas da Forest School são frequentemente projetados como projetos de longo prazo. Além disso, enquanto os educadores introduzem atividades focadas na educação emocional, a experiência direta é a chave para o aprendizado real. É por isso que a brincadeira livre tem tanto espaço, ela permite que as crianças encontrem e naveguem naturalmente pelas emoções, relacionamentos e conflitos de forma significativa.
Qual é o papel dos professores e monitores em uma Forest School?
O papel de um educador deve ser o de um guia e mediador. A intervenção, tanto na brincadeira quanto nos conflitos, deve ser reduzida ao mínimo, permitindo que as crianças desenvolvam totalmente seu potencial sem influência externa. A abordagem de um educador deve ser sem julgamentos, o que significa que ele nunca deve julgar crianças ou situações. Cada criança é aceita como é, com suas emoções sempre validadas e orientação gentil fornecida quando enfrentam desafios. Em conflitos, não há agressores ou vítimas. Um educador deve ir além de seu senso pessoal de justiça, que é moldado por suas próprias experiências de vida. Sua perspectiva nunca deve influenciar seu relacionamento com a criança ou como os conflitos são tratados, pois cada criança é um indivíduo único com sua própria história pessoal. Em última análise, o papel do educador é apoiar e orientar cada criança para se tornar a melhor versão de si mesma.
Como os pais e responsáveis podem se envolver na educação de seus filhos em uma Forest School?
Todos os pais ou cuidadores devem estar ativamente envolvidos na educação de uma criança. Inicialmente, permitimos que os pais participassem do projeto junto com seus filhos. No entanto, com o tempo, introduzimos um período de transição e, por fim, decidimos que os pais não estariam presentes durante o horário do projeto. Há várias razões para essa decisão. Primeiro, observamos que a dinâmica entre as crianças muda significativamente quando um dos pais está presente. A criança tende a centralizar sua atenção no pai, muitas vezes criando interrupções no espaço. Em contraste, quando os pais não estão presentes, as crianças naturalmente se voltam para os educadores, promovendo um senso mais forte de coesão e harmonia do grupo. Além disso, notamos que muitos pais não aplicam a abordagem da Forest School descrita nos pontos anteriores. Isso pode interferir na transformação educacional que pretendemos fornecer. Os educadores passam por um trabalho pessoal significativo para confrontar suas próprias histórias e adotar uma abordagem sem julgamentos, orientadora e mediadora com intervenção mínima. Os pais não são obrigados a passar por esse processo, embora seja fortemente encorajado para aqueles que buscam uma abordagem diferente para a criação dos filhos e a educação. Para dar suporte a isso, oferecemos workshops para pais a cada 6–8 semanas, onde compartilhamos insights sobre o desenvolvimento infantil e os benefícios da nossa abordagem educacional. A comunicação aberta entre educadores e pais também é essencial, garantindo um entendimento compartilhado da jornada educacional de cada criança. Os princípios aplicados na Forest School devem, idealmente, se estender ao ambiente doméstico para fornecer às crianças uma experiência educacional consistente e coerente. Manter a continuidade entre a escola e o lar é crucial para o desenvolvimento da criança.
Quando se descobriu grávida mergulhou nos estudos sobre o mundo da infância. Leu diversos livros e explorou de forma independente vários aspectos da educação. E resolveu criar a própria Forest School dela em Malta, juntamente com Kyra Sullivan (ao lado esquerdo), chamado Living Mindful Community.
Escrito por
Flávia Oliveira
Jornalista e Relações Públicas, formada em Mediadora de Conflitos, pelo Instituto Federal de Brasília, através da Tertúlia Literária Dialógica. Mãe de dois: Mia e Andrea, vivendo em Malta e sempre com uma passagem para o próximo destino a ser descoberto.
O poder da arte infantil: Neste artigo completo (I, II e III), questionamos o poder da arte infantil.
É pai ou educador e gostava de entender se deve estimular a arte nos primeiros anos de vida das crianças?
Então, este artigo é para si.
Eis aqui, os temas principais que abordamos, de forma à responder a pergunta com a profundidade necessária para o efeito.
Arte infantil e Desenvolvimento Motor
A arte desenvolve o corpo?
Em artes performativas como por exemplo, a dança e o teatro, é evidente que a motricidade humana é desenvolvida.
Mas pode-se dizer o mesmo de outras formas artísticas menos dinâmicas?
