Desde que eu estava gestante da minha primeira filha Mia eu dizia: “assim que ela tiver seis meses já irá iniciar a natação”. Portanto, assim foi feito, não iniciou com seis meses por conta da pandemia, mas iniciou com sete meses e segue até hoje com cinco anos. E Andrea, o mais novo, ja iniciou com cinco meses.
Eu sempre tive o pensamento que quando mais cedo o bebê entrar ter contato com a água, mais facilidade ele terá para nadar e para ter segurança dentro da água e não se afogar. Depois o primeiro professor de natação de Mia me disse que o reflexo natatório é mais forte no primeiro ano de vida e ao longo do tempo esse reflexo vai sendo esquecido.
Por este motivo, no artigo de hoje trouxemos a professora Nathalia Pereira, especialista em natação para bebês, para responder as maiores dúvidas dos pais em relação ao tema.
1- Qual é a idade mínima para o bebê iniciar a natação?
A maioria dos especialistas recomenda que os bebês iniciem a natação a partir dos 6 meses de idade, quando já possuem mais controle sobre os movimentos da cabeça e pescoço e já tomaram as principais vacinas. No entanto, já existem professores que iniciam as atividades aquáticas com menos idade, para isso é necessário as aulas serem nas casas dos alunos e em um ambiente bem mais protegido.
2-Quais são os benefícios da natação para bebês?
Estimula o desenvolvimento motor e cognitivo, melhora a coordenação e o equilíbrio, fortalece músculos e articulações. Além de, estimular o vínculo entre bebê e pais, ajudar na socialização e adaptação em novos ambientes e pode contribuir para o relaxamento e melhora do sono.
3- Como você garante a segurança dos bebês durante as aulas de natação?
Aulas são sempre supervisionadas por profissionais qualificados, a presença dos pais ou responsáveis dentro ou próximo à piscina, uso de piscinas adaptadas para bebês (temperatura adequada, profundidade segura), ainda mais existe a limitação no número de alunos por turma.
4- Como você adapta as aulas de natação para atender às necessidades individuais de cada bebê?
Sabemos que cada bebê tem seu próprio ritmo, então as aulas são planejadas para respeitar o tempo de adaptação de cada criança. Usamos também atividades lúdicas que incentivam o aprendizado. Acima de tudo, observamos os sinais de desconforto ou cansaço. Propomos estímulos específicos de acordo com a idade e habilidades motoras. E ainda estamos sempre atentos e em alinhamento nas orientações dos pais ou responsáveis.
Pai e criança na aula de natação
5- Quais são as precauções de segurança tomadas para prevenir acidentes durante as aulas de natação?
Monitoramento constante por profissionais, regras claras de entrada e saída da piscina, ambiente antiderrapante ao redor da piscina, além de higienização rigorosa da água e dos equipamentos e nunca deixar o bebê sozinho em nenhum momento.
6- Como você ajuda os bebês a se sentirem confortáveis e seguros na água?
Temos uma introdução gradual e lúdica, a presença dos pais durante as aulas transmite segurança ao bebê, fazemos brincadeiras com brinquedos aquáticos e usamos músicas. Além de dinâmicas leves para tornar a experiência prazerosa.
7- Como a natação pode ajudar no desenvolvimento motor do meu bebê?
A água oferece resistência suave, ajudando o bebê a: ampliar a força muscular, desenvolver a coordenação motora fina e grossa, além de aprender movimentos bilaterais (usar os dois lados do corpo) e estimular reflexos e noções de espaço.
8- A natação pode ser benéfica para bebês prematuros ou com necessidades especiais?
Sim. A natação é frequentemente indicada nesses casos, desde que haja liberação médica. Ela pode: estimular o desenvolvimento motor, melhorar a respiração e a resistência, promover interação social e sensorial, além de aumentar a confiança do bebê e dos pais.
Portanto, a natação para bebês é uma atividade maravilhosa para incluir na rotina do seu bebê e que também proporciona inúmeros benefícios para o desenvolvimento físico, emocional e social dele.
Além de ser uma ótima forma de iniciar a vida esportiva, já estudos mostram que a natação em si aumenta a amplitude de movimento, reduz a dor nas articulações, aumenta a flexibilidade, melhora a postura e muito mais. Ela vai ajudar a fortalecer a confiança e a autoestima do seu bebê, além de criar um vínculo especial entre o cuidador que estará na água e o bebê, já que passarão esse tempo de qualidade juntos.
E com as dicas da professora Nathalia, vocês, pais, mães e cuidadores, podem se sentir seguros e preparados para iniciar essa jornada aquática
Nathalia Pereira, formada em Educação Física e especialista em natação para bebês, com mais de 15 anos de experiência na área aquática. Apaixonada por desenvolver a adaptação e o amor pela água desde os primeiros meses de vida, unindo técnica, carinho e segurança em cada aula.
Escrito por
Flávia Oliveira
Jornalista e Relações Públicas, formada em Mediadora de Conflitos, pelo Instituto Federal de Brasília, através da Tertúlia Literária Dialógica. Mãe de dois: Mia e Andrea, vivendo em Malta e sempre com uma passagem para o próximo destino a ser descoberto.
Quando falamos sobre desenvolvimento do bebê, é super normal que, nós, mães e pais tenhamos muitas dúvidas e perguntas para fazer aquele pediatra que confiamos.
São dúvidas sobre alimentação, peso, cólicas, comunicação… E desde a primeira gargalhada, aos primeiros passos e as primeiras palavras, cada etapa é um grande acontecimento da vida do seu filho.
Convidamos a pediatra Dra. Maria Bahia, formada pela Escola Bahiana de Medicina, para compartilhar conosco em uma série de artigos dicas e respostas para as perguntas mais comuns sobre desenvolvimento do bebê.
Nosso objetivo é te ajudar a entender melhor as necessidades do seu bebê, garantindo que você tenha conhecimento e segurança a cada etapa da vida dele.
1- Será que meu filho está mesmo comendo o suficiente ou eu estou exagerando?
É natural que os pais se preocupem com a alimentação dos filhos, mas é importante observar alguns sinais para avaliar se a quantidade de comida oferecida ao bebê está adequada. Preste atenção no comportamento da criança durante as refeições, como se ela demonstra saciedade, recusando a oferta do alimento ou continua irritada com fome. Também é importante verificar o peso e o crescimento da criança, pois isso pode indicar se ela está recebendo os nutrientes necessários e está bem nutrida. Caso tenha dúvidas, consulte um pediatra para avaliar a situação nutricional do seu filho de forma mais precisa.
2- A cólica do meu bebê é normal ou pode ser algo mais sério?
As cólicas são muito comuns em bebês e geralmente não representam um sinal de algo mais grave. Elas geralmente ocorrem durante os primeiros 3 meses de vida do bebê e são causadas pela imaturidade do sistema digestivo. No entanto, se a dor parecer intensa, persistente, ou se o bebê estiver apresentando outros sintomas preocupantes, como diarréia, diminuição do apetite e/ou hipoatividade, é importante consultar um pediatra para descartar problemas mais sérios, como infecções, alergias alimentares ou doenças intestinais. É sempre melhor ter a opinião de um profissional de saúde para garantir a segurança e saúde do seu bebê.
3- Meu bebê não dorme: será insônia ou apenas uma fase?
É importante entender que os bebês passam por diferentes fases de sono ao longo do seu desenvolvimento e é comum enfrentar dificuldades para dormir em determinados momentos. Por isso, é possível que a dificuldade do seu bebê em dormir seja apenas uma fase passageira.
No entanto, se essa dificuldade persistir por um longo período de tempo e estiver impactando negativamente o sono do bebê e da família, é importante procurar orientação de um médico pediatra ou de um especialista em sono infantil. Eles podem avaliar a criança e ajudar a identificar se há algum problema de saúde subjacente, como refluxo gastroesofágico, apneia do sono, alergias, cólicas, entre outros.
Além disso, é importante estabelecer uma rotina de sono, chamada também de higiene do sono, com dicas como (1) garantir que o bebê esteja confortável e tranquilo na hora de dormir, (2) criar um ambiente propício para o sono e evitar estimulantes antes de dormir, como telas de dispositivos eletrônicos. Com paciência e persistência, é possível ajudar o bebê a desenvolver hábitos saudáveis de sono.
4- Quando a febre é perigosa e merece correr para o pronto-socorro?