A resposta é: Sim!
Quando a criança está imersa na atividade artística (que implica sempre ação, e por isso, o corpo está sempre ativamente envolvido), ela desenvolve as capacidades motoras inconscientemente.
Capacidades como:
a coordenação (acuidade fina e precisão de movimento),
a sensibilidade táctil, cinestésica e proprioceptiva,
o equilíbrio,
a neuroplasticidade,
e o desenvolvimento muscular.
Todas estas variadas habilidades podem estar a ser trabalhadas na criança, sem que ela dê por isto, de uma forma lúdica.
Coordenação Motora Fina e Grossa
Muito provavelmente ouviu falar na relevância de trabalhar a coordenação motora fina nos primeiros anos de vida da criança.
Naquela consulta com o médico de família, onde o doutor testa a motricidade fina da criança. E por vezes indica que a criança brinque de modelar ou experimente rabiscar com o lápis para desenvolver a (tão importante) coordenação motora.
Bem, por este motivo, perguntàmos a um fisioterapeuta:
Como a arte pode desenvolver esta habilidade crucial na criança: a coordenação?
Eis o que respondeu:
“A representação cortical da mobilidade fina da mão é específica e comum em todos os seres humanos. A arte, por sua vez, pode ser abrangida por várias regiões diferentes do cérebro humano.
Ao desenvolver estas regiões através da exploração artística e da prática gradual destas atividades, estamos a desenvolver várias áreas do córtex em paralelo criando novas sinapses neuronais.
Criamos, então, uma ligação harmoniosa entre o nosso cérebro motor e o nosso cérebro “artístico”.
Ainda, aproveitando esta proliferação nervosa, desenvolvemos também outras áreas funcionais fora do contexto artístico mas que usam essas mesmas regiões.”
E traduzindo num exemplo:
“Imaginando, por exemplo, o treino da pintura poderá mesmo melhorar a nossa capacidade de lidar com o stress ou aperfeiçoar a nossa capacidade de jogar ping pong!” Hugo Ribeiro, fisioterapeuta.
Arte infantil: Pintura, Desenho e Escultura
Sabemos, então, que os exercícios de pintar, desenhar e moldar(escultura) são ideais para exercitar os músculos necessários a um bom desenvolvimento infantil.
Por exemplo, quando a criança desenha, ela precisa de aprender a segurar o lápis de uma forma que seja capaz de controlá-lo. Ou seja, ao usar o dedo indicador e o polegar apoiados na mão, com o movimento de pinça, acaba por estar a desenvolver a coordenação motora fina.
Ainda, estas atividades irão preparar a criança para a escrita à mão: uma prática essencial para o aprendizado.
O Papel dos Pais na Introdução da Arte
Se a criança já está na escola, precisamos de nos preocupar com a introdução da arte nos nossos filhos?
Parece que sim.
Como já salientámos, as habilidades adquiridas durante esta fase da vida são constituídas pelos cuidados que as crianças recebem e pelas oportunidades que têm para desenvolverem ativamente as suas habilidades.
Por este motivo, o potencial das crianças depende essencialmente do cuidado responsivo às suas necessidades de desenvolvimento, com repercussões positivas na sua vida adulta.
Posto isto, o papel da família e dos educadores é fulcral para o sucesso do desenvolvimento infantil.
Ademais, como os pais são o reflexo da realidade para as crianças, é importante que sejam eles os principais educadores dos seus filhos. Pois o campo afetivo determina o bom aproveitamento em todas as outras áreas.
Podem utilizar-se da arte como uma ferramenta recorrente para, também, fortalecer o laço parental e nutrir a afetividade. Ao passo que estimula o crescimento de habilidades multifacetadas da criança.
Para ajudar, separámos os objetivos das brincadeiras artísticas por duas faixas etárias:
Dos 0 aos 3 anos:
Procure alargar o conhecimento das crianças através da manipulação de diversos materiais, para que explorem as suas características e ampliem a possibilidade de expressão e comunicação.
A intencionalidade do educador é importante em cada atividade artística com o propósito pedagógico. Desenvolver brincadeiras simples com estes objetivos, irão impulsionar o bom desenvolvimento da criança.
Incentivo à Criatividade no Ambiente Doméstico
Espaço de Arte infatil: Materiais Artísticos e Estímulo à Exploração
Cumprindo o papel dos pais na educação dos filhos: de personagem principal, nada melhor do que criar um cantinho artístico em casa. Este espaço, sempre disponível e atrativo, terá como propósito único os momentos artísticos da criança, incentivando a (tão importante) arte infantil.