A febre é considerada alta quando atinge níveis muito altos, acima de 38,5°C, especialmente em bebês menores de 3 meses, crianças imunodeprimidas ou que apresentam outros sintomas graves, como falta de ar, convulsões, rigidez no pescoço, erupções cutâneas graves, dor abdominal intensa, vômito persistente, confusão mental, entre outros.
Se a febre estiver associada a outros sinais de alarme, é recomendável procurar o pronto-socorro para uma avaliação médica imediata. É importante não ignorar sinais de gravidade, pois a febre alta pode ser indicativa de uma infecção grave ou de outras condições médicas que requerem tratamento emergencial. Sempre que houver dúvidas ou temores, é melhor buscar orientação profissional.
5- Meu filho ainda não fala: é atraso no desenvolvimento ou só preguiça?
É importante observar que o desenvolvimento da linguagem varia de criança para criança, portanto, algumas crianças podem começar a falar mais tarde do que outras e isso não necessariamente indica um problema. No entanto, é sempre importante monitorar o desenvolvimento da linguagem do seu filho e buscar aconselhamento de um profissional da saúde, como um fonoaudiólogo e/ou neuropediatra, se você estiver preocupado com o atraso na fala do seu filho. Os profissionais de saúde podem avaliar se existe algum problema subjacente ou se é apenas uma questão de tempo até que seu filho comece a falar. Não é correto atribuir preguiça a uma criança que ainda não fala, pois a comunicação através da linguagem é um processo complexo que envolve diversos aspectos do desenvolvimento infantil.
Aqui no My Baby Care a gente sabe bem que o desenvolvimento do bebê é um processo cheio de dúvidas e bastante emocionante para todas as famílias. No entanto, com a orientação certa você vai passar por esses momentos com bastante confiança.
Dra. Maria Bahia, formada pela Escola Bahiana de Medicina, é referência na área de Pediatria Geral e Nefrologia Pediátrica. E oferece atendimento humanizado para crianças e adolescentes em Salvador, Bahia.
Jornalista e Relações Públicas, formada em Mediadora de Conflitos, pelo Instituto Federal de Brasília, através da Tertúlia Literária Dialógica. Mãe de dois: Mia e Andrea, vivendo em Malta e sempre com uma passagem para o próximo destino a ser descoberto. @flaviaoliveiragalleti
Na minha infância, eu sempre viajei, mas nunca fiz uma viagem para longas distâncias e diferentes culturas até os meus 20 anos. E depois que comecei a viajar, nunca mais parei. Pois comecei a sentir o quanto as experiências com viagens estavam moldando a minha personalidade.
A partir desse momento, decidi que, quando tivesse filhos, as viagens seriam um dos pilares do desenvolvimento deles. E assim tem sido.
Viajando na primeira infância
Até aqui, com Mia de 5 anos e Andrea de 2, ambos na primeira infância — fase crucial para o desenvolvimento da comunicação e da curiosidade sobre o mundo — percebo como as viagens são uma ferramenta poderosa para o aprendizado infantil. É fato que crianças se beneficiam significativamente ao conhecer novos lugares, culturas e idiomas. O segredo está em transformar cada experiência de viagem em algo divertido, interativo e lúdico, potencializando ainda mais o desenvolvimento das crianças.
No entanto, você se perguntar: como crianças na primeira infância, seus filhos se lembrarão do que viveram nessas viagens? Talvez não recordem todos os detalhes quando forem mais velhas, mas cada experiência vivida deixa marcas importantes e contribui diretamente para o desenvolvimento infantil.
Vejam os motivos a seguir:
1- Diversidade cultural
Cerque seus filhos, na primeira infância, com pessoas que são diferentes deles e a consequência será que a visão sobre as distinções será natural, desenvolvendo a empatia e o respeito pelo próximo. E, futuramente, rejeitando atitudes preconceituosas, tornando a sociedade mais inclusiva.
2- Linguagem
Os bebês, a partir dos seis meses, já captam sons e começam a tentar se comunicar. Então, se forem expostos a sons diversificados, até em relação aos idiomas, isso trará um desenvolvimento a mais na comunicação deles e mais tarde na linguagem.
Já as crianças um pouco mais velhas, quando viajam, acabam interagindo com pessoas diferentes e, muitas vezes, com outras falantes que têm sotaques ou idiomas diferentes, o que enriquece o desenvolvimento linguístico.
3- Frustrações
Quem já viajou e não teve nenhum perrengue, que atire a primeira pedra. Seja uma mala extraviada, um carro que para na estrada, dias e dias de muita chuva atrapalhando toda a programação.
As viagens são cheias de imprevistos, exatamente como a vida. Sendo uma ótima oportunidade de ensinar sobre frustrações e controle de expectativa, mostrando que nem sempre as coisas saem como planejamos. E essa é a forma de ensinar sobre frustrações de maneira lúdica e leve.
4- Autonomia
Você já viu aquela criança pequenina levando a própria mala no aeroporto? É sobre isso. Com o hábito de viajar, as crianças aprendem a ter autonomia em várias situações e saberão os procedimentos dos aeroportos, como raio-x, imigração/ passaporte, entrada no avião, o cinto de segurança.
Uma dica é deixar a sua criança fazer a pequena mala dela (de preferência uma que ela possa carregar sozinha) com o que ela quer levar, como livros, brinquedos, canetas.
As crianças aprendem observando nossos exemplos, e a autonomia que desenvolvem durante as viagens contribui para formar cidadãos mais práticos, confiantes e independentes para o futuro. O uso do AirTag pode te tranquilizar sobre a autonomia da sua criança.
Mia em uma das nossas viagens
5- Conexão
Com a correria do dia-a dia, os pais no trabalho e as crianças em suas atividades, muitas vezes ficamos com a família incompleta em grande parte do dia.
As viagens são ótimas oportunidades para a família estar junta 24 horas do dia, todos os dias e sem muita pressão de horário.
Assim, a conexão e a intimidade ficarão cada vez mais fortes. E com as crianças emocionalmente saudáveis e preenchidas de amor, é possível que esses fatores reflitam no desempenho escolar.
6- Orçamentos
Quem nunca tentou acalmar o filho numa birra porque queria algo? É muito provável que isso aconteça em uma viagem, porque o tempo todo somos expostos a mais estímulos de comida, produtos e lazer.
Uma boa ideia é dar para cada integrante da família um orçamento, valor diário que pode gastar. E esse é um ótimo momento para exercitar a administração do dinheiro.
Dessa forma, será mais fácil entenderem o momento certo de gastar cada quantia, o que aperfeiçoa o autocontrole e a tomada de decisão.
Desafios e planejamento
Os desafios de viajar com criança realmente são imensos. No entanto, com planejamento e flexibilidade, é possível ser uma experiência enriquecedora. Confira as dicas finais:
Lembre-se de reunir todas as documentações, remédios e listas de objetos que não podem ser esquecidos.
Considere as necessidades específicas dos seus filhos,
Procure, ao máximo, manter uma rotina parecida com a que se tem em casa
Planeje atividades divertidas.
Tenho certeza que vocês terão momentos memoráveis juntos!
Escrito por
Flávia Oliveira
Jornalista e Relações Públicas, formada em Mediadora de Conflitos, pelo Instituto Federal de Brasília, através da Tertúlia Literária Dialógica. Mãe de dois: Mia e Andrea, vivendo em Malta e sempre com uma passagem para o próximo destino a ser descoberto.
Brincar é, sem dúvida, uma das formas mais poderosas de aprendizado na infância. Entre os inúmeros brinquedos disponíveis, o LEGO se destaca como uma ferramenta essencial no desenvolvimento motor, cognitivo e criativo das crianças.
Para entender melhor os impactos do LEGO na coordenação motora e na criatividade das crianças de 1 a 3 anos, conversamos com a Dra. Karina Durce.
Nessa Parte 2 da entrevista, a Dra. Karina, fisioterapeuta Mestre em Distúrbios do Desenvolvimento e explica aos pais e educadores como o LEGO pode contribuir para o fortalecimento da motricidade fina, estimular a criatividade e potencializar a resolução de problemas desde os primeiros anos de vida.
Tópicos mais procurados neste artigo
Como os pais podem escolher o tipo de LEGO mais adequado para cada fase do desenvolvimento infantil?
Quais aspectos são importantes na decisão de escolher qual LEGO oferecer à criança?
Que outras atividades podem complementar o uso do LEGO para fortalecer o desenvolvimento motor e cognitivo?
Entrevista com Karina Durce, Especialista em Motricidade Física
Dicas para Pais e Educadores
Como os pais podem escolher o tipo de LEGO mais adequado para cada fase do desenvolvimento infantil?
A escolha do LEGO mais adequado deve considerar o nível de desenvolvimento motor e cognitivo da criança, mais do que simplesmente sua idade cronológica. A indicação etária sugerida pela própria marca pode ser um ponto de partida:
LEGO Duplo: recomendado para crianças entre 1 ano e meio e 5 anos. LEGO Tradicional: indicado para crianças a partir dos 4 ou 5 anos.
Embora a faixa etária indicada na embalagem seja um bom parâmetro inicial, é essencial observar as habilidades motoras e cognitivas da criança. Por exemplo:
Se a criança já realiza movimentos de pinça com facilidade e demonstra interesse por desafios mais complexos, pode iniciar o uso do LEGO tradicional mesmo antes dos 5 anos.
Se ela ainda apresenta dificuldades na coordenação motora fina ou insegurança, o LEGO Duplo continua sendo uma excelente opção, mesmo após os 4 ou 5 anos.
Além disso, é fundamental lembrar que peças pequenas podem representar risco de engasgo para crianças abaixo da idade recomendada.
Tanto a LEGO Foundation (2020) quanto instituições pediátricas nacionais e internacionais reforçam a importância de brinquedos seguros e apropriados à faixa etária para promover um desenvolvimento saudável.
Quais aspectos são importantes na decisão de escolher qual LEGO oferecer à criança?
Um fator que podemos destacar é o nível de motivação. Crianças que demonstram interesse por construções mais detalhadas ou que gostam de seguir instruções podem se beneficiar do LEGO tradicional.
As que preferem construções livres e peças maiores podem continuar explorando o LEGO Duplo por mais tempo.
Considere também os benefícios educacionais, por exemplo, o LEGO Duplo é ideal para promover as habilidades iniciais de motricidade fina, coordenação óculo-manual, reconhecimento de cores e formas, além de introduzir noções de causa e efeito.
O LEGO tradicional potencializa habilidades mais refinadas de motricidade, promove o raciocínio lógico, a resolução de problemas e amplia a criatividade. A escolha deve ser singular, respeitando a individualidade da criança e do contexto de estimulação.
Existe um tempo ideal de brincadeira com LEGO para crianças nessa faixa etária?
O tempo ideal de brincadeira varia de acordo com cada criança e sua faixa etária. Não há, até o momento, um consenso na literatura que estabeleça com total clareza um tempo mínimo ou máximo específico para atividades que estimulem a motricidade fina.
Esse tempo depende do interesse e da própria capacidade de atenção da criança, que varia de acordo com sua etapa de desenvolvimento. O ideal é respeitar o tempo da criança, sempre deixar disponível e incentivar brincadeiras que estimulem a criatividade e a manualidade.
Que outras atividades podem complementar o uso do LEGO para fortalecer o desenvolvimento motor e cognitivo?
Temos uma diversidade de atividades que podem complementar e potencializar o desenvolvimento motor e cognitivo da criança, como:
jogos de memória e quebra-cabeças, que favorecem a atenção, a concentração e o raciocínio lógico;
atividades de construção de histórias, que estimulam a linguagem e a criatividade (e pode associar ao LEGO criando os personagens ou objetos);
brincadeiras que desafiem a motricidade fina, como modelagem com massinha, pintura, alinhavos e outros brinquedos de encaixe.
Essas experiências ampliam o repertório motor e cognitivo da criança, promovendo um desenvolvimento integral e equilibrado.
Confira as dicas de presentes segundo a faixa aetária das crianças nos artigos:
Com orientações adequadas, esse brinquedo pode se tornar um poderoso aliado no aprendizado e na exploração do mundo. Quer saber mais dicas, confira a Parte 2 da Entrevista aqui.
Fisioterapeuta
Dra. Karina Durce
Mestre em Distúrbios do Desenvolvimento pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, pós-graduada em Saúde da Mulher no Climatério pela Faculdade de Saúde Pública da USP, Saúde Pública com ênfase no ESF pelo Centro Universitário São Camilo e em Práticas Pedagógicas e Inovação na Educação Superior. MBA em Gestão de Saúde Corporativa. Fisioterapeuta da Durce Vita Saúde Integrada e embaixadora Fisiovisionária.
Escrito por
Gabriela Sucupira
Redatora bilíngue de língua inglesa, Especialista em Marketing pela USP/Esalq e bacharel em Letras pela UFRJ. Gabriela é carioca, Mãe da Rebeca, que atua como Consultora Textual e Personal Branding para o Linkedin.
O LEGO é mais do que um simples brinquedo; ele desempenha um papel fundamental no desenvolvimento infantil, especialmente na primeira infância.
Brincar é uma forma importante e aprendizado na infância. Entre os brinquedos que ajudam no desenvolvimento motor, cognitivo e criativo das crianças. Podemos destacar o LEGO como uma ferramenta essencial no desenvolvimento
Para nos ajudar a entender melhor os impactos de brincar com LEGO na coordenação motora e na criatividade das crianças de 1 a 3 anos, conversamos com a Dra. Karina Durce em uma entrevista incrível dividida em duas partes.
Karina é fisioterapeuta, professora universitária e Mestre em Distúrbios do Desenvolvimento, que explica, com base nas melhores evidências científicas, como o LEGO contribui para o fortalecimento da motricidade fina, estimula a criatividade e potencializa a resolução de problemas desde os primeiros anos de vida.
Tópicos mais procurados neste artigo
Como o uso do LEGO pode contribuir para o desenvolvimento da coordenação motora fina em crianças pequenas?
Quais são os principais desafios motores que crianças de 1 a 3 anos enfrentam ao brincar com LEGO?
O LEGO pode ajudar a desenvolver o pensamento criativo das crianças? Como isso acontece na prática?
Entrevista com Karina Durce, Especialista em Motricidade Física
O LEGO como Ferramenta para o Desenvolvimento Motor
Como o uso do LEGO pode contribuir para o desenvolvimento da coordenação motora fina em crianças pequenas?
O uso do LEGO dentro de brincadeiras contribui significativamente para o desenvolvimento da motricidade fina da criança, uma vez que exige o uso das mãos e dos dedos para encaixar, montar e desmontar as peças.
A motricidade fina ou coordenação motora fina é a capacidade que a criança desenvolve de realizar movimentos pequenos e precisos com as mãos e os dedos, como segurar um lápis, abotoar uma camisa ou encaixar peças de LEGO.
Na infância, o desenvolvimento dessas habilidades é fundamental, porque prepara a criança para tarefas essenciais para a vida escolar e cotidiana, como escrever, desenhar, cortar com tesoura, ou se vestir sozinha.
Além disso, a motricidade fina está diretamente ligada ao desenvolvimento da coordenação olho-mão, da atenção e até mesmo da autonomia.
Por isso, brinquedos como o LEGO são importantes, pois permitem que a criança, de forma lúdica e divertida, exercite esses movimentos, aprendendo enquanto brinca, sem perceber que está realizando uma atividade fundamental para o seu desenvolvimento motor e cognitivo.
O LEGO permite aprender brincando, testando e colocando a mão na massa dentro da zona de desenvolvimento dela, que é aquele momento em que a criança já sabe fazer algumas coisas sozinha, mas tem outras que ela ainda não consegue, a não ser que alguém ajude ou mostre, com essa ajuda, ela consegue aprender e avançar.
Existe uma diferença significativa entre o impacto do LEGO tradicional e do LEGO Duplo nessa fase?
Sim, há diferenças relevantes. Por exemplo, o LEGO Duplo é especialmente indicado para crianças entre 1 ano e meio e 5 anos de idade, pois possui peças maiores e mais fáceis de manusear, adequadas para o estágio inicial do desenvolvimento motor.
Já o LEGO tradicional, com peças menores e mais delicadas, exige uma motricidade fina mais apurada, sendo mais recomendado para crianças a partir dos 4 ou 5 anos.
O LEGO Duplo atua como um facilitador inicial, promovendo melhorias no controle motor fino, especialmente na coordenação óculo-manual, no controle da força e na precisão dos movimentos.
Ao iniciar com peças maiores, respeita-se o tempo da criança, evitando frustrações e promovendo um desenvolvimento progressivo da atenção e do controle do movimento.
Conforme a criança evolui em seu próprio ritmo, ela naturalmente adquire habilidades motoras e cognitivas mais complexas, passando a se interessar e se desafiar com peças menores e estruturas mais elaboradas, como as do LEGO tradicional.