Para tal, não é preciso muito. E consegue-se ultrapassar, de uma vez, a organização e a praticalidade para deixar a arte fluir.
Temos o artigo ideal para criar este ambiente criativo, onde explicamos o passo-a-passo completo, incluindo materiais artísticos, incluindo até produtos de limpeza que pode adiquirir.
Mãe de cinco filhos em ensino doméstico. Apaixonada por filosofia, psicologia e educação. Estuda e escreve sobre família e desenvolvimento humano.
Esta sequência de artigos – O poder da arte no desenvolvimento infantil I, II e III) -, teve como base os conhecimentos adquiridos pela escritora e complementado com base nos seguintes estudos:
O poder da arte infantil: Neste artigo completo (I, II e III), questionamos o poder da arte infantil.
É pai ou educador e gostava de entender se deve estimular a arte nos primeiros anos de vida das crianças?
Então, este artigo é para si.
Nesta segunda parte do artigo, começamos na continuação do tema:
Arte e criatividade na infância
Estímulo à imaginação
Além de jogos com narrativas e personagens, as simples atividades de inventar histórias, completar desenhos a partir de rabiscos, modelagem, pintura, desenho, dança e até mesmo nenhuma brincadeira pré estipulada, são fortes estímulos à imaginação da criança.
Estímulo da criatividade e resolução de problemas: Tédio
Pois é, o tédio. Este último ponto referido no texto acima merece destaque: as crianças são imaginativas por natureza, são criadoras natas.
Por este motivo, como a criatividade é intuitiva, ela pode se desenvolver a partir do tédio (isto mesmo, o tédio). Através do vazio, do “nada para fazer” pode suscitar as melhores criações!
O estímulo excessivo de atividades e brinquedos pode reduzir a capacidade criativa da criança.
Por outras palavras, deixar a criança sem brinquedos e sem nenhuma atividade em tempos específicos, pode ser extremamente benéfico. Pois assim, ela irá esforçar-se por encontrar alguma brincadeira, algo para se entreter.
Deste modo, estará exercendo o pensamento, a criatividade, a imaginação e resolução de problemas. Para além de estar a fortificar a sua auto-estima: quando se apercebe que é capaz de criar algo novo e divertido a partir de simples ferramentas do dia-a-dia.
Estímulo à expressão, inovação e comunicação
A máxima recomendação é para que os pais e educadores estimulem a criatividade na criança, de forma que atinja o seu máximo potencial na área da expressão e comunicação.
O objetivo é que a criança explore a realidade que a rodeia, descobrindo novos elementos, aprimorando as relações e as vivências, para que surjam, assim, novos conhecimentos.
E que, com estes novos conhecimentos, elas possam descrever, analisar e refletir sobre o que observam.
Todo este processo que a arte proporciona, é extremamente enriquecedor para o seu crescimento íntegro.
Por isso, explorar e inovar acabam por estar intrinsecamente ligados à simples atividade artística.
“Participar de atividades culturais […] estimula o desenvolvimento das crianças, a criatividade, imaginação, ela aprende melhor, além de promover habilidades sociais, emocionais. Todos esses fatores juntos, contribuem para a formação de jovens e adultos mais engajados, tolerantes e adaptáveis, características necessárias para uma vida plena e saudável. Sem falar no tempo de qualidade e o fortalecimento de vínculos entre as crianças e sua família e ou cuidadores.”
Contato com Diferentes Expressões Culturais
Quando a criança tem o contato com diferentes expressões culturais, isto é, quando conhece a arte de outras culturas, ela pode compreender a relatividade de alguns valores que estão enraizados nos seus modos de pensar e agir.
Ou seja, a criança que se depara com outras formas de ver o mundo diferente da sua, vai, naturalmente, questionar o que realmente lhe faz sentido. Esta troca, instiga à empatia, ao pensamento crítico (filosófico) e acaba por atribuir (ou retirar) novas informações aos seus valores.
Esta abertura à riqueza e à diversidade da imaginação humana nos engrandece. As crianças acabam por se relacionar criativamente consigo mesmas, com os outros e com o mundo.
Arte e Identidade Cultural Infantil
Assim como a diversidade é enriquecedora, o aprofundamento da própria cultura, isto é, a própria identidade cultural, é igualmente relevante.