Independente do modelo de LEGO e da faixa etária, estimular a motricidade fina impacta na independência/autonomia para realizar tarefas do dia a dia.
Quais são os principais desafios motores que crianças de 1 a 3 anos enfrentam ao brincar com LEGO?
Nesta faixa etária, um dos principais desafios está relacionado ao desenvolvimento da pinça — movimento realizado entre o polegar e o indicador — fundamental para manipular objetos pequenos, como as peças de LEGO.
Além disso, o controle da força, a precisão dos movimentos e a coordenação entre o olhar e a ação motora continuam em fase inicial de desenvolvimento, o que torna a atividade desafiadora, mas extremamente benéfica para o fortalecimento dessas competências.
Estimulando a Criatividade e a Resolução de Problemas
O LEGO pode ajudar a desenvolver o pensamento criativo das crianças? Como isso acontece na prática?
Sem dúvida. Tanto o LEGO Duplo quanto o tradicional estimulam a criatividade infantil, uma vez que oferecem uma brincadeira aberta e livre, na qual a criança tem autonomia para decidir quais peças utilizar, de que forma combiná-las, e o que construir — desde animais até veículos ou qualquer outra criação que sua imaginação permitir.
Além disso, o brinquedo estimula a resolução de problemas: quando a estrutura não se encaixa como o esperado, a criança precisa refletir, ajustar e encontrar soluções por conta própria.
Na prática, esse tipo de atividade amplia a flexibilidade cognitiva e a capacidade de adaptação, habilidades essenciais para o desenvolvimento integral.
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A brincadeira livre com LEGO tem mais impacto no desenvolvimento infantil do que atividades estruturadas com instruções? Por quê?
Ambos os tipos de atividade são importantes, mas promovem desenvolvimentos distintos. A brincadeira livre, como ocorre com o LEGO, estimula a criatividade, a autonomia e a capacidade de resolução de problemas.
Ao ter liberdade para escolher as peças, decidir como e o que construir, a criança exercita a tomada de decisões, aprende a lidar com erros e a se adaptar, habilidades fundamentais para a vida.
Por outro lado, as atividades estruturadas, com instruções ou modelos a seguir, desenvolvem aspectos igualmente valiosos, como a paciência, a resiliência diante de desafios, o raciocínio lógico e a capacidade de seguir regras e sequências.
Portanto, não se trata de eleger uma como superior à outra, mas sim de compreender as necessidade da criança e objetivos das brincadeiras.
O ideal é que a criança tenha oportunidade de vivenciar ambas as experiências, de forma equilibrada e prazerosa.
Conclusão
A parte 1 da entrevista mostrou que o LEGO desempenha um papel fundamental no desenvolvimento motor e criativo das crianças pequenas.
Com orientações adequadas, esse brinquedo pode se tornar um poderoso aliado no aprendizado e na exploração do mundo.
Para saber mais sobre o brincar e os benefícios para as crianças e adolescentes, além de dicas dos melhores presentes para cada idade, leia os artigos sobre LEGO:
Mestre em Distúrbios do Desenvolvimento pela Universidade Presbiteriana Mackenzie, pós-graduada em Saúde da Mulher no Climatério pela Faculdade de Saúde Pública da USP, Saúde Pública com ênfase no ESF pelo Centro Universitário São Camilo e em Práticas Pedagógicas e Inovação na Educação Superior. MBA em Gestão de Saúde Corporativa. Fisioterapeuta da Durce Vita Saúde Integrada e embaixadora Fisiovisionária.
Escrito por
Gabriela Sucupira
Redatora bilíngue de língua inglesa, Especialista em Marketing pela USP/Esalq e bacharel em Letras pela UFRJ. Gabriela é carioca, Mãe da Rebeca, que atua como Consultora Textual e Personal Branding para o Linkedin.
A Yoga para adultos tem diversas vantagens já conhecidas, como melhorar a concentração, nos trazer para o momento presente, reduzir o estresse e controlar a ansiedade. Sendo então um ótimo exercício para o corpo, desenvolvendo força e flexibilidade. Além disso, os últimos estudos também apontam que a yoga é eficaz no controle do tdah em crianças.
Na entrevista de hoje, vamos descobrir os benefícios da yoga para o desenvolvimento físico e emocional das crianças e como podemos incentiva-las à prática.
Para isto, convidamos Silvia Perez, certificada pela Cosmic Kids Yoga e Rainbow Kids Yoga, fundadora da Aloha Happy Kids, em Malta, que por meio de práticas holísticas, yoga e um profundo respeito pela natureza, guia crianças a crescerem com gentileza, confiança e um senso de admiração, capacitando-as a brilhar intensamente em tudo o que fazem.
Qual é a sua experiência ensinando yoga para crianças?
Desde 2018, quando vivenciei uma transformação pessoal em Bali, o yoga se tornou parte da minha vida e do meu propósito. Tive a alegria de ensinar em diversos ambientes, desde programas extracurriculares a creches e sessões de yoga em família. Cada espaço é único e adoro criar ambientes onde crianças e famílias se sintam seguras, alegres e apoiadas. Cada criança que conheço traz algo especial, e ensiná-las é um presente que guardo no coração.
Qual é a sua abordagem para ensinar yoga para crianças?
Minha abordagem se baseia na educação holística, na criatividade e no amor. Acredito que yoga para crianças deve ser repleto de amor, imaginação e alegria. Cada aula é como uma pequena aventura onde nos conectamos com nossos corpos, exploramos nossas emoções e nos sentimos seguros sendo nós mesmos. Eu combino contação de histórias, músicas, movimento e atenção plena para criar um espaço onde as crianças se sintam livres, apoiadas e celebradas por quem são.
Como você adapta as aulas para diferentes idades e habilidades?
Adapto cada sessão à faixa etária e às necessidades individuais. Para crianças menores, utilizo mais contação de histórias, música e dicas visuais, enquanto as maiores se beneficiam de uma exploração emocional mais profunda, exercícios de respiração e atividades de construção de equilíbrio. Sempre ofereço opções e modificações para que cada criança se sinta incluída, apoiada e bem-sucedida.
Quais são os objetivos e benefícios das suas aulas de yoga para crianças?
Meu desejo mais profundo é que cada criança que frequenta a aula se sinta amada, segura e livre para ser exatamente quem é. Quero que eles saiam de cada sessão com um grande sorriso, o coração tranquilo e um pouco mais de confiança em si mesmos. A yoga é a minha maneira de plantar sementes de amor, respeito e gentileza, sementes que espero que cresçam com eles ao longo da vida. Não se trata de posturas perfeitas; trata-se de ajudá-los a se sentirem fortes por dentro, conectados às suas emoções e conscientes do belo mundo ao seu redor.
Como você mantém as crianças engajadas e motivadas durante as aulas?
Criamos experiências mágicas juntas! Eu uso música, personagens, temas, histórias da natureza e canções que despertam a imaginação delas, especialmente com crianças menores. A música ajuda a tornar a sessão lúdica e rítmica, mas também trago acessórios, desenhos e muitos outros recursos para mantê-las totalmente engajadas. Mas o mais importante é que eu as ouço. Quando as crianças se sentem vistas e ouvidas, elas naturalmente querem participar com alegria e curiosidade.
Como você garante a segurança das crianças durante as aulas?
Eu mantenho um ambiente calmo e estruturado, mantenho as turmas pequenas e dou orientações claras para cada atividade. Também observo cada criança cuidadosamente para garantir que estejam praticando com segurança e confiança.
Quais precauções você toma para prevenir lesões?
Eu sempre começo com aquecimentos e oriento as crianças a ouvirem seus próprios corpos. Ofereço demonstrações físicas, ensino o alinhamento correto de forma simples e evito forçar qualquer postura. A brincadeira é importante, mas a segurança sempre vem em primeiro lugar.
Você tem experiência trabalhando com crianças com necessidades especiais? Há aulas especiais para essas crianças?
Embora eu não tenha uma certificação específica em yoga para crianças com necessidades especiais, minhas aulas são sempre inclusivas e abertas a todos. Crio um ambiente acolhedor e acolhedor, onde cada criança é incentivada a participar em seu próprio ritmo. Estou atenta às necessidades de cada criança e feliz em adaptar as atividades para garantir que elas se sintam seguras, respeitadas e incluídas. Se uma criança precisar de um apoio mais personalizado, recomendo trabalhar com um especialista certificado.
Quais são os benefícios da yoga para crianças, na sua experiência?
Já vi tantas transformações lindas em crianças através da yoga. Vi crianças tímidas se abrirem e se expressarem, crianças cheias de energia aprenderem a parar e respirar, e pequenos corações ansiosos encontrarem a calma. A yoga lhes dá mais do que flexibilidade ou equilíbrio; ela lhes dá ferramentas para entender suas emoções, sentir orgulho de seus corpos e se conectar com os outros de forma gentil e respeitosa. Para mim, trata-se de plantar pequenas sementes de amor, confiança e consciência que podem crescer com elas ao longo da vida.
Como a yoga pode ajudar as crianças a lidar com o estresse e a ansiedade?
A yoga tem sido uma ferramenta maravilhosa para ajudar as crianças a encontrar a calma em momentos de estresse. Já vi fazer maravilhas. Exercícios respiratórios simples e movimentos suaves podem ajudá-las a desacelerar e se reconectar com a respiração quando as emoções parecem avassaladoras. É como dar a elas um pequeno botão de pausa para reiniciar. Adoro ver o momento em que uma criança percebe que pode respirar fundo e se sentir melhor, ou quando ela vem até mim e diz: “Usei minha respiração quando estava nervosa hoje!” Fico muito feliz em saber que eles estão aprendendo a navegar pelo mundo com mais paz, uma respiração de cada vez.
Você tem exemplos de como a yoga pode melhorar a concentração e o foco das crianças?
Com certeza! Já ouvi muitas mães falarem sobre como a yoga ajudou seus filhos. Fico muito feliz quando os pais compartilham essas histórias. Por exemplo, uma das coisas mais doces que ouvi de uma mãe foi como sua filha começou a ensiná-la a se acalmar usando técnicas de respiração que aprenderam na aula de yoga. A criança a lembrava de respirar fundo quando as coisas pareciam estressantes, e foi um momento lindo de ciclo completo. É incrível como as ferramentas que compartilhamos em sala de aula não apenas ajudam as crianças a se concentrar, mas também as capacitam a compartilhar essas ferramentas com outras pessoas. Yoga não se trata apenas do que fazemos em sala de aula; trata-se de como essas ferramentas ajudam as crianças a navegar pelo dia com mais presença e calma. Ver as crianças aplicarem o que aprenderam no dia a dia é realmente mágico.
Como você continua a desenvolver e aprimorar suas habilidades como professora de yoga infantil?
Estou sempre aprendendo por meio de livros, workshops, cursos e, acima de tudo, com as próprias crianças. Reflito sobre cada sessão, me conecto com outros educadores e deixo a natureza, a criatividade e o amor me guiarem. Cada sorriso, cada pergunta, cada momento com uma criança me ajuda a crescer.
Em conclusão, a yoga é uma super prática para crianças, inclusive crianças com tdah, pois ajuda a desenvolver a coordenação motora, concentração e trazê-las ao momento presente. Adicionalmente, deixando-as mais relaxadas e calmas. E com a yoga sendo praticada regularmente, elas conseguem desenvolver variadas habilidades super importantes para a vida, como disciplina, capacidade de lidar com problemas, autoconfiança…
Depois de tantos benefícios, que tal começar a praticar yoga com seu filho(a)?
Silvia Perez é fundadora do Aloha Happy Kids. Nascida em Barcelona e agora morando em Malta, sempre achou que a educação deveria ser mais do que apenas conhecimento, mas sim uma nutrição da criança por inteiro. Por meio de práticas holísticas, yoga e um profundo respeito pela natureza, guia as crianças a crescerem com gentileza, confiança e um senso de maravilha.
Escrito por
Flávia Oliveira
Jornalista e Relações Públicas, formada em Mediadora de Conflitos, pelo Instituto Federal de Brasília, através da Tertúlia Literária Dialógica. Mãe de dois: Mia e Andrea, vivendo em Malta e sempre com uma passagem para o próximo destino a ser descoberto.
A infância é a fase principal para o ser humano descobrir o mundo e se desenvolver e a natureza é essencial nesta etapa, principalmente nos primeiros cinco anos de vida, aqueles anos fundamentais para desenvolvimento humano.
Então, neste artigo, iremos falar um pouco mais da importância da natureza na infância e te ajudar a incentivar a brincadeira na natureza e incentivar a conexão para promover um desenvolvimento saudável e feliz.
Volte à sua infância e agora tente lembrar dos momentos mais marcantes dela…
Quais foram eles?
Eu, particularmente, lembro do meu avô construindo uma casa de palha de coqueiro para mim, minha irmã e minhas primas. Lembro de ir explorar uma área que tinha no meu prédio que chamávamos de matagal, onde era cheia de jaqueiras enormes e a gente escorregava pela terra. A infância é isso, um momento mágico de descoberta e aventura, e a natureza é o palco perfeito para essa etapa da vida.
Primeiros passos
Desde os primeiros passos até as primeiras palavras, as crianças aprendem e crescem em contato com a natureza, descobrindo a textura da grama, o som dos animais, o cheiro das flores, entendendo sobre dias e chuva e dias de sol, sobre estações do ano E, junto a isso, elas desenvolvem habilidades importantes, como a curiosidade, a criatividade e a resiliência.
A natureza representa em muitos aspectos o ambiente ideal para o desenvolvimento infantil: é cheia de estímulos que despertam a inteligência e exercitam os sentidos, oferece diferentes possibilidades de experimentação e movimento, favorece a convivência social, estimula o desenvolvimento de toda a personalidade no psicomotor, emocional, social e cognitivo e desperta equilíbrio e satisfação.
No entanto, em uma época em que a tecnologia e a urbanização estão cada vez mais presentes em nossas vidas, as crianças estão passando cada vez menos tempo ao ar livre. Isso pode ter consequências negativas para o seu desenvolvimento e bem-estar.
Afinal, quais são os benefícios da brincadeira na natureza?
Desenvolvimento motor
Desenvolver habilidades por meio dos movimentos que a natureza nos ajuda a fazer como saltar, correr, equilibrar, subir e descer.
Criança conectada com a natureza (arquivo pessoal)
Aprendizado ao ar livre
Vivenciando fenômenos naturais e o ritmo das estações, as crianças aprendem coisas de forma mais natural do que nas escolas tradicionais, onde são aprendidas por meio dos livros, como ciência, biologia e ecologia de forma prática e interativa. A natureza também é um ambiente rico em estímulos que podem inspirar a criatividade das crianças.
Conexão com a natureza
A brincadeira na natureza ajuda as crianças a se conectar com o mundo natural e a desenvolver uma sensação de responsabilidade em relação ao meio ambiente. Sendo o próprio ambiente que educa por meio de experiências que as crianças fazem espontaneamente e independentemente.
Redução do estresse
A brincadeira na natureza pode ajudar a reduzir o estresse e a ansiedade nas crianças, pois a natureza tem um efeito calmante sobre elas. Perceba como seu filho dorme melhor quando passar a tarde brincando num parquinho cheio de árvores.
Desenvolvimento cognitivo
A brincadeira na natureza pode ajudar as crianças a desenvolver habilidades cognitivas, como a resolução de problemas.
Estimulação social
As crianças aprendem a considerar umas às outras, a esperar, a ouvir umas às outras, a aceitar fraquezas e forças individuais e desenvolver muito rapidamente um forte sentimento de pertencimento ao grupo.
Abaixo, algumas dicas de como incentivar a brincadeira na natureza:
Encontre espaços naturais
Encontre parques, praças ou áreas verdes próximas à sua casa.
Exploração
As crianças adoram explorar, incentive isto! Deixe-as explorarem e descobrirem a natureza por contra própria.
Jogue com as crianças
Jogue algum jogo na natureza e incentive-as a se divertirem.
Picnic
Que tal um picnic ao ar livre, no parque da sua cidade, onde elas possam comer e brincar ao mesmo tempo?
Jardim
Crie um jardim com as crianças, onde elas possam plantar e cuidar de suas próprias plantas.
Forneça equipamentos
Forneça às crianças equipamentos, como binóculos ou uma lupa, para ajudá-las a explorar a natureza.
Seja paciente
Para mim este é o principal: seja paciente e permita que as crianças explorem e descubram a natureza ao seu próprio ritmo. Na verdade, não precisamos fazer nada, apenas leva-las ao ar livre, esperar e ser um observador apenas.