Isto deve-se a esta necessidade inerente à natureza humana: de pertencer.
A sensação de pertença traz-nos segurança e felicidade, para além de enriquecermos, mais uma vez, o autoconhecimento, o conhecimento dos que nos rodeiam e do mundo.
Através do aprendizado artístico, pode-se elucidar outros campos como a história cultural, enriquecendo a cultura infantil.
Atraso na fala e comportamentos repetitivos são sinais comuns de autismo. Por isso, ao se deparar com esses sintomas nos filhos, recomenda-se consultar os especialistas para avaliação e diagnóstico.
A psiquiatra Dra. Mariana de Lima Santos, médica Especialista em Psiquiatria e em Terapia Cognitivo Comportamental (TCC) explica os passos para um diagnóstico mais preciso para as crianças.
Confira as respostas para as perguntas mais comuns sobre o autismo e dicas valiosas para ajudar os pais e cuidadores a participarem ativamente do tratamento das crianças e adolescentes.
Neste artigo você vai ver
O que causa o autismo? É genético, ambiental ou uma combinação dos dois?
Meu filho tem atraso na fala, isso significa que ele pode estar no espectro?
Quais são os direitos do meu filho com TEA em termos de educação e inclusão escolar?
O que causa o autismo? É genético, ambiental ou uma combinação dos dois?
Fatores genéticos e ambientais, combinados, causam o transtorno do espectro autista (TEA).
A hereditariedade desempenha um papel fundamental no risco de desenvolvimento do TEA, com a herdabilidade do transtorno variando entre 50% e 97%.
Fatores ambientais, como idade avançada dos pais, complicações durante o parto e exposição a substâncias tóxicas, também aumentam o risco de TEA.
No entanto, ainda não compreendemos totalmente como esses fatores ambientais interagem com as predisposições genéticas.
Com que idade é possível diagnosticar o transtorno do espectro autista?
Os médicos podem diagnosticar o transtorno do espectro autista (TEA) desde idades muito precoces, embora a idade média para o diagnóstico seja entre 4 e 5 anos.
Visto que os primeiros sinais do transtorno surgem por volta dos 12 meses, e os médicos confirmam o diagnóstico a partir dos 18 meses.
É crucial apontar que a detecção precoce permite intervenções precoces, que melhoram a linguagem, as habilidades sociais e a comunicação social.
Os pesquisadores identificam sinais comportamentais de TEA já aos 6 meses de vida, especialmente em crianças de alto risco.
A estabilidade diagnóstica aumenta significativamente a partir dos 14 meses.
Meu filho tem atraso na fala, isso significa que ele pode estar no espectro?
Os atrasos no desenvolvimento da fala são comumente observados em crianças com transtorno do espectro autista (TEA) e constituem uma das principais razões que levam os pais a procurarem uma avaliação diagnóstica.
Esses atrasos podem ser identificados antes do segundo ano de vida. A relação entre o TEA e os atrasos na fala é complexa, abrangendo tanto aspectos neurológicos quanto comportamentais.
Pesquisas mostram que crianças com TEA apresentam diferenças na lateralização neural relacionada à linguagem, além de alterações na conectividade estrutural e funcional do cérebro.
Esses fatores contribuem, significativamente. para os atrasos observados no desenvolvimento da fala e da linguagem.
Outro ponto relevante é a dinâmica da interação entre pais e filhos. Crianças com TEA e atrasos na linguagem tendem a emitir menos enunciados compreensíveis e mais curtos, o que pode reduzir as oportunidades de interação verbal com os pais.
Por outro lado, quando a fala das crianças é inteligível, os pais demonstram alta contingência em relação ao tema da conversa.
Isso sugere que a complexidade da comunicação dos pais se ajusta às habilidades linguísticas e de interação da criança.
Portanto, os atrasos na fala em crianças com TEA estão associados tanto a fatores neurológicos quanto às dinâmicas de interação social.
Esse fato ressalta a importância de intervenções precoces e direcionadas para promover avanços na linguagem e na comunicação.
A partir de quantos anos é indicado procurar um especialista para avaliação?
Os médicos recomendam a triagem para TEA durante as consultas de rotina aos 18 e 24 meses. Com isso, podemos destacar as seguintes orientações:
O diagnóstico confiável é possível a partir dos 18 meses, permitindo intervenções precoces.