A brincadeira na natureza é fundamental para o desenvolvimento saudável e feliz das crianças. Além de proporcionar benefícios físicos e cognitivos, a brincadeira na natureza ajuda as crianças a se conectar com o mundo natural e a desenvolver uma consciência ambiental.
Incentive as crianças a brincar na natureza e ajude-as a desenvolver uma relação saudável e feliz com o mundo ao seu redor.
Clicando aqui você poderá conferir uma matéria com Stefania Masala, que desenvolveu em Malta o projeto “Living Mindful Education”, inspirado na Forest School, onde envolve uma experiência ao ar livre, senso de comunidade educacional e caminho de autoaprendizagem.
Escrito por
Flávia Oliveira
Jornalista e Relações Públicas, formada em Mediadora de Conflitos, pelo Instituto Federal de Brasília, através da Tertúlia Literária Dialógica. Mãe de dois: Mia e Andrea, vivendo em Malta e sempre com uma passagem para o próximo destino a ser descoberto.
A Escola Florestal (Forest School) é um modelo de educação infantil que busca conectar as crianças com a natureza, promovendo o aprendizado e o desenvolvimento por meio de atividades ao ar livre.
E, nesta entrevista, a italiana Stefania Masala, discorre um pouco mais sobre o conceito de Forest School e conta como decidiu criar a própria Forest School, em Malta, na Europa.
Com origem na Dinamarca, na década de 1950, os princípios básicos da Forest School incluem: conexão com a natureza, aprendizado por meio da experiência, desenvolvimento da autonomia, foco na criatividade e na imaginação. E algumas das atividades são: exploração da natureza, com caminhadas, observação de plantas e animais, trabalhos manuais com materiais naturais, como madeira, pedra, jogos de equipe, brincadeiras de faz-de-conta, aprendizado de habilidades práticas, como fazer fogueira, por exemplo.
De onde surgiu a ideia de iniciar o projeto de uma Forest School?
Desde que engravidei, tenho me interessado profundamente pelo mundo da infância, aprendendo sobre desenvolvimento infantil, psicologia, crescimento cognitivo, nutrição e alimentação saudável. Como uma aprendiz autodidata, li vários livros e explorei de forma independente vários aspectos da educação, gradualmente adotando uma abordagem respeitosa e uma criação gentil. Dois anos atrás, quando meu filho tinha cerca de três anos, decidi formalizar meu conhecimento matriculando-me na Academia de Podiagogia Viva, onde estudei mais tópicos como psicologia infantil, neurociência, educação ao ar livre, criação de filhos e educação emocional. E não me sentindo satisfeita com o sistema educacional tradicional, decidi criar minha própria escola na floresta. Junto com minha colega Kira Sullivan, combinei meu conhecimento para desenvolver uma experiência educacional que prioriza o respeito pelas crianças, a conexão com a natureza e um processo de aprendizagem enraizado na liberdade e experiências práticas. Hoje, este projeto é uma realidade que fazemos com paixão.
Kyra e Stefania, respectivamente, da Living Mindful Community, em Malta
Qual é o principal propósito da Forest School?
O propósito da Forest School é oferecer uma abordagem educacional alternativa ao sistema tradicional, permitindo que as crianças se conectem com a natureza diariamente e explorem suas necessidades intrínsecas. A natureza fornece todos os estímulos necessários para o desenvolvimento saudável da criança. Além disso, a abordagem educacional usada na Forest School é centrada na criança e sem julgamentos, honrando a individualidade de cada criança. Isso cria um ambiente de apoio onde as crianças se sentem livres para serem elas mesmas, promovendo autoconfiança e um forte senso de segurança.
Como é uma rotina típica em uma Forest School?
Não há uma rotina fixa em todas as Forest Schools, cada uma tem a sua. Muitas começam e terminam com um tempo de roda, mas descobrimos que, apesar de oferecê-lo várias vezes, as crianças não estavam interessadas. Em vez disso, escolhemos nos concentrar em algo de que realmente gostam. Embora seja verdade que as rotinas fornecem uma sensação de segurança ao criar previsibilidade, observamos que as crianças se movem pelo espaço com confiança e desenvolvem naturalmente suas próprias rotinas. Para nós, um momento-chave da rotina é a hora do lanche, quando muitas crianças escolhem sentar e comer juntas. A maior parte do tempo é dedicada à brincadeira livre, onde as crianças têm a liberdade de explorar, inventar e criar. Elas se envolvem em construção, brincadeiras imaginativas e dramatizações, desenvolvendo sua criatividade e habilidades de resolução de problemas. Ocasionalmente, oferecemos atividades guiadas, mas a participação fica inteiramente a cargo da criança. Uma característica definidora da Forest School é que a maioria das atividades é iniciada e liderada pelas crianças. Algumas são iniciadas pelas crianças, mas guiadas por adultos, enquanto poucas são iniciadas por adultos e lideradas pelas crianças. Muito poucas atividades são iniciadas e dirigidas por adultos, garantindo que as crianças permaneçam no centro de suas próprias experiências de aprendizagem.
Quais são os benefícios da Forest School para as crianças?
Pessoalmente, testemunhei um progresso incrível nas crianças. As mudanças mais significativas estão em sua autoconfiança e segurança. Esses pequenos indivíduos recebem espaço e tempo para desenvolver uma ampla gama de habilidades, guiados por educadores conscientes que os conduzem em uma jornada de aprendizagem autodirigida com uma abordagem sem julgamentos. Isso ajuda a criança a se sentir competente e, quando uma criança se sente assim, naturalmente promove um forte senso de autoestima e confiança. Outro aspecto crucial é a educação emocional. Nós nos concentramos muito nas emoções, frequentemente perguntando às crianças como elas se sentem. Isso lhes dá a oportunidade e o tempo para explorar suas emoções por meio da experiência direta, o que é um fator-chave para permitir o aprendizado real e promover a motivação intrínseca. Um elemento importante adicional é que a jornada de aprendizagem é autoguiada. Tentamos intervir o mínimo possível, permitindo que a criança permaneça conectada a si mesma, ouça suas próprias necessidades e navegue em seu caminho de aprendizagem pessoal por meio da experiência direta.
Como você lida com questões de segurança e risco em uma Forest School?
Um aspecto importante é o conceito de risco. Incentivamos atividades como subir em árvores, acender fogueiras, usar ferramentas reais de jardinagem e carpintaria e muito mais. Essas atividades ajudam a desenvolver habilidades como autoestima e confiança, pois as crianças têm espaço e oportunidade para explorar suas habilidades e se sentir competentes. Mantemos uma proporção de crianças por educador para garantir uma supervisão eficaz, permitindo que os educadores orientem as crianças em situações de risco com uma abordagem e linguagem conscientes e de apoio. Em vez de dizer “Tenha cuidado!”, perguntamos: “Você se sente seguro? Verifique seu equilíbrio. Olhe para seus pés.” Isso incentiva a criança a permanecer conectada consigo mesma, explorar seus limites e desenvolver as habilidades necessárias para lidar com riscos com segurança.
Qual é o futuro da Forest School?
Tenho muita esperança no futuro da Forest School, acreditando que é o único caminho para o desenvolvimento saudável de uma criança. Muitos países estão abrindo Forest Schools para restaurar o espaço natural para o crescimento das crianças, que está sendo gradualmente perdido. No entanto, ao mesmo tempo, estou preocupada, pois em alguns países há pouca conscientização sobre isso. Por exemplo, em Malta, somos a única Forest School verdadeira que segue seus princípios. É muito desafiador alcançar famílias que estejam cientes e dispostas a abraçar um caminho educacional diferente do tradicional, e questionar o que a sociedade tem oferecido até agora.
Como a Forest School se diferencia de outras abordagens educacionais?
A Forest School se diferencia do sistema educacional tradicional porque se concentra nas necessidades individuais de cada criança. Cada criança é única, com suas próprias necessidades pessoais que devem ser atendidas, e com uma proporção maior de criança para educador, temos a oportunidade de atender às necessidades de cada criança individualmente. É por isso que a proporção de criança para educador é muito maior do que nas escolas tradicionais. Além disso, cada criança segue um caminho de aprendizagem autodirigida, o que geralmente está ausente na educação tradicional, onde um método é aplicado a cada criança.
Outro aspecto muito importante é que não usamos recompensas ou punições. Em vez disso, nos concentramos em promover a motivação intrínseca, apoiada por uma linguagem positiva, sem oferecer recompensas ou consequências externas. Recompensas e punições, de fato, impedem que a criança desenvolva uma verdadeira motivação intrínseca, em vez disso, promovem a motivação externa com base em agradar aos outros ou confiar no julgamento externo. Acredito que a necessidade de aprovação externa é um aspecto profundamente preocupante da sociedade de hoje.
Criança na Forest School (arquivo pessoal)
Quais são os desafios mais comuns que as crianças enfrentam em uma Forest School?
Um dos maiores desafios para as crianças é aprender a administrar conflitos. Inicialmente, elas não estão acostumadas com a abordagem da Escola da Floresta, onde os educadores intervêm apenas em casos de perigo e agem como mediadores, fazendo perguntas para facilitar a comunicação em vez de fornecer soluções. Essa abordagem ajuda as crianças a desenvolver habilidades de resolução de conflitos e independência para lidar com desentendimentos e, consequentemente, desenvolver confiança e segurança. Administrar conflitos também pode ser um desafio para os educadores, pois cada criança e situação são diferentes. Não há regras fixas, apenas uma abordagem orientadora em que o educador deve reconhecer quando os conflitos desencadeiam suas próprias respostas emocionais e manter a neutralidade sem rotular a criança como vítima ou agressora. Ao vivenciar o conflito, as crianças têm a oportunidade de se envolver totalmente com suas emoções, desenvolver autoconsciência, construir empatia pelos outros e aprender a navegar em situações sociais difíceis. No entanto, muitas crianças não estão acostumadas a isso porque, nas famílias e nos sistemas educacionais tradicionais, os conflitos são frequentemente silenciados. Os adultos, influenciados por padrões geracionais, tendem a suprimir o conflito e as emoções que o acompanham, sentindo desconforto e inadequação. Como resultado, as crianças geralmente não têm permissão para discutir ou expressar desacordo. No entanto, o conflito é uma parte natural e saudável dos relacionamentos humanos. Um educador consciente orienta as crianças em desacordos, fazendo perguntas e ajudando-as a expressar seus sentimentos, facilitando a resolução sem intervenção desnecessária, a menos que haja uma preocupação com a segurança.
Como a Forest School ajuda as crianças a desenvolver habilidades sociais e emocionais?
Na Forest School, as crianças vivenciam emoções e aprendem a administrar conflitos em primeira mão, com intervenção mínima dos educadores, a menos que haja uma preocupação com a segurança ou que tenham dificuldade para chegar a um acordo ou se comunicar de forma eficaz. Por meio de relacionamentos, conflitos, brincadeiras livres e dramatizações, as crianças desenvolvem naturalmente habilidades sociais e emocionais. Ao representar diferentes situações, elas processam emoções e ganham uma compreensão mais profunda de si mesmas e dos outros. Durante as brincadeiras livres e os conflitos, as crianças também desenvolvem empatia, uma qualidade reforçada por educadores que validam cada emoção, ao mesmo tempo em que estabelecem limites claros se um comportamento for considerado inseguro.
O papel do educador é fazer perguntas orientadoras que facilitem o desenvolvimento de habilidades sociais e emocionais, como:
• Como você se sente?
• Como você acha que ele/ela se sente?
• Como você se sentiria se ele/ela fizesse com você o que você acabou de fazer com ele/ela?
• Vejo que você está lutando para encontrar uma solução. O que você sugere?
Ao se envolver repetidamente nesse tipo de diálogo, as crianças internalizam um sistema de comunicação que gradualmente começam a usar de forma independente. No entanto, esse processo leva tempo, e é por isso que os programas da Forest School são frequentemente projetados como projetos de longo prazo. Além disso, enquanto os educadores introduzem atividades focadas na educação emocional, a experiência direta é a chave para o aprendizado real. É por isso que a brincadeira livre tem tanto espaço, ela permite que as crianças encontrem e naveguem naturalmente pelas emoções, relacionamentos e conflitos de forma significativa.
Qual é o papel dos professores e monitores em uma Forest School?
O papel de um educador deve ser o de um guia e mediador. A intervenção, tanto na brincadeira quanto nos conflitos, deve ser reduzida ao mínimo, permitindo que as crianças desenvolvam totalmente seu potencial sem influência externa. A abordagem de um educador deve ser sem julgamentos, o que significa que ele nunca deve julgar crianças ou situações. Cada criança é aceita como é, com suas emoções sempre validadas e orientação gentil fornecida quando enfrentam desafios. Em conflitos, não há agressores ou vítimas. Um educador deve ir além de seu senso pessoal de justiça, que é moldado por suas próprias experiências de vida. Sua perspectiva nunca deve influenciar seu relacionamento com a criança ou como os conflitos são tratados, pois cada criança é um indivíduo único com sua própria história pessoal. Em última análise, o papel do educador é apoiar e orientar cada criança para se tornar a melhor versão de si mesma.
Como os pais e responsáveis podem se envolver na educação de seus filhos em uma Forest School?
Todos os pais ou cuidadores devem estar ativamente envolvidos na educação de uma criança. Inicialmente, permitimos que os pais participassem do projeto junto com seus filhos. No entanto, com o tempo, introduzimos um período de transição e, por fim, decidimos que os pais não estariam presentes durante o horário do projeto. Há várias razões para essa decisão. Primeiro, observamos que a dinâmica entre as crianças muda significativamente quando um dos pais está presente. A criança tende a centralizar sua atenção no pai, muitas vezes criando interrupções no espaço. Em contraste, quando os pais não estão presentes, as crianças naturalmente se voltam para os educadores, promovendo um senso mais forte de coesão e harmonia do grupo. Além disso, notamos que muitos pais não aplicam a abordagem da Forest School descrita nos pontos anteriores. Isso pode interferir na transformação educacional que pretendemos fornecer. Os educadores passam por um trabalho pessoal significativo para confrontar suas próprias histórias e adotar uma abordagem sem julgamentos, orientadora e mediadora com intervenção mínima. Os pais não são obrigados a passar por esse processo, embora seja fortemente encorajado para aqueles que buscam uma abordagem diferente para a criação dos filhos e a educação. Para dar suporte a isso, oferecemos workshops para pais a cada 6–8 semanas, onde compartilhamos insights sobre o desenvolvimento infantil e os benefícios da nossa abordagem educacional. A comunicação aberta entre educadores e pais também é essencial, garantindo um entendimento compartilhado da jornada educacional de cada criança. Os princípios aplicados na Forest School devem, idealmente, se estender ao ambiente doméstico para fornecer às crianças uma experiência educacional consistente e coerente. Manter a continuidade entre a escola e o lar é crucial para o desenvolvimento da criança.
Quando se descobriu grávida mergulhou nos estudos sobre o mundo da infância. Leu diversos livros e explorou de forma independente vários aspectos da educação. E resolveu criar a própria Forest School dela em Malta, juntamente com Kyra Sullivan (ao lado esquerdo), chamado Living Mindful Community.
Escrito por
Flávia Oliveira
Jornalista e Relações Públicas, formada em Mediadora de Conflitos, pelo Instituto Federal de Brasília, através da Tertúlia Literária Dialógica. Mãe de dois: Mia e Andrea, vivendo em Malta e sempre com uma passagem para o próximo destino a ser descoberto.
O poder da arte infantil: Neste artigo completo (I, II e III), questionamos o poder da arte infantil.
É pai ou educador e gostava de entender se deve estimular a arte nos primeiros anos de vida das crianças?
Então, este artigo é para si.
Eis aqui, os temas principais que abordamos, de forma à responder a pergunta com a profundidade necessária para o efeito.
Arte infantil e Desenvolvimento Motor
A arte desenvolve o corpo?
Em artes performativas como por exemplo, a dança e o teatro, é evidente que a motricidade humana é desenvolvida.
Mas pode-se dizer o mesmo de outras formas artísticas menos dinâmicas?
A resposta é: Sim!
Quando a criança está imersa na atividade artística (que implica sempre ação, e por isso, o corpo está sempre ativamente envolvido), ela desenvolve as capacidades motoras inconscientemente.
Capacidades como:
a coordenação (acuidade fina e precisão de movimento),
a sensibilidade táctil, cinestésica e proprioceptiva,
o equilíbrio,
a neuroplasticidade,
e o desenvolvimento muscular.
Todas estas variadas habilidades podem estar a ser trabalhadas na criança, sem que ela dê por isto, de uma forma lúdica.