Triagens precoces e repetidas identificam crianças em risco de TEA.
Os médicos encaminham crianças com sintomas de TEA para avaliação diagnóstica especializada.
Crianças diagnosticadas antes dos 2 anos e meio apresentam maior chance de progressos significativos.
Ao notar sinais de autismo, buscar a avaliação de um especialista é altamente recomendado, principalmente quando tais sinais surgem antes dos 24 meses.
Quais profissionais devo procurar para confirmar o diagnóstico de TEA?
O diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista (TEA) costuma ser realizado por uma equipe multidisciplinar de profissionais da saúde, como pediatras, psiquiatras infantis, psicólogos e neurologistas pediátricos.
Segundo a literatura médica, o método considerado padrão-ouro para diagnosticar o TEA consiste na avaliação detalhada, que combina a observação direta do comportamento da criança com entrevistas estruturadas com os cuidadores.
Além disso, pediatras gerais e médicos de cuidados primários desempenham um papel relevante no diagnóstico inicial do TEA, especialmente em regiões com acesso limitado a especialistas.
Estudos sugerem que pediatras devidamente treinados possam diagnosticar o TEA com alto grau de precisão.
Ainda que a concordância com equipes especializadas seja mais elevada quando esses profissionais estão seguros em suas avaliações.
O autismo tem cura? Ou existem tratamentos que podem melhorar a qualidade de vida?
Embora ainda não exista uma cura para o Transtorno do Espectro Autista (TEA), há tratamentos que podem melhorar consideravelmente a qualidade de vida das pessoas com essa condição.
Exemplos desses tratamentos são as intervenções comportamentais, que são amplamente reconhecidas como a principal abordagem terapêutica e têm demonstrado grandes benefícios.
Podemos destacar os casos com crianças menores de cinco anos, em que promovem avanços na linguagem, no brincar e na comunicação social.
A farmacoterapia, por sua vez, é geralmente empregada para tratar condições psiquiátricas associadas, como disfunções emocionais ou transtorno de déficit de atenção/hiperatividade (TDAH).
Image by Freepik
Como posso ajudar meu filho a desenvolver habilidades sociais?
Para estimular o desenvolvimento de habilidades sociais em crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA), é fundamental adotar intervenções precoces e personalizadas.
Entre as abordagens mais eficazes, destacam-se:
As intervenções comportamentais, especialmente as de natureza naturalística e baseadas no desenvolvimento, têm demonstrado grande impacto positivo na comunicação social e em outras habilidades essenciais;
O engajamento ativo dos cuidadores no processo terapêutico pode ser uma estratégia de sucesso;
O treinamento e a participação ativa dos pais são essenciais para garantir um número adequado de horas de interação planejada.
Essa estratégia pode resultar em avanços expressivos no desenvolvimento das habilidades sociais.
Meu filho tem comportamentos repetitivos, isso é comum no autismo? O que posso fazer para ajudar?
O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é caracterizado por dificuldades na comunicação social e na interação, além de comportamentos restritivos e repetitivos (CRRs), que representam um dos aspectos centrais do transtorno.
Esses CRRs podem ser observados já na infância, sendo um dos primeiros sinais identificáveis do TEA.
Vale ressaltar que as intervenções comportamentais precoces desempenham um papel crucial na melhoria dos resultados para crianças com TEA, incluindo a redução dos CRRs.
Assim, os CRRs são uma característica central e altamente relevante do TEA, com importantes implicações para o diagnóstico precoce e o manejo adequado do transtorno.
Essas intervenções precoces e personalizadas são indispensáveis para melhorar os resultados e a qualidade de vida das pessoas com TEA.
O autismo pode vir acompanhado de outros transtornos, como TDAH ou ansiedade?
Sim, é comum o autismo estar frequentemente associado a outros transtornos, uma condição conhecida como comorbidade.
É possível relacionar as mais comuns: o Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH) e os transtornos de ansiedade.
Além dessas, outras condições podem estar relacionadas ao Transtorno do Espectro Autista (TEA):
Dra. Mariana, qual o perfil dos seus pacientes atualmente?
Hoje em dia, eu atendo pessoas com diagnóstico tardio de TEA na adolescência ou idade adulta, mas já atendi crianças há alguns anos.
Devido minha especialização em transtornos alimentares, a maioria dos meus pacientes são adolescentes que procuram meu consultório em busca de tratamento para melhorar a saúde e a qualidade de vida apesar dos sintomas.