Coordenação Motora Fina e Grossa
Muito provavelmente ouviu falar na relevância de trabalhar a coordenação motora fina nos primeiros anos de vida da criança.
Naquela consulta com o médico de família, onde o doutor testa a motricidade fina da criança. E por vezes indica que a criança brinque de modelar ou experimente rabiscar com o lápis para desenvolver a (tão importante) coordenação motora.
Bem, por este motivo, perguntàmos a um fisioterapeuta:
Como a arte pode desenvolver esta habilidade crucial na criança: a coordenação?
Eis o que respondeu:
“A representação cortical da mobilidade fina da mão é específica e comum em todos os seres humanos. A arte, por sua vez, pode ser abrangida por várias regiões diferentes do cérebro humano.
Ao desenvolver estas regiões através da exploração artística e da prática gradual destas atividades, estamos a desenvolver várias áreas do córtex em paralelo criando novas sinapses neuronais.
Criamos, então, uma ligação harmoniosa entre o nosso cérebro motor e o nosso cérebro “artístico”.
Ainda, aproveitando esta proliferação nervosa, desenvolvemos também outras áreas funcionais fora do contexto artístico mas que usam essas mesmas regiões.”
E traduzindo num exemplo:
“Imaginando, por exemplo, o treino da pintura poderá mesmo melhorar a nossa capacidade de lidar com o stress ou aperfeiçoar a nossa capacidade de jogar ping pong!” Hugo Ribeiro, fisioterapeuta.
Arte infantil: Pintura, Desenho e Escultura
Sabemos, então, que os exercícios de pintar, desenhar e moldar(escultura) são ideais para exercitar os músculos necessários a um bom desenvolvimento infantil.
Por exemplo, quando a criança desenha, ela precisa de aprender a segurar o lápis de uma forma que seja capaz de controlá-lo. Ou seja, ao usar o dedo indicador e o polegar apoiados na mão, com o movimento de pinça, acaba por estar a desenvolver a coordenação motora fina.
Ainda, estas atividades irão preparar a criança para a escrita à mão: uma prática essencial para o aprendizado.
O Papel dos Pais na Introdução da Arte
Se a criança já está na escola, precisamos de nos preocupar com a introdução da arte nos nossos filhos?
Parece que sim.
Como já salientámos, as habilidades adquiridas durante esta fase da vida são constituídas pelos cuidados que as crianças recebem e pelas oportunidades que têm para desenvolverem ativamente as suas habilidades.
Por este motivo, o potencial das crianças depende essencialmente do cuidado responsivo às suas necessidades de desenvolvimento, com repercussões positivas na sua vida adulta.
Posto isto, o papel da família e dos educadores é fulcral para o sucesso do desenvolvimento infantil.
Ademais, como os pais são o reflexo da realidade para as crianças, é importante que sejam eles os principais educadores dos seus filhos. Pois o campo afetivo determina o bom aproveitamento em todas as outras áreas.
Podem utilizar-se da arte como uma ferramenta recorrente para, também, fortalecer o laço parental e nutrir a afetividade. Ao passo que estimula o crescimento de habilidades multifacetadas da criança.
Para ajudar, separámos os objetivos das brincadeiras artísticas por duas faixas etárias:
Dos 0 aos 3 anos:
Procure alargar o conhecimento das crianças através da manipulação de diversos materiais, para que explorem as suas características e ampliem a possibilidade de expressão e comunicação.
A intencionalidade do educador é importante em cada atividade artística com o propósito pedagógico. Desenvolver brincadeiras simples com estes objetivos, irão impulsionar o bom desenvolvimento da criança.
Incentivo à Criatividade no Ambiente Doméstico
Espaço de Arte infatil: Materiais Artísticos e Estímulo à Exploração
Cumprindo o papel dos pais na educação dos filhos: de personagem principal, nada melhor do que criar um cantinho artístico em casa. Este espaço, sempre disponível e atrativo, terá como propósito único os momentos artísticos da criança, incentivando a (tão importante) arte infantil.
Para tal, não é preciso muito. E consegue-se ultrapassar, de uma vez, a organização e a praticalidade para deixar a arte fluir.
Temos o artigo ideal para criar este ambiente criativo, onde explicamos o passo-a-passo completo, incluindo materiais artísticos, incluindo até produtos de limpeza que pode adiquirir.
Mãe de cinco filhos em ensino doméstico. Apaixonada por filosofia, psicologia e educação. Estuda e escreve sobre família e desenvolvimento humano.
Esta sequência de artigos – O poder da arte no desenvolvimento infantil I, II e III) -, teve como base os conhecimentos adquiridos pela escritora e complementado com base nos seguintes estudos:
O poder da arte infantil: Neste artigo completo (I, II e III), questionamos o poder da arte infantil.
É pai ou educador e gostava de entender se deve estimular a arte nos primeiros anos de vida das crianças?
Então, este artigo é para si.
Nesta segunda parte do artigo, começamos na continuação do tema:
Arte e criatividade na infância
Estímulo à imaginação
Além de jogos com narrativas e personagens, as simples atividades de inventar histórias, completar desenhos a partir de rabiscos, modelagem, pintura, desenho, dança e até mesmo nenhuma brincadeira pré estipulada, são fortes estímulos à imaginação da criança.
Estímulo da criatividade e resolução de problemas: Tédio
Pois é, o tédio. Este último ponto referido no texto acima merece destaque: as crianças são imaginativas por natureza, são criadoras natas.
Por este motivo, como a criatividade é intuitiva, ela pode se desenvolver a partir do tédio (isto mesmo, o tédio). Através do vazio, do “nada para fazer” pode suscitar as melhores criações!
O estímulo excessivo de atividades e brinquedos pode reduzir a capacidade criativa da criança.
Por outras palavras, deixar a criança sem brinquedos e sem nenhuma atividade em tempos específicos, pode ser extremamente benéfico. Pois assim, ela irá esforçar-se por encontrar alguma brincadeira, algo para se entreter.
Deste modo, estará exercendo o pensamento, a criatividade, a imaginação e resolução de problemas. Para além de estar a fortificar a sua auto-estima: quando se apercebe que é capaz de criar algo novo e divertido a partir de simples ferramentas do dia-a-dia.
Estímulo à expressão, inovação e comunicação
A máxima recomendação é para que os pais e educadores estimulem a criatividade na criança, de forma que atinja o seu máximo potencial na área da expressão e comunicação.
O objetivo é que a criança explore a realidade que a rodeia, descobrindo novos elementos, aprimorando as relações e as vivências, para que surjam, assim, novos conhecimentos.
E que, com estes novos conhecimentos, elas possam descrever, analisar e refletir sobre o que observam.
Todo este processo que a arte proporciona, é extremamente enriquecedor para o seu crescimento íntegro.
Por isso, explorar e inovar acabam por estar intrinsecamente ligados à simples atividade artística.
“Participar de atividades culturais […] estimula o desenvolvimento das crianças, a criatividade, imaginação, ela aprende melhor, além de promover habilidades sociais, emocionais. Todos esses fatores juntos, contribuem para a formação de jovens e adultos mais engajados, tolerantes e adaptáveis, características necessárias para uma vida plena e saudável. Sem falar no tempo de qualidade e o fortalecimento de vínculos entre as crianças e sua família e ou cuidadores.”
Contato com Diferentes Expressões Culturais
Quando a criança tem o contato com diferentes expressões culturais, isto é, quando conhece a arte de outras culturas, ela pode compreender a relatividade de alguns valores que estão enraizados nos seus modos de pensar e agir.
Ou seja, a criança que se depara com outras formas de ver o mundo diferente da sua, vai, naturalmente, questionar o que realmente lhe faz sentido. Esta troca, instiga à empatia, ao pensamento crítico (filosófico) e acaba por atribuir (ou retirar) novas informações aos seus valores.
Esta abertura à riqueza e à diversidade da imaginação humana nos engrandece. As crianças acabam por se relacionar criativamente consigo mesmas, com os outros e com o mundo.
Arte e Identidade Cultural Infantil
Assim como a diversidade é enriquecedora, o aprofundamento da própria cultura, isto é, a própria identidade cultural, é igualmente relevante.
Isto deve-se a esta necessidade inerente à natureza humana: de pertencer.
A sensação de pertença traz-nos segurança e felicidade, para além de enriquecermos, mais uma vez, o autoconhecimento, o conhecimento dos que nos rodeiam e do mundo.
Através do aprendizado artístico, pode-se elucidar outros campos como a história cultural, enriquecendo a cultura infantil.