Quais são os direitos do meu filho com TEA em termos de educação e inclusão escolar?
Crianças com Transtorno do Espectro Autista (TEA) têm seus direitos protegidos por lei, assim como qualquer outra criança, contando ainda com garantias adicionais para atender às suas necessidades específicas.
Legislações como a Lei Brasileira de Inclusão (LBI) e a Política Nacional de Educação Especial asseguram o direito à educação inclusiva para crianças com TEA.
Essas leis garantem que elas estudem em escolas regulares, com recursos apropriados para promover sua inclusão, como a presença de mediadores e a realização de adaptações curriculares.
Tais medidas reforçam o compromisso de oferecer acesso à educação de qualidade, sem discriminação, respeitando as particularidades de cada criança com TEA e promovendo a valorização da diversidade.
Para saber mais sobre o autismo e as possíveis estratégias de intervenção, confira as recomendações da Fonoaudióloga Vanessa.
Redatora bilíngue de língua inglesa, Especialista em Marketing pela USP/Esalq e bacharel em Letras pela UFRJ. Carioca, mãe da Rebeca e Consultora Textual e de Personal Branding para o Linkedin.
Receber o diagnóstico de que filho tem o Transtorno do Espectro Autista (TEA) requer uma atenção especial e um cuidado multiprofissional. Dentre os tratamentos necessários, conheça a relação da criança com autismo e a Fonoaudiologia.
As crianças com o diagnóstico de autismo (TEA) costumam apresentar dificuldades de se comunicar e de interagir socialmente, além de terem padrões de comportamento repetitivos.
Relativo à comunicação, a criança com esse diagnóstico pode apresentar desde a dificuldade de se expressar verbalmente, até a pouco ou nenhuma fluência de conversação.
Pensando em ajudar nessas questões, convidamos a fonoaudióloga Vanessa do Lago Guimarães, formada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)e especialista em Audiologia Clínica para nos explicar como o acompanhamento fonoaudiológico é fundamental no tratamento da criança com autismo.
Quais são os primeiros sinais de dificuldades na comunicação que posso observar em uma criança com autismo?
Em primeiro lugar, é recomendado observar alguns sinais em alguns pacientes com autismo logo quando bebê
O bebê com autismo costuma:
não gostar muito de ficar no colo, lugares com sons altos ou muito luminosos os deixam incomodados;
tem dificuldade em manter o contato visual;
não atender quando chamado;
ter hiperfoco em algum brinquedo ou objeto;
fazer movimentos de repetição como empilhar/ enfileirar / agrupar por cores e formas;
não apontar;
ter atraso no balbucio e fala;
não olhar para o outro ao querer algo, apenas o puxando como instrumento;
começar a falar algumas palavras e parou de falar.
Contudo, vale ressaltar que cada criança precisa de avaliação e observaçãopersonalizada.
Como o fonoaudiólogo pode ajudar no desenvolvimento da fala e da linguagem de uma criança com autismo?
Os fonoaudiólogos têm um papel importante no desenvolvimento da linguagem. Com isso, nosso maior objetivo é que essa criança consiga ser compreendida e se comunique, e não necessariamente pela linguagem oral., ajudando amelhorar a comunicação dessas crianças com autismo seguindo as dicas e exercícios de fonoaudiologia.
Há muitos autistas que não utilizam da linguagem oral para se comunicar, porém usam de comunicação alternativa como PECS (Sistema de comunicação por troca de figuras) e pela CAA (Comunicação Alternativa Aumentativa).
Quando o paciente chega para nós no consultório, é crucial que seja feita uma avaliação das habilidades de linguagem e de comunicação desse paciente.
Após essa avaliação desenvolve-se um plano de intervenção individualizado com base nas demandas específicas de cada paciente, que será modificado à medida que o paciente evoluir e apresentar ganhos de linguagem e comportamento.
E através de brinquedos, jogos, atividades lúdicas e recursos visuais vamos estimulando a linguagem e fala da criança com autismo com a Fonoaudiologia.
A criança com autismo sempre terá dificuldades com a fala ou isso pode ser superado com a intervenção adequada?
Sempre e Nunca são palavras bem complicadas de serem usadas dentro do universo cognitivo comportamental do desenvolvimento do indivíduo. Nosso maior objetivo, enquanto fonoaudiólogos, é promover a comunicação.
Vale ressaltar que não é uma regra que todos apresentarão dificuldades na fala, mas muitas enfrentam desafios importantes no desenvolvimento da linguagem.
A dificuldade de comunicação e a gravidade varia de uma criança para a outra, muitas respondem de forma positiva à intervenção, melhorando suas habilidades de comunicação verbal e não-verbal e desenvolvendo maneiras de se expressar.
Como o autismo afeta a comunicação não verbal e como posso trabalhar isso com meu filho?
Muitas crianças com autismo apresentam dificuldades em compreender, interpretar e utilizar pistas não verbais, como expressões faciais (tristeza, felicidade, raiva, dor, etc), gestos, manifestações através do corpo, tom de voz (rude, chamando a atenção, irônico etc.).
Essas habilidades fazem parte da comunicação e das conexões sociais.
Dentro do ambiente domiciliar, é de extrema importância que a família colabore, pois são essas pessoas que passam a maior parte do tempo com a criança.
Dessa forma, utilizar modelagens que ajudem a desenvolver tais habilidades é de grande valia como:
Usar gestos e expressões faciais claras para se comunicar, reforçando a comunicação verbal com elementos não verbais
Exemplo: ao chamar a atenção da criança, mudar o tom da voz, a intensidade, e utilizar de expressões faciais como franzir a testa, por exemplo.
É válido até cruzar os braços para mostrar a criança que você está chamando a atenção e não está gostando do que está sendo feito.
Igualmente importante é trabalhar a previsibilidade, pois deixa as crianças mais seguras e facilita a compreensão de sinais não verbais associados as atividades. Podendo usar pictogramas, recursos visuais, figuras, CAA.
Exemplo: pode confeccionar um quadro de rotinas, isso ajuda a criança em organizar e compreender a sua rotina do dia, as suas demandas sensoriais tendem a diminuir e facilita a comunicação dentro da atividade proposta ali exposta.
Lembrando que é importante o suporte de um fonoaudiólogo para auxiliar a desenvolver as estratégias mais pertinentes a demanda e a compreensão do seu filho.
Meu filho tem dificuldade em manter uma conversa. Existem técnicas específicas para ajudá-lo a melhorar essa habilidade?
É importante levar em conta alguns pontos importantes antes de definir e utilizar quaisquer técnicas, como entender a compreensão do seu filho sobre o tema proposto.
Primeiramente, ao tentar entender a compreensão e atenção dele diante de uma conversa, o fonoaudiólogo pode ajudar a identificar as melhores estratégias especificas para seu filho, mas há algumas relacionadas ao estabelecimento de rotinas previsíveis e claras para as conversações, tais como:
Iniciar a conversa com saudação e fazendo uma pergunta, responder a pergunta do interlocutor;
Ensinar a criança a prestar atenção no que o outro está dizendo, fazendo contato visual, acenando com a cabeça e demonstrando interesse através de gestos e expressões faciais.
Incentivar a fazer perguntas,a sugestão é usar modelagem, prática guiada e reforço positivo.
Durante uma conversa sobre algum assunto, utilizar-se de recursos visuais para ajudar e facilitar a criança a entender sobre o tema, a organizar suas ideais e compreender a estrutura da conversa e os turnos de fala.
Utilizar de reforço positivo e modelagem, elogiando e recompensando quando a criança conseguir utilizar as habilidades desejadas de forma adequada.
Ensinar habilidades de turn-taking: ajude a criança a entender a importância de esperar a sua vez de falar e a identificar os momentos adequados de interação na conversa. Pratique a alternância entre falar e ouvir para promover uma troca eficaz.
O uso de tecnologias, como aplicativos de comunicação, pode ser benéfico para crianças com TEA?
Sim, o uso de tecnologias como tablets, celulares ajudam muito a comunicação, os estudos na área de tecnologia assistiva têm mostrado que essas ferramentas podem auxiliar no desenvolvimento da comunicação e linguagem de indivíduos com TEA, oferecendo uma forma alternativa e complementar de se expressar e comunicar.
Contudo, os aplicativos de comunicação são personalizados de acordo com a necessidade e habilidade de cada criança.
Conhecidos também como Comunicação Aumentativa e Alternativa (CAA) podem ser personalizados estruturalmente: a voz, os tipos de textos e de figuras, o visual, tudo de acordo com a demanda especifica de cada criança, a fim de ajudar a comunicação de forma eficaz, trazendo maior autonomia e independência para a criança, facilitando a interação social.
Lembrando que a escolha da melhor ferramenta de comunicação e implementação deve ser feita com orientação de um fonoaudiólogo.
Designed by Freepik
Como o fonoaudiólogo lida com os problemas de sensibilidade auditiva que muitas crianças com autismo apresentam?
Devemos realizar uma avaliação detalhada da criança com autismo para identificar suas dificuldades e necessidades específicas em relação à audição.
A partir dessa avaliação, é elaborado um plano de intervenção individualizado que inclui estratégias e atividades para ajudar a criança a desenvolver uma maior tolerância e adaptação aos estímulos sonoros.
Algumas dessas estratégias incluem:
Trabalhar a percepção auditiva para melhorar a sua discriminação, identificação e compreensão dos sons;
Orientar a família e a escola para a criação de ambientes auditivos mais adaptados às necessidades especificas, podendo incluir o abafador de ruído;
Em conjunto com terapeuta ocupacional, implementar estratégias para regulação das suas respostas sensoriais.
Lembrando que as questões auditivas são trabalhadas junto com equipe multidisciplinar envolvendo otorrinolaringologista, psicólogo, terapia ocupacional e fonoaudiólogo.
A terapia fonoaudiológica pode ajudar meu filho a melhorar suas habilidades sociais, como fazer amigos ou compreender expressões faciais?
Sim, a terapia fonoaudiológica pode ser muito benéfica para desenvolver e melhorar as habilidades sociais, incluindo a capacidade de fazer amigos e compreender expressões faciais dos outros.
É crucial observar os sinais como mudança de tom de voz, expressões corporais, gestos que são fundamentais para a interações sociais.
Também é possível incluir o desenvolvimento de habilidades de conversação, turn-taking e compreensão de regras sociais, que são essenciais para a boa convivência e interações sociais.
Qual é a relação entre a comunicação e o comportamento em crianças com TEA? Como um fonoaudiólogo pode ajudar a reduzir comportamentos desafiadores?
Particularmente é um tema que eu gosto muito, pois a comunicação desempenha um papel fundamental no comportamento de crianças com autismo. Uma vez que possuem dificuldades de se comunicar, levando à frustração e aos comportamentos desafiadores.
Ajudamos as crianças desenvolvendo as habilidades de comunicação, sejam na forma oral ou não oral (CAA), para que consigam expressar suas necessidades e sentimentos de forma clara e sejam compreendidas.
Ao desenvolvermos essas habilidades no paciente, ele reduz os comportamentos inadequados e desafiadores. Dessa forma, sentindo-se mais capaz de se expressar e ter suas necessidades atendidas, não precisando usar de comportamentos inapropriados.
Nesse momento, precisamos muito do apoio da família, pois a casa é nosso maior desafio. Uma vez que é o local onde a criança passa maior parte do tempo e já aprendeu a conquistar coisas com o seu comportamento e não com linguagem.
Mas junto com uma equipe multidisciplinar com fonoaudiólogo, psicólogo, agente terapêutico, entre outros, conseguimos alcançar os objetivos.
Com que frequência a criança precisa de acompanhamento fonoaudiológico para alcançar melhorias significativas na comunicação?
Depende das necessidades de cada paciente. Geralmente, as sessões acontecem de 1 a 3 vezes na semana, dependendo da gravidade e da necessidade de cada criança e sua evolução.
Para maiores informações sobre como consultar especialistas pode ajudar no desenvolvimento cognitivo de seus filhos, recomendamos o Manual de Orientação da Sociedade Brasileira de Pediatria.
Além disso, aqui no My babe Care é possível acessar os artigos sobre saúde mental, como as entrevistas com o psicólogo sobre TDAH e com a psicóloga sobre a importância do sono para a saúde mental dos bebês.
Fonoaudióloga
Vanessa do Lago Guimarães
Fonoaudióloga formada pela UFRJ e especialista em Audiologia Clínica, que atende em seu consultório no Rio de Janeiro e realiza atendimentos on-line. Saiba mais acessando o perfil no Instagram @centroreabvanessalago.
Escrito por
Gabriela Sucupira
Redatora bilíngue, bacharel em Letras pela UFRJ e Especialista em Marketing pela USP/Esalq. Carioca, mãe da Rebeca e consultora textual para o Linkedin.